Ondas gravitacionais e luz da colisão de estrelas de nêutrons revelam segredos do Universo

Salvador Nogueira

Uma colisão de estrelas de nêutrons ocorrida há 130 milhões de anos numa galáxia distante ganhou aqui na Terra um privilégio especial: tornou-se o primeiro fenômeno espacial a ser observado tanto por ondas gravitacionais quanto por luz. É o equivalente astronômico de uma feijoada completa. O resultado tem implicações vastas e marca o início de uma nova era na história da astronomia.

Quer ver quantas coisas importantes saíram deste único evento cósmico? Conte comigo: as observações feitas esclareceram a origem de alguns dos misteriosos disparos de raios gama (algumas das emissões de radiação mais intensas já vistas no Universo), confirmaram uma das predições da teoria da relatividade geral (a de que as ondas gravitacionais viajam à velocidade da luz), ofereceram uma primeira visão de um novo tipo de explosão estelar (chamado de quilonova), revelaram de onde vieram boa parte dos elementos químicos mais pesados que o ferro (inclusive a maior parte do ouro que existe na Terra, para citar um exemplo) e apresentaram um novo método independente para medir o ritmo de expansão do Universo (a chamada constante de Hubble). Não é pouca coisa.

Diversas coletivas, organizadas por instituições espalhadas pelo mundo — no Brasil, houve uma na Universidade de São Paulo — aconteceram às 12h desta segunda-feira (16) para apresentar esses resultados, distribuídos em mais de uma dezena de artigos a serem publicados em periódicos como “Nature”, “Physical Review Letters”, “Nature Astronomy” e “Astrophysical Journal Letters”.

Coletivamente, esses trabalhos envolvem milhares de pesquisadores espalhados pelo mundo todo, inclusive o Brasil. Todos baseados neste único — e extraordinário — evento.

“Tudo isso porque foi inaugurada a astronomia multimensageira com ondas gravitacionais”, afirma Odylio Aguiar, pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e membro da colaboração LIGO-Virgo, responsável pela detecção das ondas gravitacionais do fenômeno. “Estamos vivendo um momento muito especial na astronomia, um momento revolucionário.”

VÍDEO: O resumo da ópera

O que seria essa “astronomia multimensageira”? É uma forma de estudar objetos astronômicos envolvendo mais de um método de transmissão de informações sobre eles. Até 2015, salvo algumas poucas pistas provenientes do estudo de neutrinos, praticamente tudo que podíamos aprender sobre os astros dependia do estudo da luz que emanava deles — rádio, micro-ondas, infravermelho, luz visível, ultravioleta, raios X ou raios gama, mas eram, no fim das contas, apenas ondas eletromagnéticas com diferentes comprimentos de onda. Só luz.

A partir de 2015, começamos a estudar objetos a partir de um outro tipo de onda que eles emitem — as ondas gravitacionais. Previstas pela teoria da relatividade geral de Einstein, elas seriam como pequenas marolas na própria estrutura do espaço e do tempo, mais ou menos como quando atiramos uma pedra num lago e ela gera ondas que se propagam em todas as direções na superfície da água. Sua detecção, por si só, já mereceu o Prêmio Nobel em Física de 2017.

Contudo, agora, podemos estudar objetos astronômicos tanto pelas ondas eletromagnéticas que eles geram quanto pelas ondas gravitacionais. Podemos vê-los e podemos “escutá-los”, por assim dizer — astronomia “multimensageira”.

O potencial para descobertas é imenso, e o anúncio desta segunda-feira, com todos os resultados associados, é só o primeiro exemplo.

Imagem feita pelo VLT mostra a quilonova em meio à galáxia NGC 4993, a cerca de 130 milhões de anos-luz da Terra. (Crédito: ESO)

COMEÇANDO DO COMEÇO
OK, agora que você já sacou o tamanho do negócio, podemos começar nossa história do começo. E esta história principia 130 milhões de anos atrás, uma época em que os dinossauros reinavam sobre a Terra e um par de estrelas de nêutrons na galáxia que hoje conhecemos como NGC 4993, na constelação da Hidra, espiralava rumo a uma inevitável colisão.

Estrelas de nêutrons por si mesmas já são o produto de eventos astrofísicos gigantescos. Elas são o que sobra de estrelas de alta massa que esgotaram seu combustível e explodiram como supernovas. Seus núcleos, remanescentes da explosão, não têm mais como gerar energia e, por conta disso, estão completamente à mercê da intensa gravidade que quer esmagá-los tanto quanto possível. A força gravitacional nesses objetos é tão intensa que induz os elétrons a caírem nos prótons que formam os núcleos atômicos. As cargas negativas e positivas se cancelam e eles se tornam nêutrons — daí o nome. É como se elas fossem núcleos atômicos gigantes feitos só de nêutrons.

Uma estrela desse tipo é tão densa que uma massa ligeiramente maior que a do Sol acaba esmagada numa bolota do tamanho de uma cidade de médio porte, com uns 20 km de diâmetro. Se você pudesse pegar apenas uma colher de chá de material da estrela de nêutron, ela pesaria 1 bilhão de toneladas.

Cerca de metade das estrelas do Universo nascem em pares, de modo que não é nada inesperado que tenhamos muitos pares de estrelas de nêutrons por aí, em que ambas orbitam uma ao redor da outra. Era o caso do par que estava para colidir há 130 milhões de anos. A teoria que nos diz o que acontece com esses astros é a relatividade geral, formulada por Albert Einstein em 1915, e o que ela prevê é que esses astros rodopiariam cada vez mais depressa um ao redor do outro, em órbitas cada vez mais curtas, numa espiral que os levaria a colidir. No processo, conforme ganhassem cada vez mais velocidade, emitiriam ondas gravitacionais.

Para entender o que elas são, imagine que o espaço vazio é na verdade como uma folha de borracha, maleável. Imagine, por exemplo, colocar uma bola de boliche no meio de uma cama elástica. A superfície da cama elástica se estica e se curva no centro, pelo peso da bola. Segundo a teoria de Einstein, objetos com massa fazem a mesma coisa com a própria geometria do espaço vazio e, ao se movimentarem por ele, produzem ondas que se propagam pelo vazio em todas as direções.

Estrelas de nêutrons espiralam uma na direção da outra, emitindo copiosas quantidades de ondas gravitacionais. (Crédito: LIGO)

Pois bem, duas estrelas de nêutrons espiralando rumo a uma colisão são copiosas fontes de ondas gravitacionais. Viajando à velocidade da luz desde a galáxia NGC 4993, essas pequenas flutuações levaram 130 milhões de anos para passar pela Terra. Mas, quando elas chegaram, nós as estávamos esperando. Com um investimento total de cerca de US$ 2 bilhões, três instalações gêmeas destinadas a detectar essas pequenas vibrações no tecido do espaço-tempo estavam em operação simultânea às 9h41 do dia 17 de agosto de 2017, quando as ondas gravitacionais da colisão iminente chegaram até nós.

Duas dessas instalações fazem parte do LIGO (Laser Interferometer Gravitational-Wave Observatory, ou Observatório de Interferometria Laser de Ondas Gravitacionais), financiado pela Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos, com contribuições técnicas e científicas de diversos outros países. Os sistemas gêmeos estão instalados em Hanford, Washington, e Livingston, Louisiana — em lados opostos do território americano.

O terceiro detector, chamado Virgo, é uma parceria principalmente entre italianos e franceses, com participações menores de outros países, e está localizado proximo a Pisa, na Itália.

Todos os três são basicamente uma estrutura em forma de L com braços de 4 km (no caso do LIGO) ou 3 km (no caso do Virgo), por onde correm feixes de laser divididos em dois. Enquanto um feixe corre numa direção, bate num espelho e volta, o outro corre na perpendicular do primeiro, também fazendo um percurso de vai e volta. A ideia é que, se houver qualquer distorção do espaço, os lasers que até então estavam perfeitamente alinhados (eles vão e voltam exatamente ao mesmo tempo, já que viajam à mesma velocidade) sairiam desse sincronismo, indicando a passagem de uma onda gravitacional.

Para que se tenha uma ideia da escala que estamos medindo, o sistema LIGO-Virgo é sensível a variações da escala de um décimo de milésimo do tamanho de um único próton.

A primeira detecção bem-sucedida de ondas gravitacionais aconteceu em 14 de setembro de 2015, época em que só a dupla de detectores do LIGO estava em operação, e por si só conquistou o Prêmio Nobel em Física de 2017 para três dos principais idealizadores da iniciativa, Rainer Weiss, Kip Thorne e Barne Barish.

VÍDEO: Relembre como o LIGO fez sua primeira detecção

Desde então, três outras detecções foram feitas, a última delas já com a participação do Virgo. Em todos os casos, elas envolveram a colisão de buracos negros (objetos ainda mais densos que as estrelas de nêutrons, tão densos que não há força conhecida capaz de impedir que a matéria colapse sobre si mesma, criando regiões do espaço de onde nem mesmo a luz pode escapar). Mas os astrônomos esperavam ansiosos por um evento como o de 17 de agosto deste ano, pois uma colisão de estrelas de nêutrons, diferentemente de uma entre buracos negros, provavelmente produziria algum sinal luminoso, além das ondas gravitacionais.

Foi exatamente o que aconteceu. Durante cerca de 100 segundos, os detectores do LIGO e do Virgo detectaram as vibrações no espaço geradas pelo espiralar das duas estrelas de nêutrons até a colisão. E então, apenas 2 segundos depois, os satélites Fermi, da Nasa, e Integral, da ESA, detectaram um disparo curto de raios gama. Mas estariam os dois eventos ligados?

Não demorou muito para determinar que sim. Usando os dados dos três detectores de ondas gravitacionais, é possível determinar mais ou menos de que região do céu as vibrações do espaço vieram. Note que o sistema de detecção em si não é capaz de dizer a direção. O que pode indicar a direção é o fato de a detecção variar por frações de segundo entre um lugar e outro — e aí podemos concluir que o lugar que detectou primeiro estava mais perto da fonte da emissão, o que detectou em segundo estava um pouco mais longe, e assim por diante. Por isso, quanto maior o número de detectores de ondas gravitacionais espalhados pelo mundo, melhor é a capacidade de dizer de onde elas vieram.

Com base nos três que estavam operacionais, os pesquisadores da colaboração LIGO-Virgo puderam restringir a origem das ondas gravitacionais a um pedaço do hemisfério Sul celeste do tamanho de mais ou menos uma centena de Luas cheias — e o disparo de raios gama detectado pelos satélites veio exatamente daquela região!

EINSTEIN, ESSE DANADO
Claro que prever a existência de ondas gravitacionais já foi um grande feito da teoria da relatividade geral. Mas ela também previa que essas ondas necessariamente deviam se propagar à velocidade da luz. E cientistas gostam de testar todas as previsões que puderem, pois o maior prazer que têm é o de revelar falhas numa teoria que sirvam de pistas para a formulação de uma outra teoria, ainda melhor que a anterior. Tornava-se imperativo, portanto, uma vez confirmada a existência das ondas gravitacionais, determinar que elas viajam à velocidade da luz.

A detecção da colisão das duas estrelas de nêutrons permitiu fazer isso, com uma precisão bem boa. Isso porque o sinal luminoso — o disparo de raios gama detectado pelos satélites da Nasa e da ESA — chegou logo depois da colisão indicada pelos detectores de ondas gravitacionais. Ou seja, claramente, as ondas gravitacionais viajaram à mesma velocidade que a luz que veio logo depois. A diferença observada de 2 segundos entre um sinal e outro é exatamente a esperada para o caso em que a onda gravitacional viaja à mesma velocidade que a luz. (Tenha em mente que os dois sinais viajaram 130 milhões de anos-luz antes de chegarem aqui, o que significa que mesmo uma diferença de velocidade de apenas 0,000001% produziria uma diferença de tempo de mais de um ano entre a chegada da luz e a das ondas gravitacionais.)

Além de confirmar que Einstein estava certo mais uma vez (se ele fosse vivo, acho que já estaria entediado a essa altura), o resultado também de imediato confirmou uma suspeita que existia entre os cientistas: a de que os disparos curtos de raios gama detectados há muitos anos pelos cientistas podiam ser gerados pela colisão de duas estrelas de nêutrons.

“Durante décadas suspeitamos que os disparos de raios gama curtos fossem alimentados por fusões de estrelas de nêutrons”, disse, em nota, Julie McEnery, cientista da Nasa ligada ao satélite Fermi. “Agora, com os incríveis dados do LIGO e do Virgo para este evento, temos a resposta.”

Nesse sentido, contudo, aconteceu o que os cientistas mais gostam: a resposta veio acompanhada de novas perguntas. Isso porque essa explosão de raios gama foi uma das mais próximas da Terra já vistas até hoje, mas foi surpreendentemente fraca, dada a distância relativamente pequena. Em suma, esperavam maior intensidade de um evento a essa distância. Agora cabe aos astrofísicos entender por quê ela foi mais fraca do que esperavam. Espera-se que futuras observações semelhantes nos próximos anos ajudem bastante.

A QUILONOVA
As ondas gravitacionais e os raios gama foram, contudo, só o começo da festa. Tanto os detectores LIGO e Virgo quanto os satélites de raios gama têm um sistema de alerta automático — algoritmos de computador fazem processamento dos dados em tempo real e notificam os cientistas de que algo potencialmente interessante aconteceu numa dada região do céu. E, quando o alerta conjunto foi disparado no dia 17 de agosto, astrônomos do mundo inteiro ficaram ansiosos pelo anoitecer, para que pudessem apontar seus telescópios naquela direção e procurar a novidade. Todo mundo e mais alguém fez isso, e o resultado foi nada menos que espetacular.

Cerca de 70 observatórios no solo e no espaço participaram do esforço de detecção — em resumo, todo mundo e mais alguém, no maior esforço coordenado de observação de um objeto celeste na história da astronomia.

A primeira diretriz foi: encontrem algo no céu que não estava lá antes, na região sugerida pelos sistemas automáticos de alerta. Era uma área relativamente grande, e o primeiro a anunciar a descoberta de um novo ponto de luz foi o pessoal do telescópio Swope, um equipamento relativamente modesto, com abertura de 1 metro, instalado em Las Campanas, no Chile.

O “antes” e o “depois” da fusão das duas estrelas de nêutrons: a quilonova se torna visível. (Crédito: ESO)

E aí, claro, todos os outros observatórios se voltaram para lá: o ESO (Observatório Europeu do Sul) entrou com o Vista e o VLT, os telescópios Pan-STARRS e Subaru, no Havaí, também fizeram suas observações, a DECam da Dark Energy Survey entrou na dança, o Telescópio Espacial Hubble fez suas observações, os radiotelescópios do ALMA, e muitos outros — até mesmo o novíssimo T80-Sul, um telescópio brasileiro com 0,87 metro de abertura e uma câmera de 85 megapixels instalado no Chile.

“Ficamos muito satisfeitos com os frutos colhidos pelo projeto do telescópio T80-S, logo no início de seu funcionamento, e já fazendo parte desta descoberta histórica”, diz Claudia Mendes de Oliveira, pesquisadora da USP (Universidade de São Paulo) e coordenadora do projeto do T80-Sul.

Com todas essas observações, os cientistas puderam contrastar o fenômeno da colisão das duas estrelas de nêutrons com um tipo de explosão até então só teorizado: ele é chamado de quilonova.

Cada bolinha no mapa é um dos observatórios que estudou a quilonova. Repare nas bolinhas no espaço — o Hubble é uma delas. (Crédito: ESO)

Uma nova é um tipo de explosão que envolve um cadáver estelar (mais especificamente uma anã branca, o resultado da morte de uma estrela de baixa massa, como o Sol, depois que esgota seu combustível) consumindo matéria de uma vizinha. A matéria vai se acumulando até atingir uma quantidade crítica, que leva a uma explosão movida por fusão nuclear. (Não confundir esse fenômeno com uma supernova, que leva à destruição completa da estrela, em vez de meramente um momento furioso em sua superfície.)

A tal quilonova ganhou esse nome dos teóricos por ser cerca de mil vezes mais intensa e brilhante que uma nova convencional. Esperava-se que uma colisão de estrelas de nêutrons gerasse um evento desse tipo, mas até agora isso era apenas especulação.

