Ondas gravitacionais e luz da colisão de estrelas de nêutrons revelam segredos do Universo

Salvador Nogueira

Uma colisão de estrelas de nêutrons ocorrida há 130 milhões de anos numa galáxia distante ganhou aqui na Terra um privilégio especial: tornou-se o primeiro fenômeno espacial a ser observado tanto por ondas gravitacionais quanto por luz. É o equivalente astronômico de uma feijoada completa. O resultado tem implicações vastas e marca o início de uma nova era na história da astronomia.

Quer ver quantas coisas importantes saíram deste único evento cósmico? Conte comigo: as observações feitas esclareceram a origem de alguns dos misteriosos disparos de raios gama (algumas das emissões de radiação mais intensas já vistas no Universo), confirmaram uma das predições da teoria da relatividade geral (a de que as ondas gravitacionais viajam à velocidade da luz), ofereceram uma primeira visão de um novo tipo de explosão estelar (chamado de quilonova), revelaram de onde vieram boa parte dos elementos químicos mais pesados que o ferro (inclusive a maior parte do ouro que existe na Terra, para citar um exemplo) e apresentaram um novo método independente para medir o ritmo de expansão do Universo (a chamada constante de Hubble). Não é pouca coisa.

Diversas coletivas, organizadas por instituições espalhadas pelo mundo — no Brasil, houve uma na Universidade de São Paulo — aconteceram às 12h desta segunda-feira (16) para apresentar esses resultados, distribuídos em mais de uma dezena de artigos a serem publicados em periódicos como “Nature”, “Physical Review Letters”, “Nature Astronomy” e “Astrophysical Journal Letters”.

Coletivamente, esses trabalhos envolvem milhares de pesquisadores espalhados pelo mundo todo, inclusive o Brasil. Todos baseados neste único — e extraordinário — evento.

“Tudo isso porque foi inaugurada a astronomia multimensageira com ondas gravitacionais”, afirma Odylio Aguiar, pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e membro da colaboração LIGO-Virgo, responsável pela detecção das ondas gravitacionais do fenômeno. “Estamos vivendo um momento muito especial na astronomia, um momento revolucionário.”

VÍDEO: O resumo da ópera

O que seria essa “astronomia multimensageira”? É uma forma de estudar objetos astronômicos envolvendo mais de um método de transmissão de informações sobre eles. Até 2015, salvo algumas poucas pistas provenientes do estudo de neutrinos, praticamente tudo que podíamos aprender sobre os astros dependia do estudo da luz que emanava deles — rádio, micro-ondas, infravermelho, luz visível, ultravioleta, raios X ou raios gama, mas eram, no fim das contas, apenas ondas eletromagnéticas com diferentes comprimentos de onda. Só luz.

A partir de 2015, começamos a estudar objetos a partir de um outro tipo de onda que eles emitem — as ondas gravitacionais. Previstas pela teoria da relatividade geral de Einstein, elas seriam como pequenas marolas na própria estrutura do espaço e do tempo, mais ou menos como quando atiramos uma pedra num lago e ela gera ondas que se propagam em todas as direções na superfície da água. Sua detecção, por si só, já mereceu o Prêmio Nobel em Física de 2017.

Contudo, agora, podemos estudar objetos astronômicos tanto pelas ondas eletromagnéticas que eles geram quanto pelas ondas gravitacionais. Podemos vê-los e podemos “escutá-los”, por assim dizer — astronomia “multimensageira”.

O potencial para descobertas é imenso, e o anúncio desta segunda-feira, com todos os resultados associados, é só o primeiro exemplo.

Imagem feita pelo VLT mostra a quilonova em meio à galáxia NGC 4993, a cerca de 130 milhões de anos-luz da Terra. (Crédito: ESO)

COMEÇANDO DO COMEÇO
OK, agora que você já sacou o tamanho do negócio, podemos começar nossa história do começo. E esta história principia 130 milhões de anos atrás, uma época em que os dinossauros reinavam sobre a Terra e um par de estrelas de nêutrons na galáxia que hoje conhecemos como NGC 4993, na constelação da Hidra, espiralava rumo a uma inevitável colisão.

Estrelas de nêutrons por si mesmas já são o produto de eventos astrofísicos gigantescos. Elas são o que sobra de estrelas de alta massa que esgotaram seu combustível e explodiram como supernovas. Seus núcleos, remanescentes da explosão, não têm mais como gerar energia e, por conta disso, estão completamente à mercê da intensa gravidade que quer esmagá-los tanto quanto possível. A força gravitacional nesses objetos é tão intensa que induz os elétrons a caírem nos prótons que formam os núcleos atômicos. As cargas negativas e positivas se cancelam e eles se tornam nêutrons — daí o nome. É como se elas fossem núcleos atômicos gigantes feitos só de nêutrons.

Uma estrela desse tipo é tão densa que uma massa ligeiramente maior que a do Sol acaba esmagada numa bolota do tamanho de uma cidade de médio porte, com uns 20 km de diâmetro. Se você pudesse pegar apenas uma colher de chá de material da estrela de nêutron, ela pesaria 1 bilhão de toneladas.

Cerca de metade das estrelas do Universo nascem em pares, de modo que não é nada inesperado que tenhamos muitos pares de estrelas de nêutrons por aí, em que ambas orbitam uma ao redor da outra. Era o caso do par que estava para colidir há 130 milhões de anos. A teoria que nos diz o que acontece com esses astros é a relatividade geral, formulada por Albert Einstein em 1915, e o que ela prevê é que esses astros rodopiariam cada vez mais depressa um ao redor do outro, em órbitas cada vez mais curtas, numa espiral que os levaria a colidir. No processo, conforme ganhassem cada vez mais velocidade, emitiriam ondas gravitacionais.

Para entender o que elas são, imagine que o espaço vazio é na verdade como uma folha de borracha, maleável. Imagine, por exemplo, colocar uma bola de boliche no meio de uma cama elástica. A superfície da cama elástica se estica e se curva no centro, pelo peso da bola. Segundo a teoria de Einstein, objetos com massa fazem a mesma coisa com a própria geometria do espaço vazio e, ao se movimentarem por ele, produzem ondas que se propagam pelo vazio em todas as direções.

Estrelas de nêutrons espiralam uma na direção da outra, emitindo copiosas quantidades de ondas gravitacionais. (Crédito: LIGO)

Pois bem, duas estrelas de nêutrons espiralando rumo a uma colisão são copiosas fontes de ondas gravitacionais. Viajando à velocidade da luz desde a galáxia NGC 4993, essas pequenas flutuações levaram 130 milhões de anos para passar pela Terra. Mas, quando elas chegaram, nós as estávamos esperando. Com um investimento total de cerca de US$ 2 bilhões, três instalações gêmeas destinadas a detectar essas pequenas vibrações no tecido do espaço-tempo estavam em operação simultânea às 9h41 do dia 17 de agosto de 2017, quando as ondas gravitacionais da colisão iminente chegaram até nós.

Duas dessas instalações fazem parte do LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory, ou Observatório de Interferometria Laser de Ondas Gravitacionais), financiado pela Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos, com contribuições técnicas e científicas de diversos outros países. Os sistemas gêmeos estão instalados em Hanford, Washington, e Livingston, Louisiana — em lados opostos do território americano.

O terceiro detector, chamado Virgo, é uma parceria principalmente entre italianos e franceses, com participações menores de outros países, e está localizado proximo a Pisa, na Itália.

Todos os três são basicamente uma estrutura em forma de L com braços de 4 km (no caso do LIGO) ou 3 km (no caso do Virgo), por onde correm feixes de laser divididos em dois. Enquanto um feixe corre numa direção, bate num espelho e volta, o outro corre na perpendicular do primeiro, também fazendo um percurso de vai e volta. A ideia é que, se houver qualquer distorção do espaço, os lasers que até então estavam perfeitamente alinhados (eles vão e voltam exatamente ao mesmo tempo, já que viajam à mesma velocidade) sairiam desse sincronismo, indicando a passagem de uma onda gravitacional.

Para que se tenha uma ideia da escala que estamos medindo, o sistema LIGO-Virgo é sensível a variações da escala de um décimo de milésimo do tamanho de um único próton.

A primeira detecção bem-sucedida de ondas gravitacionais aconteceu em 14 de setembro de 2015, época em que só a dupla de detectores do LIGO estava em operação, e por si só conquistou o Prêmio Nobel em Física de 2017 para três dos principais idealizadores da iniciativa, Rainer Weiss, Kip Thorne e Barne Barish.

VÍDEO: Relembre como o LIGO fez sua primeira detecção

Desde então, três outras detecções foram feitas, a última delas já com a participação do Virgo. Em todos os casos, elas envolveram a colisão de buracos negros (objetos ainda mais densos que as estrelas de nêutrons, tão densos que não há força conhecida capaz de impedir que a matéria colapse sobre si mesma, criando regiões do espaço de onde nem mesmo a luz pode escapar). Mas os astrônomos esperavam ansiosos por um evento como o de 17 de agosto deste ano, pois uma colisão de estrelas de nêutrons, diferentemente de uma entre buracos negros, provavelmente produziria algum sinal luminoso, além das ondas gravitacionais.

