Explosão solar mais intensa em mais de uma década avança na direção da Terra

Salvador Nogueira

Na quarta-feira (6), satélites detectaram uma explosão solar de alta intensidade que chegou a causar interferência nas comunicações por rádio no lado iluminado da Terra. Foi o maior desses eventos em mais de uma década e gerou uma ejeção de matéria do Sol que agora avança na direção da Terra e deve chegar por aqui na sexta-feira. Mas não há nada com que se preocupar. Me dá um minuto?

Explosões solares não são uma coisa inesperada, se você imaginar que o Sol na verdade é uma imensa bola de gás com um núcleo que equivale a zilhões de bombas de hidrogênio explodindo simultaneamente.

Com sua dinâmica mega-energética, o Sol gera campos magnéticos intensos, e são eles os responsáveis pelo surgimento das manchas solares — regiões mais escuras na superfície do Sol de onde costumam emanar as explosões solares. A coisa acontece quando o campo magnético local acaba superaquecendo aquela região da superfície e acelerando partículas a uma velocidade imensa.

Esse processo gera um disparo de luz de alta energia — raios ultravioleta e raios X — em todas as direções. Quando eles chegam à Terra, oito minutos depois de sair do Sol, são em sua maioria barrados pela atmosfera terrestre. Zero risco para a vida aqui embaixo, mas o choque afeta comunicações por rádio. O GPS pode ficar meio louquinho também.

Só que tem mais. Muitas vezes, essas explosões solares são acompanhadas pelas chamadas ejeções de massa coronal. Como o nome sugere, são literais cusparadas de material da coroa solar. Esse plasma de alta energia viaja Sistema Solar afora como uma onda no mar, cruzando a órbita da Terra alguns dias depois.

Normalmente, nosso planeta não está no caminho dele. Mas, quando está, o encontro pode ser dramático: as partículas de alta energia comprimem o campo magnético da Terra e geram as bonitas auroras boreais e austrais. Para astronautas e satélites em órbita, pode ser um problema sério. E elas têm o poder de afetar nossas redes elétricas em solo. O prejuízo pode ser realmente grande, mas, de novo, não há perigo direto para a vida.

No caso da explosão do dia 6, o pessoal responsável pelo monitoramento do clima espacial já viu que teve ejeção de massa coronal e que ela de fato vem na direção da Terra. Chega aqui na sexta. Mas, pela intensidade observada, fora alguma interferência na operação de satélites e o aumento de incidência de auroras, tudo tranquilo. Estamos bem protegidos aqui, em nosso pálido ponto azul.

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Comentários

  1. Voce substima meus alertas , proxima lua nova agora e cheia em outubro, os eventos poderam repercurtir em novas mulas e tambem na alteracao das orbitas dos asteroides que vao passar perto da terra, e por dentro do nosso sistema solar, o aumento da intenciidade do campo magnetico da terra(area de interacao de forca gravitacional emitida pela terra no espaco).etc

    1. Eu digo sobre o alinhamento em peixes e porque URANO te NETUNO tem tantss luas?
      Ao meu ver por analize e ligica, existe um vetor de forca(movimento centripto da galaxia) no sentido Peixes ,sistema solar, (sol)que canaliza harmonicos de energia, dentro do oasis que se encontra o Braco de ORION, e que serve de portadora de plasma(massa coronal) liberado de outros sistemas solares,(paralelos no sentido nucleo galaxia) mesmo que liberados a 12 mil anos atras; ao se encontraren com poeira ou detritos de cinturoes de asteroides (nuvem de Oort, etc)
      e que durante tua tragetoria, se fundem como corpos celestes rumo a precipitacao no nosso sol e outros sistemas paralelos.
      Dai tantas luas nos astros que intermediam esta linha harmonica.

  2. Salvador, foi dito do que pode acontecer com a Terra, mas é com os outros planetas, luas do nosso sistema? Se tivéssemos uma base na lua ou em Marte? O que poderia acontecer?
    Valeu e até a próxima.

    1. Se você estiver num módulo sob o solo (coisa que será preciso fazer para colonizar a Lua ou Marte), tudo bem. Se não estiver, o nível de exposição à radiação pode ser perigosamente alto.