As observações, contudo, confirmaram essa hipótese e mostraram uma quilonova que começou bem azul e foi avermelhando com o passar dos dias, até desaparecer. As propriedades do espectro do objeto seguiram muito de perto as predições teóricas!

Uma dessas predições, por sinal, é que esses eventos de fusão furiosa pudessem produzir copiosas quantidades de elementos mais pesados que o ferro — como césio, telúrio, platina e ouro –, que a explosão subsequente espalharia pelo espaço. Essa rota específica de nucleossíntese (nome dado à formação dos núcleos atômicos) é chamada de processo-r, por envolver capturas rápidas de nêutrons. Esse processo é esperado em supernovas, mas também em colisões de estrelas de nêutrons, e explicaria a origem da maior parte dos elementos mais pesados que o ferro presentes no Universo. O novo resultado é a confirmação da previsão e a primeira observação de evidências de processo-r em colisões de estrelas de nêutrons.

Espectros obtidos da quilonova com o Very Large Telescope, do ESO, no Chile. (Crédito: ESO)

AINDA NÃO ACABOU
Uma das propriedades mais fascinantes das ondas gravitacionais é que, com base em seu padrão de frequência e amplitude, podemos determinar tanto a massa dos objetos envolvidos como a distância que eles guardam da Terra — tudo cortesia das equações da teoria da relatividade geral.

Graças a isso, foi possível determinar que as duas estrelas de nêutrons em choque tinham aproximadamente 1,3 e 1,5 vez a massa do Sol e estavam a 130 milhões de anos-luz de distância. Mas essa medição fica ainda mais interessante pelo fato de que pudemos descobrir qual é sua galáxia de origem. E com isso temos um novo parâmetro independente para calcular a taxa de expansão do Universo.

Uou. Que salto foi esse? Calma, vamos lá. A relatividade oferece a distância da fonte pelas ondas gravitacionais, e a velocidade de afastamento da fonte pode ser estimada com base no desvio para o vermelho, o chamado redshift, da luz.

Não é uma ideia difícil de entender. Se o espaço está se esticando e uma onda de luz passa por ele, ela também é esticada na mesma proporção. Seu comprimento de onda fica maior, ou mais avermelhado. Com a informação do avermelhamento, combinada à distância, é possível estimar a chamada constante de Hubble, que diz o quanto o Universo está se expandindo.

Pois bem, um vasto grupo de cientistas assina um artigo publicado na “Nature” que usa a GW170817 (codinome para o sinal de ondas gravitacionais detectado em 17 de agosto) para medir a tal constante. E o resultado (com uma grande margem de erro, é verdade) bate em 70 km/s/Mpc (ou seja, a cada milhão de parsecs, que equivale a 3,26 milhões de anos-luz, o Universo cresce 70 km a cada segundo).

O número é compatível com as mais recentes medições do valor, feitas pela equipe do satélite europeu Planck e pelo grupo do astrônomo Adam Riess. São elas que sugerem que o Big Bang aconteceu há aproximadamente 13,8 bilhões de anos.

Então, por um lado, o novo trabalho realça o quanto estamos no caminho certo — múltiplas estratégias para calcular essa taxa de crescimento cósmica estão todas achando mais ou menos o mesmo valor.

Por outro lado, ele ainda não nos ajuda a encontrar um caminho ainda mais certo, que ajude a conciliar uma pequena, mas problemática, discrepância entre as medidas do Planck e de Riess. Contudo, essa pode ser só uma questão de tempo.

“No caso de GW170817, a incerteza foi dominada pela incerteza na distância”, explica Odylio Aguiar. “Se os interferômetros tivessem sensibilidades maiores, esta incerteza seria menor. E há planos de atualizá-los para terem essa sensibilidade maior. Portanto, sim, podemos chegar no futuro a uma precisão bem maior, comparável à do [satélite] Planck.”

E O QUE RESTOU?
Uma pergunta que pode ainda restar ao bravo leitor que chegou até aqui é: o que sobrou da colisão das estrelas de nêutrons? Elas se fundiram e tal, e aí viraram o quê? É bem possível que tenham virado um buraco negro, ou talvez tenham se mantido como uma única estrela de nêutrons. Não sabemos, em essência, porque a sensibilidade dos detectores de ondas gravitacionais foi insuficiente para detectar o sinal proveniente do objeto remanescente. “Infelizmente não pudemos chegar a uma conclusão, pois o sinal da onda gravitacional na fusão e ressoar do objeto formado não teve amplitude suficiente para ser detectado”, diz Aguiar. “Vamos ter de aguardar a detecção de eventos mais próximos ou melhorar a sensibilidade. O LIGO vai estar operando em meados da década de 2020 com sensibilidade em amplitude três vezes melhor. Se isso não for suficiente, teremos de aguardar a construção de outros detectores de ondas gravitacionais.”

Como sempre — e ainda bem — a aventura do conhecimento, por mais que avancemos, sempre parece estar apenas no começo.

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Comentários

  1. Futuro Presidente do Brasil (Salvador Nogueira), mais uma vez vc nos premia com informações tão precisas e cuidadosa de um tema tão complexo (Ondas gravitacionais. Pelo menos para leigos como eu). As suas respostas, às dúvidas elencadas nos comentários são impagáveis. Jamais visto em qualquer outro meio de comunicação. Demonstra a sua paixão pelo que faz repassando um conhecimento exemplar. Mais uma vez Parabéns!

    E para encerrar, uma pergunta aos “adoradores” defensores da Terra Plana: Se a Terra não é esférica como é que consigo chegar a Austrália (Avião, Navio ou até mesmo a pé (Rss) saindo do Brasil indo tanto pelo Leste como pelo Oeste ?

    1. Jailton, obrigado por me elevar a candidato à presidência da República. Quem sabe um dia, quando o Brasil realmente praticar política de verdade e não essa politicagem rasteira que vemos por aí atualmente? Por ora, fico aqui no meu quadrado, tentando propagar a ideia de que o pensamento racional e crítico é a saída para todos os males. Abraço!

      1. Ora vejam, só! Ele não negou a candidatura! No bom e velho imprensês: “nao disse nem que sim nem que não”. Então vamos lá: “Nao dê bobeira! Em 2018, Presidente é Salvador Nogueira”

        1. Huahauhau, 2018 não vai. Não tenho nem de perto a trajetória ou a sabedoria política. Se fosse me arriscar, começaria por baixo, provavelmente deputado federal. Vez por outra penso que seria bom entrar na política. Que é importante que pessoas de bem pensem assim e queiram se expor para tentar mudar o atual estado de coisas. Se o TSE aceitasse candidaturas sem partido (parece que não vão), eu provavelmente me candidataria a deputado federal. Mas, com um partido, já começa com o problema de ter de escolher um (extremamente difícil nos tempos atuais) e comprometer minha consciência com decisões partidárias em votações em bloco na Câmara (o que seria um problema ainda mais grave).

          Enfim, por enquanto, tento pensar que, seja lá onde for minha atuação, no jornalismo ou na política, posso contribuir para o país. Na política, no momento, está mais complicado. Foco, pois, no jornalismo.

          Mas se, por um acaso, eu mudar de ideia, vocês serão os primeiros a saber. 😉

          1. É, ouço coisas boas também. Mas tenho medo do cheirinho de VELHO de alguns dos criadores… rs

      1. Certo. Agora explique como fica seis meses dia na Antártida com esse diagrama. E não me venha com “é mentira”. Jornalista viaja para a Antártida. 😉

        Aliás, você mesmo pode voar de Santiago a Sydney, na Austrália, passando pelo círculo polar antártico. É só largar a mão de idiotice e comprar a passagem. Vai descobrir que, para fazer esse voo na Terra plana, ele ia levar quase três vezes mais tempo do que leva na realidade.

        Enfim, o sujeito tem mesmo que ser um completo idiota para acreditar em Terra plana. Não sei nem por que perco meu tempo.

        1. Ele vai citar o tal Tratado da Antártida e que há uma “marinha internacional” protegendo toda a região para evitar que as pessoas cheguem ao tal paredão de gelo.

          Agora, haja gente e navios de patrulha para vigiar uma área tão extensa nesse modelinho furado.

          1. Huhauahua, eu conheço uma pá de gente que foi à Antártida e trabalha comigo. Eu mesmo já fui ao Alasca, que também seria problemático de explicar no modelo Terra plana. E qualquer um — QUALQUER UM — olhando para o céu noturno e observando os polos celestes teria de concluir que a Terra é redonda. É tão bizarro. Mesmo que você finja que todas as fotos já feitas até hoje por todos os países com todas as inclinações culturais fossem fraudes, ainda assim há coisas óbvias na natureza que indicam a esfericidade da Terra. Os gregos encerraram essa discussão há 2 milênios. É surreal, medieval, pensar que a ideia da Terra plana possa estar voltando. É o nosso fracasso completo na democratização do conhecimento. Democratizamos, em vez disso, a burrice. Terrível.

        2. Todo esse discurso é pra convencer a quem? Você mesmo? Haja fé.

          Para que tá ficando feio, já.

      2. Claudir, ou não fui claro ou vc entendeu errado. O que soa como pergunta é na verdade certeza: Saindo do Brasil para Austrália, vc pode ir pelo leste ou pelo oeste e chega lá.

        1. Ele entendeu errado. Ele é burro. Ele é terraplanista. O que você espera de um terraplanista? Eu espero QI 25 pra baixo. rs

          1. Mas você mesmo fez dois posts pra dar dez ”provas” de que o homem foi à Lua!! Não bastaria “uma”? Com dez, parece mais que você quer confundir, ou ganhar por uma batalha psicológica (a exemplo dos nazistas contra Einstein), do que realmente defender algo que seja verdadeiro.

          2. Eu fiz originalmente cinco. Acho que cinco é um bom número. Mostra que, embora uma única prova possa ser falsa ou errônea, é difícil fraudar cinco provas consistentes entre si. Isso valeu para a Lua, para a evolução, para o Big Bang e para a inexistência do Nibiru, que foram os textos dessa série que fiz até agora. No caso da Lua, depois decidi fazer mais cinco porque alegaram que todas as provas originais eram “americanas”. Aí resolvi apresentar provas “internacionais” e, de novo, usei o número cinco. Bom número.

            Mas duzentas? Duzentas é para confundir e vencer pelo cansaço. Se você precisa de 200 provas, nenhuma delas individualmente pode ser muito boa, já que perfaz apenas 1/200 do total. Agora, cinco provas é razoável: você ganha 20% de confiança a cada prova, um número bem robusto.

            No entanto, se você acha que duzentas é o bom número, vá lá. Estou esperando você mandar o seu CTRL+C, CTRL+V, ou transcrever, caso só tenha mesmo em vídeo. Vamos lá, vamos trabalhar um pouco pela causa em que você está tão engajado! Aguardando sua resposta com a lista das 200 provas. Seria legal ter um textinho para cada uma, explicando como eles chegaram lá e com referências externas confiáveis, para a gente não ter de ter só a sua palavra de que são verdadeiras. Mãos à obra, meu amigo! Prove-me que a Terra é plana. 🙂

          3. Salvador, posso me intrometer rapidamente? Sei que você tem a política, louvável, diga-se de passagem, se não censurar quase nada. Mas, e deixo claro que essa é somente minha opinião, acho que, ao não censurar este tipo de comentário e, pior, alimentar essa (não sei como descrever isso de outra forma) imbecilidade sem tamanho, você, sem querer, contribui para que mais idiotas apareçam, mais idiotas resolvam escrever suas idiotices, e mais idiotices se espalhem por aí.

            Sei que os motivos são nobres, mas este tipo de comentário é tão absurdo, é tão desprovido de inteligência, que eu simplesmente não consigo ver nenhuma coisa boa em deixá-lo prosperar.

            Abraços do leitor assíduo!

        2. Sim, saindo do Brasil você chega lá indo pelo Leste ou pelo Oeste. Só é meio longinho. Você nunca parou pra pensar porque é que as companhias aéreas não têm voos diretos? Tente ir de avião, você vai ter que passar pelo hemisfério norte.

          Esse vôo aqui da Delta Airlines (http://www.kayak.com.br/s/compareresults/multi?pageOrigin=F.M.FD..M0&searchId=vaBCAytePF&providerCodes=DECOPRCF_pt_BR_FDCMP2%2CVIAJANETPRC_pt_BR_FDCMP2&forcehttp=true): São Paulo – Atlanta – Los Angeles – Sydney.

          Será mesmo que as Cias aéreas gostam de jogar dinheiro fora? Ir até os EUA, atravessar os EUA e depois voltar pra Austrália? Ou elas fazem isso pra economizar?

          Político joga dinheiro público fora, amiguinho, mas empresário não.

          https://uploaddeimagens.com.br/images/001/139/850/full/SPSYSNEY.jpg?1508348945

          Saiam dos seus paradigmas! Vocês foram doutrinados pra pensar de um jeito, não é fácil mudar, mas tentem!

          1. Você tem que fazer curvas (literalmente) pra tentar provar sua teoria! kkkkkkk Tem que fazer a volta pelo Sul para desviar da Nova Zelândia? Muito urso polar por lá? kkkkkkkkkk

          2. Que curva? Não tem curva. O avião viaja em linha reta pela Terra CURVA, seu imbecil. Hahaha
            Tá vendo? O seu problema é mais básico. Não é de ciência. É de matemática. Geometria. Você não sabe a forma que uma reta faz numa esfera. rs

          3. Bônus: DUZENTAS provas de que a Terra é plana! Isso mesmo! DUZENTAS:

            Refute-as, se for capaz. Ou aceite, que dói menos!

          4. Você pode postar aqui as 200 “provas”, mas em forma de texto.
            Não vou permitir que você use o blog para alavancar audiência para vídeo de Terra plana no YouTube.

          5. E isso me lembra a coisa dos “100 cientistas contra Einstein”. Poxa, se foi preciso a Alemanha nazista recrutar 100 cientistas para refutar Einstein, ele devia ser mesmo formidável!
            Se a Terra plana fosse verdade, bastaria *uma* prova. Com 200, parece mais que você quer confundir, ou ganhar por uma batalha psicológica (a exemplo dos nazistas contra Einstein), do que realmente defender algo que seja verdadeiro.

          6. Sim, saindo do Brasil você chega lá indo pelo Leste ou pelo Oeste.

            Sim.

            Só é meio longinho.

            Não tão longe.

            Você nunca parou pra pensar porque é que as companhias aéreas não têm voos diretos?

            Custos operacionais e demanda. Não há tanta gente assim querendo ir de SP a Sydney que justifique o investimento em um voo direto. Por isso operam com hubs. Mesmo motivo que não tem voos diretos para algumas cidades aqui no Brasil mesmo, tendo que fazer escalas em outros aeroportos, mesmo com distâncias menores.

            Tente ir de avião, você vai ter que passar pelo hemisfério norte.

            Não necessariamente. Há voos SP – Sydney com escala em Santiago.

            https://i.imgur.com/hL0KKkg.png

            FUÉN FUÉN… falsa premissa.

            Esse vôo aqui da Delta Airlines (http://www.kayak.com.br/s/compareresults/multi?pageOrigin=F.M.FD..M0&searchId=vaBCAytePF&providerCodes=DECOPRCF_pt_BR_FDCMP2%2CVIAJANETPRC_pt_BR_FDCMP2&forcehttp=true): São Paulo – Atlanta – Los Angeles – Sydney.

            É uma opção.

            Será mesmo que as Cias aéreas gostam de jogar dinheiro fora?

            E por quê seria jogar dinheiro fora?

            Ir até os EUA, atravessar os EUA e depois voltar pra Austrália?

            Voltar não, idiota. Continuar pra oeste sentido Sydney.

            Ou elas fazem isso pra economizar?

            Fazem isso por questões operacionais. Mas é só uma entre algumas opções. Veja só, quando você consulta uma origem e destino, os sites de busca trarão todas as opções, inclusive as mais longas. Depende da disponibilidade de aeronaves, dentre outros fatores, criando escalas com horários aproximados entre os voos já existentes das cias aéreas. Ou você acha que o mesmo avião que sai de SP vai pra Atlanta, depois pra Los Angeles e depois pra Sydney?!?! Pelo visto você nunca comprou uma passagem de avião na vida, né?

            Político joga dinheiro público fora, amiguinho, mas empresário não.