Foi exatamente o que aconteceu. Durante cerca de 100 segundos, os detectores do LIGO e do Virgo detectaram as vibrações no espaço geradas pelo espiralar das duas estrelas de nêutrons até a colisão. E então, apenas 2 segundos depois, os satélites Fermi, da Nasa, e Integral, da ESA, detectaram um disparo curto de raios gama. Mas estariam os dois eventos ligados?

Não demorou muito para determinar que sim. Usando os dados dos três detectores de ondas gravitacionais, é possível determinar mais ou menos de que região do céu as vibrações do espaço vieram. Note que o sistema de detecção em si não é capaz de dizer a direção. O que pode indicar a direção é o fato de a detecção variar por frações de segundo entre um lugar e outro — e aí podemos concluir que o lugar que detectou primeiro estava mais perto da fonte da emissão, o que detectou em segundo estava um pouco mais longe, e assim por diante. Por isso, quanto maior o número de detectores de ondas gravitacionais espalhados pelo mundo, melhor é a capacidade de dizer de onde elas vieram.

Com base nos três que estavam operacionais, os pesquisadores da colaboração LIGO-Virgo puderam restringir a origem das ondas gravitacionais a um pedaço do hemisfério Sul celeste do tamanho de mais ou menos uma centena de Luas cheias — e o disparo de raios gama detectado pelos satélites veio exatamente daquela região!

EINSTEIN, ESSE DANADO
Claro que prever a existência de ondas gravitacionais já foi um grande feito da teoria da relatividade geral. Mas ela também previa que essas ondas necessariamente deviam se propagar à velocidade da luz. E cientistas gostam de testar todas as previsões que puderem, pois o maior prazer que têm é o de revelar falhas numa teoria que sirvam de pistas para a formulação de uma outra teoria, ainda melhor que a anterior. Tornava-se imperativo, portanto, uma vez confirmada a existência das ondas gravitacionais, determinar que elas viajam à velocidade da luz.

A detecção da colisão das duas estrelas de nêutrons permitiu fazer isso, com uma precisão bem boa. Isso porque o sinal luminoso — o disparo de raios gama detectado pelos satélites da Nasa e da ESA — chegou logo depois da colisão indicada pelos detectores de ondas gravitacionais. Ou seja, claramente, as ondas gravitacionais viajaram à mesma velocidade que a luz que veio logo depois. A diferença observada de 2 segundos entre um sinal e outro é exatamente a esperada para o caso em que a onda gravitacional viaja à mesma velocidade que a luz. (Tenha em mente que os dois sinais viajaram 130 milhões de anos-luz antes de chegarem aqui, o que significa que mesmo uma diferença de velocidade de apenas 0,000001% produziria uma diferença de tempo de mais de um ano entre a chegada da luz e a das ondas gravitacionais.)

Além de confirmar que Einstein estava certo mais uma vez (se ele fosse vivo, acho que já estaria entediado a essa altura), o resultado também de imediato confirmou uma suspeita que existia entre os cientistas: a de que os disparos curtos de raios gama detectados há muitos anos pelos cientistas podiam ser gerados pela colisão de duas estrelas de nêutrons.

“Durante décadas suspeitamos que os disparos de raios gama curtos fossem alimentados por fusões de estrelas de nêutrons”, disse, em nota, Julie McEnery, cientista da Nasa ligada ao satélite Fermi. “Agora, com os incríveis dados do LIGO e do Virgo para este evento, temos a resposta.”

Nesse sentido, contudo, aconteceu o que os cientistas mais gostam: a resposta veio acompanhada de novas perguntas. Isso porque essa explosão de raios gama foi uma das mais próximas da Terra já vistas até hoje, mas foi surpreendentemente fraca, dada a distância relativamente pequena. Em suma, esperavam maior intensidade de um evento a essa distância. Agora cabe aos astrofísicos entender por quê ela foi mais fraca do que esperavam. Espera-se que futuras observações semelhantes nos próximos anos ajudem bastante.

A QUILONOVA
As ondas gravitacionais e os raios gama foram, contudo, só o começo da festa. Tanto os detectores LIGO e Virgo quanto os satélites de raios gama têm um sistema de alerta automático — algoritmos de computador fazem processamento dos dados em tempo real e notificam os cientistas de que algo potencialmente interessante aconteceu numa dada região do céu. E, quando o alerta conjunto foi disparado no dia 17 de agosto, astrônomos do mundo inteiro ficaram ansiosos pelo anoitecer, para que pudessem apontar seus telescópios naquela direção e procurar a novidade. Todo mundo e mais alguém fez isso, e o resultado foi nada menos que espetacular.

Cerca de 70 observatórios no solo e no espaço participaram do esforço de detecção — em resumo, todo mundo e mais alguém, no maior esforço coordenado de observação de um objeto celeste na história da astronomia.

A primeira diretriz foi: encontrem algo no céu que não estava lá antes, na região sugerida pelos sistemas automáticos de alerta. Era uma área relativamente grande, e o primeiro a anunciar a descoberta de um novo ponto de luz foi o pessoal do telescópio Swope, um equipamento relativamente modesto, com abertura de 1 metro, instalado em Las Campanas, no Chile.

O “antes” e o “depois” da fusão das duas estrelas de nêutrons: a quilonova se torna visível. (Crédito: ESO)

E aí, claro, todos os outros observatórios se voltaram para lá: o ESO (Observatório Europeu do Sul) entrou com o Vista e o VLT, os telescópios Pan-STARRS e Subaru, no Havaí, também fizeram suas observações, a DECam da Dark Energy Survey entrou na dança, o Telescópio Espacial Hubble fez suas observações, os radiotelescópios do ALMA, e muitos outros — até mesmo o novíssimo T80-Sul, um telescópio brasileiro com 0,87 metro de abertura e uma câmera de 85 megapixels instalado no Chile.

“Ficamos muito satisfeitos com os frutos colhidos pelo projeto do telescópio T80-S, logo no início de seu funcionamento, e já fazendo parte desta descoberta histórica”, diz Claudia Mendes de Oliveira, pesquisadora da USP (Universidade de São Paulo) e coordenadora do projeto do T80-Sul.

Com todas essas observações, os cientistas puderam contrastar o fenômeno da colisão das duas estrelas de nêutrons com um tipo de explosão até então só teorizado: ele é chamado de quilonova.

Cada bolinha no mapa é um dos observatórios que estudou a quilonova. Repare nas bolinhas no espaço — o Hubble é uma delas. (Crédito: ESO)

Uma nova é um tipo de explosão que envolve um cadáver estelar (mais especificamente uma anã branca, o resultado da morte de uma estrela de baixa massa, como o Sol, depois que esgota seu combustível) consumindo matéria de uma vizinha. A matéria vai se acumulando até atingir uma quantidade crítica, que leva a uma explosão movida por fusão nuclear. (Não confundir esse fenômeno com uma supernova, que leva à destruição completa da estrela, em vez de meramente um momento furioso em sua superfície.)

A tal quilonova ganhou esse nome dos teóricos por ser cerca de mil vezes mais intensa e brilhante que uma nova convencional. Esperava-se que uma colisão de estrelas de nêutrons gerasse um evento desse tipo, mas até agora isso era apenas especulação.

As observações, contudo, confirmaram essa hipótese e mostraram uma quilonova que começou bem azul e foi avermelhando com o passar dos dias, até desaparecer. As propriedades do espectro do objeto seguiram muito de perto as predições teóricas!

Uma dessas predições, por sinal, é que esses eventos de fusão furiosa pudessem produzir copiosas quantidades de elementos mais pesados que o ferro — como césio, telúrio, platina e ouro –, que a explosão subsequente espalharia pelo espaço. Essa rota específica de nucleossíntese (nome dado à formação dos núcleos atômicos) é chamada de processo-r, por envolver capturas rápidas de nêutrons. Esse processo é esperado em supernovas, mas também em colisões de estrelas de nêutrons, e explicaria a origem da maior parte dos elementos mais pesados que o ferro presentes no Universo. O novo resultado é a confirmação da previsão e a primeira observação de evidências de processo-r em colisões de estrelas de nêutrons.

Espectros obtidos da quilonova com o Very Large Telescope, do ESO, no Chile. (Crédito: ESO)

AINDA NÃO ACABOU
Uma das propriedades mais fascinantes das ondas gravitacionais é que, com base em seu padrão de frequência e amplitude, podemos determinar tanto a massa dos objetos envolvidos como a distância que eles guardam da Terra — tudo cortesia das equações da teoria da relatividade geral.

Graças a isso, foi possível determinar que as duas estrelas de nêutrons em choque tinham aproximadamente 1,3 e 1,5 vez a massa do Sol e estavam a 130 milhões de anos-luz de distância. Mas essa medição fica ainda mais interessante pelo fato de que pudemos descobrir qual é sua galáxia de origem. E com isso temos um novo parâmetro independente para calcular a taxa de expansão do Universo.

Uou. Que salto foi esse? Calma, vamos lá. A relatividade oferece a distância da fonte pelas ondas gravitacionais, e a velocidade de afastamento da fonte pode ser estimada com base no desvio para o vermelho, o chamado redshift, da luz.

