Objeto duplo no cinturão de asteroides é dublê de cometa, sugere Hubble

No começo acharam que era apenas mais um asteroide no cinturão entre Marte e Júpiter. Uma olhada mais atenta em 2011 revelou que o objeto parecia uma manchinha difusa, um sinal de que talvez se tratasse de um cometa. Mas nada havia preparado os cientistas para a descoberta que eles fariam em setembro de 2016, conforme o tal 288P se colocasse na posição mais favorável para observação. Eis que o poderoso Telescópio Espacial Hubble revelou que o objeto era na verdade… algo que não sabemos que nome dar. Talvez o melhor que possamos fazer no momento é chamá-lo de “asteroide-binário-que-se-comporta-como-cometa”.

De cara, a descoberta feita por um grupo alemão de astrônomos confirmou algo há muito suspeitado: a natureza não está nem aí para os rótulos que damos aos astros. Pode estar muito clara na cabeça dos cientistas a diferença básica entre um asteroide — que é preponderantemente feito de rocha e se formou nas regiões mais internas do Sistema Solar — e um cometa — que tem alto teor de gelos e origem na zona mais remota do sistema planetário. Mas isso não quer dizer que a natureza não possa embaralhar as cartas de vez em quando, como fez com o 288P.

As imagens do Hubble revelaram que ele é composto por dois bólidos com massa mais ou menos igual, girando ao redor de um centro de gravidade comum, a cerca de 100 km um do outro.

Asteroides duplos são relativamente comuns, então a novidade não é essa. O estranho desse objeto é a combinação de tamanho similar entre os dois componentes, separação relativamente grande entre eles, órbita bastante achatada e a atividade cometária que ele apresenta.

Essa combinação estranha de elementos de asteroide e cometa justificou a publicação da descoberta na revista “Nature”, em artigo que tem como primeira autora Jessica Agarwal, do Instituto Max Planck, na Alemanha.

O trabalho de detetive dos astrônomos, que acompanham o 288P desde 2011 (data de seu último periélio), revelou que ele faz parte de uma família de objetos no cinturão que resultou da fragmentação de um objeto maior, com cerca de 10 km de diâmetro, aproximadamente 7,5 milhões de anos atrás. E deve ter começado como um único objeto.

A quebra do astro parental pode deixado em seus “filhotes” partes de gelo que o compunham expostas ao Sol. Ao sublimarem, esses compostos voláteis podem levar à aceleração da rotação do objeto a ponto de dividi-lo em dois. É isso que provavelmente aconteceu ao 288P, uns 5.000 anos atrás, dando a ele sua configuração atual, binária.

O objeto, além de estranho, é de grande interesse dos cientistas, pois, com todas as suas características híbridas, ele pode ajudar bastante a entender a formação do cinturão de asteroides e o papel que cometas teriam nele. É o tipo de coisa que, por sua vez, pode ajudar a elucidar de onde veio a água da Terra. Mas, acima de tudo, é mais uma daquelas demonstrações contundentes da incrível variedade de astros que temos lá fora, a despeito de nossas classificações padronizadas.

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Comentários

  1. Off

    Olá, Salvador. Acabei a leitura do “Sós no Universo?”. Realmente fantástico! Um pouco desatualizado, é claro, mas ainda assim muito bom. Uma fabulosa jornada pelos muitos campos do conhecimento que compõem a astrobiologia.

    Agora estou flertando com outros dois livros: “A grande história da evolução”, do Dawkins, e “Questão vital”, do Nick Lane. Já leu ou ouviu falar? Vi bons reviews deles.

  2. Li bastante muitos comentários sobre o fim do mundo e um tal de Malibú chegando. Gostaria de saber mais ou menos que hora vai acabar pois hoje é sábado e tenho que ir no cabeleireiro fazer um “permanente” para cachear os cabelos. Queria saber se vou antes ou depois do fim do mundo.

    1. Teve até um documentário na TV há alguns anos falando sobre isso, aqui no Brasil ser chamava “SOS Malibu”. Sugiro que veja todos os capítulos antes de decidir.

  3. Hoje, na Matéria de Capa, o programa abordará assunto sobre o profeta do apocalipse. Não sei se trata daquele comentário que fala do nobiru, sobre o fim do mundo de hoje, sábado. Apenas vi o título da matéria. Mas se o assunto for este, certamente o Salvador estará participando neste programa! Assistam! abs a todos.