            Ainda não entendi onde isso seria jogar dinheiro fora, mas ok.

            https://uploaddeimagens.com.br/images/001/139/850/full/SPSYSNEY.jpg?1508348945

            Falsa premissa de novo. O voo LAX-SYD é sentido Oeste, não leste, na Terra esférica.

            Saiam dos seus paradigmas! Vocês foram doutrinados pra pensar de um jeito, não é fácil mudar, mas tentem!

            Saia da internet. Abra um livro. Vá pra escola. Pare de passar vergonha acreditando numa idiotice, idiota.

          7. Pois é. Eu acho isso uma perda de tempo tão grande… ficar discutindo com imbecis. Às vezes caio nessa armadilha também. É o inconformismo. Como o meme da Terra plana pode se espalhar feito uma praga na civilização moderna? O sujeito está lá, usando um celular que depende da Terra esférica para se situar por satélites via GPS, e está postando que a Terra é plana. Como pode uma contradição tão absurda? Demos aos imbecis um instrumento poderosíssimo de comunicação e eles usam esse instrumento para tentar sabotar o conhecimento que permitiu que ele existisse em primeiro lugar. Perco a fé na humanidade nessas horas. A gente fala de inteligência artificial como uma ameaça ao futuro, mas será que ela já não está concretizando a ameaça? Será que a modesta inteligência artificial dos Facebooks da vida já não estão colocando em risco a civilização ao amplificar memes falsos, mas pegajosos, diante de uma civilização culturalmente despreparada para lidar com o poder da comunicação global? Será que a civilização não vai simplesmente regredir a uma horda de imbecis que acreditam em tonterias como a Terra plana? Seria essa a grande piada da inteligência artificial? Nem chegar a ser inteligente como nós, mas apenas inteligente o suficiente para fazermos provar da nossa própria imbecilidade média? I wonder…

          8. Cara só pode ser burrice!
            https://uploaddeimagens.com.br/images/001/139/850/full/SPSYSNEY.jpg?1508348945

            Olha só a imagem que vc postou, tem de ser muito idiota para fazer um desenho desse.
            É claro que o voo segue pelo Pacífico até a Austrália, quem seria o idiota de passar pela Africa para chegar na Austrália saindo da costa oeste dos USA? Os terraplanistas são idiotas demais até para defender suas birutices

            Existem inúmeros fatores q determinam a rota de um voo além da distância, como lotação, carga, tipo de aeronave, performance, vento dominante, e tals. Um voo q sai de SP para Sydney com varias escalas, só uma fração dos passageiros vão ao destino final, a maioria fica pelo caminho e outros embarcam, isso é vantajoso para a Cia Aéria. Outro problema, um avião partindo direto de SP para Austrália tem de ter uma performance absurda, ser grande e para compensar sair lotado, tem passageiros para justificar isso? Não! Melhor ir fazer uma rota lucrativa e realista, mesmo que ande mais, pelo menos viabilizou a viagem de quem precisa ir.
            Enfim, são tantos fatores que sua cabeça de terraplanista não entende. Se não entende o óbvio, é fraca demais para entender de logística.

            E olha depois desse desenho q vc postou… bom, vergonha alheia.

          9. Heheh, vi agora a figura. É embaraçoso. As figuras mostram rotas DIFERENTES no trecho final. Se você converter o mapa de Mercator da primeira imagem num mapa de projeção polar da segunda imagem (o que, claro, você pode fazer, já que todos eles representam num plano o que é uma esfera, algo que já se sabe desde que os primeiros mapas foram desenhados!), vai ver que não há equivalência entre as trajetórias. Na primeira o trecho final é feito na direção do Atlântico, e na segunda o trecho final vai na (verdadeira) direção do Pacífico. Se desenhassem o trecho final na direção do Pacífico no mapa de cima (saindo pela esquerda e voltando pela direita), ele pareceria perfeitamente lógico, tão lógico quanto na projeção polar. É EMBARAÇOSO. A única coisa que essas figuras mostram é que os terraplanistas confiam que os idiotas que espalhem esses memes não saibam ler mapas nem de forma rudimentar e intuitiva. rs

          10. Eu estava lendo um post do Alessandro na matéria sobre distâncias entre as estrelas (aquele do do diálogo fictício), e o que mais me entristece não é nem a ignorância dessas pessoas que dão as caras nesse fórum para defender essas ideias de Terra Plana e outras maluquices parecidas, e sim, a safadeza daqueles que criam essas “teorias” para ganhar dinheiro vendendo livros e fazendo palestras sobre esses assuntos e disseminando a ignorância nas redes sociais.

            Minha atenção principal foi a parte do diálogo em que está escrito que as pessoas querem sentir que fazem parte de algo especial e revolucionário e a parte que diz “fale difícil, isso demonstrará inteligência”.

            Enfim, eu acredito que ainda vale a pena gastar “saliva” para convencer essas pessoas de que são elas que estão sendo manipuladas, não os demais.

          11. Marcelo, tem uma resposta bacana do Quora sobre isso, dá uma lida (em inglês):

            How did ‘flat earth’ return as a topic of debate?

            Drake Way, Advocate of science and critical thinking.
            Answered Sep 26

            A2Ad.

            This is an awesome question.

            Let’s start with a notion: the democracy of ignorance. This is the notion that in yhe realm of intellectual debate one persons’ ignorance is considered as valuable as another persons’ knowledge. This idea SHOULD be laughable at its surface… but it isn’t. Why is that?

            Culturally, much of western culture romanticizes the underdog. We love underdog stories, the tale of the scrappy everyday man standing up to people that are greater than them and not just fighting but winning.

            Some people take that out of the realm of fiction and decide to romanticize underdog ideas. This is one reason why some people cling to pseudoscientific ideas. They see the ideas and their proponents being ‘bullied’ by the greater communities of science and in their pity, they decide to champion these ideas and maybe, with enough popular support, these ideas can stand up to the big mean scientists who won’t let it have the time of day! Free speech!

            The thing is, free speech isn’t intended to encourage bad ideas to have equivalency to good ideas. The intent is for bad ideas and good ideas to share something called the Marketplace of Ideas and have the bad ideas destroyed by their lack of merit.

            This is NOT a democratic process. This is a meritocracy. Only good ideas should survive. This isn’t a safe space where everything is equal. This is Thunderdome. Who runs idea town? EVIDENCE AND SOUND REASON RULE IDEA TOWN!

            Flat earth was debunked thousands of years ago. Every time it’s come up it gets debunked time and time again. An idea that cannot explain how a sunset works should not be taken seriously by anyone. The people proposing such ideas should not be taken seriously.

            The debate is nonexistent. You have one side that has evidence and proof and actually makes technology that works and you have the other complaining they can’t be in the good idea club.

            You have science that makes working technology and you have people selling books to gullible people.

            Science works by making stuff work. Pseudoscience works by selling books and hits on crappy websites.

            Underdog ideas don’t get acceptance by crying foul and acting like underdogs. They gain acceptance when they produce shit that works.

            Global earth produces maps that work (we call them globes) No flat earth map ever produced has ever worked (all flat maps have distortion on them).

            That should end the debate right there.

          12. Claudir, apesar de ter “desenhado” vc ainda não entendeu o meu comentário. Não tem nada a ver custo/companhia aérea, etc…. O que afirmo é: pegue o Globo Terrestre (Pra vc não se ofender use aquele que encontramos em qualquer escola e/ou livraria) e com um barbante, coloque uma ponta no “Brasil” e outra na “Austrália” pelo leste e faça o mesmo pelo oeste. Aí tenho certeza que vc terá certeza que de fato a terra é redonda. Ou ainda vai duvidar o que qualquer criança fazendo esse exercício comprovará ? Se mesmo assim ainda não entender, Desisto.

          13. Jailton, obrigado por debater com respeito. Mas sua alegação não prova nada, você pode ir do Brasil até Austrália pelo Leste ou pelo Oeste tanto no modelo do globo quanto no modelo plano! Mas o modelo do globo não explica como que essa água toda não cai da Terra ou como que a fumaça de uma chaminé não fica pra trás quando a Terra ”gira” ou como que um avião pousa sem derrapar com o chão em movimento! Eu respeito você, só peço que repense todos os paradigmas em cima de onde construiu todo seu conhecimento, é tudo manipulação pra satisfazer interesses de uns poucos!

          14. Hahaha, a água não cai da Terra, fumaça da chaminé não fica para trás. A primeira a resposta é a gravidade. A segunda a resposta é a inércia. Gravidade é simples: a mesma força que faz as coisas caírem é a que faz os astros orbitarem. Há uma equação matemática que permite calcular ambas as coisas, o que demonstra que são a mesma força. E ela sugere que a força da gravidade, que faz as coisas caírem, aponta para o centro de massa do objeto — ou seja, para o centro da Terra, no caso. Então a água da Terra, esteja ela onde estiver no globo, “cai” na direção do centro da Terra, e por isso fica grudada no globo. Eu dou risada daqueles experimentos em que o pessoal esguicha água num globo giratório e mostra que ela não adere. Claro que não adere! Qual corpo tem gravidade mais forte, o globo da Terra ou o globo de mentira? Então a água esguichada vai cair aonde, na superfície do globo de mentira ou na direção do centro da Terra? De novo — uma equação matemática descreve exatamente como a água cai, em que velocidade, com que aceleração, e é a mesma equação que explica, por exemplo, a órbita da Lua ao redor da Terra e a órbita da Terra ao redor do Sol. Ou seja, com a mesma equação, você pode calcular o movimento da Lua e a queda de corpos na Terra. E essa equação só funciona e produz resultados corretos porque a Terra é redonda. Se não fosse, não funcionaria. Então, é uma prova matemática irrefutável, que tem séculos já. Isaac Newton é o nome da fera. Vá estudar.

            O mesmo Isaac Newton inclusive formulou a lei da inércia — objetos parados tendem a ficar parados e objetos em movimento tendem a ficar em movimento. Se você já andou de ônibus ou de carro, sabe disso. O ônibus está em movimento, aí ele freia bruscamente e seu corpo quer continuar em movimento, e é atirado com força para a frente do ônibus. Isso é inércia. O ônibus parou, mas seu corpo queria continuar no movimento inercial. Certo, agora pense na Terra e na fumaça. A Terra está girando, mas a fumaça está girando com ela — a fumaça tem um movimento inercial que acompanha a Terra. Por isso ela não fica para trás. Você pode testar isso, entrando num barco. Quando o barco estiver em movimento, jogue uma fruta para cima. Verá que ela não vai cair atrás do barco, mas vai cair na sua mão. Por quê? Porque ela está viajando inercialmente junto com o barco. Galileu, antes de Newton, rascunhou esse conceito. Newton foi mais adiante e formulou uma lei de movimento, que, de novo, funciona matematicamente.

            Então, é só ir à escola, Claudir. Só isso, cara. Pena que, se você foi, não aprendeu nada. Mas ainda é tempo. Leia atentamente o que eu escrevi, use o Google para encontrar mais detalhes e aprenda, cara! A vida é uma só para você perdê-la falando merda! 🙂

          15. Não falei que ele não iria responder a nenhum de nossos questionamentos nem apresentar as tais “200 provas” explicadas e com evidências, como você pediu, E que iria desvirtuar com outras idiotices? É batata, discutir com idiotas, ignorantes e pombos cagões como esse é perda de tempo, Salva.

          16. Caro colega… bacana esse texto do Quora. Isso me faz lembrar a dinâmica do NÓS VERSUS ELES usada pelos charlatães. Nesse caso da Terra Plana: Nós = aqueles que enxergam a verdade que está sendo ocultada e que se livraram da manipulação) e Eles = a NASA, o governo americano, os falsos cientistas e qualquer um que queira nos destruir, o inimigo que parece mais forte, mas que pode ser vencido. Eles criam a imagem de um duelo entre Davi e Golias.

      3. Claudir,
        “Mas o modelo do globo não explica como que essa água toda não cai da Terra ou como que a fumaça de uma chaminé não fica pra trás quando a Terra ”gira” ou como que um avião pousa sem derrapar com o chão em movimento!” – KKKKKK…..PQP você é muito burro. Precisa de uma cadeira escolar….vá estudar, filho! Você nunca ouviu falar de força gravitacional e inércia? KKKK

        1. Terra plana? Mas isso não me surpreende MESMO.

          Cerca de 15% (em uma estimativa otimista) da população mundial não tem religião (não são obrigatoriamente ateus). Isso sugere que 85% da população acredita em uma origem mística do universo, baseada em nada mais que textos considerados sagrados.

          E existem muitos cientistas sérios, que produzem boa ciência, que conseguem conciliar seu pensamento científico com suas crenças místicas. Pessoas com muito estudo e prática no método científico, que abrem essa janela para a crença sem provas.

          Se acontece com cientistas, imagina com quem JAMAIS parou pra lidar com as questões menos cotidianas da física ou astrofísica? Não me impressiona.

          Salvador, você mencionou as redes sociais como um fator de emburrecimento e socialização da estupidez… não acho que seja por aí não. A estupidez sempre existiu, soberana. O que as redes sociais fazem é o cruzamento de círculos que em outros tempos não se comunicariam. Pessoas mais esclarecidas sequer tinham oportunidade de entrar em contato com o “pensamento” dos imbecis. Os círculos não se cruzavam. O que a rede social faz é nos presentear diariamente com essa miríades de imbecilidades que SEMPRE foram o padrão da humanidade.

          Mas minha visão é otimista: precisamos comparar com a idade média de verdade! Quase ninguém tinha educação NENHUMA, o conhecimento era TODO restrito a uma ínfima minoria, a miséria absoluta era o padrão da maior parte da população. Por mais que lastimemos o fato de ainda existir muita miséria e imbecilidade – sabendo que não precisava ser assim – não dá nem pra comparar. A humanidade melhora sempre, só que a passos muito lentos para se perceber em apenas uma encarnação…

  2. Amazing!

    Confesso que fiquei meio cético quando da primeira detecção de ondas gravitacionais. Parecia muita coincidência acontecer pouco depois da inauguração do equipamento e poderia ser uma tentativa de justificar os pesados investimentos dos contribuintes. Afinal a briga por recursos do orçamento não acontece só por aqui.

    Mas esse cruzamento de informações por meios diferentes detona qualquer dúvida razoável.

    Eu imagino que os filtros usados para distinguir reais ondas gravitacionais de outros tipos de vibração (movimento de placas tectônicas por exemplo) seja uma parte considerável do sistema.

    1. Ah sim! E precisaram de quase seis meses de análise para garantir que os filtros funcionaram da primeira vez. Agora, eles estão ganhando mais confiança no sistema — apenas dois meses entre a detecção e o anúncio.

  3. Ainda bem que a folha não bloqueia os comentários. Daí eu entro aqui só pra ler as respostas do Salvador e de vez em quase sempre sou premiado com estas maravilhas! Parabéns, mestre!

  4. Parabéns pelo texto.
    Pergunta de um leigo : em um sistema binário a primeira estrela que se torna-se uma supernova não expulsaria massa suficiente da menor que a impediria por sua vez de tornar outra supernova / estrela de nêutrons?

    1. Como se pode ver pela quantidade de binárias de nêutrons por aí, não. O que há é uma ideia de que, pelo menos em alguns casos, a detonação da primeira induz a segunda a detonar também. Afinal, ambas têm a mesma idade, nasceram juntas. Se tiverem parecidas, quando a primeira detonar, a segunda está na bica também.

  5. Caro Salvador.
    Democracia é importante, mas nesse caso específico o nível de confrontação dos dados científicos beira à insanidade, não, é insanidade, porque confrontam dados do século 15 ou anteriores.
    Então simplesmente bloqueie essas pessoas porque senão todos, principalmente você, vão perder seu precioso tempo lendo esse lixo.

    Parabéns pelo artigo. Eu achava que não viveria para ver algo tão sensacional.

      1. Por favor Salvador, siga a frase de abertura dos seus vídeos e bloqueie quem é idiota e DEFENDE aquela ofensa à inteligência humana.

        Cada Claudir DB que aparece me faz desacreditar um pouquinho mais num futuro promissor da humanidade.

  6. Salvador, não sei se o conceito mudou, mas luz é a porção da radiação eletromagnética percebida (visível) pelo olho humano, fora desta porção, é radiação ultravioleta, infravermelha, raios-X… Obrigado pela excelente matéria! Obrigado por contribuir e permitir que a “luz” da sabedoria ilumine as trevas da ignorância!