Não é uma ideia difícil de entender. Se o espaço está se esticando e uma onda de luz passa por ele, ela também é esticada na mesma proporção. Seu comprimento de onda fica maior, ou mais avermelhado. Com a informação do avermelhamento, combinada à distância, é possível estimar a chamada constante de Hubble, que diz o quanto o Universo está se expandindo.

Pois bem, um vasto grupo de cientistas assina um artigo publicado na “Nature” que usa a GW170817 (codinome para o sinal de ondas gravitacionais detectado em 17 de agosto) para medir a tal constante. E o resultado (com uma grande margem de erro, é verdade) bate em 70 km/s/Mpc (ou seja, a cada milhão de parsecs, que equivale a 3,26 milhões de anos-luz, o Universo cresce 70 km a cada segundo).

O número é compatível com as mais recentes medições do valor, feitas pela equipe do satélite europeu Planck e pelo grupo do astrônomo Adam Riess. São elas que sugerem que o Big Bang aconteceu há aproximadamente 13,8 bilhões de anos.

Então, por um lado, o novo trabalho realça o quanto estamos no caminho certo — múltiplas estratégias para calcular essa taxa de crescimento cósmica estão todas achando mais ou menos o mesmo valor.

Por outro lado, ele ainda não nos ajuda a encontrar um caminho ainda mais certo, que ajude a conciliar uma pequena, mas problemática, discrepância entre as medidas do Planck e de Riess. Contudo, essa pode ser só uma questão de tempo.

“No caso de GW170817, a incerteza foi dominada pela incerteza na distância”, explica Odylio Aguiar. “Se os interferômetros tivessem sensibilidades maiores, esta incerteza seria menor. E há planos de atualizá-los para terem essa sensibilidade maior. Portanto, sim, podemos chegar no futuro a uma precisão bem maior, comparável à do [satélite] Planck.”

E O QUE RESTOU?
Uma pergunta que pode ainda restar ao bravo leitor que chegou até aqui é: o que sobrou da colisão das estrelas de nêutrons? Elas se fundiram e tal, e aí viraram o quê? É bem possível que tenham virado um buraco negro, ou talvez tenham se mantido como uma única estrela de nêutrons. Não sabemos, em essência, porque a sensibilidade dos detectores de ondas gravitacionais foi insuficiente para detectar o sinal proveniente do objeto remanescente. “Infelizmente não pudemos chegar a uma conclusão, pois o sinal da onda gravitacional na fusão e ressoar do objeto formado não teve amplitude suficiente para ser detectado”, diz Aguiar. “Vamos ter de aguardar a detecção de eventos mais próximos ou melhorar a sensibilidade. O LIGO vai estar operando em meados da década de 2020 com sensibilidade em amplitude três vezes melhor. Se isso não for suficiente, teremos de aguardar a construção de outros detectores de ondas gravitacionais.”

Como sempre — e ainda bem — a aventura do conhecimento, por mais que avancemos, sempre parece estar apenas no começo.

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Comentários

  1. Salvador
    Você deveria fazer palestras e simpósios no Brasil inteiro sobre o assunto. Quando fizer no Rio de Janeiro me avise. Parabéns.

    1. Opa, vou estar aí durante o ENAST, Encontro Nacional de Astronomia, no Planetário, agora em novembro. 😉

  2. É através de blogs como o seu que aprendemos coisas maravilhosas. Os mestres e professores como voce iluminam as nossas mentes, muito obrigado.

  3. Boa tarde, Salvador… Parabéns pela matéria e pelo teu entusiasmo (parecia um menininho com o brinquedo novo de dia das crianças, hein ?)….Matéria perfeita…Tenho algumas perguntas loucas de leigo…. Aí vai :
    a) Poderíamos utilizar estas ondas para impulsionar alguma micro ou nano sonda interestelar à velocidade da luz ?
    b) Como já sabemos quando ocorreu o big-bang e qual a taxa de expansão do universo, podemos calcular o tamanho do mesmo ?
    c) Depois desta confirmação da lei da relatividade geral do nosso amigo Albert, e das ondas gravitacionais, algo será revisado e haverá algum progresso na localização de exoplanetas e de vida fora da terra ?
    Me desculpa se me empolguei e viajei muito na maionese é que teu entusiasmo foi contagiante…. Parabéns…..

    1. a) À velocidade da luz jamais. E não consigo nem imaginar perto da velocidade da luz. Mas vai saber…
      b) Podemos calcular o tamanho do Universo observável — tem pouco menos de 100 bilhões de anos-luz de diâmetro. Mas é a parte observável só. Tem muito mais coisa lá fora que não poderemos nunca ver e o que não poderemos nunca ver está crescendo, porque a expansão já é mais rápida que a velocidade da luz, de forma que galáxias estão fugindo do horizonte observável para nunca mais serem vistas.
      c) Não, não vejo ligação entre exoplanetas e vida extraterrestre e esses estudos de relatividade geral.
      E, por favor, jamais perca o entusiasmo! Há razão para tanto!
      Abraço!

  4. Descoberta incrível. Era de ouro que estamos vivendo na Astronomia.
    Texto ótimo, técnico e elucidativo. Parabéns Salvador!
    Li o texto, perguntas de outros leitores e as suas respostas, mas minha dúvida persiste, a detecção da emissão dos Raios Gama, mais o alerta de “possível” Onda Gravitacional…não foram enormes coincidências por todos os lados. Em Ciência não é comum estas tantas coincidências. Nossos aparelhos não são lá tão sensíveis(ainda), poderia detalhar um pouco mais como acertaram tão em cheio? isto é Prêmio Nobel com certeza.
    E a Teoria Quântica como fica depois disso tudo? O Gato subiu no telhado…rsrs?

    1. Não entendi que coincidência foi essa. A teoria previa que colisões de estrelas de nêutrons geravam disparos curtos de raios gama. Os nossos satélites de raios gama detectam há muitos anos esses disparos, que podiam ou não vir de estrelas de nêutrons. Esses alertas de raios gama acontecem rotineiramente, há muitos anos.

      Entram em cena os detectores de ondas gravitacionais. Rola uma colisão de estrelas de nêutrons. O alerta do LIGO-Virgo funciona. Se a teoria estivesse certa, deveria haver um sinal de raios gama detectável pelos satélites. Satélites detectam sinal de raios gama. Triangulação de todas as detecções mostram que os raios gama e as ondas gravitacionais vieram do mesmo lugar. Parabéns para a teoria, a natureza concorda com ela! Todos os cientistas ficam muito felizes e fazem uma coletiva.

      Qual é a grande coincidência?

      1. Pensei que estavam preparados para a ocorrência de algo grandioso e espetacular, daí a pergunta de como saberiam antecipadamente do que poderia ocorrer: coincidência !
        Mas não. Não houve coincidência alguma.
        Parabéns pelo texto. Mais um na lista dos melhores já lidos.
        Vai incluir esta descoberta no seu livro Einstein!

  5. Ah Cara, bem que eu senti um enjoo por esses dias…. Era a marola da Quilonova acertando a Terra em cheio =)
    Da próxima vez vou preparar minha prancha….

  6. Parabéns pela matéria!
    Ótimo grau de aprofundamento no assunto e com muita clareza para nós leigos, porém interessados em astrofísica!
    Obrigado!

  7. Salvador, isso só veio pra trazer mais dúvidas.
    Início Big Bang, toda a matéria que temos hoje no universo estava concentrada em único ponto e ai acontece a expansão, acredito que tb gerou ondas gravitacionais absurdas, não é? Se a expansão do universo ainda acontece de forma tão acelerada, as ondas ainda continuam, certo?

    1. Sim. E a expansão está apenas ligeiramente acelerada, não tão acelerada (meio que para alguns até na margem de erro de um Universo sem aceleração da expansão), por conta da energia escura. E claro que o Big Bang gerou ondas gravitacionais surrealmente enormes. Contudo, a amplitude delas vai diminuindo com a expansão (e o tempo, claro), de forma que elas estão fora do alcance de detectores como o LIGO. Uma proposta de detector de ondas gravitacionais espacial, LISA, seria bem mais sensível que o LIGO e poderia detectar as ondas gravitacionais do Big Bang. Por ora, não temos ainda o sistema capaz de fazer isso, mas até meados do século certamente teremos. Por ora, com a confirmação da existência das ondas gravitacionais, você vai ter de se conformar com a ideia de que as ondas geradas pelo Big Bang estão passando neste momento pelo seu corpo, mas você não pode detectá-las porque a amplitude é muito, muito pequena. rs

      1. Ai que está Salva, se ondas continuam pelo espaço tempo daria para triangular pelo menos de forma teórica o ponto inicial do Big Bang, ou isso é muita imaginação?

        1. Não precisa triangular. Eu sei onde é o ponto inicial do Big Bang. É aqui. É ali na esquina. É em Plutão. É do outro lado do Universo observável. O Big Bang não é uma coisa que aconteceu no espaço. É uma coisa que aconteceu AO espaço. De repente, um espacico de nada se expandiu no espação que vemos hoje. Mas, quando todo esse espação estava reunido num espacico, no momento do Big Bang, ele aconteceu no espacico inteiro, que depois virou o espação e deu a impressão de que o Big Bang aconteceu em algum dos espacicos do espação. Não é o caso. Se é que você me entende.

