Astronomia: Por Marte, SpaceX vai a todo lugar

Salvador Nogueira

De olho em Marte, SpaceX quer oferecer voos de São Paulo a Tóquio em menos de uma hora.

GANA PARA MARTE
Há um ano, Elon Musk apresentou a primeira versão do plano da SpaceX para promover a colonização de Marte. O ponto fraco do projeto, ele mesmo admitia, é que ninguém sabia de onde sairia o dinheiro para financiá-lo. Na última sexta-feira, Musk apresentou uma atualização do plano, e agora diz que sabe como pagar por ele.

GRANA PARA MARTE
A solução para arrecadar os US$ 10 bilhões necessários foi colocar a SpaceX para concorrer consigo mesma. É isso aí. A empresa tentará tornar seus atuais produtos obsoletos, com um veículo reutilizável e multiuso, capaz de fazer tudo que seus atuais foguetes e cápsulas fazem, por um preço competitivo. Com isso, todos os recursos ganhos pela empresa poderão financiar o desenvolvimento do novo sistema.

FAZ-TUDO
A arquitetura envolve um foguetão imenso acoplado a uma espaçonave-foguete, reabastecida em órbita para viajar até destinos distantes, como Marte. A ideia é que o sistema, totalmente reutilizável, possa servir a uma série de funções, como lançar satélites, recolher lixo espacial, levar suprimentos e astronautas à estação espacial e até mesmo pousar na Lua. Ou seja, tudo que a Nasa já contratou a SpaceX para fazer e ainda mais.

DA TERRA PARA A TERRA
A aplicação mais radical, contudo, é exclusivamente terráquea. Segundo Musk, o sistema poderia realizar voos rápidos entre cidades distantes, a um preço que as pessoas poderiam pagar. Imagine ir de São Paulo a Tóquio em menos de uma hora, com direito a uma passadinha no espaço — as companhias aéreas podem ter muito com que se preocupar.

De qualquer ponto a qualquer ponto da Terra em menos de uma hora, pelo preço de uma passagem na classe econômica. (Crédito: SpaceX)

2022
Para missões a Marte, a nave teria de ser reabastecida para voltar à Terra, mas o combustível poderia ser fabricado no planeta vermelho a partir de dióxido de carbono e água. Musk projeta o primeiro voo de carga marciano para 2022, e o primeiro pouso tripulado para 2024. É um cronograma extremamente otimista e cheio de “ses”. Mas tem uma grande virtude: jamais pareceu tão fácil tornar a humanidade uma civilização multiplanetária.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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Comentários

  1. Salve Salvador! Havia entrado aqui tempos atrás para te fazer essa pergunta, mas as discussões sobre a “cura gay” detiveram minha atenção. Apesar da bela animação da Nasa da entrada da Cassini nas nuvens de Saturno, eu duvido que lá hajam dias tão claros. A pergunta é essa: quanto de fato chega de luz em Saturno? E em outros corpos, o quão claro é o meio dia em Ganimedes, por exemplo? Muito obrigado!!

    1. Então, depende da profundidade. Mas acima do topo das nuvens tem uma camada de atmosfera que tem um espalhamento similar ao da Terra, deixando o céu azulado. Então, estando acima das nuvens, talvez o céu não seja muito diferente de um a bordo de um avião — salvo pelos anéis acima, que devem ser um espetáculo à parte nessas circunstâncias.
      Ganimedes, por sua vez, não tem atmosfera. Em compensação, Júpiter está 5 vezes mais distante do Sol que a Terra, o que faz a luminosidade do Sol que chega a Ganimedes cerca de 1/25 da que temos aqui. Por outro lado, temos de considerar Júpiter como uma fonte secundária de luz, se estivermos no lado voltado para Júpiter. Então difícil de saber a luminosidade total. No lado afastado, só com o Sol, a luminosidade é 1/25 da que temos na Terra.

        1. Puxa, boa pergunta, cara. Teria de fazer a conta. Arredondando os números, Ganimedes orbita três vezes mais longe de Júpiter que a Lua da Terra, mas o diâmetro de Júpiter é 40 vezes maior que o da Lua. Se estivesse na mesma posição, Júpiter seria 1.600 vezes maior no céu. Mas como está três vezes mais distante, teríamos de dividir esse número por 9, o que daria umas 180 vezes a área da Lua no céu. Faz sentido essa conta pra mais alguém ou estou viajando? rs

  2. O que tem me incomodado ultimamente é um pragmatismo atípico do Degrasse Tyson quando fala a respeito do Elon Musk e a ambição da Space X. Desinflar o entusiasmo pela exploração espacial desse jeito não é um pouco contraditório com o papel de divulgador da ciência? Lembra o manifesto “contra a mediocridade” que Eugene Cernan e Neil Armstrong fizeram no Congresso Americano em 2012, fazendo críticas cruéis à exploração privada do espaço. Acredita na possibilidade da ULA ou mesmo da NASA estarem com medo de perder a batuta do progresso da tecnologia espacial e que TALVEZ estivessem até mesmo pondo o pé no freio com elefantes brancos, de custos e esmero técnico inflados, como os ônibus espaciais ou os foguetes Delta, apenas por simples reserva de mercado? (Truste?)