  4. Se o James Webb já estivesse operando a observação deste objeto teria alguma vantagem sobre o Hubble?
    Ele também vai servir pra observações ópticas né?

    1. Também tenho saudades do Oswaldo Gil. Seu falecimento prematuro deixou um vazio em nossos corações que nunca mais será preenchido. Suas ponderações sobre a água jamais serão preenchidas por outro mesmo em milênios. Assim a vida continua

    2. Estava lendo alguns comentários de Oswaldo Gil de Souza, de alguns meses atras, e me bateu saudades!

  5. A natureza como sempre promovendo o CAOS! 😀

    Sempre que pensamos ter conseguido racionalizar e classificar tudo o que conhecemos, colocando cada coisa na sua prateleira própria, vem uma novidade nos obrigando a colocar a estante abaixo e começarmos a reclassificar tudo de novo, hehehehe!!

    1. Mas ainda bem que estas coisas acontecem!! Assim sempre vai existir trabalho para rever conceitos antigos, colocar observações novas dentro da estrutura que (achávamos) já estava bem consolidada…

      Se não fosse assim, se conseguíssemos explicar tudo o que existe e nada novo surgir para nos obrigar a rever estas explicações, acho que estudar ciências seria super chato…

  6. Salvador,
    Interessante! Este evento astronômico já foi previsto na ficção cinematográfica. Há muitos anos (já nem me lembro do título) vi um filme em que um astrônomo observou a passagem de um cometa que parecia estar se desintegrando. Na sua volta ele realmente retornou em dois corpos e, um que o astrônomo chamou de filhote-parido-do-cometa caiu como um meteoro sobre o Arizona. O final nem preciso contar: os yankees resolveram tudo! rsrsrs

    1. Então, a gente já viu cometas se desintegrando aos montes. Mas esse é um caso atípico no sentido de que ele quebrou em dois, e aí se estabilizou, por assim dizer.

  7. Como brilhante astrônomo profissional que sou, tenho observado diretamente o céu toda noite deste final de inverno através do meu desejado telescópio Vivitar VIVTELMIC20. Já tinha visto esta ocorrência bem antes. Apenas não publiquei porque logo em seguida a dois bólidos, encontrei 4 de três bólidos e agora já estou no segundo de quatro bólidos que quase se assemelham a um mini sisteminha planetário pois os quatro giram em torno de um centro de massa onde não tem nada. Só o centro.mesmo. Neste momento estou fazendo cálculos para determinar a habitabilidade dos asteroides e mandar mensagens. Para quem gosta do assunto o endereço estelar é 01 44 04.0829, −15° 56′ 14.928..

    1. Decio, sem querer te desacreditar, mas os caras tiveram de esperar o objeto atingir o perigeu (a 1,45 UA da Terra) e olhar COM O HUBBLE para ver que se tratavam de dois objetos.
      Asteroides binários, embora relativamente comuns, são difíceis de identificar com telescópios poderosos. Que dirá com este telescópio — http://www.extra.com.br/CineFoto/BinoculoseTelescopios/Telescopios/Kit-Telescopio-e-Microscopio-Vivitar-VIVTELMIC20-Preto-Prata-3586691.html

      1. “… sem querer te desacreditar…” mas já desacreditando!!!
        O MS tem esse poder de atrair estes “artistas”.

      2. Provavelmente esses objetos q o “colega” identificou são fruto de um problema de foco… no caso, falta de foco!!!

        1. Que nada, era uma sujeira na lente… chamada de Gordon Lunis. (Entendidos entenderão)

          Wubba lubba dub dub!

      3. Chorando de rir…O Salva e soda……
        Po salva bem que vc poderia colocar na página uns emotinos de risadas, raiva, essas coisas

    2. Um binóculo com alcance de 5km custa mais que R$ 143,99 no Extra com promoção. E ainda se auto intitula um “brilhante astrônomo profissional”. Vá cagar no mato!