    1. Eu prefiro chamar tudo de luz. É como chamar estrela de sol e satélite natural de lua. Simplifica e enfatiza a equivalência. Se chamamos de radiação uma parte do espectro e de luz outra, o leitor pode achar que são coisas diferentes. Não são. E tanto se pode usar luz como sinônimo de radiação eletromagnética que não é pleonasmo falar em “luz visível”. 😉

      1. Está valendo Salvador!Estava imaginando o texto considerando estes detalhes e já me perdi! Kkk “Out of complexity, find simplicity. Albert Einstein.” Obrigado.

  7. Excelentes e esclarecedoras as explicações do Salvador Nogueira, parabéns! inclusive pela paciência e fino trato com quem só se manifesta para criticar negativamente. Valioso material e discussão, ilustrações e animações. Muito bom mesmo!

  8. Ótimo texto! Acheio procurando uma resposta para a diferença de 1,7 s entre a detecção da onda gravitacional e dos raios gamas. O texto suprimiu minha dúvida. Duas perguntas sobre velocidades superiores a da luz. Existe algum experimento em andamento que prove ou refute o táquion? Acho que já li sobre um modelo de nascimento do Universo, em que houve uma fase inicial em que ele se expandiu em velocidade superior à da luz. Procede? Há explicação?

    1. Sim, o modelo de inflação do Universo jovem prevê expansão acima da velocidade da luz. Isso não viola a relatividade, porque ela não impede o espaço de se expandir mais depressa que a luz, só impede qualquer coisa de acelerar além da velocidade da luz no espaço.

      Quanto aos táquions, são uma ideia teórica divertida, mas zero evidência de sua existência. Por ora (e provavelmente para sempre), são apenas uma especulação científica curiosa.

  9. Atentado terrorista pra tudo que eh lado, político ladrão roubando o povo, a direita mandando o pobre à M….., a esquerda usando o pobre como massa de manobra, o Corintia roubando mais um campeonato, o RJ em guerra civil, Amazónia sendo destruída e os caras preocupados com duas estrelinhas de milhões de anos atrás. Os conceitos de prioridades foram redefinidos mais uma vez.

    1. Somos em 7 bilhões, quase 8. Tem gente suficiente pra fazer tudo e mais um pouco. Inclusive entrar aqui pra escrever bosta, como acabou de fazer. 😉

      1. inclusive pra ficar fumando erva que passarinho não fuma e teorizando sobre estrelas que ninguem sabe se existem mesmo. e o povo pagando.

        1. “Estrelas que ninguém sabe se existem mesmo”… Diga isso por você.

          O que faz uma pessoa achar que é balela um fato só por não compreenderem o mesmo?

    2. Tenho certeza de que seus netos ainda vão dizer: “Como é que nossos avós não perceberam isso todo antes, nossa vida poderia ter sido muito melhor se eles não fossem tão tapados”.

      1. adorei a resposta luiz barros, aliás, esse pessoal que refuta a ciência deveria pensar exatamente assim mesmo: o que meus filhos e netos vão pensar de mim quando estiverem crescidos e o ser humano estiver enviando suas sondas para outras estrelas e o homem fincado o pé em marte? claro que o mesmo serve para aqueles que acham que a terra é plana.
        – manu… meu pai é um terraplanista pode?
        – o quê! fica quieto. não deixa ninguém ouvir, manu… se não vão te zuar.
        TERRAPLANISTA. REFUTADOR DA CIÊNCIA. FILHO DE DEUS. tenha piedade dos seus descendentes.

  10. A Terra não é plana?
    Não existe um domo com oceanos ou águas acima?
    Como vocês conseguem ver tão “longe” e ser tão preciso em “distâncias” se existe água acima e a “humidade” aumenta a grandeza das coisas?
    Primeiro você tem que provar que a Terra não é plana e não existe domo, pois isso está relatado até na enciclopédia americana, ou você vai falar que a enciclopédia Americana está errada?
    Não seria mais sensato você fazer um artigo científico de relevância e derrubar por exemplo a enciclopédia americana do que ficar falando essas coisas num “sitezin” desses?
    Se você trabalha com isso, leve a sério, debata com pessoas sérias e não com o varejo leigo.

    1. A esfericidade da Terra foi provada há mais de 2.300 anos. E qualquer pessoa não imbecil que analise os movimentos do céu (de dia ou à noite) ao longo do várias latitudes (ou seja, num sentido norte-sul) vai ter de concluir que a Terra é redonda. Então, se você é incapaz de fazer isso por você mesmo (olhar o céu e se deslocar algumas centenas de km para o norte ou para o sul), não encha o saco de quem já superou essa questão junto com o resto da humanidade, milênios atrás. Fique com seu atraso se quiser, mas não precisa compartilhar.

    2. Bom saber que a Internet já chegou até aí na Idade Média!

      E você é tão idiota, mas TÃO IDIOTA, que o “domo” da Enciclopédia nada mais é que o ponto mais elevado da Antártica:

      Site oficial do governo da Antártica:
      http://www.antarctica.gov.au/living-and-working/stations/other-locations/dome-a

      Trecho da enciclopédia que os idiotas veneram como “descrevendo o domo”:
      https://i.imgur.com/VpVOdDa.png

      O que o Almirante Byrd realmente escreveu:

      “superimposed by a great dome of snow and ice, and toward its center reaching in excess of 13,000 feet elevation.”

      https://i.imgur.com/63Q8rzs.png

      E convertendo 13,000 pés para metros:
      https://i.imgur.com/bAsrHjr.png

      Dá EXATAMENTE a altitude da montanha Dome, na Antártica:

      Confirmado pelos mapas de altitude da região:

      https://i.imgur.com/ljsNQ2g.png

      Domos são estruturas geológicas.

      http://www.radford.edu/jtso/GeologyofVirginia/Structures/GeologyOfVAStructures4-2g.html

      IDIOTA. XÔ, POMBO!

    3. Engraçado esse domo que você menciona. Para qualquer lugar que eu vou, sempre parece que eu estou exatamente no centro dele, haha…

    4. Cara, da vontade de chutar quando vejo tamanha burrice exacerbada com tanta petulância.
      Não! A Terra não é plana. Não! Não existe domo! Não, não existe água acima!
      A enciclopédia Americana não esta errada, vc que é desprovido de inteligência e não leu essa enciclopédia, mas leu isso em algum site idiota terraplanista.
      Provar? Já esta tudo mais que provado, vc q é idiota em cair nessa conversa fiada de Terra plana.
      Debater com pessoas sérias? Qualquer pessoa de bom senso, que tem um mínimo de estudo e conhecimento não cai na lábia desses farsantes.
      Esses fórum de terraplanistas são frequentados por um bando de idiotas, que esbravejam um monte de mentiras e achismos, e se acham inteligentes… quando vc apontas fatos que provam o erro, eles rapidamente sai com a pérola: pesquise a verdade no youtube!
      Só pode ser piada de um monte de farsantes e comediantes nada sérios.
      Como vc gosta de ser enganado e cai na lábia desses idiotas, artigos como esse do blog que falam de ciência e é sério te incomodam.

    5. É incrível como existem milhares de adeptos da Terraplana no Brasil. Acho que há uma regressão intelectual de milhares de pessoas. Só pode ser isso! Para afirmarem a veracidade de tal hipótese, devem ter, no mínimo, problemas cognitivos ou QI abaixo de 0, isto é, -10.
      Basta fazer uma ligação para alguém que more no Japão e perguntar que horas são e após isso, comparar com a hora aqui no Brasil.

  11. Professor, será que poderemos no futuro próximo chegar a um grau de sensibilidade dos instrumentos capaz de detectar o Planeta 9 através de ondas gravitacionais? Sem falar em outros objetos por aí, tipo exoplanetas!

    1. Não. O planeta 9 deve ser discretíssimo em ondas gravitacionais, dado a órbita gigante e o tamanho modesto. A boa e velha luz é o melhor caminho para achá-lo, se ele estiver lá.
      E pode dispensar o “professor”. 😉

          1. Perguntei se um dia conseguiremos detectar exoplanetas por meio de ondas gravitacionais! hehehe…

          2. Ah, acho que não. Seria uma técnica muito pior do que o redshift, que também é pautado por gravidade, mas está à mão já.

  12. Salva , voce se esqueceu do aniversario da vovo Sputnik.
    Nao devemos esquecer nossos idosos.vlw

    1. Não esqueci. Só não escrevi a respeito. Acho que é ressaca do material que fiz para o G1, com os 50 anos… rs

      1. Algo relevante estes dias esqueci de dizer.
        Esta que dia 13 agora passou outro vindo da mesma direcao
        pode estar no intervalo de cinco ou seis dias ou dez ou doze, estamos indo pra alca de mira , resta saber de quem , URANO?
        VLW

          1. Acredito que possa haver algum astro por la.
            Se imaginarmos que a wise-1049-5319(2013)
            e a wise 0855-0714(2014)
            so estveram descobertas a pouco tempo
            isso so quando sobreporam imagens de dois equipamentos(wise e Spriter, infra-vermelho e ultra- violeta),
            ai passa a entender como se tem dificuldade em captalas, elas estavam la des da bernard
            estrelas anas marrons como estas que chegam a temperaturas de – 48 a -13 C ou menos possao existir por la(J-Dec) de onde estao vindo estes asteroids de forma periodica e nao a vemos pelos equipamentos normais de observacao

  13. Parabéns Salvador pelo texto completo e didático, nada melhor que nesse momento tão extraordinário poder contar com vc para nos dar os detalhes !!! abraço!

  14. Olá Salvador, gostei desta matéria e gostaria de fazer duas perguntas. De acordo com Einstein, todos estes eventos são limitados pela velocidade da luz, porém, já temos conhecimento de elementos que excedem este limite, tais como os neutrinos, que provavelmente estão presentes em um evento como o descrito na matéria, envolvendo estrelas de nêutrons. Conforme uma matéria que li sobre experimentos do CERN, estas velocidades excedem a velocidade da luz em alguns bilionésimos de segundo. Só que, quando falamos em 130 milhões de anos luz, este tempo pode ser relevante. Perguntas: Esta distância não poderia ser diferente se levarmos em conta que alguns elementos resultantes deste evento talvez viajaram mais rápido que a luz? Pode existir esta possibilidade?

    1. Não, os neutrinos NÃO excedem a velocidade da luz. O pessoal do Gran-Sasso chegou a anunciar algo assim, mas mais para o resto da comunidade científica checar, e aí não precisaram nem de uma semana para mostrar que havia um erro sistemático nas observações. Os neutrinos NÃO excedem a velocidade da luz, e há uma ótima razão para acreditar que NADA pode exceder a velocidade da luz. Isso porque qualquer partícula com massa, segundo as equações, precisa de energia infinita para atingir a velocidade da luz. Como ninguém vai ter energia sequer infinita, que dirá maior que infinita, não há risco de violarem isso. O único jeito de a velocidade da luz não ser uma barreira definitiva é Einstein estar errado. Mas a quantidade de previsões que ele acertou dá hoje pouca esperança de que esse seja o caso. O que nem é uma coisa ruim, na verdade. Se houvesse coisas viajando mais depressa que a luz, a causalidade do Universo (ou seja, a relação de causa-efeito) poderia ser invertida. Má ideia.

        1. Eu não. Na história da ciência, quantas vezes lacunas pontuais nos obrigaram a buscar soluções sobrenaturais? Exatamente zero até agora. O track record é bom o suficiente para saber que o que nos falta, ainda que mude muito do que pensamos, ainda assim estará no mundo natural, e não em lances sobrenaturais.

          1. Acho que não me expressei direito. É muito comum as pessoas pegarem informações pela metade, ou desvirtuarem alguma coisa que leram/ouviram e já tomarem como verdade. Tipo, amanhã sai uma notícia de que “Cientistas TEORIZAM que ancestral comum ao homem e macaco pode ter vivido alguns milhões de anos antes”. Aí ouviremos/leremos “JÁ FOI PROVADO que o homem descente do macaco” ou “JÁ SABEMOS que os ancestrais do homem apareceram bem antes dos dinossauros” ou “A CIÊNCIA JÁ PROVOU que o homem nada teve a ver com o macaco”… Coisas desse tipo.

          2. Acho que as pessoas não entendem como a ciência funciona, o que corta para os dois lados. Por um lado, tudo que podemos é ter evidências conclusivas de que o homem e o chimpanzé são primos próximos (ancestrais no registro fóssil com morfologia intermediária, DNA muito parecido, como seria esperado de parentes), o que faz alguns dizerem que ninguém PROVOU que o homem e o chimpanzé são primos. Por outro lado, esse método de evidências conclusivas da ciência permite predições que tornam constrangedora a situação de quem quer negar os fatos, pois precisam descartar as evidências.

            Exemplo: a ciência prediz que, se homem e chimpanzé são primos, eles terão DNA muito, muito parecido. Isso é uma predição. Foi dito muito antes que alguém conseguisse sequenciar genomas. E, no entanto, quando a tecnologia apareceu, o parentesco se tornou evidente. Você sempre pode alegar: “Nah, isso só prova que homem e chimpanzés parecem parentes, não quer dizer que eles sejam”. E pronto, pode viver em negação, alegando que a explicação imensamente mais provável deve ser descartada porque sim e pronto. Mas eu duvido que um cara em negação tenha essa mesma facilidade de desprezar o óbvio se fizerem um teste de DNA em seu próprio filho e descobrirem que na verdade o filho não é dele. A esposa vai dizer: “Magina, amor, ele é seu filho sim. Ele só calhou de ter DNA que faz PARECER que ele é filho do padeiro.” Será que vai colar? Ou nesse caso todo mundo é capaz de aceitar a evidência científica?

            E como conciliar as noções de que um teste de DNA revela parentesco entre humanos, mas não revela parentesco entre espécies?

            Em resumo: quem entende ciência SABE que ela não PROVA realmente nada; por outro lado, também sabe que ela oferece o caminho mais simples para explicar o mundo, um caminho que é permeado de predições que se confirmam e que, portanto, são úteis e tendem a ser verdadeiras. (A ciência pode até não provar, em termos absolutos, que antibióticos matam infecções bacterianas, mas o fato de funcionar toda vez faz você valorizar as evidências conclusivas como a melhor aproximação da verdade que podemos ter.)

            Quem não entende ciência se divide entre os que acham que ela PROVA tudo (e que, no entanto, estão mais perto da aproximação útil da verdade) e os que acham que ela não vale nada (que se distanciam da verdade e negam evidências em favor de sua própria visão arbitrária de mundo). As duas visões estão equivocadas, mas a segunda é muito pior que a primeira, porque leva a decisões erradas com graves impactos para si mesmos e os outros (do tipo “transfusão de sangue é ruim”, “oração cura” e “vacinas causam autismo”).

          3. Salvador, o que você disse sobre explicações sobrenaturais me fez lembrar que ainda tais explicações “sobrrnaturais” não façam sentido, propostas contraintuitivas e estranhas fazem parte do sucesso atribuído à física quântica, de modo que eu não duvidaria de uma explicação “sobrenatural” que nos venha explicar, no futuro, o emaranhamento de partículas, por exemplo.

          4. A física pode ser contraintuitiva, mas não sobrenatural. Sobrenatural, por definição, é um fenômeno que não é regido por leis naturais. Logo, não é compreensível a partir de seu estudo. Logo, não pode guiar a física ou qualquer outra ciência natural.

      1. Salvador, o que você acha da “hipótese do planetário”? É uma das hipóteses que explica o Paradoxo de Fermi. De acordo com ela, todo o universo foi “concebido” para que pensássemos estar sozinhos. Isso faz sentido para mim quando falamos da velocidade da luz e da impossibilidade de ultrapassá-la. Estamos vendo, aqui da Terra, o universo inteiro como ele era no passado. E, se nunca conseguirmos driblar as vastas distâncias cósmicas, ficaremos com essa visão melancólica dos astros como eles ERAM, e não de fato como eles SÃO. Isto, de certo modo, é uma realidade simulada ou, no mínimo, retardada a nossos olhos. Será que as leis cósmicas foram deliberadamente programadas dessa forma? 😛

        1. Acho que não. A velocidade da luz é o que permite o Universo ser igual para todo lugar E ainda assim preservar as relações de causa-efeito. Se tem alguma coisa que a relatividade geral faz bem é preservar a noção de que NÃO estamos num lugar especial ou particular do cosmos. Todos os pontos de vista do Universo são igualmente válidos. E, se coisas começassem a viajar mais depressa que a luz, teríamos violações causais, o que também não seria bom.