    Me assusta e entristece a possibilidade desejarem algo assim dentro da própria Nasa.

    1. bem longe de dizer que é “fácil ir ao espaço”, mas que talvez a pesquisa e desenvolvimento não sejam tão astronomicamente caras assim, (como a Space X e mesmo a nanica RocketLab têm provado em uma margem de tempo de pouco mais de dez anos).
      E boom! A Lockheed desenterra o Delta Clipper, a NASA anuncia uma estação orbital lunar, mesmo com o medo crônico de mandar astronautas para além do Cinturão de Van Allen e até a ESA volta a falar de missões tripuladas independentes… e tudo por causa da Space X.

  3. Quando se trata de Elon Musk, infelizmente o Salvador Nogueira deixa o trabalho jornalístico de lado. Substitui a visão crítica e questionadora por um entusiasmo quase juvenil. Uma pena.

    1. Hm, na verdade não. Eu digo que os prazos dele são irrealistas, e já apontei que o plano para levar gente ao redor da Lua até o fim do ano que vem também não vai se concretizar. Outro dia fiz uma coluna inteira para apontar as dificuldades da SpaceX com seus planos iniciais para Marte, inclusive com o cancelamento da Red Dragon. Então, acho que sou bem crítico.

      Agora, ser crítico não é ser cego. O cara revolucionou o custo e o método para acesso ao espaço. O cara revolucionou a indústria automobilística. Nos dois casos, investindo sua própria fortuna feita com o Paypal para financiar o startup dos negócios e indo contra lobbies e interesses fortíssimos dos players tradicionais das duas indústrias. E hoje tá todo mundo, nas duas indústrias, correndo atrás dele. Se isso não justifica alguma confiança, não sei o que justificaria. Mas você me diz. 😉

      1. Gostei da resposta, Salvador. Admiro e respeito o teu trabalho de divulgação científica, por isso senti a necessidade de expressar meu incômodo com relação aos textos que você escreve sobre o Elon Musk. Mas talvez eu esteja exagerando, de fato.

        O que mais me incomoda é ver um empresário ganhar tanto espaço no noticiário sobre ciência. Veja bem, não coloco em dúvida a capacidade empresarial dele, reconheço o papel revolucionário da SpaceX na área de exploração espacial, e até acho que, mais cedo ou mais tarde, ele vai acabar chegando em Marte. Mas fico com a sensação de que isso tudo tem muito mais a ver com interesses econômicos do que com propósitos científicos. Não consigo sentir pelo Elon Musk uma admiração nem remotamente próxima da que sinto, por exemplo, pelos cientistas que detectaram as ondas gravitacionais.

        Sempre me vem à mente uma entrevista que assisti do astrônomo Augusto Damineli, na qual ele diz que essa ideia de colonizar outros planetas está relacionada sobretudo com a compulsão humana por viajar, e não com uma necessidade científica real, já que podemos descobrir tudo o que quisermos sobre o Universo sem sair da Terra, através de telescópios cada vez mais sofisticados e enviando sondas espaciais e robôs.

        Mas enfim, talvez eu esteja apenas sendo chato, rs. De qualquer forma, obrigado por abrir esse espaço para o diálogo.

        1. O que o Damineli falou é pura verdade. Viajar a outros planetas (e colonizar outros planetas) é só o impulso humano. Mas é o impulso humano que preveniu nossa extinção até o momento, e será ele que vai continuar a fazer isso. A ciência é só um instrumento para isso — ela alimenta nossa curiosidade, que é uma necessidade humana, e nos dá os instrumentos para nos perpetuarmos, que também é uma necessidade humana. O primeiro homem das cavernas que levantou a hipótese de que, com um pedaço de pau na mão, ele conseguiria caçar melhor — e aí testou essa hipótese, com grande sucesso –, esse cara estava praticando ciência. Só não sabia disso. E a serviço da sobrevivência.