    3. publicou a descoberta?? se só observou mas não publicou, para ela ser comprovada ou refutada pela comunidade científica, simplesmente afirmar que fez não significa nada… 🙁 a ciência só evolui se for um avanço coletivo, a individualidade não tem muito valor aqui. provavelmente só para o próprio indivíduo, mas isto fatalmente vai se perder se não for compartilhado com ninguém…

    4. Sua referência remete ao sistema Tau Ceti. Lamento dizer, mas você se enganou 2 vezes, pelo menos:

      (1) não é um sistema de asteróides, mas uma estrela relativamente próxima (11 anos luz) bem parecida com nosso sol

      (2) você não descobriu nada, pois o sistema já vem sendo estudado a bastante tempo

      1. Apenas uma correção visando diminuir o analfabetismo brasileiro e pelo menos o seu. No caso, seu “a bastante tempo” no final da frase se escreve “há bastante tempo” com “h” pois indica contagem de coisa que começou no passado. Usa-se o verbo haver e nunca a preposição “a” que só serve para indicar futuro (ex : Daqui a muito tempo). Também não se usa há muito tempo atrás já que atrás forma redundância. Além brilhante astrônomo profissional também sou um brilhante sábio em português bastante aclamado pela multidão, motivo pelo qual faço esta correção graciosamente, sem nenhum ônus. Também para o caso de correção on line os agradecimentos são dispensados.

        1. Conheço muito bem este erro gramatical (mais uma vez, você não está me trazendo nenhuma novidade…), mas de vez em quando ainda o cometo por causa da semelhança fonética.

          Agradeço sua preocupação em me corrigir, mas isto não diminui em nada sua ignorância no que diz respeito à Astronomia…

          Quanto à forma redundante desta expressão, sugiro bater um papo a respeito disto com o grande Raul Seixas (“Eu nasci… há dez mil anos atrás… e não tem nada nesse mundo que eu não saiba demais!!”)

          1. Sinto muito, David, mas Raul Seixas errou ao usar essa redundância. “Há dez mil anos” não precisa, nem deve ter “…atrás”. ele achou uma rima, mas não uma solução para a ignorância do nosso idioma.

        2. Como observação, a letra da música não é do Raul, mas do Paulo Coelho, lastimável grande escritor brasiliano. Não confunda com pau no coelho, que é uma maldade e não tem nada a ver. Mas há um certo consenso de que a dita redundância se reveste de licença poética e como tal, no espírito da música, aceitável. Precisava de uma rima e então…
          Poderia ter usado “rapaz” : ” … eu nasci há dez mil anos, rapaz! E não tem nada neste mundo…” Iria ficar meio feio.

    5. kkkk Sensacional a postagem bem humorada do Décio. Normalmente os comentários aqui são de bom nível e pertinente, o que valoriza ainda mais a ótima coluna do Salvador.

          1. Eu estou preocupado, meus calendários devem estar com grave erro, pois indicam que hoje seria 25 de setembro, segunda-feira, mas o mundo acabou no sábado!!!!

            Onde estou? Talvez no inferno, pois os jornais ainda falam de Trump, Temer, Lula…

          1. Ainda não está claro. Uma teoria mais tradicional sugere que são detritos do disco protoplanetário que restaram sem se condensar num planeta por conta da perturbação gravitacional do vizinho Júpiter. Nesse caso, o cinturão teria se formado mais ou menos onde ele está hoje.

            Mas uma outra possibilidade, evocada recentemente por um trabalho feito por um brasileiro inclusive, sugere que talvez o cinturão tenha sido formado dinamicamente, depois da formação dos planetas, a partir da perturbação gravitacional deles sobre objetos que restaram da formação planetária, atirando-os para a região do atual cinturão. Caso essa hipótese esteja correta, alguns dos objetos vieram da região dos planetas gigantes para dentro, e outros dos planetas rochosos para fora — isso ajuda inclusive a explicar duas populações distintas no cinturão, com teores diferentes de material volátil. De toda forma, esse processo todo, pelas simulações dinâmicas, teria sido muito rápido, nos primeiros milhões de anos do sistema.

            Uma terceira possibilidade, mais antiga e menos credenciada por evidências, é de que o cinturão seja o resultado do despedaçamento de um protoplaneta que existiu naquela região. Mas é improvável porque metade de massa do cinturão está reunida em apenas quatro objetos (Ceres, Vesta, Higeia e Palas) e eles não parecem ser aparentados. Além disso, a massa total do cinturão é muito pequena — apenas 4% da massa da Lua –, o que significa que, mesmo que se juntasse tudo, não daria para formar nada que nem vagamente tivesse massa suficiente para ser um protoplaneta de respeito. Mesmo considerando que o cinturão vem perdendo membros ao longo dos bilhões de anos, a massa inicial não seria suficiente para termos um protoplaneta ali.

