Astronomia: Frio de rachar em Plutão

Névoa no ar de Plutão explica por que o planeta anão é ainda mais gélido que o esperado.

A BRISA DO HADES
Há algo de gélido no reino de Plutão. OK, não foi novidade quando o planeta anão, visitado pela primeira vez em 2015, pela sonda New Horizons, se mostrou um lugar frio de rachar. Afinal, é o que já se imagina de uma bolota de gelo 40 vezes mais distante do Sol que a Terra.

PÕE MAIS GELO
O que realmente surpreendeu os cientistas da missão foi que ele se mostrou ainda mais frio do que eles esperavam, com temperaturas superficiais que podem cair a -240 graus Celsius. E agora finalmente um trio de pesquisadores parece ter descoberto por quê. É a névoa que recobre o planeta anão.

TERMOSTATO
Já sabemos há décadas que Plutão tem uma atmosfera. Ralinha, mas está lá. E uma das principais propriedades do invólucro de ar de um mundo, seja ele qual for, é modular a temperatura. De início, os pesquisadores achavam que a atmosfera plutoniana, dominada por nitrogênio e metano, fizesse esse serviço de termostato. Só que os modelos antes do sobrevoo da New Horizons baseados nessa ideia sugeriam, por exemplo, uma temperatura de relativamente modestos -140 graus Celsius a uma altitude de 100 km. O que a sonda viu foi uns 40 graus mais frio.

ALGO NO AR
Ninguém de início imaginou que a névoa, feita de partículas de moléculas orgânicas em suspensão na alta atmosfera plutoniana, pudesse explicar a grande diferença. Até porque, até a New Horizons passar por lá, ninguém nem sabia que essa névoa existia.

NOVO ENCAIXE
Xi Zhang, da Universidade da Califórnia em Santa Cruz, e seus colegas então resolveram modelar a atmosfera levando em conta também os efeitos da névoa, e aí teoria e observação se alinharam lindamente — provavelmente um mistério resolvido.

PREDIÇÃO
Mas o teste final ainda vem aí: se o modelo estiver certo, Plutão deve ser mais brilhante em infravermelho do que antes se imaginava — algo que poderá ser colocado à prova pelo Telescópio Espacial James Webb, a ser lançado pela Nasa em 2019. O trabalho foi publicado na última edição do periódico britânico “Nature”.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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Comentários

  1. Salva , tentado desfazer paradigmas esta que trago um conceito de movimento angular coaxial (entre eixos)para suprir o conceito de movimento circular, que os define, e que um astro(lua) faz.
    MOVIMENTO DE ROTACAO: MOVIMENTO ANGULAR QUE UMA DAS FACES(EIXO COAXIAL SECUNDARIO) FAZ AO GIRAR AO REDOR DO EIXO PRINCIPAL(CENTRAL).

    MOVIMENTO DE REVOLUCAO:MOVIMENTO QUE O EIXO PRINCIPAL FAZ AO GIRAR AO REDOR DO EIXO COAXIAL(SECUNDARIO).
    Dai desparadigmando.e trazer o conceito, baseado no conceito de movimento circular , que todo astro que tem movimento de revolucao, tem
    caracteristicas termicas em todo teu perimetro circular , (das faces que nunca estao voltadas para o sol),semelhantes ao dos polos dos que fazem um movimento de rotacao , devido a relacao de oblicoacao do angulo, que os raios solares fazem , ao incidirem sobre a superficie do mesmo.
    Portanto mais propicias a manutencao da vida bioologica e fenomenos hidro-termicos,

    1. Dai digo sobre a face oculta da lua, e clateras com vavernas e que propiciam fenomenos hidro-termicos capazes de fornecer bio-sistema a vida lunariana remanescente.
      Estas cavernas devido aos teus geo posicionamento angular ,quanto as mares combinadas tanto do sol como da terra , se comportam como catalizadoras de oxidos, hidracidos, e mokeculas carbonicas, etc, a exemplo , mare mosciviense, cratera belyev.

      1. Dados os seus erros de grafia um mistério foi esclarecido: Você digita a maioria das baboseiras que escreve, e copia e cola o restante. E ainda não aprendeu a usar o corretor do browser.

  2. Salvador, dúvida: se Plutão é mais frio do que se imaginava, como ele vai ser mais brilhante no infravermelho, se Infravermelho é radiação de calor?