          Minha visão do Musk é oposta à sua nesse caso. Ele claramente já está rico além de qualquer necessidade e não se mostra ambicioso por ganhar ainda mais dinheiro. Pelo contrário, ele está disposto a perder todo o dinheiro no que acredita, e essa é uma mensagem poderosa. Musk bancou os quatro primeiros lançamentos do Falcon 1 do próprio bolso. Se o quarto lançamento tivesse falhado, como os outros três, era o fim da brincadeira, por falta de dinheiro. Felizmente deu certo e viabilizou um contrato com a Nasa que manteve a SpaceX em ação, para chegar aonde chegou. Mas ele teve de se provar ANTES de virar o jogo e poder prestar serviço para a Nasa. E arriscou toda a grana dele.

          A mesma coisa com a Tesla. Qual era a chance de a Tesla vingar? Nenhuma startup automobilística dá certo nos EUA desde a Chrysler, e nenhuma startup automobilística de carros elétricos jamais deu certo. E no entanto a Tesla criou um plano fantástico para vencer todo o lobby da indústria do petróleo e dos figurões da indústria automobilística e conseguiu. Detalhe: deixando suas patentes abertas para quem quisesse usar, só para popularizar os carros elétricos. A GM pretende abandonar carros a petróleo em breve e anunciou que lançará 18 modelos elétricos até 2023. Elon Musk já mudou o mundo. E para melhor. E não necessariamente ganhando mais dinheiro. Ele parece muito rico agora, mas é porque as empresas dele estão valorizadas. Se a SpaceX se afundar com o BFR, ou a Tesla acabar perdendo a vantagem para os concorrentes antes de crescer o suficiente, o negócio dele pode murchar. Mas ele já mudou o mundo. Carros elétricos são uma realidade, e em 20 anos vai ser difícil comprar um carro que não seja elétrico. E, ainda que a SpaceX acabe falindo, ninguém nunca mais vai ver com naturalidade um foguete que faz um lançamento e aí jogam fora depois de um único uso.

          Cara, se isso não é o suficiente…

          Sou crítico do Musk, mas sou muito mais crítico de todo o resto. É difícil para os humanos acreditarem nas boas intenções de outros seres humanos, ainda mais quando eles são bilionários. Mas isso é um descrédito para nós, não para ele. Ele está fazendo só o que é certo, até agora, correndo grandes riscos com o dinheiro dele, e não com o nosso.

        2. A Ciência não é um fim, é “apenas” uma forma de respondermos às questões que formulamos. E o que estamos vivenciando é uma mudança na forma como se faz (ou se viabiliza) a ciencia. Acho muito saudável tirar dos governos o monopólio do fomento científico, sobretudo considerando as verbas cada vez mais curtas e os caminhos pouco claros para o financiamento de pesquisas.

          1. Não existe esse monopólio. Mas a iniciativa privada não tem interesse em financiar pesquisa básica, sem aplicação no horizonte.

  4. Salva, gosto das ideias e do otimismo do Elon Musk, mas 2024 para um voo tripulado a Marte nos moldes que ele planeja seria otimismo demais, acho q cruza a linha do verossímil.

    A começar com o combustível para reabastecer a nave.
    Não sei o que poderia fazer com o CO2 e H2O, talvez um composto orgânico complexo, mas a produção é dispendiosa e complexa.

    Um combustível fácil de obter seria o hidrogênio. Através de uma simples eletrólise pode-se quebrar moléculas de água e ter Hidrogênio e Oxigênio, depois resfriar para liquefazer e envasar.
    Seria necessário energia elétrica que poderia ser obtido de painéis solares e uma fonte de água.

    Mas para fazer isso, precisa enviar uma fábrica de combustivel totalmente automática para Marte, e instalar essa fabrica com acesso a uma fonte de água.
    É sabido que existe água no subsolo de Marte, mas não é um lago como conhecemos aqui, não seria fácil conseguir água em Marte.
    E que profundidade teria de escavar para ter água que desse para utilizar? Até hoje o máximo que se conseguiu perfurar em Marte foi alguns centímetros em rocha.

    Se Elon conseguir instalar um fábrica em Marte e produzir combustível lá, vai ser um dos maiores feitos da história da exploração espacial. Se simplesmente pousar uma nave em outro planeta já é de uma dificuldade imensa, imagina então isso!
    Não que seja impossível, mas fazer isso em 3 ou 4 anos não acredito. Só se o Elon tiver uma carta na manga guardada a 10 chaves.

    Enfim, estou torcendo pelo sucesso da SpaceX, mas os prazos que estão passando não consigo acreditar que vão conseguir cumprir.