          Note, contudo, que a relatividade geral não é um impedimento às viagens interestelares. Você pode atravessar a galáxia a 99,9999% da velocidade da luz e chegar do outro lado em duas semanas apenas. Na Terra, terão se passado 100 mil anos. Mas para você apenas duas semanas.

          1. Mas você não acha que a relatividade impõe um tempo único aonde quer que se vá? Nós nunca teremos civilizações como na ficção científica, visto que se percorrermos as estrelas em velocidades próximas à da luz, o tempo do viajante será totalmente diferente daquele dos habitantes dos planetas. A menos que disponhamos de buracos de minhoca, a hipótese do planetário se mantém. Onde quer que formos, teremos uma visão discrepante do resto do universo, posto que ele sempre estará mostrando um tempo completamente diferente do nosso. Ou seja, a realidade que percebemos em um dado lugar do universo não é aquela presente, o que implica que sempre estaremos vivendo em uma simulação, um espelho do passado.

          2. A hipótese do planetário não se mantém porque você pode ter um planetário diferente do dos outros. Se você quiser dizer que o Universo é composto por um número quase infinito de planetários, tudo bem. Mas claramente não estamos todos limitados a um só referencial. Pelo contrário, a relatividade geral diz que cada um tem suas próprias definições pessoais de tempo e espaço — ela diz que cada ponto de vista tem o seu próprio planetário! Muito mais econômico, para o conceito de planetário, seria ter um único planetário, com espaço e tempo imutáveis (ou seja, com um referencial preferencial), em que estivéssemos sozinhos no Universo E o Universo fosse pequeno. Poderia ser só o Sistema Solar. Ou só a nossa galáxia. (Por sinal, com a expansão cósmica, em muitos bilhões de anos, acabaremos só com a nossa própria galáxia em todo o Universo observável.) Mas não. É um Universo rico em possibilidades, com um planetário para cada um. Não para em pé essa ideia.

          3. Eu não consegui ser muito claro nesta questão, me desculpe. Mas a ideia que eu tenho da relatividade é essa mesmo que você disse: ela cria inúmeros “planetários” baseados no observador/referencial, de modo que nunca acessaremos a realidade vivenciada por outros referenciais distantes. Isto é, viveremos em nossa bolha (“planetário”) para sempre, e tudo que existe ao redor não passa de uma realidade paralela, inacessível, simulada. Se um dia criarmos buracos de minhoca, esse fenômeno poderia ser contornado, mas com a consequente violação da relação de causa e efeito no universo e, talvez por isso, eles sejam proibitivos.

            Bom, esta é a visão que eu tenho como leigo. Professor deve saber muito mais 😀

          4. Antes, vamos tirar uma coisa da frente: não sou professor e não sei muito mais que ninguém. Sou jornalista, curioso e só. Mas o instrumento que eu tenho para sondar a realidade é o mesmo que o seu — o cérebro humano. Estamos em pé de igualdade. 😉

            Tendo dito isso, acho que você está errado. Podemos vivenciar outros referenciais distantes. É só ir até lá. Como eu disse, não há nada proibitivo. O que estou dizendo é que sua lógica tem um furo interno: você apresenta a a relatividade como uma teoria que suporta a hipótese do planetário como uma hipótese econômica, que precisa de menos informações para ser construída, do que um Universo inteiro acessível instantaneamente exigiria. Estou te apontando que é o inverso disso; a relatividade geral suporta a teoria do “um planetário para cada um”, que é nada econômica, e muito mais rica do que se tivéssemos um Universo com espaço e tempo universais, sem limites de velocidade, e acessibilidade instantânea.

            Imagine que você leve um gravador até Alfa Centauri, que registre tudo que se passa lá. Aí você vivencia a vida aqui, no sistema Sol, gravando tudo também. Você pode depois emparelhar as duas gravações e saber exatamente o que aconteceu lá quando algo acontecia aqui. Você não pode vivenciar pessoalmente as duas coisas ao mesmo tempo (o que é muito saudável, por conta da causalidade!), mas isso não quer dizer que a informação do outro referencial não exista no Universo quando você não está lá. Ela existe. É um planetário para cada um, e as equações da relatividade são justamente o que permite alinhar todos os planetários na mesma realidade, que é muito mais rica, no seu conjunto, do que um único planetário.

          5. Então, Salvador! Nós concordamos nisso aí. A relatividade é o planetário de cada um, conectados no mesmo espaço, sob as mesmas regras. A questão que levantei (e que não fui claro o bastante para explicar) é que cada planetário tem seu próprio tempo. Voltando ao Paradoxo de Fermi: talvez não tenhamos encontrado outras civilizações porque o tempo corre de maneira diferente de acordo com o seu referencial. Não dá para saber como uma civilização avançada lida com esse tipo de coisa. Não tem como ela se expandir no espaço se ela não arranjar uma forma de lidar com os planetários de cada um. Por isso que acho que estamos presos à nossa “bolha”. Enfim… desculpa tomar seu tempo com elucubrações.

          6. Rapaz, isso não faz sentido. Embora cada um tenha o seu planetário, nada impede um contato. Só é lento. Mas tudo bem. É lento também falar com Marte ou Saturno, e você não dirá que estamos limitados a ficar na Terra só porque tem delay nas comunicações. Se civilizações avançadas colonizam a galáxia, dá para fazer um bate-papo com elas com mensagens em intervalos de 10 ou 20 anos. É lento, mas não impraticável.

          7. Por que passaria apenas duas semanas pra quem atravessou a galáxia a 99,9999% da velocidade da luz? Qual é a relação tempo-espaço que define isso? Eu sei que quanto mais próximo da velocidade da luz mais lento o tempo passa. Aproveito pra dizer que amo astronomia e sou ávido pra saber cada vez mais desse universo estupendo. Adoro suas matérias. Abçs!!

          8. Bom, 20-30 anos não é impraticável. O problema é que uma galáxia anã tem pelo menos uns 5.000 anos-luz de diâmetro. Qualquer civilização aí seria impraticável. Digo, a troca de informações, se depender da relatividade, seria absolutamente inviável. Por isso, estamos numa bolha, num planetário. Se formos capazes de viajar pelas estrelas, a informação que temos em nosso tempo pode ser irrelevante para outro observador. Tudo que vemos ao redor está em outro tempo e a nossa visão diz respeito apenas a nós mesmos.

            Esse fenômeno é bem explorado no livro “Guerra sem Fim”, do Joe Hadelman, um clássico da ficção científica. Já leu ou ouviu algo a respeito dele? É uma alegoria da Guerra do Vietnã e descreve a situação de um veterano de guerra que volta para casa e encontra um país totalmente diferente daquele que ele se lembrava. Mas o autor extrapola o enredo, imaginando uma guerra futurística que ocorre entre a Terra e outros planetas. Nela, o narrador (um soldado da força expedicionária terrestre) sai em campanha em naves que chegam a velocidades relativísticas enormes. Como consequência, toda vez que volta à Terra, a sua experiência se torna mais e mais bizarra, pois, enquanto se passaram meses na nave, no planeta natal transcorreram décadas.

            Isso talvez explique o Paradoxo de Fermi: não existem civilizações interplanetárias ou galáticas porque, se não há como driblar a relatividade, estamos presos ao nosso planetário para sempre.

      2. para mim o plasma sofre uma maiior acao da gravidade do que a luz.
        por isso atravez de interacao especifica como efeito pendular sobre alguns astros, possa a vir estar catapultado(acelerado) acima a velocidade da luz.
        como a tecnica usada para acelerar sondas usando a forca gravitacional de planetas.
        ao mesmo tempo tambem pode se manipular o efeito reverso de desaceleracao da luz.
        vlw.

  15. Bom dia Salvador.

    Parabéns mais uma vez pelo excelente texto. Impressionante como você consegue nos fazer entender os eventos mais complexos. Abraço.

    1. Minérios não, elementos químicos. Depois esses elementos químicos vão se misturar a rochas, e aí vamos encontrá-los nos minérios. Mas estamos falando da formação de átomos puros e individuais. Tirando esse lance conceitual da frente, vamos aos fatos. (E não prenda a respiração para chegar ao final. rs)

      No Big Bang, o cosmos se expandiu muito depressa e se resfriou idem. Mas, nessa fase inicial, ele ainda era muito quente e denso — ou seja, era parecido com o núcleo de uma estrela, em que a energia é tão grande que as partículas elementares estão em profunda agitação. No começo, por sinal, ele era mais quente que o núcleo de uma estrela. Conforme foi se expandindo e resfriando, essas partículas elementares (quarks e glúons) coalesceram para formar os primeiros prótons e nêutrons. Um próton só é basicamente um núcleo de hidrogênio, o elemento mais simples da tabela periódica. Conforme o resfriamento e a expansão continuaram, ainda deu tempo de esses primeiros prótons e nêutrons colidirem entre si para formar núcleos atômicos de hélio, o segundo da tabela periódica (com dois prótons no núcleo). A expansão continuou e até deu para formar uma pitadinha de lítio (o terceiro elemento, com, você adivinhou, três prótons no núcleo), e a partir daí a expansão se tornou tão grande que as partículas não se encontravam mais — terminamos com um Universo permeado por um gás ionizado de hidrogênio, hélio e um cadinho de lítio.

      Era um Universo bem sem graça esse dos primeiros minutos. E o gás seria totalmente homogêneo não fossem algumas flutuações quânticas que variaram um pouco sua concentração aqui e ali. Conforme a expansão continuou, por conta dessas pequenas variações (“anisotropia”, para os íntimos), que podemos ver “impressas” na radiação cósmica de fundo, algumas regiões ficaram com um pouco mais de gás do que outras. Era tudo que a gravidade precisava — um desequilíbrio — para realizar a sua mágica.

      A força gravitacional fez as regiões mais densas se compactarem mais, criando bolsões de matéria. Esses bolsões, nuvens de gás primordial do Big Bang, formariam as primeiras estrelas e meio que delineariam a estrutura das primeiras galáxias.

      Uma estrela nada mais é que uma nuvem de gás comprimida numa bolota. A gravidade vai comprimindo, comprimindo o gás, a pressão interna vai aumentando, com ela a temperatura, até que chega um momento em que a região central da estrela em formação, seu núcleo, atinge uma densidade parecida com aquela que tivemos no princípio do Universo — naquelas condições os núcleos de hidrogênio (90% da matéria original do Big Bang) começam a grudar uns nos outros e formar, você adivinhou, mais hélio. Uma pequena parte da matéria é convertida em energia nesse processo, e essa “pequena” parte é a luz que sai das estrelas. Essa luz exerce uma pressão de dentro para fora que compensa a gravidade querendo esmagá-la de fora para dentro.

      Legal, nessa estabilidade a estrela fica por pelo menos alguns milhões de anos nessa condição (o tempo depende basicamente do tamanho da estrela, quanto maior, mais rápido ela consome seu combustível interno, o hidrogênio primordial) até que acaba o hidrogênio no núcleo. Aí ela se comprime mais pela gravidade, a temperatura no núcleo sobe um pouco mais, e ela começa a fundir o hélio. Grudando átomos de hélio, ela se estabiliza por mais um tempo, e produz elementos mais pesados da tabela periódica, como carbono (6 prótons). A mistura de carbono e hélio aí começa a produzir outros elementos, como oxigênio (8 prótons) e assim, numa sucessão de processos assim, o núcleo da estrela vai preenchendo o resto da tabela periódica, até chegar num limite fundamental: o ferro. Ele tem 26 prótons no núcleo, mas o mais importante sobre ele é que, se você tentar fundir átomos de ferro, como estava fazendo com os menores, você gasta mais energia do que ganha depois que a fusão acontece. Ou seja, esse processo já não serviria mais para manter a estrela estável, compensando a força de fora para dentro da gravidade com uma força de dentro para fora da fusão nuclear.

      Resultado? Para as estrelas de alta massa, isso leva a uma implosão descontrolada, que por sua vez tem um efeito rebote como uma enorme explosão cataclísmica — uma supernova. Os elementos produzidos pela estrela — principalmente até o ferro, mas também uma módica quantia de elementos mais pesados, fabricados numa reação endotérmica (ou seja, que gasta mais energia do que gera) induzida pela intensa explosão — são então espalhados para nuvens de gás próximas, onde novas estrelas e planetas se formarão já “semeados” por esses elementos.

      Mas a história ainda não acabou. Cientistas sabem, por análises de física nuclear, que as supernovas não seriam particularmente boas para produzir alguns desses elementos mais pesados que o ferro, como ouro e platina. Ou seja, precisávamos de uma explicação adicional para saber de onde eles vieram.

      Voltemos à nossa estrela, que detonou como uma supernova. Boa parte da matéria dela foi espalhada pelo espaço, mas o núcleo denso ficou por lá, onde estava, contraído pela gravidade. Se ele tiver muito mais que duas vezes a massa do Sol, a contração será tão violenta que ele se tornará um buraco negro. Se ele tiver menos que isso, a energia que impede partículas de cair umas nas outras ainda será suficiente para manter uma estabilidade. Os elétrons, coitadinhos, caem nos prótons, que aí viram nêutrons. Mas essa bolota de nêutrons, rodeada por uma casquinha e uma nuvem de elementos pesados fabricados pela estrela que não chegaram a se desestabilizar, permanecem por lá. Temos uma estrela de nêutrons.

      Muitas estrelas nascem em pares, então temos também muitos pares de estrelas de nêutrons. Elas giram ao redor da outra, mas a teoria da relatividade geral diz que esse giro, com o tempo, tem de ir diminuindo, com parte da energia “gasta” como ondas gravitacionais. Em um dado momento — como o que vimos agora! — haverá uma colisão. Nesse processo de colisão, estamos vendo uma reação muito, muito energética que combina muitos nêutrons — o grosso das estrelas de nêutrons — aos átomos da casquinha e da atmosfera desses cadáveres estelares. Esses nêutrons ganham muita velocidade, graças à colisão violentíssima, e acabam trombando em núcleos atômicos, levando a uma reação em cadeia que fabrica exatamente os elementos que nos faltavam nas supernovas, como ouro (79 prótons no núcleo) e platina (78 prótons).

      Isso tudo a teoria previa — os cientistas já esperavam que as colisões de estrelas de nêutrons fossem a resposta para povoar o Universo com os elementos faltantes da tabela periódica, conforme observamos na Terra e no resto do Universo. O que, por si só, é extraordinário. Eles podiam, com base no que entendemos de física atômica, fazer uma PREVISÃO de um fenômeno que ainda estávamos por observar e descrever como ele deveria acontecer? Se fosse “só” uma teoria, como gostam de desprezar os anti-ciência, o resultado poderia ser completamente desalinhado da predição.

      Ocorre que não foi. A coisa bateu mais ou menos na mosca com o que se esperava. E isso é extraordinário. Somos capazes de, usando o que aprendemos sobre física básica, descrever objetos, colisões e reações que jamais vimos em laboratório ou mesmo na natureza. Uau.

      Certo, para terminar, como sabemos que a tal quilonova — a colisão das estrelas de nêutrons — gerou mesmo esses elementos? Recorremos para isso ao “espectro” das estrelas.

      Sabe um arco-íris? Aquilo é basicamente um espectro da luz visível do Sol. A luz do Sol, branca, atravessa gotículas de água na atmosfera, e aí ela é separada em suas cores. Isso porque a refração da luz feita pela água (que age como uma lente) desvia cores diferentes por graus diferentes. Então a luz é separada em suas componentes, de acordo com a energia (vermelho tem menos energia, violeta tem mais energia).

      Essa mesma coisa pode ser feita em laboratório com um prisma — um poliedro de vidro — e com isso podemos analisar detalhadamente a luz de um objeto qualquer. O Sol, naturalmente, foi o primeiro que olhamos. E descobrimos uma coisa muito interessante — no espectro, em meio às cores, havia umas linhas escuras bem fininhas, como se estivessem faltando algumas “faixinhas de cor” no arco-íris.