    Intuitivamente, imagino que um corpo mais frio emita menos radiação calórica…

    1. É que a névoa vai refletir o calor (infravermelho) de volta já na alta atmosfera, explicando a temperatura mais baixa abaixo dela.

  3. James Webb em 2019, só 6 anos de atraso. Pra quem acha que só no Brasil as coisas demoram, tá aí!

  4. Sobre o James Webb Space Telescope, achei esse vídeo bem interessante, que mostra desde o lançamento até sua abertura completa na chegada em sua órbita final.

    https://www.youtube.com/watch?v=LiHG-hzeOnM

    A única coisa que eu achei um pouco estranha, mas esse “estranho” é porque eu sou leigo o suficiente para não entender, é que, no vídeo, o James ficará numa órbita alinhada sempre com a Terra e o Sol, porém numa mesma velocidade para ficar sempre próxima ao valor de 1,5mi km de distância da Terra.

    Eu imaginava que tudo que estivesse em órbita solar e estivesse além da órbita da Terra, deveria ir mais devagar para não ser ejetado da órbita… mas nesse caso parece que ele estará em velocidade superior a da Terra (pois está em órbita mais afastada do Sol) e, mesmo não estando em órbita da Terra, permanecerá “agarrado” a essa distância de 1,5mi km de nós. Nada como a física para nos explicar…. ou o vídeo estar errado rsrsrs.

    Abraço, Leonardo

    1. O vídeo está certo. O JWST vai orbitar um dos pontos de Lagrange do sistema Terra-Sol. Se você levasse em conta só a influência do Sol, ele de fato teria de ir mais devagar. Mas há uma combinação da gravidade dos dois astros, que o mantém ali. Os chamados pontos de Lagrange (são cinco, para cada sistema de dois corpos) servem como “estacionamentos naturais” para espaçonaves, justamente porque combinam harmonicamente a gravidade conjunta de dois astros. (Os troianos de Júpiter também ficam em pontos lagrangianos do sistema Sol-Júpiter, para citar um exemplo natural.)

      1. Confesso que eu achava que, para permitir a manutenção da distância entre a Terra e o respectivo objeto, os pontos de Lagrange deveriam se situar a 1 UA (mas “na frente” ou “atrás” da Terra) – como L3, L4 e L5.

  5. Salvador, perguntinha básica: como é que Plutão, com só uns 2.300km de diâmetro e densidade de 1.88 g/cm3 (quase 3 vezes menor que a da Terra) consegue manter a sua atmosfera? Consigo imaginar três possiblidades: por ter baixa velocidade de rotação, por estar longe demais do sol para sofrer os efeitos do vento solar e por não ter vizinhos capazes de “roubar” sua atmosfera. Alguma outra razão, ou alguma delas é furada? 🙂

    1. Tem mais a ver com a distância — vento solar fraco e pouco calor, o que resulta em baixa agitação térmica das partículas em suspensão, que não atingem velocidade de escape.

  6. Nada é mais bonito em Plutão do que essa linda é bela névoa azul que cobre a sua superfície. Nunca poderia imaginar isso lá.

  7. Uau! Muito interessante. Dei uma olhada no artigo e a atmosfera de Plutão tem tb cianeto de hidrogênio (!). E é interessante como a sonda descobriu a composição da névoa: através da ocultação solar. Por mais antigo q esse método seja, para um leigo como eu não deixa de ser um momento “uau” à engenhosidade dos astrônomos. E se a hipótese for correta e Plutão brilhar mais no infravermelho, é característica das propriedades da névoa que possui maior capacidade de emitir radiação térmica nessa banda do espectro. Salvador, meu caro, sendo lançada em 2019, quando q ela chegará próxima de Plutão (se realmente for necessário chegar tão perto para comprovar os resultados da pesquisa)?

    1. Não, o James Webb vai ficar sempre numa órbita solar a cerca de 1,5 milhão de km da Terra. Não viajará a lugar nenhum, só verá de longe. Mas com seu espelho maior que o do Hubble e o foco no infravermelho, ele terá capacidade suficiente para confirmar o modelo, mesmo observando Plutão de muito longe.

        1. A Thaisa é uma das pessoas que quero entrevistar para a segunda temporada do Conexão Sideral, assim que recuperar o fôlego. rs

          1. Acho que não… ele vai ficar num ponto lagrangiano interno, não externo. A Terra é quem orbita o JWST.

          2. Do ponto de vista da Terra, o JWST vai dar uma volta em torno dela todo dia, do jeito que o Sol faz. 😛

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