    1. Não, cara. O motor Raptor é movido a metano (CH4) e oxigênio líquido (O2). Você quebra as moléculas de CO2 e H2O e a recombinação já faz o que você precisa. É tecnologia do século 19. Em Marte, o que torna um cadinho mais difícil. Mas não é loucura. O jipe Mars 2020, da Nasa, já vai fazer O2 experimentalmente a partir do CO2 da atmosfera. Só aí já seria meio caminho andado. A outra metade era meter eletrólise na água e combinar o C retirado do CO2 com os H da água. Moleza mole, como dizia meu professor de química do primeiro colegial! 🙂

      Mas concordo com você que o prazo, 2024, é otimista. O próprio Musk diz que é “aspiracional”. Ele não espera chegar lá em 2024. Mas se for em 2028, é bem mais crível, e seria praticamente dez anos antes do que a Nasa planeta para um pouso. 😛

  5. Mas Salvador, ir a Marte com foguete químico?
    A tecnologia de propulsão elétrica já está em uso…talvez só falte investimento para criar propulsores maiores, não?

    1. Propulsão elétrica não é uma panaceia. Ela é econômica, ou seja, consome pouco combustível pela quantidade de empuxo que fornece (no jargão, tem alto impulso específico), mas em geral é lenta. Mesmo que você usasse propulsão elétrica para a viagem interplanetária, ia precisar de propulsão química para chegar à órbita terrestre. Além do quê, estamos indo para mais longe do Sol, e a eficiência da propulsão elétrica cairá de acordo, a não ser que você leve um reator nuclear junto em vez de contar com painéis solares.

      1. Mas a principal proposta alternativa aos foguetes químicos é justamente essa, propulsão solar-elétrica para viagens até Marte. Colocados em órbita terrestre e voltando para órbita de Marte por foguetes químicos, claro.
        Reatores só seriam necessários além de Marte, pela falta de energia solar.

        1. Reatores são necessários se você quiser propulsão com potência similar à de foguetes químicos, mesmo aqui na órbita da Terra. Não tem quantidade de energia solar que possa resolver isso. Propulsores elétricos são ótimos para transportar carga de forma barata — mas a viagem levaria anos. Veja quanto tempo a Dawn, com propulsão iônica, levou para ir de Vesta até Ceres, estando ambos no cinturão de asteroides…

  6. Salva, aproveitando o gancho para os aspirantes a Musk:
    Como foi o experimento do Garatéa-L na Cobruf? É a melhor associação a seguir para quem quiser montar uma equipe universitária de foguetes e exploração espacial?

    1. Voou, levou umas leveduras lá pra cima, que vão virar a cerveja Garatéa. 🙂
      O Cobruf é muito legal, vale a pena seguir sim.

  7. Viagens de SP a Tóquio em foguetes espaciais… É muita viagem.. O Concorde, com relativo conforto, fracassou. Até o A380, com extremo conforto, está fracassando. Sinceramente, o projeto de Musk é cheio de furos. É muito, muito marketing. Me lembra os power-point do Eike Batista. Acho que as pessoas gostam dessa visão ultra-otimista do futuro, viagens espaciais, teletransporte, colônias marcianas. Então, em nome do otimismo damos valor a projetos sem base ou fundamento. Projetos como o James Webb trazem muito mais resultados. Se é para ganhar dinheiro, por que não desenvolver verdadeiras estações espaciais, que não sejam um aglomerado de pequenos cubículos? Sinceramente, não tenho o menor entusiasmo por esse projeto de Musk, acho um grande desperdício de dinheiro e inteligência.

    1. O Concorde fracassou pelo custo de operação. No final, tudo depende disso.
      A diferença entre o plano do Elon Musk e os powerpoints do Eike Batista é que o Eike pegava dinheiro dos nossos impostos e nunca realizou nada de concreto, e o Elon pega o dinheiro que ele mesmo ganha com os foguetes que (1) todo mundo disse que não ia funcionar, (2) todo mundo disse que não podiam ser tão baratos como acabaram saindo, (3) todo mundo disse que não poderiam ser trazidos de volta intactos e de forma controlada, e (4) todo mundo disse que, mesmo que fossem recuperados, exigiriam tanta manutenção que não valeria a pena relançá-los. Erraram quatro vezes com ele já, em termos de tecnologia de foguetes (nem vou mencionar a Tesla e a revolução dos carros elétricos, que agora toda a indústria corre atrás, porque seria covardia). Então, entre o que você acha dele e o que ele acha de foguetes, desculpaê, vou ficar com a visão dele. 😛

  8. Apenas mais um delírio desse sujeito que parece ganhar a vida vendendo terrenos na Lua. Ele me lembra W. Bailey, empresário dos anos 20 criador dos “xaropes radioativos” que curavam todos os males…

    1. A diferença é que ele já é ATUALMENTE o maior prestador de serviços de lançamento de satélites no mundo inteiro. Não me lembro de um xarope radioativo substituir o mercado de antibióticos… rs