          1. Imaginei está resposta o início é tudo, ou todo o espaço que conhecemos.
            Então podemos afirmar que as ondas gravitacionais passam pela gente o tempo todo, é isso?

          2. Sim. Com certeza as ondas dessa colisão não passaram só pelo LIGO e pelo Virgo. Passaram pela Terra inteira, inclusive nós. 🙂

  8. salvador,embora sendo um leigo nesses assunto admiro muito guando surge essas matéria na web e estou sempre lendo os seus artigos,mas confesso que não li toda a matéria do começo ao fim,mas gostei até a onde fui,mas tenho uma curiosidade, sei que você deve ser cientista nestes assunto, mas pergunto com todo respeito:você crer que tudo isso que é esse imenso universo podemos dizer sem “fim” teve uma mão de um ser criador que eu conheço pelo nome DEUS que fez toda essas maravilhas?
    porque digo isso? porque olhando pra dentro de mim mesmo vejo esta maravilhosa máquina que funciona nos mínimos detalhes e uma precisão incrível e creio que não apareceu ao a caso assim como todos outros ser vivos.
    muito obrigado

    1. Mauricio, eu não faço ideia se Deus existe ou não, ou se o Universo foi criado por Ele ou simplesmente existe (o que por sinal é um conceito que os religiosos não têm problemas em aceitar, contanto que esse algo que simplesmente existe seja Deus — o que parece meio arbitrário, para dizer o mínimo).

      Não existe experimento capaz de testar a existência de Deus, então não temos como saber. Só podemos acreditar ou não.

      Por outro lado, há experimentos que podem testar como o Universo surgiu e como evoluiu desde seu surgimento. O Universo, por exemplo, pelo que pudemos medir até agora, tem energia total exatamente zero, o que é mais consistente com um sistema que simplesmente existe do que com um sistema que precisou de alguma intervenção externa para vir a existir.

      Mas aí o contra-argumento é que as leis da física que permitem que o Universo simplesmente venha a existir do nada, essas sim foram criadas por uma entidade superior (de novo, ninguém que diz isso se pergunta que leis físicas permitiram que essa entidade superior existisse em primeiro lugar). Ou seja, Deus nunca poderá ser excluído totalmente do quadro. É um fato. Por isso mesmo sua existência não é uma hipótese cientificamente válida (na ciência, só valem hipóteses que você possa demonstrar se são falsas ou não por meio de experimentos).

      Contudo, fato é que sabemos que a evolução do Universo, a formação de planetas, a formação da vida e a evolução para formas complexas não dependeu de interferência alguma. As leis da física, da química e da biologia, já verificadas por experimentos e observações, dão conta do recado, e o que temos hoje são lacunas num quadro geral muito bem desenhado, que vai do Big Bang até hoje. Ou seja, você ainda pode deixar Deus “atrás” do Big Bang. Mas dali em diante, realmente não precisamos Dele para explicar o que aconteceu.

      Eu concordo com você que o ser humano é uma máquina incrível, mas não diria que funciona nos mínimos detalhes e com precisão tão incrível. Se você olhar bem, vai ver que o ser humano dá defeito pra caramba. É uma máquina cheia de problemas. Não há uma parte do nosso corpo que não possa adoecer (naturalmente ou por interação com outros seres vivos) e, deixadas por conta própria, normalmente as pessoas adoecem cedo e morrem jovens. Lembremos que, antes de inventarmos antibióticos e vacinas, metade de todas as pessoas que nasciam morria antes de chegar à idade adulta. Então, o ser humano claramente está longe dessa perfeição toda. Mesmo o nosso cérebro, a parte mais sofisticada de nós, dá um monte de defeito. Veja o maluco que pôs fogo na creche em Minas Gerais e me diga se o cérebro dele se parecia com uma “maravilhosa máquina que funciona nos mínimos detalhes”. Temos de suar a camisa para tornar o ser humano melhor, porque, apesar de todas as virtudes, ele é bem imperfeito.

      O que já nos permite descartar, por sinal, que o homem tenha sido feito à imagem e semelhança de Deus. A não ser que você ache que Deus está sujeito a ficar louco ou ter câncer, o que faria dele um Deus bem furreca, né?

      1. Ok… se “Deus” criou as leis da física, quem criou “Deus”? Responder “outro Deus” não vale! XOXO

        1. Acabei de dizer isso. Os religiosos topam aceitar que Deus não precisa de um criador. Deus simplesmente existe. Mas é um argumento arbitrário. Se podemos aceitar que Deus simplesmente existe, por que não podemos aceitar que as leis da física simplesmente existem ou o Universo simplesmente existe? Onde a gente traça a linha do que pode simplesmente existir e do que tem de ter uma razão de ser? E qual é a lógica para essa linha? Uma questão complicada. Mas, se você quer acreditar em Deus, fica fácil saber onde traçar a linha.

          1. Eu já respondi isso em outro comentário. O Universo teve um início: o erroneamente chamado “big-bang”. Portanto, não podemos aceitar que ele simplesmente “existe”. O Universo, o tempo, o espaço e suas leis físicas, foram uma criação divina posterior. É maravilhosa essa Ciência que pode até estimar, com razoável precisão, quando Deus resolveu criar o Universo.

          2. Hehehe, que por sinal não é na mesma data que aquele outro maravilhoso livro postula, né? rs

          3. Que bom que você reconhece que a Bíblia é um livro maravilhoso. Já é um avanço!

      2. Eu entendi o que ele quis dizer Salva, está falando da máquina biológica em si, acho que sim ela é perfeita, ai vc deu o exemplo do cara de Minas e ai entramos numa outra questão, consciência, alma espírito que habita está máquina.

        1. Ela não é perfeita, e ainda bem que não é! Se fosse perfeita, não haveria erros de replicação do DNA. Por um lado, não haveria câncer, então pode até parecer uma boa ideia. Por outro lado, não haveria biodiversidade e evolução biológica. Parte da qualidade mais especial da vida é o fato de ser inerentemente imperfeita. É o que dá a ela flexibilidade para se adaptar a mudanças, uma vez que a imperfeição de hoje pode ser a qualidade de amanhã, dependendo da circunstância.

    2. “Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, e cometido abominável iniqüidade; não há ninguém que faça o bem.
      Deus olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus.
      Desviaram-se todos, e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não, nem sequer um.”

      Salmos 53:1-3

      1. “18 Quando alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedecer à voz de seu pai e à voz de sua mãe, e, castigando-o eles, lhes não der ouvidos,
        19 Então seu pai e sua mãe pegarão nele, e o levarão aos anciãos da sua cidade, e à porta do seu lugar;
        20 E dirão aos anciãos da cidade: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz; é um comilão e um beberrão.
        21 Então todos os homens da sua cidade o apedrejarão, até que morra; e tirarás o mal do meio de ti, e todo o Israel ouvirá e temerá.”
        Deuteronômio 21:18-21

        Sabedoria pura esse livro.

        1. Que beleza! Não só achou o Livro “maravilhoso” como também aprendeu a fazer citações do mesmo. Nunca pensei que chegaria a ver esse dia. Aleluia!

      2. “Quando houver moça virgem, desposada, e um homem a achar na cidade, e se deitar com ela, então trarei ambos à porta daquela cidade, e os apedrejareis, até que morram.” (Deuteronômio 22:23-24)
        Volta aqui, Helder, vamos falar de bíblia!!!

        1. Essa é ótima também! Aposto que o Apolinário se reúne todo fim de semana para um apedrejamento! Melhor que futebol! 😀

          1. Pois é…mania que os crentes tem de se apegar apenas as passagens “doces” da bíblia e desprezar as passagens bizarras!

        2. É chocante apenas para tolinhos que não sabem o significado do Antigo Testamento e fazem uma versão rasteira de suas frases. Ele nos lembra que existe o Amor mas que também existe o Castigo. A História do Dilúvio é exemplar, mostra a severidade de Deus inundando a humanidade ao mesmo tempo em que mostra Sua bondade salvando Noé e sua família.

          Em tempos abobalhados e “politicamente corretos”, como o que estamos vivendo, isso pode parecer inaceitável mas foi por meio desses exemplos que a sociedade saiu da barbárie absoluta e chegou ao estágio civilizatório atual (ainda incipiente)…

          1. Essa ilustra bem o castigo a que você se refere:
            “Feliz aquele que pegar em teus filhos e der com eles nas pedras.”
            Salmo 137:9

          2. Que coisa feia! Tirando a frase do seu contexto original…

            O texto fala de um episódio em que Jerusalém foi cercada pelos Babilônicos, os filhos de Edom, disseram: ”Ah! Filha da Babilônia, que vais ser assolada! Feliz aquele que te retribuir consoante nos fizeste a nós! Feliz aquele que pegar em teus filhos e der com eles nas pedras!”.

            De qualquer forma, você involuntariamente está fazendo uma divulgação bíblica, ainda que distorcida…

          3. “Então subiu dali a Betel; e, subindo ele pelo caminho, uns meninos saíram da cidade, e zombavam dele, e diziam-lhe: Sobe, calvo; sobe, calvo!E, virando-se ele para trás, os viu, e os amaldiçoou no nome do SENHOR; então duas ursas saíram do bosque, e despedaçaram quarenta e dois daqueles meninos.”
            II Reis 2:23-24

          4. “Desejou ardentemente os seus amantes, cujos membros eram como os de jumentos e cuja ejaculação era como a de cavalos.”
            Ezequiel 23:20

          5. É muita sabedoria junta! Aqui mais uma pérola, uma das leis do Deus do Velho Testamento.

