Engenheiro conta como vai recolocar o Brasil na Estação Espacial Internacional em 2018

Salvador Nogueira

Nos próximos meses, 450 crianças do ensino público e privado em São Paulo vão se envolver numa iniciativa para produzir um experimento que será realizado por um astronauta na Estação Espacial Internacional em 2018. Mas esse é só o começo. Segundo Lucas Fonseca, engenheiro aeroespacial e idealizador do projeto, o objetivo é atingir até 1 milhão de jovens, espalhados por todo o Brasil, nos próximos anos, e com isso motivá-los a seguirem uma carreira nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática.

“O que separa 450 de 1 milhão é só termos uma plataforma de ensino a distância”, disse Fonseca em entrevista ao Mensageiro Sideral.

Batizado Garatéa-ISS, o projeto fará parte da 12a edição do Student Spaceflight Experiments Program (SSEP), ação anual do governo americano em conjunto com a Nasa (agência espacial americana) para engajar a comunidade estudantil em experimentos educacionais realizados no espaço.

Estação Espacial Internacional fotografada em órbita por um ônibus espacial. (Crédito: Nasa)
Estação Espacial Internacional fotografada em órbita por um ônibus espacial. (Crédito: Nasa)

A oportunidade foi aberta por meio da Câmara de Comércio Brasil-Flórida, que ajudou na busca de um projeto de impacto que pudesse alinhar interesses brasileiros e americanos. A intersecção encontrada foi com a Kennedy Space Center International Academy (KSCIA).

“A gente começou as tratativas com os órgãos americanos no final de maio e foi aí um não tão longo, mas um duro caminho para conseguir essa aprovação”, conta Fonseca. “Normalmente voam entre 20 e 25 escolas, todas americanas. Em alguns poucos anos, algumas escolas canadenses também voaram, mas de fato vai ser a primeira vez que a gente vai conseguir colocar dentro desse programa uma comunidade que não seja da América do Norte.”

Nesta primeira participação, serão 450 alunos de sétimo ano (faixa dos 13 anos), divididos em 75 grupos que mesclarão alunos do ensino público paulista a estudantes do Colégio Dante Allighieri, escola que firmou parceria com o projeto e está cedendo espaço e infra-estrutura para sua realização.

Cada grupo fará sua proposta de experimento, e uma comissão julgadora definirá o vencedor, que deve ser enviado à Estação Espacial Internacional entre maio e junho de 2018, por uma nave de carga Dragon, da empresa americana SpaceX. Em órbita, o experimento será conduzido por um astronauta americano e então voltará à Terra quatro a seis semanas depois, na mesma Dragon.

Em julho de 2018, a equipe vencedora vai expor os resultados do experimento, junto com os participantes americanos, em evento a ser realizado na Instituição Smithsonian, em Washington, nos EUA.

Confira a seguir a entrevista completa com Lucas Fonseca, em que ele fala dessa iniciativa, do ambicioso plano de levar a primeira sonda brasileira à Lua em 2021, da importância de investir em ciência no Brasil e de sua vivência como engenheiro aeroespacial participante da missão Rosetta, que realizou o primeiro pouso num cometa em 2014.

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Comentários

  1. Bastante útil os argumentos em defesa da ciência. Muitas vezes fico sem resposta aos contestadores diante das necessidades básicas do nosso País. Eu mesmo ficava em dúvida do retorno destes investimentos e da dimensão, por exemplo, de um projeto lunar ou mesmo marciano, considerando a extensão do universo.

  2. Parabéns ao Lucas pela iniciativa, coragem e principalmente por continuar acreditando no Brasil. Nesses tempos difíceis, não há nada melhor do que despertar o interesse de nossas crianças pela ciência. O projeto Garatéa-ISS será um sucesso !!!! Avante Garatéa !!!!

  3. Parabéns pela iniciativa, acredito que o gosto pelas ciências começa desde a infância e essa iniciativa é fundamental. Mais uma vez parabéns pela iniciativa.

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