      1. E o pior é que Bailey ganhou rios de dinheiro com essa farsa ANTES da criação dos antibióticos. Pesquise o termo “radithor” no Google…

        1. Ah sim. E o Lair Ribeiro também estava ganhando R$ 50 mil por semana do Marcelo Rezende por pílulas de farinha. Nada mudou em termos de gente capaz de comprar pseudotratamentos milagrosos. Mas o ponto é: o Elon Musk não está vendendo “pie in the sky”. Ele está vendendo serviços AGORA. Você pode contratar hoje um lançamento de satélite com ele mais barato do que com qualquer outro fornecedor no mundo. Os EUA voltaram a dominar os lançamentos comerciais de satélites, depois de décadas de hegemonia da europeia Arianespace.

    2. Ele lembra mais Howard Hughes e a “idéia estapafúrdia” de explorar comercialmente a estratosfera.

    3. A comparação não procede.
      Ele faz cronogramas exageradamente otimistas em relação a tempo de execução; porém até hoje ele fez tudo o que se propôs, embora com atraso.
      Ele fez um foguete privado que lança cargas em órbita quando todos duvidavam;
      Ele inventou um foguete que pousa, quando todos duvidavam;
      Ele derrubou os preços de lançamento de carga em órbita á metade;
      E vai para o espaço, em novembro, o mais potente foguete já feito pelo homem, superando o Saturno V do projeto Apolo.
      Reduzir ele a W.Bailey é comentar sem saber nada de suas realizações….
      O que acontece é que Elon Musk atrasa, mas acaba fazendo. Melhor levar ele a sério.

  9. Olá Salvador. O que não entendo é como podemos afirmar que não somos capazes de compreender o que se passa no interior de um buraco negro, quando temos os exemplos bem aqui pertinho, do lado de fora.
    Um corpo com massa do Sol, por exemplo, amplia o espaço tempo ao seu redor. (Qualquer corpo com massa faz isso)
    O que faria, com o espaço tempo, outro corpo com bilhões da massa da nossa estrelinha?
    Devemos pensar diferente do que dizem as equações e concluir que dentro de um buraco negro as leis da física são diferentes do que é aqui fora? Onde estão as evidências que comprovam tais especulações?
    Acho lógico e coerente pensar que o que existe dentro de um BH é muito, muuuuito espaço tempo.
    Quanto ao Musk… eu o considero um gênio.
    Parabéns por mais essa matéria Salvador.

    1. Marcos, em essência, não podemos dizer que não dá para dizer o que há dentro do buraco negro porque a teoria que usamos pare entender o efeito de um corpo da massa do Sol se quebra num buraco negro. Se levarmos só a relatividade geral (a teoria em questão) em conta, ela diz que um buraco negro tem um colapso total da matéria até atingir um ponto infinitamente pequeno, com densidade infinitamente grande. Quando nossas equações dão resultados infinitos, costuma ser sinal de que há algo errado com as equações, não com a natureza. Um dos problemas que a física quântica resolveu foi justamente um crescimento infinito de energia num corpo negro. Normalmente, quando aparece infinito na equação, é hora de voltar à prancheta. Supõe-se, que combinando a física quântica com a relatividade geral, poderemos nos livrar dos infinitos e afinal descrever o que há dentro do buraco negro. Mas não temos essa teoria ainda, e tudo que podemos observar dos buracos negros é do horizonte de eventos para fora — região bem delimitada pela relatividade geral. Então, por ora, segue o mistério.

      1. Salvador, talvez seja infinitamente grande e infinitamente pequeno na questão da matéria.

        1. Quando é infinitamente alguma coisa já é estranho, porque deixa de ter significado físico. O que é uma coisa INFINITAMENTE pequena? E o mundo quântico sugere que não existe INFINITAMENTE pequeno, em tese existe um tamanho mínimo para tudo.

          1. Apenas “em tese”. Ninguém sabe ao certo se a matéria é realmente finita, ou se a sua divisibilidade poderia ser feita indefinidamente. É uma suposição natural da física de partículas imaginar que existe uma “partícula final” para a matéria. Mas ninguém ainda pode afirmar com certeza. O fato de surgirem tantas partículas “elementares” produzidas pelos aceleradores mundo afora, parece indicar o contrário.

          2. Existe uma limitação definitiva, o comprimento de Planck. A não ser que a mecânica quântica esteja errada, há um limite mínimo para o tamanho das coisas.

      2. Salvador, mas e as ondas gravitacionais??….até onde entendo, não estamos mais limitados a somente instrumentos baseados na captação de luz, certo? Agora podemos “escutar” o que há além do horizonte de eventos, não?