      Os cientistas acabaram descobrindo que essas faixinhas correspondem aos átomos e moléculas que emitem a luz que estamos analisando. Se uma linha aparece preta, significa que certos átomos e moléculas estão absorvendo (em vez de emitindo) luz naquele exato comprimento de onda, e por isso ele não aparece na luz que analisamos. E descobrimos também, com testes em laboratório e previsões teóricas, que cada átomo e molécula tem seu padrão específico de faixinhas escuras. Uau. Com isso, podemos, por exemplo, saber que átomos existem na superfície do Sol.

      Pois bem. Astrônomos usam essa técnica para estudar todos os astros celestes. E eles naturalmente fizeram isso com a quilonova. E o que eles encontraram? As faixinhas esperadas para uma fábrica de ouro, platina e outros elementos mais pesados que o ferro bem ali, exatamente como predizia a teoria!

      Resultado, de posso de todos esses dados, confirmamos que esse é o jeito que o Universo usa para fabricar esses elementos. E aí fica fácil presumir que uma colisão de estrelas de nêutrons gerou uma quilonova bilhões de anos atrás, que espalhou ouro e platina pelo espaço circundante, “poluindo” uma nuvem de gás que eventualmente se compactaria pela gravidade para formar o Sol e seus planetas. Parte desse ouro se misturou a outras partículas de rocha e gelo, para formar a família solar, dentre eles a Terra. E aí, bilhões de anos depois, uma espécie de primata mais inteligente que seus primos achou que era uma boa ideia escavar o chão em busca de metais úteis, e adivinha o que eles acharam? O ouro fabricado na quilonova.

      Veja como a ciência conecta toda a natureza, das profundezas do espaço à correntinha de ouro que você carrega no pescoço. Ela nos permite entender A NOSSA HISTÓRIA e como ela se conecta com A HISTÓRIA DO UNIVERSO. É bonito demais, moça.

      Desculpe a resposta imensa. Mas espero que você a julgue proveitosa.

      1. Um livro inteiro, num único comentário !
        Você está de parabéns, Salvador.
        Júlia, você também está de parabéns.
        Com uma simples pergunta desencadeou a explicação de toda a formação do universo.
        Salvador, assim que possível corrija no seu texto a informação sobre “reação exotérmica”, pois você queria dizer reação endotérmica, que é aquela que consome mais energia que produz.

      2. Nossa, copiei esse texto e joguei no meu e-mail, para quando precisar… show de resposta hein!! Parabéns!

        Leonardo.

      3. Pelamadrugada!
        Me passa tua conta bancária pra eu transferir o valor da aula!
        Parabéns Salvador!

        1. Hehe, já sou recompensado financeiramente pela leitura do blog. Continue lendo, e é só. 😉

      4. Brilhante, magnífica, estelar, sideral explanação, caríssimo Salvador!!!! Até nós, os leigos, pudemos entender perfeitamente como a nossa História se conecta com A História do Universo… Aliás, até responde magistralmente àquela “interrogação” que incomodava todos nós: “De onde viemos…”!!! À propósito, desculpe a ousadia da pergunta, massss, naquela parte(voltando à estrela que detonou como uma supernova) da sua deslumbrante resposta, por algum acaso suas palavras “a energia que impede partículas de cair umas nas outras…”, teriam alguma coisa à ver com “energia escura”????

        1. Não, a força que impede as partículas de caírem umas nas outras é a pressão de degeneração dos elétrons, descrita pela mecânica quântica.

      5. Muito legal seu post em forma de comentário. Admiro muito seu trabalho e também o acompanho no youtube.

        Porém, fiquei com uma dúvida e até achei meio contraditório com o informado do post original.

        Foi dito que a taxa de expansão do universo de 70 km/s para cada 3,26 mi de anos luz de espaço. Me corrija se eu estiver errado, pois essa taxa não é nada depressa se no inicio quase não havia espaço.
        Então, para universo se expandir a um tamanho suficiente para se resfriar, levaria alguns milhões ou talvez bilhões de anos, não? Como pode os eventos iniciais do big bang terem ocorrido em segundos ou minutos?
        Se o universo está acelerando, imagino essa taxa de expansão era ainda menor no passado longínquo. Ainda tem o fator força da gravidade que eu nem vou citar pra aqui, não ficar muito extenso.
        Há alguma teoria que explica essas coisas? A relatividade de Einstein comprova isso?
        Se eu viajei na maionese me desculpe!

        1. Não, essa taxa de fato não é violentamente alta. Essa é a taxa atual de expansão. No passado, a taxa foi muito mais alta. Ela foi inclusive mais rápida que a luz por alguns instantes (a chamada inflação cósmica), e depois reduziu a valores mais modestos, freando gradualmente até uns 8 bilhões de anos depois do Big Bang, para depois voltar a acelerar, graças à energia escura.

          1. Caramba! Houve uma expansão mais rápida que a luz.!! Einstein e relatividade foram pro ralo agora, hehe. Mais um bom mistério que talvez o estudo de ondas gravitacionais consiga explicar.
            Obrigado pela resposta. Bom fim de semana.

          2. Não, não foram. Einstein não proíbe que o espaço se estique mais rápido que a luz. Einstein proíbe que algo trafegue PELO ESPAÇO mais rápido que a luz.
            Abraço!

          3. Interessante. Mas nós entendemos essa expansão inicial ou ainda ela ainda é uma suposição para explicar o que ocorreu no início?
            Novamente obrigado!

          4. Depende do que você chama de “entendemos”. Nós temos modelos que sugere por que ela teria ocorrido, mas não conseguimos ainda confirmá-los porque nossa informação mais “antiga” do Big Bang é a radiação cósmica de fundo, que apareceu depois dessa expansão exponencial. Se um dia pegarmos as ondas gravitacionais do Big Bang, poderemos cobrir esse espaço até uma fração de segundo depois do começo e confirmar a expansão inflacionária.

      6. Salvador, acompanho seu blog semanalmente. E posso dizer: essa resposta foi, simplesmente, espetacular. Ouso dizer que foi melhor, inclusive, que os episódios de Cosmos com Neil de Grasse. Parabéns.

  16. Admirável, Salvador!
    A soma das massas das duas estrelas de nêutrons é insuficiente para formar um buraco negro, certo?
    Existem buracos negros formados a partir de estrelas de nêutrons?
    Um abraço!

    1. Pode ser, pode não ser. 1,3 + 1,5, em princípio, dá buraco negro. Mas quanta massa foi dissipada na explosão e na emissão das ondas gravitacionais? Quanto sobrou? Se sobrou um pouco mais que 2, deve ser buraco negro. Se sobrou menos, deve ser estrela de nêutrons. E como a detecção das ondas não incluiu a formação do objeto final (que emitiu numa amplitude menor que a sensibilidade do LIGO) não sabemos quanta massa sobrou, e o que formou lá.

        1. Nada acontece por acaso. Os números não mentem jamais. As cartas tudo sabem. Os astros influenciam a sua vida. Os búzios dirão a resposta.

          Soa familiar?

        2. Por mais que você não goste da ideia de que não existe uma divindade mágica que te criou, ou está controlando a sua vida, a verdade é essa mesmo. Brahma não existe. Nunca existiu. Mas, (não estou falando da cerveja) você deve ter nascido no Brasil. Então, provavelmente você é adepto do cristianismo, não importa se é católico, evangélico, ou “etc”… Dá na mesma. Outra religião, outro deus que não existe.

          Hã? Vai dizer que o seu existe? Ah, vá…

  17. credo tanto estardalhaço pra essa notíciazinha borocochô. Tá faltando uma enxada pra essse pessoal.

  18. Salva, se as estrelas de nêutrons emitem radiação pelos polos magnéticos, podemos dizer que elas estão “evaporando” e um dia daqui a um zilhão de anos, irão se apagar e desaparecer?

    1. Não sei se esse processo se estabiliza em algum momento. Desconfio que chega uma hora em que não tem mais como emitir radiação, pois a perda de energia já foi grande demais. Mas certamente estamos falando de escalas de tempo muito maiores que o atual tempo de vida do Universo.

  19. Textão hein! 😛

    1- Pelo que entendi, se o pessoal não tivesse o sistema automatizado detectando eventos de interesse, as chances de nem sabermos que esta colisão iria acontecer seriam altas?
    2- Ondas gravitacionais se comportam exatamente como luz quanto quando dentro do horizonte de eventos de buracos negros: não escapam?
    3- Quanto tempo mais ou menos continuaremos a receber os vestígios da colisão?

    1. 1- Seria estúpido ter os detectores e não ter um sistema de alerta associado, mas, sim, se não tivéssemos um sistema de alerta, perderíamos a maior parte da festa, ficando só com o disparo de raios gama e as ondas gravitacionais, sem ver a evolução da quilonova.
      2- Nunca vi ninguém falando isso. É uma ótima pergunta. Em tese, acredito que sim, pois a mesma teoria que prevê as ondas gravitacionais sugere que os buracos negros não são meramente lugares de onde a luz não pode escapar, mas lugares em que o espaço-tempo é sem fundo… ou seja, a onda gravitacional entraria lá, mas nunca mais sairia, pois nunca chegaria ao “fundo do poço” gravitacional.
      3- Não sei se ainda temos vestígios a essa altura. Sei que pelas primeiras semanas tivemos. Mas um evento menor que uma supernova numa galáxia a essa distância não deve durar muito mais tempo…

      1. Salvador, tinha pensado exatamente isso, as deturpações que as ondas gravitacionais podem sofrer no espaço durante todo esse tempo e percorrendo toda a distância. Não há risco de perda de dados exatamente por conta da dilatação espaço-tempo no meio do caminho?

        1. Perda de dados, acho que não. Mas talvez seja preciso levar em conta os efeitos da dilatação para modelar adequadamente as ondas. Contudo, como o alcance da detecção nos restringe ao Universo próximo, a dilatação não é tão relevante.

  20. Admirável responder a todos…
    Mas… Vós que sois o Salvador:
    Em vossa resposta ao Elder (calou-se quiçá por sabedoria), não entendemos o não terdes entendido a lógica da necessidade de uma inteligência ou gerência para algo “especialmente delineado” (as permita-me duplicar palavras vossas), para não dizer fantasticamente complexo e exato, seja esse algo um único multiverso ou múltiplos universos ou qualquer estrofe…
    Grato pela atenção! Paz!

    1. Eu explico:
      A lógica dele é que, como o Universo é fantasticamente bem sintonizado, deve existir um Deus por trás.
      Eu repliquei dizendo que, se o nosso Universo fosse apenas um de infinitos Universos diferentes num multiverso, não precisaríamos de um Deus por trás, porque, em meio a infinitos Universos diferentes gerados aleatoriamente, ou seja, sem sintonia por parte de uma entidade consciente, ainda assim teríamos um como o nosso, aparentemente fantasticamente bem sintonizado.
      Ou seja: o raciocínio dele de que um Universo fantasticamente bem sintonizado deve implicar a existência de Deus não é totalmente verdadeiro; se você tiver um multiverso com infinitos Universos sintonizados aleatoriamente, terá pelo menos um — e possivelmente mais — universos fantasticamente bem sintonizados como o nosso, sem a ação de uma entidade consciente.
      Moral da história: você pode acreditar em Deus, mas também pode não acreditar em Deus, pois há soluções alternativas (e igualmente inverificáveis) para o paradoxo do “universo fantasticamente bem sintonizado”.
      É só isso. Espero que você tenha conseguido entender a MINHA lógica. rs

      1. Curioso que mesmo sendo teísta, essa lógica me parece muito familiar com a lógica do Chaves: Ele tinha certeza que o homem invisível estava na vila, porque ele não estava vendo!

        1. Hehehe, pois é.
          Eu não entendo a dificuldade de aceitar que Deus, ou qualquer noção religiosa, é questão de FÉ. Ou seja, por definição, não se pode testar, deduzir ou provar. Ou você acredita ou não acredita. E tudo bem. Segue a vida. A ciência fala de verdades universais, e a religião fala de verdades pessoais. Somos todos pessoas. Verdades pessoais também são importantes. Você só não pode querer que a sua verdade pessoal seja importante para OUTRA pessoa. Mas para você? Vá em frente, viva fervorosamente suas verdades pessoais! Elas têm valor — para você!

      2. as pessoas inventam deuses para tentar justificar o que desconhecem ou aquilo que se esforçam para manter no âmbito do desconhecido. É como o caso da Terra plana, beira o ridículo e ainda assim tem um monte de gente dando corda para uma mentira grossa dessas.

        deuses foram sendo confeccionados para justificar os arredores do ser humano e, mesmo sendo divindades, recebiam características humanas, como a necessidade de reproduzir ou ser aceito pela comunidade. Existem mais semelhanças do que diferenças entre os deuses e inclusive o falso deus cristão que tem “irmãos” iguais e diferentes nas demais religiões que negam certas coisas para “justificar” o injustificável. E sair acreditando em invenções é ridículo, antes fosse como estamos vendo agora quando temos detectores supersensíveis que perceberam um evento poderoso desses e ainda há outros equipamentos mais sensíveis para detecção de partículas capazes de atravessar o nosso planeta como se não existisse, pois, a matéria é feita de grandes vazios. Nem estes detectores perceberam em momento algum um tipo de manifestação divina porque essas divindades não existem, sequer um mísero fantasma de alguma alma penada passou por lá. Apenas nossas fantasias infantis sustentam essa imaginária existência de divindades.

        agora, do ponto de vista da matéria é totalmente desnecessário a existência de uma vontade divina para que o Universo fosse criado. Estamos falando de energia bruta e o máximo que a matéria pode fazer é se transformar, como no caso dessas colisões, e olha que estamos diante de uma das mais potentes colisões entre estrelas que perdem apenas para buracos negros e, provavelmente, essa colisão estudada gerou um buraco negro.

        agora a invenção de deuses nasce da experiência humana e são montados com base em nossas limitações. Uma divindade real jamais iria ter a mínima necessidade de ser bajulada por humanos, então, um ser autônomo com poderes infinitos não nos criaria e o resto das ideias inventadas são para a lógica da dominação como o caso de alguém ser mais poderoso ou influente, mais rico e ter posses e também até as guerras e suas matanças e como a própria escravidão humana. Tudo aberração justificada por religiões focadas nos desejos e necessidades humanas, tanto é que as coisas são modificadas conforme o tempo passa, pois, antes se aceitava facilmente a bíblia falar da escravidão e da submissão das mulheres à vontade de seu marido ou pai, até incesto era permitido. Hoje os deuses invetados mudam de foco o tempo todo, sempre se “adaptando” ao novo conhecimento gerado e, pior, sempre “fugindo” de serem detectados pelos instrumentos de Estudo da Ciência.

  21. Só tenho uma pergunta, se as ondas gravitacionais se propagam à velocidade da luz, pq o delay (dito de segundos) entre sua percepção e a observação da luz (independente do espectro) percebida pelos satélites?

    1. Não tem delay. A luz foi emitida dois segundos depois (após a colisão, enquanto as ondas gravitacionais detectadas foram até o ponto do início da colisão e depois sumiram por falta de sensibilidade do detector) e chegou dois segundos depois.

  22. Salvador, quando olhamos para objetos cosmicos distantes, a bilhoes de anos luz, basicamente estamos olhando para o passado, certo? Ou seja, o que “vemos” hoje corresponde a um estado de coisas que no presente em seu local, esta de outra maneira. É possivel que as descricoes da teoria da relatividade, e nossos entendimentos das leis da fisica baseados nessas observacoes, estejam desatualizados, ou nao sejam mais verdadeiros nesses pontos distantes?

    Por exemplo, a questao da expansao acelerada, hoje quando olhamos as galaxias distantes elas estao se afastando, mas no presente proximo delas, essa situacao ja nao aconteca mais, e quando observarmos denovo daqui n bilhao de anos elas estajam aproximando?