            “Se um homem vender sua filha como escrava, ela não será liberta como os escravos homens.”
            Êxodo 21:7

          6. Um dia você ainda vai virar um pastor com a Bíblia na mão pregando na praça da Sé… 😛

          7. Vai saber, né? Às vezes a loucura é contagiosa. rs

            “Não cortareis o cabelo, arredondando os cantos da vossa cabeça, nem danificareis as extremidades da tua barba.”
            Levítico 19:27

            Posta uma foto da sua cara de troglodita aí, com o cabelão e a barba longa! 😛

          8. Tem essa passagem que acho muito bonita também.

            “Porém se isto for verdadeiro, isto é, que a virgindade não se achou na moça, Então levarão a moça à porta da casa de seu pai, e os homens da sua cidade a apedrejarão, até que morra; pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa de seu pai; assim tirarás o mal do meio de ti.”
            Deuteronômio 22:20-21

          9. Olha, do jeito que a coisa vai, é mais fácil dar de cara com um ET do que encontrar uma virgem…:-P

          10. …a turma lá atrás tinha as suas normas! Devemos respeitar…mas ejacular em mulheres dentro de ônibus lotados também não é lá muito civilizado….. 😛

          11. Devemos respeitar? Normas desse naipe? Ou devemos considerar que quem escrever estas normas (e, por consequência, o livro onde estão descritas) eram camponeses toscos que nada tinham de divinos e usavam a religião meramente para criar coesão social para o povo hebreu?

            (E veja, isso não tem nada a ver com as barbaridades cometidas hoje, porque ninguém ejacula em uma mulher dentro do ônibus lotado “em nome de Deus”. Esse pessoal aí da Bíblia seguia essas normas malucas “em nome de Deus”. O que nos faz pensar que Deus realmente não tinha nada a ver com elas, a não ser que ele mesmo fosse um tosco, certo? Ou seja, ou você trata a Bíblia pelo que é — um produção cultural anacrônica e cheia de absurdos que retrata a situação histórica, social e religiosa dos hebreus há 3 milênios — ou você precisa admitir que Deus é um toscão do naipe dos ejaculadores de ônibus, ou até pior, que apoiava genocídios, escravidão, desrespeito à mulher, espancamento de crianças etc.)

          12. Existem certos assassinos seriais que são adeptos do darwinismo. Como se vê, as atitudes dependem da interpretação daquilo que se lê…

          13. Qualquer interpretação do darwinismo que sugira assassinatos em série é uma deturpação. O darwinismo é uma teoria científica. Ela versa sobre a evolução das espécies pela seleção natural. Não versa sobre eugenia ou genocídio, não diz como as pessoas se comportarem, nem nada parecido. Darwin, por sinal, era um pacifista, que falava contra a escravidão com grande veemência. E não da boca para fora. Darwin registrou em seus diários a revolta de ver a degradante escravidão no Brasil durante a expedição do Beagle. Comparar Darwin aos facínoras fanáticos que escreveram a Bíblia é de um surrealismo absurdo.

            Se só uma deturpação do darwinismo — indo além de sua validade como teoria científica — pode conduzir ao genocídio, a Bíblia, por outro lado, fala diretamente de assassinatos em massa e de um “povo eleito”, tudo com a anuência de Deus. Isso quando não é Ele pessoalmente quem promove os assassinatos em massa. Não é preciso deturpar o sentido do que está escrito. É claro e cristalino. Se o sujeito não for do “povo de Deus”, você pode matar, estuprar e escravizar.

            Chega a ser patético, como as aspas extraídas da Bíblia já mostram claramente, defender que se trata de um livro divinamente inspirado que tem por objetivo o bem da humanidade.

          14. Sim, claro! Darwin era o “cara”. Casou com a priminha, e dizia que a companhia feminina era “melhor que a de um cachorro”. O primo de Darwin foi quem primeiro aplicou as idéias dele às ciências sociais…

          15. Darwin era um cara muito íntegro, sim. Não vejo crime em casar com a prima, ainda mais sem conhecimento dos riscos genéticos que isso pode acarretar. Mas, claro, você pode pegar a Bíblia e se perguntar com quem se casaram Caim e Abel para seguir em seu projeto de povoar o mundo. rs

            Sobre aplicar as ideias de Darwin às ciências sociais, também não vejo crime. Vejo crime em usá-las como razão para praticar genocídio. Psicologia evolutiva hoje é uma área de pesquisa muito respeitada, e nunca vi psicólogos evolutivos defendendo genocídio, embora possam, vez por outra, apresentar ideias controversas. (Claro, nada tão controverso quanto: se não for o povo de Israel, pode estuprar, matar e escravizar. rs)

          16. Comparar a mulher com um cachorro é uma clara demonstração de integridade! Como se não bastasse, durante os séculos XIX e XX, o “darwinismo social” promoveu a popularidade da eugenia culminando com os regimes totalitários da época.

            Foi realmente um grande sujeito esse darwin…. 😛

          17. Eu não vejo problema nenhum em comparar a companhia de uma mulher à de um cachorro. Como se o cachorro fosse menos digno de respeito por ser de outra espécie. Só mesmo quem entende a teoria de Darwin sabe que, em termos de dignidade, os humanos não estão muito à frente de nenhum animal — quiçá estejam atrás. Não vejo ofensa alguma, e estou teclando isso ao lado de uma cachorrinha a quem quero muito bem. Eu facilmente prefiro a companhia dela à sua. Sem ofensa. 😉

          18. Ops, mas ele estava comparando a própria esposa (e não um desconhecido) a um cachorro.

            Mas, fique tranquilo, nós nunca teremos um relacionamento que não seja virtual…. 😛

            Por outro lado, fico triste em saber que você despreza tanto a humanidade (da qual suponho que você faz parte…). Dizer que os humanos são menos dignos que uma bactéria, um verme ou mesmo um símio é uma declaração bastante pessimista. Como eram aqueles que desejavam a “melhoria da espécie humana” e o fizeram cometendo as maiores atrocidades do século XX.

          19. É isso, então? Você respeita mais as pessoas que conhece do que as que não conhece? Bem, está de acordo com a filosofia “nós e eles” bíblica — nós somos os “eleitos”, eles podem matar, estuprar e escravizar. Você é tosco mesmo.

            Por isso eu prefiro a companhia de um cachorro, que é fiel, amoroso e não tem preconceitos, do que a sua, uma criatura arrogante, presunçosa e fanática. De novo, sem ofensa. Não é inesperado que algumas pessoas sejam companhia menos agradável que um cachorro, até porque a evolução moldou o cachorro para ser o companheiro ideal. 😉

          20. Só alguém muito estúpido, ou muito tolo, sai abraçando desconhecidos pela rua. É a receita certa para ter algum tipo de infortúnio. Qualquer pessoa medianamente racional sabe que respeito não é espontâneo, é algo que se adquire com o tempo, ele é resultado da convivência. Até a sua cachorrinha deve ter levado um tempo para se acostumar a você (ahahah).

            Muito diferente dos seus ídolos, adeptos do “darwinismo social”, que simplesmente declaravam certas raças como sendo “superiores”, independente de qualquer convivência prévia….

          21. Eu não disse que iria abraçar desconhecidos na rua. Eu disse respeitar.
            E acho engraçado você criticar o darwinismo social. Eu posso. Nunca fui adepto. Mas você defende um livro que fala abertamente de um povo eleito por Deus. Os outros, vou repetir, segundo Deus, você pode matar, estuprar e escravizar (não me canso dessa tríade maravilhosa que Deus reservou aos não hebreus!). Como é que fica? Você não é o rei da lógica? Explica aí a lógica.

  9. Olá, entendo do universo tanto quanto penso que um pombo entenda de Fórmula 1. Mas sou curioso pelo conhecimento. E um leigo como eu precisa de uma aula, em qualquer área do conhecimento. E uma aula de um professor. Um Mestre porranto que quee que os alunos aprendam. Por isso ensina o beabá, falando de humano para humano. Fico encantado com os seus textos para leigos e nem tanto. Parabéns e continue assim. Obrigado.

  10. Só por curiosidade.

    As duas massas giravam em qual sentido antes de se fundirem? Seja lá qual for a resposta, há lógica para isso?

    Obrigado.

      1. Caraca… eu ia perguntar uma coisa, agora preciso perguntar duas:
        1) o ângulo que estamos em relação à espiral mudaria a observação? ou seja, se estivermos no mesmo plano, as estrelas estariam aproximando e afastando devido às suas órbitas (e cada vez mais rápido até a colisão entre elas). Mas se estivéssemos perpendiculares ao plano delas, as duas estrelas estariam sempre à mesma distância de nós, sem afastar ou aproximar. Enfim, a observação seria diferente em cada caso ou as ondas gravitacionais se propagam em TODAS as direções uniformemente?
        2) Antes de serem estrelas de nêutrons, elas eram estrelas normais. Imagino que uma virou estrela de nêutrons antes da outra. Como fica isso? Uma interfere, destrói, acelera, enfim, muda alguma coisa na outra que ainda não se transformaria?