        Ou por outro lado, o que mais anda sendo feito com relação a radiação de hawkins? Ninguém tentando inventar um equipamento para “ler” essa radiação que até onde entendo seria a unica “informação” que volta, mesmo depois de ter passado do horizonte de eventos, não?

        1. Não, porque ondas gravitacionais não viajam mais depressa que a luz, então também não podem cruzar o horizonte de eventos vindas do interior dos buracos negros. O que a relatividade diz sobre o horizonte dos eventos é que ele delimita matematicamente a fronteira entre o nosso espaço-tempo e algum outro espaço-tempo que está causalmente desconectado do nosso, ou seja, o que acontece lá dentro, em princípio, não afeta o que acontece fora. Mas, claro, quando você inclui efeitos quânticos, ganha radiação Hawking, e isso já não é totalmente verdadeiro — buracos negros emitem radiação e se dissipam. A intensidade da radiação Hawking, contudo, é tão sutil que não há a menor esperança de detectá-la num buraco negro astrofísico.

          1. Mas Salvador e os tais “cabelos” que o hawkings falou faz pouco?! Olha esse artigo da exame

            https://www.google.com.br/amp/s/exame.abril.com.br/tecnologia/stephen-hawking-publica-nova-teoria-sobre-buracos-negros/amp/

            Por mais que a comunidade científica acredite não ser verdade… Parece ficar mais claro que algo está conseguindo voltar de dentro do buraco para ser lida!… Assim como vc fala no vídeo acima, parece que nunca estivemos tão próximos de ler o interior de um buraco negro como agora!!

            Obs.: vc chegou a fazer uma matéria sobre essa “teoria” dos cabelos do hawkings?! Procurei aqui e não achei? Pode colar o link?! Afinal ler suas matérias vem com uma carga de conteúdo explicativo muito maior que essa da exame

          2. Não escrevi sobre o assunto, mas os “cabelos” não saem do interior do buraco, que continua na mesma situação. Eles estariam no horizonte de eventos.

  10. Esse Elon Musk é bom mesmo e muito inteligente. Ele é persistente e consegue tudo que diz. Mais ainda. Ele não ri quando fala das metas. Estava lendo na revista The Besti que nos próximos meses estará lançando uma ,missão para a galáxia Chamada GN-z11. Não ficou claro se a missão era tripulada ou bipulada.

  11. Boa Tarde Salva…no caso do voo “regional”, pela altura atingida pelo foguete, já seria mais rápido voar para oeste? Ou ainda não faria diferença.

    Valeu e boa semana

    1. Oeste ganha uma mãozinha da rotação da Terra, mas haverá vezes em que a distância não justifica.

  12. Será que este pode ser um ponto com o qual Salvador e Perna concordam?
    Trump pelo menos indiretamente deu uma forcinha a iniciativas como essa, já que a economia andou quebrando uns recordes, não?

    1. Se você se refere a iniciativas como a de Musk, Trump deu zero ajuda a elas. Na verdade, até agora, ele não mudou rigorosamente nada nos planos da Nasa, que segue investindo seu dinheiro no SLS+Orion e não fez até o momento novos contratos comerciais com empresas como SpaceX.

    2. Da mesma forma em que a Apollo XI aconteceu durante a gestão Nixon. Agradeça mais a quem veio antes.

  13. Pegar uma carona no primeiro foguete que sair pra marte…
    Com ctz vamos estar melhor la do que aqui… hehe

        1. Acho que tanto faz, não? O nome traduzido dele já está consagrado. E não vejo as pessoas se matando para decidir se é Wilhelm Herschel ou William Herschel, ou Giovanni Domenico Cassini ou Jean-Dominique Cassini. Eu pessoalmente prefiro Jules Verne. Mas não a ponto de ficar brigando com o corretor ortográfico do celular. 😛

          1. Sobre Julio Verne, acho que não “tanto faz”. Posso estar enganado, mas a norma culta impõe a “tradução” ou o “aportuguesamento” dos nomes consagrados. Acontece com os nomes de chefes de Estado (reis e rainhas, imperadores, dos papas(Napoleão, Jorge, Ricardo Coração de Leão, Vitória, Bento, João Paulo, Francisco, etc.) e também de autores consagrados, inclusive brasileiros (Rui Barbosa, que foi registrado Ruy Barbosa no nascimento, Carlos Weber, Frederico Wolf, etc.). Mais recentemente, o maior contato com as línguas estrangeiras tem levado a um estranhamento esse processo de tradução. Ninguém fica confortável em ler ou escrever Sebastião Bach, por exemplo. O Prof. Pasquale explica, na sua “Gramática”, que “a grafia dos nomes de todos os que se tornam publicamente conhecidos aparece corrigida em publicações feitas após a morte dessas pessoas”. De modo que você tem a seu favor o consuetudinário para empregar a grafia original dos nomes. Mas não deixe que alguém te encha o saco porque você empregou o nome aportuguesado, porque afinal isso está de acordo com a norma culta.. hehe Um abraço.