  8. Salva, isto que me refiro quando digo que eles não sabem de tudo, existem muitas incógnitas
    e corpos celestes por ai, ainda inclusive! a quantidade exata de luas de Urano e Netuno? esta uma delas !

    1. Sim, claro que há muitas incógnitas! Se não houvesse, teria acabado a astronomia. Mas isso não quer dizer que precisemos dar ouvidos ao seu papo de olhos eclodindo, lógica duo-hexacimal e outras loucuras que você vomita aqui de vez em quando. rs

      1. salva, olhos eclodindo, duo-hexacimal, não estão loucuras! só uma analogia , um tipo de verbo-substantivação, para tentar passar fenômenos que existem, talvez cientificamente tenha ate outro nome!
        Esta em todo lugar cara só você que não quer ver!
        Como A VERDADE que bate em tua porta , mas você acredita que verdades não fazem isto e você nem atende!
        Por exemplo como você trata a pareidolia!(de forma preconceituosa banal e irrelevante)!
        Imagina que este instinto animal não estaria usado por outras espécimes para localização!
        A o homem colocaria iluminações, radares e ROVs!
        mas mesmo assim acredito em uma melhor eficiência no instinto da pareidolia em casos de limitação tecnológica que houvesse em algum planeta ou local, como campo magnético atmosfera e a te mesmo reservas de silício!
        acredito que cada civilização tenha tua natureza e naturalidade para lidar com propriedades físico-químicas, pensar diferente disto para mim esta como sucumbir a vários paradigmas!
        A questão hexa se você quiser passar por analogia de moléculas na química, vai esta lá, um anel duplo hexa como modelo matemático análogo de ligações químicas.
        tem pra onde correr não salva! a verdade bate a tua porta sim!

        1. Giberto, apenas por curiosidade, vc é brasileiro?
          Vc tem dificuldade em usar o ser/estar de forma correta, como se o português não fosse sua língua nativa.

          1. Gente, não mexe com o GP… olha aí embaixo o que sai de uma simples pergunta…

            Esse sujeito já foi engraçado. Passou. Parecia inocentemente imbecil. Não é. Hoje acho que ele é basicamente um troll, que fica por aí buscando alimento com ideias (?) non-sense.

            O cara tem um gerador de lero-lero específico para espezinhar o blog.

            Situa-se um pique acima dos terraplanistas na escala da fauna que habita por aqui, lá na rabeira da cadeia alimentar.

        2. Procurem se informar sobre a ideologia(O PARADOXO DO UNIVERSO)A Tese!
          o não OR e o tudo AND!
          Herácrito X Parmênides.
          Questão paradoxal antropológica desvendada e resolvida!
          não existe E-se,r existe Criare =E-estar, todos estamos criados e não somos seres!
          Nem exite ser, O e-ser E-go esta “apenas’ uma abstração antropológica criada para devidos fins(dualidade/divisão/ dissolução/extinção).
          Eu não e-sou(e-go) brasileiro; Eu estou criado brasileiro, nascido no continente da América e nos Estados Unidos do Brasil!
          Meu dialeto esta o Português Luso-Hebraico Brasileiro(Regado ao latim).

          1. Aqui não é EUB, e sim República Federativa do Brasil.

            Pelo que eu percebi, você é descendente de judeus? Ou estou enganado, Datena? me ajuda aí!

  9. Salvador, um off mais light…

    Já que você disse que está pra se aposentar da tarefa de escrever livros, por que não fechar com chave de ouro e escrever um com o Reinaldo?

    Já até imagino os temas, pro delírio dos bitolados 😛

    1. Ei, quem está se aposentando da tarefa de escrever livros? Tá louco?!
      Tudo que eu disse é que preciso tomar um ar para começar o próximo, oxigenar um pouco as ideias. Mas já tenho coisas em vista. 😉
      Sobre escrever em parceria com o Reinaldo, coincidência você falar isso, comecei a discutir uma ideia com ele quando fiz o CONEXÃO com ele, mas ainda está muito incipiente.

      1. Porque você não escreve uma historia de ficção, como Azimov, por exemplo, seus livros além de contar uma história tem todo um ensinamento por trás… é fantástico.

          1. Uhuuu! Amooo Issac Azimov!!! Na adolescência li a biografia dele e a “Trilogia da Fundação” e me apaixonei. Seria bárbaro se vc escrevesse ficção Salvador. Não sei se estarei por aqui mas se estiver serei uma das primeiras a comprar.. Rssrs.

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