    1. Não, porque a teoria da relatividade geral descreve com precisão (de impressionar!) a evolução do Universo desde o Big Bang até hoje (inclusive com a energia escura, pela inclusão por Einstein de uma constante cosmológica nas equações). Se a teoria consegue descrever a evolução do Universo e simulações baseadas nela reproduzem o que vemos em todas as épocas, das mais próximas (recentes) às mais distantes (remotas), é sinal de que a teoria teve validade universal ao longo da história do Universo, no espaço E no tempo. (Há alguns teóricos que brincam com a possibilidade de uma variação das leis da física no passado, mas aí estamos falando de um passado realmente remoto, frações de segundo após o Big Bang, onde as coisas ainda são um pouco mais controversas por falta de observações relativas a essa época. O português João Magueijo, por exemplo, aventa que nessa época a velocidade da luz pode ter sido diferente, o que basicamente desmontaria a validade da teoria da relatividade nesse período. Contudo, é complicado aventar esse tipo de coisa sem ter uma boa razão ou evidências de que seja o caso. Por ora, o mais seguro é presumir que as leis da física se mantiveram “honestas” desde o Big Bang até hoje. Certamente desde 380 mil anos, época da radiação cósmica de fundo, até 13,8 bilhões de anos, a cartilha foi seguida rigorosamente pelo Universo.)

      1. Bom, entao basicamente as simulacoes baseadas na relatividade convergem com as observacoes ate 380 mil apos o BB ? Presumo entao que simulacoes tenham sido feitas para t= 13,8 bilhoes + N, ne? O que elas apontam?

        1. Na verdade, a simulação vem desde antes de 380 mil anos. Vem desde o Big Bang mesmo. Mas não temos dados de antes de 380 mil anos para confrontar diretamente a simulação. Temos apenas o lance da nucleossíntese, que é uma pista ótima dos primeiros minutos do Big Bang, mas é indireta. Sabemos que pela simulação, deveria haver certas quantidades de hidrogênio, hélio e lítio fabricadas nos primeiros minutos, e é isso que encontramos no Universo mais velho, o que nos dá uma boa pista — embora indireta — de que sabemos o que aconteceu nesses minutos aí.

          Mas imagino que sua pergunta diga respeito ao futuro do Universo. Se a energia escura tem a intensidade medida hoje e se comporta como a constante cosmológica de Einstein, o Universo vai se expandir para sempre, até atingir sua morte térmica — uma diluição completa.

          1. Sim, a pergunta era mais voltada pro comportamento futuro do universo.

            Sendo que ele esta em ritmo de expansao acelerada, eventualmente a densidade de materia barionica, que ja é baixa, vai se tornar infima, e dai o paradoxo de Fermi vai ganhar mesmo!

            Eu entendo que seja uma pena perder as evidencias em Marte por exemplo, de vida passada,/presente – atraves de um processo de terraformação, mas penso que o futuro da humanidade passa por isso, que deveria começar a ser aventado algo nesse sentido pra daqui uns 50/100 anos.

  23. O mais incompreensivel no Universo e que ele e compreensivel.
    Somente um ‘Big Bang’ previo geraria energia para gerar o Big Bang que gerou o Universo atual, este que prescinde de um Deus. O Espaco, O Tempo, A a ausencia de Luz e talvez um quarto ou quinto elemento ainda desconhecido mas que prescinde de um Deus, sempre existiram e nao podem ter sido jamais criados. Esse outro ‘Big Bang’ previo, que foi o ‘gatilho’ do Big Bang a que se conhece, nada mais foi de que, ao contrario desse nosso Universo que se expande, se contraiu em si mesmo, em escala microscopica, culminando na ignicao da explosao tao conhecida por Big Bang num ponto em escala atomica. Ai sim. iniciou-se a expansao do Atual Universo no sentido inverso, ou seja, macroscopicamente. Ai vem a pergunta: mas quem pos o “outro Universo” que se retraiu em si mesmo , la? A resposta e obvia: Elementos que prescinde de um Deus, como os que eu citei, e possivelmente outros que desconheco, por si so iniciaram um processo de retracao pela exposicao entre si, apos um tempo incomensuravel de inercia no espaco, estes responsaveis em por no mundo as primeiras formas de energia. Curvemo-nos aa Lavoisier: Nada se perde nada se cria. Isso e lei. Lei do Universo. Se alguem publicar isso na academia Nobel, agradecerei ao premio. Saudacoes.

    1. Não, não é verdade. Como eu disse, se a densidade crítica do Universo for exatamente 1 (como todas as medidas da radiação cósmica de fundo parecem sugerir), isso significa que o Big Bang exigiu energia zero — a energia do próprio vácuo, definida como zero — para existir. Não há, portanto, necessidade de um Big Bang anterior. O que não quer dizer que não tenha havido. Por tudo que sabemos, podemos ter Big Bangs subsequentes pela eternidade afora, na direção do passado e do futuro. Ou podemos ter tido um só Big Bang. Não sabemos (o estudo das ondas gravitacionais do Big Bang talvez possa levantar evidências de que havia algo antes dele, mas ainda teremos de esperar algumas décadas para ver isso). De toda forma, o nosso Big Bang parece ter exigido energia zero, de forma que o único requisito era ter um vácuo como o que temos hoje no nosso atual Universo, onde o nível de energia é definido como zero.

  24. Falta descobrirem as ondas antigravitacionais, que por serem o oposto da gravidade, fariam os eventos dependentes do tempo fluirem ao contrário e de forma acelerada. Seria uma complementação à relatividade de Einstein (nesta, o fluxo de tempo vai se tornando cada vez mais lento à medida que a força gravitacional aumenta) Embora hajam indícios de que existam, isso ainda levará muito tempo para sequer chegar a ser medido

    1. Não existe o menor indício de que isso exista. A força gravitacional, desde Newton, é só atrativa, nunca repulsiva. O mais perto de antigravidade que nós chegamos é a energia escura, mas ela parece vir do espaço vazio, e não agir em razão das massas. Como a força gravitacional é sempre proporcional às massas, e a energia escura está cagando para as massas, claramente são coisas diferentes. Só mesmo um “cético” desses para vir misturar pseudociência aqui.

      1. Em outras palavras, o melhor que podemos encontrar são fenômenos que produzem efeito análogo ao de uma anti-gravidade, caso esta existisse.

        1. Antigravidade é um termo ruim para descrever a energia escura. Ela age antigravidade só porque tende a expandir o Universo, enquanto a gravidade tende a contrair. Ou seja, ela só é antigravidade nas maiores escalas.

  25. so concebendo Deus para isso tudo fazer sentido para mim, e nao falo do ponto de vista religioso, mas logico… eh necessario algo muito, mas muito inteligente para criar uma estrutura dessas no universo. Nos chamamos isso de Deus, mas pode-se dar o nome que quiser, desde que se admita que sua capacidade eh infinitamente maior a que a de um ser humano!

    1. Não vejo a sua lógica. Se houver infinitos universos, um deles há de ser exatamente igual ao nosso, sem requerer inteligência alguma, é só mais uma configuração das incontáveis possíveis, em meio a um multiverso infinito. Não digo isso porque acho que seja verdade, digo isso só para mostrar que, mesmo considerando que nosso Universo seja especialmente delineado, ainda assim não podemos pressupor que ele implique a existência de Deus. Deus ou um multiverso infinito? Qual é a resposta certa? Acho ambas ideias igualmente possíveis e inverificáveis. Fica portanto como uma questão de fé, não de lógica ou de ciência.

      1. “Não vejo a sua lógica. Se houver infinitos universos, um deles há de ser exatamente igual ao nosso, sem requerer inteligência alguma, é só mais uma configuração das incontáveis possíveis…”

        Uma das configurações possíveis, já que são infinitas, não seria justamente um universo com inteligência o precedendo?

        1. Não, pois não estamos considerando que a existência de Deus seja uma das configurações POSSÍVEIS. A ideia do argumento é justamente dispensar a necessidade de Deus para explicar parâmetros arbitrários do Universo.

          Seria muito louco, aliás, se os religiosos achassem que a existência de Deus fosse apenas uma das configurações possíveis. Aí o argumento da improbabilidade estatística se viraria contra eles. Qual seria a probabilidade de, num conjunto infinito de Universos, estarmos justamente naquele que teve Deus como um predecessor? Deus se tornaria extremamente improvável, e como não vemos nenhuma evidência objetiva da ação Dele, teríamos ainda mais razões para achar que estamos num Universo que, como diriam alguns, “não é de Deus”. Hehehe

    2. Você disse: “so concebendo Deus para isso tudo fazer sentido para mim, e nao falo do ponto de vista religioso, mas logico… eh necessario algo muito, mas muito inteligente para criar uma estrutura dessas no universo. Nos chamamos isso de Deus, mas pode-se dar o nome que quiser, desde que se admita que sua capacidade eh infinitamente maior a que a de um ser humano!”.
      Meu caro, existe uma contradição em seu pronunciado: “eh necessario algo muito, mas muito inteligente para criar uma estrutura dessas no universo.” – Bem, se é necessário existir algo muito, mas muito inteligente para criar uma estrutura dessas no universo e pelo que você deixa entender isso é o seu deus, então uma coisa inteligentíssima não pode ter surgida do nada. Correto? O seu deus, como você prega, é uma coisa muito e muito complexa e inteligente. Então quem criou o seu deus? Você já ouviu falar de flutuações quânticas do nada?

  26. Salvador,

    Gostaria de entender um coisa a cerca das ondas gravitacionais, elas perdem energia ao passar por objetos com a Terra, estrelas, galáxias, nuvem de poeira? Tal como a luz elas sofrem um espalhamento ou refração?

    Ou seria um sistema perfeito de conservação de energia, só sendo perturbado por outras ondas gravitacionais que por ventura cruzar o seu caminho?

    As estrelas de neutrons que espiralavam entre até o abraço mortal geravam ondas gravitacionais.

    Sabemos que a Terra, a Lua, os planetas, o Sol e tudo mais deforma o tecido do espaço-tempo ao seu redor.

    Mas a Lua gira ao redor da Terra, a Terra gira ao redor do Sol, o Sol, gira ao redor do centro galático. O movimento orbital, por si só, produziria ondas gravitacionais ainda que ínfimas?

    1. Rapaz, não faço a menor ideia. Há de se supor que, no mínimo, pode haver interferência entre as ondas gravitacionais que passam pela Terra e as que são geradas pela própria Terra, que pode ser construtiva ou destrutiva. Mas as escalas são tão diferentes, que não sei se isso faria alguma diferença prática.

      (E com essa resposta acho que meio que já respondi tudo que você perguntou em seguida. rs)

      1. “O som é uma onda de pressão que consiste em uma fase de compressão e uma fase de rarefação, um alto-falante de cancelamento de ruído, posicionado em um lugar especifico, emite uma onda sonora com mesma amplitude e fase invertida do som original. As ondas acabam se cancelando por um efeito chamado interferência.”

        A pergunta é: as ondas gravitacionais se comportam como ondas sonoras e podem ser canceladas ou como ondas eletromagnéticas, as quais você não cancela utilizando outra onda eletromagnética?

        1. Essa é uma boa pergunta. Como as ondas gravitacionais são uma perturbação no espaço-tempo, acho que elas podem se cancelar sim. Mas, de novo, estou trabalhando por analogia. Alguém muito mais versado que eu no assunto teria de escrever um artigo científico a respeito para termos uma resposta definitiva.

          Em tempo: você pode cancelar ondas eletromagnéticas sim. Veja o experimento da dupla fenda e o padrão de interferência de franjas, feito primeiro por Young em 1801. Aquilo ali são ondas eletromagnéticas se reforçando e se cancelando.

  27. Salvador, mto bem escrito, didático. Adianto minhas desculpas por tantas perguntas …

    Pensando nos “próximos passos”:
    1) Além de servir de novo método de pesquisa, agora “vemos e ouvimos” o espaço, e confirmamos ainda mais Einstein, no que as ondas gravitacionais podem nos ajudar ?
    2) No que o estudo de ondas gravitacionais poderia impactar na física quântica ou ou Teoria das Cordas / Teoria-M ?
    3) Paradoxo algo de mta massa gerar um fenômeno sem massa que é a onda gravitacional. Dá para pensar em alguma linha de pesquisa em que poderíamos deformar esse espaço tempo, para surfarmos nele ? (Star Trek).
    4) Qual o nome do seu livro q será lançado ?

    Abs

    1. 1) A entender o Universo. Por enquanto é só. Mas durante muito tempo as ondas eletromagnéticas só serviram para entender o Universo. Até o dia em que aprendemos a usá-las. Vai saber.
      2) Bem, ela pode impactar teorias além da relatividade geral se apresentar resultados contrastantes com a relatividade geral, que obrigariam essas teorias a dar conta dos resultados discrepantes. Se isso ocorresse, elas seriam uma bênção para guiar os cientistas rumo a uma teoria mais abrangente que a relatividade. Contudo, até agora, a relatividade permanece imbatível nas ondas gravitacionais.
      3) Acho improvável, mas não impossível. E massa e energia são a mesma coisa, lembra? E=mc^2.
      4) Einstein – Para entender direito (e espero que seja um título honesto. rs)
      Abs!

      1. Oi Salva! O que aconteceu com o título “Einstein numa sentada”?
        Eu tinha achado ótimo! rsrsrs

        1. Resolveram mudar. Na verdade, ele faz parte de uma coleção que cobrirá vários pensadores. Einstein foi escolhido como o primeiro. Originalmente a coleção ia ter esse padrão “Fulano numa sentada”. Mas achei melhor mudarem, porque o livro acabou com mais de 300 páginas, o que daria uma sentada muito longa. Para preservar a bunda de todos os envolvidos, a Editora Abril julgou por bem mudar o título da coleção. rs

  28. Será que Einstein gostaria de saber que ele ainda é imbatível? Não sei que ele gostaria de estar errado, longe disso, mas talvez ele ficasse frustrado ao saber que a física e a cosmologia não conseguiu ir além das suas predições, descobrindo novos fenômenos que ele não previu.

    1. Digo, isso com relação a observações do universo macroscópico, já que a física quantia, já são outros quinhentos.

  29. Matéria interessante falando de maneira a tentar fazer uma transposição de uma ‘observação’ –
    que oferecerá novos dados para vários cientistas estudarem e confrontarem suas teorias e premissas… – para um público leigo sem ser superficial em demasia. Mas acho que ficou faltando apontar alguns links sobre os conteúdos citados ao longo do texto, sobre artigos dentre outros. Talvez, pensando em público mais leigo, acho que é preciso tomar um pouco de cuidado com a formação de opinião. O texto teve um teor muito ‘unilateral’, inclusive no sentido de trazer a ideia de que os cientistas estão todos ‘super alinhados’ como se toda Física, Astronômia e Teorias fosse apenas uma só… quando, na verdade, há muitas discussões, propostas diferentes… há brigas entre os físicos experimentais para com os teóricos… assim como quem acha que as equações da relatividade já são ‘passado’, hoje o que se tem é mais profundo. Os físicos não estão tão alinhados como a matéria deixa nas entrelinhas… estes novos dados serão bons para inclusive filtrar mais teorias, premissas e modelos (quais são muitos) sobre o Universo.. as previsões e abstrações do que ocorreu no passado.

    Admoesto que pisou na casca da banana num dos trechos totalmente desnecessários da matéria. Sem NENHUMA NECESSIDADE, disse: “E esta história principia 130 milhões de anos atrás, uma época em que os dinossauros reinavam sobre a Terra e um par de estrelas de nêutrons na galáxia que hoje conhecemos como NGC 4993, na constelação da Hidra, espiralava rumo a uma inevitável colisão.” – Bem, isto não tem nada a ver com a Física, Astronomia, e o fenômeno observado. Abstraiu fazendo uma relação com um modelo teórico sobre a história da vida na Terra no passado, dentro de algum modelo Darwiniano; todavia a própria ‘datação’ do evento já consta desatualizada dentro de novas evidências. Totalmente desnecessário esta relação com outra teoria, de um outro campo, não relacionado com a Física e Astronomia, que acaba por desinformar e induzir um leitor que não esteja por dentro do assunto.

    1. Você está enganadíssimo. A mesma física que permite estimar a idade da Terra e dos fósseis de dinossauros é a física que permite investigar a nucleossíntese de ouro numa quilonova. Não dá para aceitar uma e recusar a outra. Você é que viaja na maionese achando que os conhecimento científicos que, por alguma razão, conflitam com as suas crenças são menos válidos que outros, obtidos pelo mesmo método e baseados nas mesmas leis físicas.

    2. Putz, nada a ver! Ao contrário do que vc falou, os físicos estão muito bem alinhados com os astrônomos, como também com biólogos, geólogos, historiadores, etc. Enfim, a ciência se alinha e encaixa. Levou séculos de estudos e esforços para chegar nesse alinhamento atual.