          2. Edouard, obrigado por sua detalhada e completa apresentação de que, na verdade, tanto faz. Hehehe
            Abraço! 🙂

          3. Afrânio, pode chamar sim, acontece o tempo todo. Mas que fique claro: para além do fato de que eu não sou famoso, eu ainda tô bem vivo!!

      1. Agora falando do Jules/Julio Verne mesmo… Lembro que nas minhas leituras de infância eu dei um pulo da cama quando o Capitão Nemo aparece num puta crossover em a Ilha Misteriosa. Memorável!!!!!

    1. Arthur C. Clarke, o maior escritor de SCFI, sempre foi extremamente cauteloso em suas previsões, basta ler o seu livro, baseado no filme de S. Kubrick “2001 – Uma odisséia…”, em que teve o cuidado de descrever com detalhes como resolver diversos problemas da permanência de humanos por longos períodos no espaço. Previu a Internet e foi o pai dos satélites geoestacionários. No entanto, em relação às viagens tripuladas, nada se confirmou, e ainda permanecemos como há 50 anos atrás. Estamos em 2017 e quantas missões tripuladas foram até Saturno (como ele previu para 2001)? Ou Júpiter, ou Marte? Ou “um simples” retorno à Lua?

  14. Saudações, Salvador.
    É sempre um prazer acompanhar seu trabalho.
    Essa semana li um comentário de um colega aqui no blog que me pareceu bem pertinente. No comentário o colega sugeriu uma cooperação global para esse projeto do Musk, de modo que assim ele consiguisse reunir os U$$10bi necessários. Não sei exatamente quais os fins que motivam Musk nesse projeto (grana, tecnologia, sobrevivência, conhecimento, enfim), mas parece certo que muitos desses interesses são comuns a boa parte dos países (em especial conhecimento / tecnologia).
    Musk tem muita tecnologia disponível, mas poderá ter muito mais com essas expedições (afinal, quem sabe o que Marte nos reserva?). Se supormos que suas motivações sejam realmente genuínas, em prol da humanidade, não seria absurdo considerar que numa dessa ele até poderia fazer bons acordos de cooperação com outras nações, compartilhando toda sua tecnologia atual e permitindo que cientistas de cada nação (cooperada) participe da missão de modo a compartilharem de novos conhecimentos/tecnologia que a missão poderia oferecer.
    Se supormos que 10 nações comprem a ideia ao preço de U$$1bi cada uma, o projeto se tornaria ainda mais real.
    U$$1bi parece um investimento bem pequeno em relação ao potencial ganho de tecnologia/conhecimento que a missão poderá oferecer.
    Peguemos de exemplo o Rover Curiosity da NASA que teve custo aproximado de U$$2,5bi, mas sabidamente enfrenta suas limitações.
    Imagine agora um laboratório mil vezes mais completo e dinâmico que o rover nas mãos de cientistas americanos com livre operação em solo marciano, proporcionando mil vezes mais experimentos/ descobertas/ conhecimento/ tecnologia, tudo a um custo muito menor que o rover.
    Agora multiplique isso por 10 (nações/ laboratórios/ cientistas/ descobertas).
    Pode ser um devaneio ou até mesmo ingenuidade de minha parte, mas talvez fosse uma das alternativas.

    1. Empresas americanas de tecnologia de foguetes não podem cooperar com quem já não tem essa tecnologia, pelo tratado antiproliferação de mísseis balísticos. E Musk não desvirtuaria o projeto dividindo o controle sobre ele — por isso a SpaceX não tem ações na bolsa. Ele está fazendo uma aposta de alto risco, então acho razoável que ele encontre meios próprios de bancá-la, talvez com apoio parcial da Nasa. É o que basta. US$ 10 bilhões é uma ninharia. Por ano, a Nasa gasta o dobro disso.