  11. Muito bom texto. Tenho duas dúvidas:

    1. Por quê a Relatividade previa que as Ondas Gravitacionais teriam necessariamente que viajar na velocidade da Luz, e não a qualquer outra velocidade?

    2. O que explica essa diferença de 2 segundos entre a chegada das ondas e da luz? Por mais que a diferença seja infinetisemalmente pequena, ela existe. Por quê?

    Obrigado e parabéns pelo post.

    1. 1. A relatividade sugere que coisas que não têm massa de repouso (como os fótons, as partículas de luz) viajam à velocidade da luz. Como as ondas gravitacionais não têm massa de repouso (você sequer pode parar uma onda gravitacional para falar numa massa de repouso), precisam viajar à velocidade da luz.

      2. As ondas não foram detectadas até a conclusão da colisão das duas estrelas. Uma vez que as duas se aproximaram a ponto de se tocar, a amplitude das ondas ficou pequena demais para a sensibilidade dos detectores. Então era esperado um pequeno tempo entre a detecção das ondas e a emissão de raios gama (que também não acontece, segundo os modelos, no instante t=0 da colisão, mas algumas frações de segundo depois). Ou seja, no contexto das observações, era esperado que o sinal das ondas sumisse um cadinho antes da emissão dos raios gama, que já são um fenômeno pós-colisão.

      1. Salvador, um dos detalhes que achei mais interessantes de todo o anuncio foi o tempo de detecção de aproximadamente 100 segundos. Todo o processo de espiralamento deve durar bem mais do que isso, certo ? Então o tempo de detecção tem a ver com a sensibilidade do sistema LIGO/VIRGO, correto ? Conforme o sistema for sendo atualizado e se tornar mais sensivel, pode acontecer da detecção se tornar contínua ? Imagino que estamos banhados por ondas gravitacionais provindas das mais diversas fontes o tempo todo!

        Alem disso outra duvida que surgiu foi sobre a estrela de neutrons em si, elas tem um tipo de corona como o sol? ou são objetos solidos ? alem disso, se são estrelas de neutrons, não são feitas de um tipo especifico de elemento quimico, ou são ? qual a temperatura delas e o estado da materia ?

        1. Em princípio, poderíamos observar ondas gravitacionais por looongos períodos, como você disse. Com efeito, nos anos 1990, dois pesquisadores ganharam o Nobel por uma evidência indireta das ondas gravitacionais — eles observaram duas estrelas de nêutrons cuja órbita estava lentamente encolhendo, e isso só podia ser explicado se pensássemos que a energia perdida estivesse sendo emitida na forma de ondas gravitacionais. Esse pulsar binário ainda levará milhões de anos para colidir, então, em tese, poderíamos observar essa ondas gravitacionais por milhões de anos.

          Detalhes que atrapalham: mesmo que a sensibilidade dos equipamentos fosse suficientemente boa para isso, o ruído seria tão grande que tornaria impossível distinguir um sinal. Há tantos objetos no espaço gerando ondas gravitacionais que deve haver um “fundo de ondas gravitacionais” do qual um sinal precisa se elevar para se tornar detectável. Meio como a necessidade de alguém gritar para ser ouvido numa sala muito ruidosa.

          Sobre a estrutura das estrelas de nêutrons, há modelos que indicam isso, e eles variam com a massa, rotação etc. Elas podem ter camadas e composições diversas. A camada mais exterior não necessariamente tem só nêutrons. E há também modelos em que os próprios nêutrons degeneram e a estrela vira uma estrela de quarks. Mas, claro, temos de confrontar todos esses modelos com observações, e as ondas gravitacionais vêm bem a calhar nesse sentido. Meramente roçamos a superfície até agora.

    1. Por outro lado, como as perguntas nunca acabam, você pode se reconfortar de saber que ninguém vai viver o suficiente para saber todas as respostas. 🙂

      1. A não ser que respondam a grande pergunta: “como viver para sempre”… 😀

  12. Que texto espetacular! Só tenho a dizer obrigado por nos brindar com conteúdos tão técnicos e, ao mesmo tempo, tão acessíveis. Seus artigos são imperdíveis, como será seu livro sobre esse gênio atemporal chamado Einstein. Vou garantir o meu assim que publicado. Parabéns pelo trabalho brilhante.

    1. Opa! Estou ansioso pelo meu também! Escrever é uma coisa, mas ter nas mãos é outra! Hehehe

  13. Caro Salvador, voce não acha que Einstein merecia receber mais uns prêmios Nobéis póstumos? Tanta coisa que ele fez pela Ciência e só teve unzinho Nobel. Tá certo que à epoca não tinha como saber que ele estava certo, mas agora, podiam rever isso. Acho injustiça com seu colega que partiu em 1955.

    1. Eu acho engraçado a quantidade de prêmios Nobel que já foi dada para gente provando que ele tinha razão. E em geral em torno da relatividade, uma teoria que o Nobel NÃO premiou quando concedeu a honraria a Einstein em 1922 (atrasada e relutante, ao entregar o prêmio de 1921).

    1. Na verdade, descobrimos que você precisa colidir dois sóis compactados no tamanho de duas cidades medianas para fabricar quantidades significativas de ouro, algo que provavelmente estará além do nosso alcance mesmo em milhões de anos, que dirá um milênio. Por outro lado, para que precisamos de MAIS ouro? O valor do ouro é só o que damos a ele, baseado no quão raro é. Na Lua, água vale muito mais que ouro.

  14. Grato pelo seu trabalho; Salvador Nogueira. Estamos senpre de olho telescópico em voce!

  15. Valeu Salvador Nogueira, sempre com explicação objetivas, claras e muito didáticas. Gracas a você essas descobertas chega de forma clara a todos.
    Parabéns

  16. Oi Salvador.
    Sempre acompanho o Blog, mas a matéria de hoje está especial. Parabéns! Como você vem falando bastante nesse assunto, ficou fácil entender a relação e as implicações entre a detecção da onda e o registro de luz. Novos conhecimentos, novas possibilidades. Empolgante.
    Abraço.

  17. Entendi tudo. Hã Hã!!!???
    Quem sou? onde estou??°
    Alguém anotou a placa do caminhão?
    E o palmeiras continua sem titulo mundial.

      1. oras oras nem isso ele entendeu. O zeca é obtuso e desinformado. So abrir o google e perguntar: quem é o primeiro campeão mundial inter clubes, e a resposta será: SE Palmeiras. Ele como um gambá nao vai aceitar isso jamais, jamais, mas é a pura realidade. o Santos ficou onze anos depois do Palmeiras, o Cruzeiro 16 anos depois, o Flamengo 20 anos mais tarde e o sao Paulo 25. o coringa campeão de fato, com Libertadores (invicta eles dizem) so foi ficam campeao do mundo 63 anos depois.. uma eternidade…

        1. Pra quem acha que o Cruzeiro foi campeão do mundo, não espanta que ache que o Palmeiras também foi. Daqui a pouco vem gente falar também do “mundial” do Fluminense, do Vasco, do Paysandu, do Riachinho do Itaimborã…

          Não tem choro, Campeão do Mundo é Santos, Flamengo, Grêmio, São Paulo, Inter e Corinthians, pela ordem. Esses são os grandes do Brasil. O resto é mimimi.

          1. Não quero nem entrar no mérito de quem é grande e quem não é. Mas o Palmeiras (que na minha opinião é grande) tem dessas. É o único clube do Brasil que foi campeão brasileiro duas vezes no mesmo ano; é o único clube do Brasil que foi campeão mundial sem disputar um mundial… É o maior campeão brasileiro por fax, disso não há dúvida. rs

          2. Sabe por que ele foi duas vezes campeão Brasileiro no mesmo ano? Por que perderam para ele os dois campeonatos!
            Sabe quem foi campeão o ano anterior. O Santos!… E o Botafogo! Ué, mas não pode ser campeão duas vezes no mesmo ano, não é? Como o ano anterior teve dois campeões?

          3. Eu sou contra esse revisionismo. Robertão é Robertão. Brasileirão é Brasileirão. Taça Brasil é Taça Brasil. E tudo bem. Ganharam campeonatos importantes quando eram importantes. Podem até alegar que seria o equivalente do Brasileirão hoje. Mas não dá para dizer que ERA Brasileirão. Para usar um exemplo afeito ao blog, é como eu dizer que a teoria gravitacional do Newton era a relatividade geral daquela época. rs

  18. “Ou seja, claramente, as ondas gravitacionais viajaram à mesma velocidade que a luz que veio logo depois.” Se a luz “veio logo depois” há algo mais rápido que a luz? Albertinho está se revirando no túmulo! Provavelmente, eu que não entendi!!! Parabéns pela coluna!

    1. As ondas se propagaram na espiralada, mas não temos o resultado final — a colisão — porque a amplitude foi menor do que a sensibilidade do LIGO. Pela mesma razão, não sabemos se o objeto terminou como buraco negro, o que é provável. Então é natural que os raios gama tenham saído um tantinho depois do fim do sinal das ondas, e portanto chegado um tantinho depois. Ou seja, Einstein repousa tranquilão no túmulo. Se você abrir, por sinal, ele está segurando uma plaquinha: “EU JÁ SABIA.” Hehehe

    2. Não necessariamente. Temos que observar qual evento ocorreu primeiro: o evento de ondas gravitacionais ou o evento luz.