  3. Bom dia Salvador…pelo que vi estão ocorrendo várias tempestades solares, inclusive uma hoje, geralmente verifico pelo site apolo11.com

    Poderia manter alguma atualização dos possíveis impactados e porque isto não tem destanque na grande mídia ?

    1. Não tem destaque na grande mídia porque é largamente irrelevante, comparado com furacões e terremotos. Se a tempestade prometesse zoar a Terra, beleza. Mas as escalas estão todas dentro do normal. Recomendo você seguir o Twitter do setor de Clima Espacial do INPE (@ClimaEspacial) para se manter informado. 😉

      1. Fala Salvador,

        Falando em furacão, olhando uma foto do satélite do furacão irma, ele não se assemelha muito a uma galáxia? Mais alguém percebeu isso ou estou vendo muita ficção científica.

        1. Bem, a natureza é repetitiva em seus padrões. Parece sim. Forças diferentes, mesmo efeito. 😉

          1. No centro do furação temos o olho, região de calmaria, perigosa, pois pode dá por instantes a sensação de que está tudo ok, céu claro, mas não dura muito tempo… Mas é exatamente o contrário de tudo que está acontecendo fora do olho.
            No centro de uma galáxia tem um buraco negro, que é contrário, energia escura,matéria escura, tudo concentrado num único ponto…
            Seria interessante algumas associações, algumas metáforas cientificas para ajudar os leigos feito eu.

  4. Salvador,
    JUNO – 6ª Feira 01/09 a JUNO fez o 7º Flyby sobre Júpiter.
    Pergunta: – Além da informação da força das Auroras Boreais, nada mais foi postado? O quê está acontecendo que não há informações, fotos, análises técnicas, etc?
    Cassini – Está chegando o fim da missão, dia 15/09/17. Cassini Gran Finale.
    Vai haver uma série de trabalhos para a mídia a partir do dia 13/09, com acompanhamento ao vivo das últimas 24-36 horas desta fantástica espaçonave.
    Você vai acompanhar e apresentar estas últimas horas, ao vivo para nós?
    Estou errado em afirmar que “Cassini” é a mais bem sucedida missão de exploração a um planeta e suas luas, já feito pelo Homem até hoje ?

    1. Opa, vamos lá. Juno. O lance da Juno é que muito da ciência que ela foi projetada para produzir envolve combinar os dados de múltiplos perijoves. A ideia é escanear a estrutura interna de Júpiter fatia por fatia, lembra? Para isso, você precisa juntar dados de várias passagens. O pessoal da Juno já publicou uma bateria respeitável de papers baseada nas primeiras passagens, mas, como você pode ver, tem muita coisa inconclusiva, justamente pela necessidade da visão de conjunto. Isso foi em maio (http://mensageirosideral.blogfolha.uol.com.br/2017/05/25/campo-magnetico-de-jupiter-surpreende-cientistas/), portanto, não faz tanto tempo assim.

      E a “lentidão” foi agravada por problemas técnicos. Em dezembro do ano passado, escrevi isto:

      “Quanto às revelações científicas da missão, que tem por principal objetivo desvendar a estrutura interna do maior planeta do Sistema Solar, teremos de ser pacientes. Isso porque um problema com o sistema de válvulas de combustível fez com que a manobra que reduziria a órbita da Juno de 53 para 14 dias fosse adiada indefinidamente.”

      Ou seja, não só o processo de analisar as informações é intrinsecamente lento, como o processo de colher as informações é lento também. Seja paciente. No fim das contas, a Juno vai entregar o que prometeu. (E tenha em mente que o que ela prometeu é muito diferente do que uma flagship, como a Cassini, pode prometer.)

      Saltando para a Cassini, sim, vou transmitir ao vivo o fim da missão. E podemos dizer que a Cassini foi uma das mais, não *a* mais. Acho que, pela abrangência, pelos firsts e pela duração, ninguém bate as Voyagers.

  5. Off topic: Salvador, o que achas dos Dogons!? um povo africano que tem um conhecimento muito preciso da galáxia de Sirius, inclusive eles já sabiam que é um sistema com 3 sóis, coisa que a NASA só veio a confirmar recentemente.

    1. Se bem me lembro, eles diziam que Sírius era duplo, e custou a descobrirmos Sírius B, uma estrela secundária. (Não uma galáxia, uma estrela — a mais brilhante a olho nu, por sinal.) Mas é uma história controversa. Não há relatos dos dogons que antecedam a descoberta de Sírius B, então é difícil cravar que eles realmente a conheciam antes que fosse descoberta pela ciência.