    2. Também tem a questão cultural. Duvido que daria certo um plano de cooperação com cada nação cooperando1 bilhão. Investimento em ciência a gente sabe que é visto com indiferença ou até mesmo antipatia pela maior parte das pessoas, vide tantos comentários que sempre aparecem questionando por que não se acaba com a fome, etc…

  15. Bom dia Salva !

    Parodiando o seriado ” Arquivo X” , eu diria ” I want Believe !” Sinta o drama: Um sistema de transporte espacial que opera como veículo suborbital ,orbital , interplanetário e ainda por cima capaz de pousos com retrofoguetes na Terra, na Lua ou em Marte e totalmente recuperável. Há pouquíssimo tempo você mesmo noticiou que havia sido abandonado por Elon Musk o conceito de aterrizagem por retrofoguetes da Dragon V2 ,optando pelo velho sistema de pouso na Água com paraquedas e este fato seria a pá de cal na Red Dragon V2 para Marte.Eis que o velho Elon,não só retorna com o conceito,mas o expande para um “trambolhão muito maior que a Dragon e pior afirmando que o tal sistema pode pousar com retrofoguetes em planetas/Luas com atmosfera densa ( Terra, Titã ?) ,Sem atmosfera ( Lua, Mercúrio, Ceres) ou com atmosfera rarefeita ( Marte ) mandando pras calendas a relação densidade atmosférica/gravidade para o pouso. Dá pra acreditar ? Queria sua opinião sincera além do ” I want Believe” que compartilho com você .
    Abraços.

    1. Musk não abandonou o conceito de pouso retropropulsado. Aliás, ele rotineiramente usa esse conceito para pousar num planeta dificílimo de pousar — a Terra. O que ele abandonou foi o uso de pouso retropropulsado para a Dragon V2. E agora sabemos por quê. Ele quer substituir tudo que tem hoje — Falcon 1, Falcon 9, Falcon Heavy, Dragon e Dragon V2 — pelo novo projeto. Faria pouco sentido gastar com P&D numa função adicional de um veículo que ele quer aposentar num horizonte de cinco anos…

  16. Na minha opinião o ponto fraco desde projeto é de contar com combustível fabricado em Marte para o retorno.
    Seria depender de um processo sujeito ainda a mais incógnitas que certezas.
    De qualquer maneira temos a retomada dos voos espaciais fora da mesmice já ultrapassada e sem graça da Estação Espacial como motivação. Nunca a ciência em geral avançou tanto como quando tinha o desafio de chegar à Lua. Hoje, uma possível viagem a Marte já abre alternativas de transporte entre os pontos mais distantes da nossa Terra.

    1. É uma ideia velha, já defendida por Robert Zubrin há décadas. Precisa ser testada roboticamente antes, claro, mas em princípio é moleza fabricar esse combustível em Marte. Equipamento simples e reações químicas idem para fazer acontecer.

      1. seria uma opção viável mandar o equipamento pra produção do combustível antes da missão? talvez até como teste de conceitos pra missão tripulada. mais ou menos como fizeram em perdido em marte

    2. Na apresentação ele deixa claro que a carga de ida a marte é de 240 toneladas, mas que na volta para a terra seria no máximo 50 toneladas. Para mim está claro que a ideia é não ficar indo e vindo, e sim apenas “ir a marte”.

      1. A ideia é montar infra-estrutura em Marte, mas as pessoas podem voltar. Dá para levar um bocado de gente com 50 toneladas.

  17. Salvador, e o Falcon Heavy, que estava previsto para ser lançado ainda este ano, se não me engano? E a ida à Lua, prevista para 2018? Acho o Elon Musk excessivamente midiático, mas torço por ele e reconheço seu potencial e perseverança. Vc acha que, desta vez, suas previsões serão consolidadas dentro do cronograma que será estabelecido?

    1. Teremos o primeiro lançamento do Falcon Heavy até o fim do ano. E o voo lunar, embora não estejamos ouvindo falar dele, segue de pé, pois está ainda na homepage da SpaceX. Mas, como eu já disse antes, tende a atrasar. Todas as datas que o Musk propõe são agressivas. A SpaceX atrasa em média dois anos entre a promessa e a realização. O Falcon Heavy é o caso extremo, quatro anos atrasado.

  18. Outro ponto que ficou de fora foi a preocupação da Space X com a “síndrome de Kessler”. Além do “BFR” não gerar mais lixo espacial, uma das metas, junto com a “Lunar base Alpha” é (descobrir um jeito de) limpar a órbita terrestre baixa.

  19. Salvador,não seria mais prático e,digamos,mais econômico colonizar primeiramente a Lua,para,em seguida,colonizar Marte?Pois a Lua seria uma ótima base de lançamentos para futuras explorações dos planetas do nosso sistema solar.
    Abraços para você,Salvador!

  20. Acredito que, tudo que a humanidade já realizou, começou com um sonho. Sonho no sentido de meta, objetivo. Definir uma ponto de chegada e pensar como chegar lá, a partir dos recursos existentes. Falhas são inevitáveis, mas mantida a meta firme, mentes e corações serão conquistados. A criatividade nos faz ir além e, um dia, o impossível revela-se realidade.
    Alguém duvida deste rapaz?
    Eu não!…

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