  19. Segundo a astrofísica pra se formar um buraco negro carece de pelo menos quatro massas solares, então menos que isso seria uma estrela de nêutrons? Correto?

    1. Quase isso. Com massa um pouco superior a duas massas solares (no máximo 3, pelas estimativas mais selvagens), já vira buraco negro.

      1. Perguntei pro que há alguns anos foi descoberta uma estrela de nêutrons com duas massas solares, algo exótico e improvável que vai contra as teorias vigentes.

        1. Exato. Achavam que o limite fosse ainda menor que duas massas solares, mas essa descoberta obrigou a uma revisão. Aí levaram em conta a rotação da estrela de nêutrons — se for suficientemente rápida, a força centrífuga pode dar um alívio para a gravidade e impedir o colapso em buraco negro, o que levou a um limite um pouco maior.

  20. Parabens pela matéria, Salvador! Extremamente didática e precisa. Dá pra notar que escreveu com bastante entusiasmo, assim como nós ficamos ao ler.
    Notícias como essa são motivadoras e nos mantém animados ao saber que ainda há muito o que descobrir. Como você disse, “a aventura do conhecimento, por mais que avancemos, sempre parece estar apenas no começo”.

    E se pesquisar direitinho nas coisas do Einstein a gente deve achar como ele fez a máquina do tempo pra viajar do futuro haha Como pode o cara acertar todas essas coisas há mais de um século? kkkkkkkk

    Enfim, mais uma vez parabens e obrigado por compartilhar essa boa nova. Hoje mais um entusiasta da ciência vai dormir feliz.

    1. Einstein formulou uma teoria muito, muito boa, com poder preditivo muito além do que ele julgava possível testar. E essa é a metade da história que não podemos nos esquecer: muitas das coisas que Einstein previu, ele achava que provavelmente jamais seriam observadas, como lentes e ondas gravitacionais, para citar apenas dois exemplos. Coube às gerações seguintes bolar os meios tecnológicos para testar todas essas predições. Podemos dizer que Einstein anteviu muitas verdades, mas só soubemos que eram mesmo verdades graças a quem desenvolveu os meios para verificá-las. 🙂

  21. Deveria ter sido assunto de primeira página de todos os jornais e abertura dos noticiários televisivos!

  22. Parabéns pelo texto, Salvador!
    Deu gosto de ler cada parágrafo.

    E que teoria fantástica é a Relatividade Geral. Só posso imaginar o quão revolucionária foi em 1915. Um século depois, a RG continua triunfante!

    1. É incrível mesmo. Me deixou mais ansioso pro lançamento do meu livro sobre Einstein, que sai agora no fim do mês! 🙂

  23. Parabéns mesmo, Salvador! Em nenhum outro lugar da internet encontrei a explanação tão didática e detalhada.

  24. Parabéns pelo ótimo texto, realmente esclareceu a importância da detecção das ondas gravitacionais. Uma dúvida: é possível que novos astros tenham surgidos nos últimos milhões de anos e que a luz estariam chegando a terra nos próximos anos? tipo a céu poderá ter novas estrelas?

    1. Novas estrelas se formam o tempo todo, mas essa formação normalmente se dá em nuvens de gás, o que torna difícil observá-las no exato momento do nascimento. A olho nu não teremos nenhuma estrela nova se formando porque não há berçários estelares perto o suficiente para tanto. (Mas podemos ter supernovas visíveis a olho nu, que no entanto são estrelas velhas morrendo. rs)

  25. Parabéns Salvador,
    Ótima reportagem e clara, muito legal, acho que estamos caminhando para novas, fantásticas e engrandecedores descobertas. Que bom que existiu um gênio como Einstein que trilhou os caminhos para outros gênios!!

  26. Excelente, vez que podemos ouvir e ver, qual o próximo passo? Já sabemos que somos um ínfimo pedacinho no universo, mas observar o quanto de influências e consequências existem sobre nós é fantástico! Espero que logo dobremos o tempo-espaço kkkk . Ótima matéria! Parabéns!

  27. Parabéns Salvador! Um texto preciso, didático e esclarecedor sobre estas novas informações e análises científicas que estão chegando a partir de 17/08/17. Uma curiosidade: qual a duração de um fenômeno como este? Quero dizer, a detecção só foi possível por conta das alterações gravitacionais e da constatação de um novo ponto de luz no céu – mas qual a duração total do fenômeno entre a colisão e o estado de equilíbrio entre as corpos? E outra dúvida: o ponto de luz vai continuar existindo, mesmo que tenha sido gerado um buraco negro ou uma grande estrela de nêutrons? Grato!

    1. Segundos. As ondas gravitacionais detectáveis duraram uns 100 segundos, e a coalescência e estabilização posterior do remanescente também leva segundos — provavelmente virou um buraco negro. É um evento EXTREMAMENTE energético. Quanto ao ponto de luz, ele vai se apagando com o passar dos dias, conforme a matéria expelida na explosão for se espalhando e se resfriando, e o objeto remanescente (seja uma estrela de nêutrons, seja o mais provável buraco negro) não será visível aos telescópios da Terra (embora, caso seja uma estrela de nêutrons, ainda emita luz).

  28. Salvador, boa tarde. Parabéns pelo post. Parece quase um livro sobre o caso. Ficou claríssimo que até eu consigui entender.
    Abraços

  29. Salvador,

    Não entendi porque na foto de Agosto de 2017 aparecem 2 pontos luminosos. Não deveria ser apenas um, dado que as estrelas colidiram?

    1. Esquece! Fui ver de novo e percebi que o “segundo” ponto luminoso e só uma lente de aumento. Desculpe!

    1. Depende do tipo de telescópio, do alinhamento das estrelas de nêutrons e de suas particularidades. Pulsares, por exemplo, são estrelas de nêutrons e são detectáveis por telescópios e radiotelescópios.

  30. Interessante ver como toda a comunidade cientifica se uniu para registrar e confirmar dados desse evento!!! Parabéns pela matéria Salvador!!!

  31. Esperei ansioso na frente do computador desde ontem ao meio dia homenageando o horário de verão e quando chega hoje vem esta noticia tão insignificante que não dá nem graça. Pensei que fossem anunciar a descoberta de um planeta habitado, visita de ETs., vida em Marte etc, mas quando vejo, é uma notícia tão sem graça que nem deveria estar aqui na gloriosa e admirada coluna deste aclamado Salvador. Isso sim denominamos falta do que fazer também em física. Deus me livre. Vamos supor que se aproveitasse o ouro e a platina encontrados nos jatos de detrito das estrelas de nêutron que tem lá ainda assim nem um cão de charrete conseguiria ir buscar pois é mais longe do que o bairro da Penha.

  32. Boa tarde Salvador
    Que fantástico estar vivendo em um época onde o ser humano cada vez mais entende o que esta acontecendo ao seu redor no universo. Não tenho o habito de escrever comentários, mas, como acompanho a sua coluna a tempos e sei que sempre que surge uma duvida tem a paciência e a educação de responder, vamos la. Duas questões que não consigo entender: primeira: o universo esta “crescendo”, mas, a pergunta, para onde? o que é o “espaço” fora do universo para onde ele esta se alongando? e a segunda: a questão das ondas gravitacionais, para onde o tecido do tempo e do espaço se dobra durante a sua passagem?
    Desde já grato.

    1. Sandro, o Universo está crescendo para todos os lados. Olhe para qualquer direção que quiser. Ele está crescendo naquela direção. Olhe para o lado oposto, e ele também está crescendo. É como se tudo que hoje é o espaço do Universo observável estivesse comprimido num ponto infinitamente pequeno no Big Bang, e desde então vem só inchando em todas as direções. Isso significa na prática que, não importa onde você esteja, você está no ponto em que o Big Bang começou, e verá o Universo se expandindo em todas as direções para longe de você. Se você estiver aqui, vê isso, se estiver do outro lado do Universo verá isso também. Isso porque, no Big Bang, aqui e o outro lado do Universo eram essencialmente O MESMO LUGAR.

      Quanto à segunda pergunta, ele se estica e se comprime em ritmo ondulatório.

      1. Olá, Salvador, aproveitando: li, em algum lugar do universo (rss), que a luz, ao se propagar, cria espaço. Como associar essa expansão percebida e calculada? Em tempo: Como sempre, parabéns pelo texto.

        1. A luz não cria espaço. Não sei em que lugar do Universo você leu isso, mas não foi no mesmo que o que eu vivo. rs
          Talvez o que você tenha lido é que a luz retrata a geometria do espaço. Ou seja, se ela passa por um espaço curvo em quadro dimensões, ela se curva apropriadamente para refletir isso. Então, de certa forma, ela “desenha” o espaço. Mas não que ela crie o espaço.