  6. Quem mais tem esse hábito?

    Todos os dias de manhã, abre o navegador e digita “sideral folha” (favoritos é coisa de… hehe)!

    1. pra mim muda a busca. começo digitando “mens”, e o browser me completa o reto, hehehehe

  7. Salve Salva boa noite.
    Este tipo de comportamento é específico de estrelas do tamanho do sol ou todas elas são assim? Tem algo a ver com a idade da estrela? Mais uma: E se o planeta não tiver uma atmosfera como a nossa? Frita o ovo?

    1. Bem, estrelas menores são piores nesse sentido. Por isso questiona-se a habitabilidade de planetas em anãs vermelhas.
      Sobre a situação dos planetas, eles precisam de atmosfera contra os flares, e campo magnético contra ejeções de massa coronal.

      1. Salvador, andei pensando: em sistemas com anãs vermelhas, uma boa aposta de habitabilidade seria das luas que gravitam em torno de gigantes gasosos. Se estes tiverem um campo magnético como o de Júpiter, podem proteger a superfície de suas luas dos flares, além do que supostamente não haveria o problema da trava gravitacional (em relação à estrela).

        1. Bem, para vida simples, pode ser. Mas anãs vermelhas, ao que parece, têm menos gigantes gasosos. E em muitas as órbitas entre os planetas são tão curtas que luas seriam instáveis.

  8. Bom saber…
    Se meu computador começar a falhar amanhã sem razão aparente, já sei quem devo culpar, hehehehe!

  9. Salvador, o que você faria se ao acordar de manhã e olhasse no espelho visse o Apolinário Messias?

        1. Quem e quem? Eu e o Apolinário? Te GARANTO que não somos a mesma pessoa.

          Vou explicar mais uma vez: já passei dos sete anos. Não crio falsas personalidades para comentar no meu próprio blog. Tudo que vier “Salvador Nogueira” é meu. O que não vier, não é meu. Simples assim. Deveria ser simples. Em outros tempos seria simples. Mas hoje em dia, em que mais da metade da população parece ter seis anos, ficou mais difícil de entender.

          1. Você é muito rápido no gatilho Salvador. Foi você mesmo ou tem um bot de olho? De qualquer forma desculpe-me pela brincadeira.

        2. O Apolinário é covarde, nunca revelou quem é.

          Pelos vários anos que frequento o blog, posso dizer com 100% de certeza que duvido que o Salvador fosse criar algum pseudônimo pra se esconder. Não faz sentido, é loucura total sequer imaginar isso. Depois de um tempo você percebe que ele não tem o que esconder…

          1. Sem falar que respondo com meu próprio nome todas as perguntas polêmicas que você lança. rs

  10. Caro Salvador Nogueira,
    Boa tarde.

    Estou sempre agradecido pelo seu site, muito útil aos amantes da astronomia.
    E com alegria que compartilho estar atento ao tema do sistema Algol, cujo o primeiro registro data de 1.244 A.C., em um calendário egípcio. Também é conhecido como a “estrela do demônio”. É um sistema trinário, muito interessante. Fica aqui a sugestão para mais um brilhante artigo que vai aguçar a curiosidade dos aficcionados pelo cosmos. Meus cumprimentos, Carlos Kiplim.

      1. As vaidades pessoais dos tucanos é o calcanhar de Aquiles deles… é lamentável o quanto brigam… Deveriam ser mais democráticos e aceitar que um deles seja o escolhido e o apoiar. Afinal, se é um Partido, a defesa de suas bandeiras é mais importante que o indivíduo.

        O PT já é diferente: lá tem um cacique e ninguém pode lhe fazer sombra. Vide o que fizeram com a Marina Silva. É um partido que quer a esquerda no poder, desde que seja ele no poder. Outras tendências de esquerda têm que se submeter a eles…

        (Desculpem-me pelo off-topic, mas não fui eu quem começou…) 🙂

  11. Vamos imaginar que o pessoal da estação espacial teve o azar de passar no exato momento de uma rajada dessas vindo em sua direção. Pode dar problema?

    1. Depende da intensidade. Mas normalmente não, porque a estação está fora da atmosfera, mas dentro da magnetosfera da Terra.

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