      O texto apresentado é uma coroação de tão grande triunfo. Ao mesmo tempo confirmou mais uma vez teorias muito bem aceitas, confirmou com evidências algumas teorias bem elaboradas, e por fim abriu janelas para novas interpretações e dúvidas como combustível para novas descobertas.
      Mas no cerne de tudo esta a bela coerencia sobre o conhecimento científico acumulado por séculos. É claro que tem muito a ser descoberto, muitos ajustes a fazer nas teorias dominantes, o debate e novas ideias são bem vindos, a ciencia cresce assim.

      Mas achismos não conta, convicções não conta, crença só pela crença não conta.
      Agora, quem não esta alinhado afinal? Chuto alguns: os terraplanistas, os q acham q a Terra só tem 6000 anos, os que adoram conspirações, e por aí vai.

    1. E=mc^2. Você pode converter matéria em energia numa bomba atômica e pode converter energia em matéria num acelerador de partículas. São faces da mesma moeda.

  30. Salvador,

    Suponho que quanto mais distantes os espelhos uns dos outros, mais detalhado será o sinal das ondas gavitacionais, não?

    Se for, uma rede de satélites e espelhos apontando uns para os outros, com distâncias consideráveis, superiores ao diâmetro da Terra, seria uma ótima idéia para refinar obervações futuras.

    Quem sabe conseguiremos assim detectar as ondas gravitacionais do big-bang?

    1. Sim! O LISA é isso! Satélites no espaço fazendo um LIGO gigantão e mais estável! 🙂

  31. Já estão planejando um conjunto de detectores que funcionarão através de satélites alinhados, acredito que a partir daí sim teremos grandes revelações!

  32. Mas vejam o paradoxo: eu que não consigo correr a mais do que uns 10 km/hora nas ruas só agora sou alcançado pelas ondas gravitacionais voando na velocidade da luz (300mil km/seg) desde há 15 bilhões de anos atrás, que chegam agora, tendo partido do mesmo lugar de onde todos nós partimos: o Big-Bang original do Universo.

    1. Não é tão paradoxal se você entender que o espaço pode se expandir mais depressa que a luz. O que não pode é algo viajar PELO ESPAÇO mais depressa que a luz. 😉

      1. O paradoxo pode se evitado se pensar que o espaço estica( expande) a uma velocidade maior do que a da luz.

        Neste caso há lógica, mas então vem outra questão: considerando que no Big Bang todos partiram de lá, do mesmo ponto no espaço e no mesmo instante de tempo, inclusive nós e estas ondas gravitacionais que chegam até aqui. Seria então preciso se provar uma premissa difícil, como a de que uma parte somente do Universo sofreu a esticada (expansão a velocidade maior do que a da luz) enquanto que outra parte não esticou como a dessas ondas só agora chegam por aqui.

        1. Não, não é preciso nada disso. As ondas podem chegar aqui porque elas se propagam à velocidade da luz, e o Universo só se expandiu mais rápido que a luz por breves momentos. Eventualmente as ondas gravitacionais, viajando à velocidade da luz, superariam esse aumento grande e chegariam do outro lado — é só dar tempo a elas.

  33. Sou tão ingênuo que nem sei se minha dúvida é pertinente. Se não for, por favor, seja benevolente com a minha ignorância.
    As dúvidas: detectou-se ondas vindas de 130 milhões de anos que passaram por aqui bem mansinhas. Para onde estão seguindo?
    Quantas outras já passaram nesses milhares de anos de vida na terra? Como podem acreditar que vão detectar as ondas do Big Bang se ele aconteceu muito antes e, portanto, suas ondas já devem ter passado por aqui há muito tempo.
    Obrigado.
    Forte abraço!

    1. Ulisses, perguntas honestas, benignas e pertinentes.
      As ondas seguem na direção oposta à de onde vieram. E, claro, como foram emitidas em todas as direções a partir de seu ponto de origem, continuam se espalhando num círculo que cresce à velocidade da luz desde o ponto de origem. Os ETs de uma galáxia a 100 milhões de anos-luz daqui na direção oposta a NGC 4993 têm 100 milhões de anos para se preparar para a passagem delas. Mas talvez eles devam investir mais em seus detectores, porque ela chegará lá com amplitude menor, em razão da distância maior.
      A Terra tem 4,6 bilhões de anos, e não milhares, e muitas e muitas ondas gravitacionais já passaram por aqui. Aliás, certeza que tem ondas gravitacionais passando AGORA pelos nossos corpos. Só que sua amplitude é tão pequena que não temos como detectar. A rigor, todo objeto que se move de forma acelerada no espaço gera ondas gravitacionais, o que significa que há ondas pra todo lado o tempo todo.
      Sobre as ondas do Big Bang, é verdade que ele aconteceu há 13,8 bilhões de anos, mas por outro lado ele aconteceu EM TODO LUGAR há 13,8 bilhões de anos. O que significa que, não importa em que época você esteja, as ondas geradas por ele que viajaram pelo espaço pelo tempo de vida do Universo até chegar aqui podem ser detectadas agora. Imagine-as como o Universo inteiro gerando ondas gravitacionais. O único inconveniente é que, quanto mais tempo passa, mais teremos de recorrer às ondas gravitacionais do Big Bang que viajaram mais e, portanto, têm amplitude menor. Em algum ponto, elas podem se tornar imperceptíveis mesmo com detectores bem mais afiados que os nossos atuais.
      Abraço!

  34. Sou bastante leigo no assunto, mas sempre que posso leio textos como o seu, pois muito me admiro com as descobertas nessa área. Pergunto-lhe: Nós sabemos bastante sobre a luz, suas frequências e suas utilidades. As ondas gravitacionais também são subdivididas em frequências distintas? Há mais de um comprimento de onda? Poderíamos dizer que existem mais de um tipo delas? Quais são as utilidades dela para nós humanos? Podemos utilizá-las em laboratório para a produção de algum tipo de alguma coisa?

    1. Ondas gravitacionais têm frequências e amplitudes distintas, ditadas pelas massas e distâncias dos objetos que as emitem. Assim como as frequências de luz só indicam a quantidade de energia contida nelas. Temos a impressão de que são “diferenciadas” porque evoluímos com olhos para enxergar algumas delas, e não outras. Mas, a rigor, é tudo parte da mesma coisa, variando só a energia contida nelas.

      Sobre utilidades, por enquanto, a principal utilidade delas é ajudar a desvendar os segredos do Universo. Assim como, por muito tempo, as ondas eletromagnéticas também só serviram para isso — enxergar e olhe lá. Talvez, no futuro, aprendamos a usar ondas gravitacionais como aprendemos a usar ondas eletromagnéticas. Não acho que seja particularmente provável, dado que ondas gravitacionais exigem muito mais energia do que as eletromagnéticas para terem intensidades que as tornem suficientemente fortes (basicamente porque a força gravitacional é muito mais fraca que a força eletromagnética, o que explica como um ímã de geladeira pode vencer a gravidade gerada por um planeta inteiro). Mas é cedo para dizer. Ainda estamos na etapa “onda gravitacional é para ver”. 😛

  35. O que importa é que a “NASA” semana passa que o Planeta Nove ou Dez ou Nibiru deve existir.

    Então, um colega me questionou:
    – “Estranho o suposto planeta ter tanto poder gravitacional no sistema solar porque nem júpiter, que é supostamente muito maior e mais denso do que o tal Nibiru”.

    A minha resposta foi:
    – Mas se Júpiter não existisse, a inclinação do nosso sistema solar seria a mesma?
    Mas se Júpiter não existisse, a inclinação do nosso sistema solar seria a mesma?

    NÃO.

    Ou seja, Júpiter já fixou bem translação em torno do sol, e então os demais planetas se acomodaram tbm com a presença de Júpiter.

    Não contente ele retrucou: ”
    “Provavelmente não, mas júpiter estabilizou a inclinação o jeito que ela é hoje, não está oscilando, como ocorre com netuno e urano por causa do suposto planeta X. É isso que eu entendi, mas claro que posso estar enganado”.

    Pensei bem antes de responder, contudo:
    – Isso, mas como o período de Translação do novo Planeta 9 é bem maior do que os demais planetas, logo ele não se “achou” ainda…ou esse planeta se desgarrou de outro sistemas solar e adotou o Sol como sua nova casa…ou o Planeta Nove é trans e ainda não se decidiu se fica com sua estrela atual ou com o Sol.
    Kkkk

    Só para descontrair.

    1. Hmm, evidências sugerem que não. Primeiro, porque estamos falando de ciência, que é baseada em evidências, não em fé. Se as evidências contrariarem o que está dito aí — e certamente ALGUMA COISA do que está dito aí será contrariada –, ninguém terá apego de ficar com o que está escrito. Mais evidências formam teorias melhores, e assim avança o conhecimento.

      Mas, claro, isso nunca vai dissipar o apreço pelos pensadores do passado. Ninguém despreza Copérnico porque ele acertou ao dizer que o Sol estava no centro do Sistema Solar, mas errou ao dizer que as órbitas dos planetas eram circulares. Ele é parte de uma história maior que qualquer um, uma história humana de aprendizagem. Sem Copérnico, não haveria Kepler para descobrir que as órbitas são elipses, sem Kepler não haveria Newton para descobrir a lei da gravidade, e sem Newton não haveria Einstein para reformular a gravidade em termos relativos. E sem Einstein não haveria detectores de ondas gravitacionais que podem eventualmente produzir evidências que nos levem a uma teoria ainda melhor que a de Einstein.

      O que separa a ciência da religião é que a ciência deixa a natureza — e não as teorias — decidirem o que é verdade. A religião prefere contrariar a natureza para defender sua própria “verdade” particular. E por isso temos “adoradores” de um lado e “admiradores” de outro. 😉

  36. Sempre leio com muita atenção textos científicos, especificamente que envolvem a Física e Astronomia ainda mais personagens como Einstein….e muitos outros que construíram a base da Física e tudo que decorre e que usufruímos no nosso dia-a-dia. Trazendo esses textos para nossa condição atual, comparando explosões que ocorrem em estrelas e distancias inimagináveis…….130 bilhões de anos luz, só titulo levaríamos 130 bilhões de anos, viajando a velocidade da luz, para chegar até o local da explosão……, a par deste texto e de muitos outros chegamos a conclusão o quão somos pequenos, indefesos, miseráveis, em relação tudo que ocorre no Universo e em nosso pequeno “grão de pó” que chamamos de Planeta Terra, nossos orgulhos, vaidades, arrogância, inveja……e tudo o mais que o ser humano carrega em seu ego…menos, muito menos, deveríamos ser para uma convivência melhor entre os povos…..

  37. Boa tarde salvador…gostaria de saber se, na sua opinião, a humanidade chegará a tecnologia suficiente p viajar pelo espaço espaço -tempo, usando as ondas gravitacionais…isso seria imaginável, ou impossível?

    1. Eu particularmente acho que não. Ondas gravitacionais são muito ineficientes, porque a força gravitacional é muito fracote. Mas, claro, nunca se sabe. Estamos só começando nesse negócio de ondas gravitacionais. Quando os primeiros cientistas investigaram óptica, jamais imaginaram o que faríamos com as ondas eletromagnéticas… e olhe em volta agora. 🙂

  38. Salvador, parabéns pela matéria, aos poucos (no trabalho), cheguei até o fim. A toda nossa distância pegamos uma leva alteração, mas daria para imaginar como se comportaria o planeta Terra, se estivesse em um lugar estável (seguro) mas ainda assim próximo de modo a pegar uma crista e um vale bem profundo de uma onda gravitacional?

    1. Eu acho que a amplitude cai rapidamente com a distância então, a não ser que você estivesse bem em cima do negócio, não seria perceptível. Agora, e se estivéssemos lá no olho do furacão? Sei lá. Não sei se ia sobrar muita coisa pra contar a história… rs

  39. Salvador tenho acompanhado as suas reportagens ha tempos e ja consegui compreender um pouco do universo que nos cerca e do qual fazemos parte.Eu entendo que nos estamos em uma nave espacial que gira em torno do Sol neste Universo , mas as condições de sobrevivencia desta Nave este se detriorando muito rapido pelo numero de tripulantes e poluição da agua e do ar e pela possivel escassez de alimentos para todos em breve,colocando em risco a sobrevivencia da raça humana . Pelas distancias enormes do Universo seria muito dificil a transferencia de humanos para outros Planetas?

    1. Nossa espaçonave está ruim comparada ao que poderia ser, mas ainda assim está muito bem. Salvo em 1 bilhão de anos, quando a Terra de fato se tornar inabitável, não haverá lugar melhor para viver. E, pouco a pouco, aos trancos e barrancos, já estamos aprendendo a cuidar dela. Ainda assim, o instinto do ser humano é de um migrante. Então não duvido que estejamos colonizando outros planetas — a começar por Marte — ainda no século 21, e certamente nos próximos mil anos (que são um nada na história de 200 mil anos e contando do ser humano). Mas Marte nunca será tão bom quanto a Terra, porque nós evoluímos na Terra. Quanto a viagens interestelares, não vejo impedimentos fundamentais, mas certamente não é um papo para este século.

  40. Salvador, na sua opinião, a humanidade chegará um dia à tecnologia suficiente p viajar pelo espaço- tempo, usando as ondas gravitacionais?

  41. Uma dúvida, Salvador: os raios gamas não viajam à velocidade da luz? Se eles chegaram aqui dois segundos depois, a emissão de ondas gravitacionais aconteceu antes da emissão de outras formas de radiação, como a gama? Elas não deveriam ter sido emitidas simultaneamente?

    1. Viajam. Eles *são* luz.
      Mas note que as ondas gravitacionais refletem o espiralar das estrelas, e o raio gama é pós-colisão. O espiralar aconteceu antes da colisão, o raio gama aconteceu depois. Se ambos viajam ao mesmo tempo, natural a onda gravitacional chegar primeiro e os raios gama chegarem depois. (Se a amplitude do sinal fosse suficiente para detectar o objeto formado, além do espiralar, certamente o final da onda gravitacional coincidiria com a chegada dos raios gama. Poderemos testar isso se melhorarmos a sensibilidade ou encontrarmos outra colisão similar bem mais perto.)

      1. Quanto tempo durou esse espiralar, sabe-se? O evento provocou uma única onda ou se estima que foram mais de uma e apenas uma foi detectada? Ou esse processo todo (aproximação e choque) gerou apenas uma onda? Confesso ter dificuldade em imaginar que duas estrelas comecem a se aproximar uma da outra numa espiral, se choquem e isso tudo aconteça em poucos segundos. Não duvido que tenha acontecido, só quero entender melhor

        1. Bem, elas estão espiralando a um bom tempo, mas as ondas só se tornam pronunciadas o suficiente na fase de “aproximação final”. O sinal foi observado por cerca de 100 segundos, em que as estrelas deram várias voltas uma na outra antes de bater — cada volta gera uma onda. E sim, essas coisas acontecem em poucos segundos. Tenha em mente que elas estão a essa altura viajando a velocidades altíssimas e suas órbitas são bem curtas, afinal estamos falando de duas bolotas com 20 km de diâmetro. Daria para colocar as duas no espaço entre São Paulo e Santos e ainda sobraria espaço.

      2. Olá Salvador
        Sempre leio os artigos e quase sempre os comentários, mas raramente comento.
        Porém, lembro que no seu artigo sobre a primeira detecção das ondas gravitacionais perguntei algo sobre a fusão de duas estrelas super massivas, combinando a visualização eletromagnética com a gravitacional. Eis que apenas alguns meses depois, já temos um exemplar.
        Fantástico!!! De arrepiar e de admirar a mente e dedicação da humanidade em entender o mundo que vivemos

        Se não bastasse os belos artigos, a sessão de comentários (construtivos) também é imperdível
        Parabéns pelo blog

        Bem, vc fala em eventos mais próximos e pensei no buraco negro super massivo no centro da via láctea. De tempos em tempos, ele engole estrelas inteiras, não é mesmo? Esses eventos criariam ondas gravitacionais detectáveis? Vc acha que a combinação com a visualização eletromagnética daria alguma pista do que acontece dentro do bn?

        1. Eu desconfio que não, porque a estrela mergulharia no horizonte dos eventos (que é grandão) bem antes de estar a uma velocidade que produzisse ondas gravitacionais detectáveis. Mas é apenas uma desconfiança. Não saberia te dizer com certeza.

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