      2. Obrigado pela resposta Salvador, mas, acho que não consegui me fazer entender. Minha pergunta é : Para que algo ou alguma coisa possa crescer, deve necessariamente haver um espaço em torno desse algo, entendo que o universo se expande em todas as direções e em todo momento,mas, para onde? Imagino , como exemplo, uma bola de bexiga , que conforme vai sendo colocado ar dentro dela, mais ela aumenta de tamanho, mas, isso só é possível por haver, fora da bola de bexiga, um espaço, um lugar, para onde ela possa se expandir, no caso da bola de bexiga, é a nossa atmosfera, mas, e no caso do universo, o que é esse lugar para onde ele esta se expandindo ? Não sei se me fiz entender, mas, desde já agradeço Salvador.

        1. Entendi o que você quis dizer, mas você está considerando uma imperfeição da analogia da bexiga com o Universo como sendo um fenômeno real. A bexiga de verdade infla dentro de um Universo maior que ela, mas o Universo, pelo menos até onde sabemos, não infla em nada maior que ele. Por outro lado, a bexiga reflete uma geometria particular de Universo que é finita e fechada em si mesma. Por sinal, se o Universo real tivesse densidade de matéria/energia maior que um certo valor crítico, ele também seria assim — você andaria pela bexiga até dar a volta e retornar ao ponto de partida, e o mesmo aconteceria se o Universo fosse curvado sobre si mesmo, como uma bexiga (só que uma bexiga com “superfície” tridimensional). Acontece que todas as medições sugerem que o Universo tem exatamente a densidade crítica, e por isso é “plano” — linhas paralelas continuam paralelas no Universo pelo infinito afora. Então, se você quiser dizer para onde o Universo infla, pode dizer que ele infla nas três dimensões espaciais na direção do infinito estabelecido pela geometria do espaço-tempo que é ditada pela densidade de matéria/energia contida dele. (Curiosamente, a densidade crítica do Universo corresponde a um Universo cuja energia total é exatamente zero, o que o torna, além de tudo, o maior almoço grátis que já se viu.)

          1. Obrigado novamente pela resposta Salvador.
            Devo dizer que racionalmente entendo o que disse, mas, não consigo conceber a forma como isso acontece kkkk
            obrigado novamente pela paciência e continue nos mostrando que ciência é sim para todos.

  33. Salvador, voce só pode ser astrofísico pra nos traduzir esses periódicos internacionais pois tradutor comum nada entende disso (nem muito físico por aí)

  34. Obrigado pelo texto. Muito esclarecedor e fácil de entender. Parabéns pelo trabalho. Por favor, continue trazendo conhecimento a leigos como nós.

  35. Boa tarde Salvador!! Estava aqui pensando com meus botões, como leigo, óbvio: Aferindo-se a constante Hubble com maior precisão, há alguma utilidade nela para busca da quantidade de energia/matéria escura que na mesma age ?

    1. Bem, medir a variação da taxa de expansão ao longo do tempo é o que permite determinar a existência da energia escura, então sim!

  36. Ótimo texto! Como leitor curioso as explicações foram bem claras e a leitura fluiu como água.

    Parabéns!

  37. Nosso mestre, quando você vai elaborar uma matéria sobre quasares (objetos ‘quase’ estelares), as fontes de energia mais poderosas do universo? Tenho bastante fascínio por estes objetos que desafiam nossa imaginação; como são formados, se em teoria uma galáxia de meia-idade como a Via Láctea pode abrigar um quasar disparado pelo buraco negro supermassivo em seu coração; como o disco de acreção, que é o ‘gerador’ do quasar, sendo tão compacto pode gerar uma energia tão descomunal; se na hipotética existência do quasar a vida seria extinta da Terra. Essas coisas que todo entusiasta da ciência gosta de saber. Pense no assunto. Abraço.

  38. Muitas dúvidas e muitas perguntas!!!
    Começando do começo!

    Se as ondas gravitacionais e os raios gama a serem observados viajam a velocidade da luz, como os detectores do sistema de alerta automático podem ter recebido informação do algo potencialmente interessante a acontecer, se nada pode viajar mais rápido que “c” ?

    1. Não, Afrânio, veja, o sistema LIGO-Virgo tem seu sistema de alerta, e o sistema Fermi-Integral também tem o seu. Ambos são imprecisos (e o dos raios gama são ainda mais imprecisos que o sistema LIGO-Virgo), mas no caso em questão havia intersecção entre as regiões dos dois alertas, o que facilitou a busca.

    2. A minha dúvida é sobre o sistema de alerta em si, para ser ativado, o sistema tem que receber alguma informação, qual informação é esta e como eles a recebem?

      1. A informação é dos próprios detectores. O sinal é captado, computadores fazem o processamento rápido e indicam a existência de uma potencial onda gravitacional, correlacionam os dados e dizem — deve ter vindo mais ou menos daquela direção. E aí disparam um e-mail de alerta.

        A mesma coisa é feita independentemente pelos satélites de raios gama. Ambos têm sistemas que indicam uma detecção e uma correlação dos dados feita por computador sugere de onde vieram, aproximadamente.

        No caso em questão, os dois alertas agiram praticamente juntos. E aí, na noite daquele dia (ou seja, não foi instantâneo), os telescópios começaram a procurar algum sinal óptico novo naquela região.

        Resultado: tivemos a detecção das ondas gravitacionais, detecção do pulso de raios gama e, graças ao remanescente da quilonova ainda bem brilhante, a detecção do local exato onde tudo aconteceu, assim como espectros da explosão resultante ao longo das horas e dias seguintes.

        Qual é a dúvida? Não estou conseguindo entender, mas espero ter respondido. rs

        1. Creio ter entendido a dúvida: o alerta de “algo potencialmente interessante” é o próprio evento em si, já que não poderia haver um aviso prévio do fenômeno (do tipo “alá, vai bater daqui a pouco, se preparem”). A observação visual posterior seria da névoa do acidente.
          E parabéns pela excelente matéria, Salvador. Uma das melhores

      2. Obrigado Salvador! Respondeu sim e maravilhosamente…
        Eu pensava que os preparativos tinham que anteceder a chegada das ondas gravitacionais, o que obviamente é impossível.

        1. É, não é o caso. Quando disse que os caras estavam preparados é, estavam preparados porque gastaram US$ 2 bi na aposta de que sinais assim seriam detectáveis. rs

    3. O sistema de alerta e acionado quando um sinal captado pode ser interessante, o sinal “ja foi” captado. Nao e um sistema preditivo do tipo, opa irei captar algo interessante, e sim do tipo, peguei um negocio aqui, vem ver o que e.

  39. as gravitacionais ondas serão explicaras pela quantic teoria? ou the gravitacionais poderão explicar the quantic gravidade através das ressonâncias de frequências entre the gravidade and the interações atômicas,como os fótons e gravitons.E apenas o começo.saudacoes ao Dr dreyer que foi pioneiros

  40. Salvador, boa tarde! É muito empolgante acompanhar estas descobertas!

    Como não podia ser diferente, fiquei com várias dúvidas, mas irei perguntar apenas algumas rsrs:

    A frequência das ondas gravitacionais, neste evento específico, está relacionada à rotação das estrelas de neutrôns? Me parece razoável imaginar que, se for esse o caso, a frequência das ondas gravitacionais também aumentariam com a expansão do Universo. Neste artigo, eles mencionam se esse efeito de fato acontece e foi levado em conta nos cálculos?

    Abraço!

    1. A frequência está relacionada à translação (e, indiretamente, às massas) das estrelas de nêutrons.
      E a amplitude é que se relaciona com a distância, diminuindo quanto mais distante for a fonte.
      No caso em questão, a fonte é relativamente muito próxima (redshift bem pequeno) para ter um grande efeito por conta da expansão. Mas tudo isso pode ser modelado apropriadamente.
      Abraço!

  41. Uau!

    E não é que dias atrás eu estava questionando se as ondas gravitacionais trariam mesmo a revolução esperada?

    Resposta rápida…

  42. Olá!
    Este evento pode ajudar na construção de uma teoria quântica da gravidade ou ainda tá longe?

    1. Tá longe. Por enquanto, eles só estão confirmando a ideia de que a teoria de Einstein para a gravidade é fodasticamente boa. rs

    2. Mas é bem possível que se mostre que a teoria quântica, tal qual como hoje está formulada, se revele incompleta, como também previu Einstein – o que o tornaria ainda mais venerado do ponto de vista científico.

      1. Sim, é possível que a teoria quântica se revele incompleta, só não muito provável. E, mesmo que possamos encontrar uma versão completa da teoria, ela seria necessariamente não local, o que conflita com a relatividade geral. Ou seja, mesmo que achemos uma teoria que supere a quântica, teremos de achar uma teoria que supere a relatividade geral para levar em conta os efeitos quânticos não locais, uma vez que uma teoria de variáveis ocultas que seja totalmente local já foi excluída por experimentos.

  43. Sou um dos bravos leitores que leram do começo ao fim. Parabéns pelo texto, esclareceu bastante um leigo como eu!

  44. Que fantástico! Estava ansioso por esse anuncio, e não poderia ter sido melhor!
    É lindo de se ver como a informação foi compartilhada, num esforço geral para entendermos mais o Universo. Que venham mais e mais descobertas 🙂

    E a propósito, o nível de detalhes na reportagem está de parabens, Salvador! Como sempre rs

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