Google entra no negócio de achar exoplanetas e identifica estrela que tem ao menos oito, como o Sol

Salvador Nogueira

Nesta quinta-feira (14), a gigante Google entrou oficialmente no negócio de descobrir planetas fora do Sistema Solar. Um engenheiro de software do departamento de inteligência artificial da empresa é um dos dois autores de um artigo científico anunciando a descoberta de dois novos mundos cuja presença estava escondida nos dados brutos do satélite Kepler, da Nasa.

O Kepler-90i é um planeta rochoso e quente que orbita uma estrela um pouco maior que o Sol em apenas 14,4 dias. É um inferno escaldante, mas tem um particular: ele se soma a um sistema que já tinha sete planetas conhecidos. Com isso, a estrela Kepler-90 atinge a marca de oito planetas — a mesma do Sistema Solar.

Comparação do tamanho dos planetas de Kepler-90 aos do Sistema Solar. (Crédito: Nasa)

É a primeira vez que encontramos oito mundos num único sistema, fora o nosso próprio. O recorde anterior, sete, pertencia ao famoso sistema Trappist-1, a cerca de 40 anos-luz da Terra. Mas Kepler-90 está bem mais longe, a cerca de 2.500 anos-luz de distância.

A outra descoberta é no sistema Kepler-80. O Kepler-80 g é o sexto planeta encontrado ao redor da estrela, que é bem menor que o Sol, provavelmente uma anã vermelha. Ele tem o tamanho da Terra, mas também não tem perspectiva de ser habitável, ou seja, de ter uma faixa de temperaturas que permita a existência de água em estado líquido na superfície.

A descoberta é importante por revelar o potencial de redes neurais — algoritmos de computador que são grosseiramente baseados no funcionamento do cérebro humano — para a análise de vastas quantidades de dados astronômicos em busca de sinais interessantes, como é o caso do conjunto de informações brutas colhido pelo satélite Kepler em sua missão original, entre 2009 e 2013.

A técnica consistiu em basicamente “treinar” um computador para identificar sinais de planetas nos dados do Kepler e então deixá-lo analisar os dados colhidos de 670 estrelas, das 150 mil que o satélite observou na região das constelações Lira e Cisne. Ou seja, devem vir mais descobertas por aí.

O trabalho foi feito por Christopher Shallue, da Google IA, e Andrew Vanderburg, da Universidade do Texas em Austin, e foi apresentado numa teleconferência realizada pela Nasa nesta quinta-feira (14). Os resultados já foram aceitos para publicação no “Astronomical Journal”.

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Comentários

  1. Planetas por todos os lados! Possivelmente um habitável na estrela mais próxima.A revelação cada vez mais perto.

  2. Yuval Noah Harari está certo. Estamos no limiar da substituição do ser humano por algoritmos inteligentes (perspectiva dataísta hehe).

  3. Salvador,

    Eu sei que o Kepler já contribui demais para descoberta de novos planetas (acompanho sempre), mas sei também que ele apresentou alguns defeitos nos giroscópios, e teve que mudar em relação ao objetivo inicial. Você que conhece as pessoas do meio, o Kepler é considerado um pouco um “fracasso” por conta deste problema, ou ele alcançou o objetivo inicial enquanto funcionou corretamente, e, o pessoal da NASA considera que mesmo com esta limitação o projeto é um sucesso.

    1. Certamente ele não é considerado um fracasso. Ele poderia ter sido um sucesso ainda maior, e foi uma pena que os giroscópios tenham pifado. Isso obrigou a uma mudança da missão, mas o telescópio continua a ser útil e a fazer descobertas, o que mostra quão bem-sucedido ele foi.

  4. Muito bom então se conseguimos ter uma ideia do que existe a 2,5 mil anos luz, estamos bem longe de conseguir varrer nossa galáxia, que pelo que vi no google ( se é que ele existe kkk) é de aproximadamente 150 mil anos. Mas sem dúvida ganhamos um grande reforço da IA.
    Fiquei curioso pra saber qual o sistema mais longe que já conseguimos alguma evidência ? tem esta informação Salvador ? Desde já, obrigado por responder tudo(inclusive os comentários com um humor característico kkkk)

    1. Já conseguimos detectar planetas a dezenas de milhares de anos-luz, mas com microlentes gravitacionais, que são efeitos fortuitos. Eu realmente não estou preocupado em mapear os cafundós da galáxia antes de terminarmos os sistemas mais próximos. O Kepler valeu como uma amostra, mas não o vejo como o começo de um mapeamento completo da Via Láctea e seus planetas. O espaço é beeem vasto.

      1. Sei lá… com outros telescópios cada vez mais potentes, com um big data, e a inteligência artificial melhorando, um mapeamento é bem possível. Pra os próximos 5 anos realmente acredito que teremos capacidade de mapear os mais próximos, pelo menos já conseguimos conseguir fazer isso num range de até 2,5 mil anos luz, o que já é muito bom !

        1. Vitor
          Dá uma olhada na Wikipedia, veja “List of exoplanets extremes” . Lá tem o mais distante , o mais próximo, o de maior massa, de menor massa etc
          Abraço
          Fabio

  5. Salvador, porque a ciência acredita que só pode haver vida fora da Terra se ocorrerem as mesmas reações químicas e condições que observamos por aqui? Sei que os cientistas dizem que são reações naturais e universais, que não são exclusividade da Terra, mas eu sempre me pergunto por que a natureza não pode permitir outros tipos de reações que não conhecemos, que concebam, por exemplo, um tipo de vida que seja possível em um planeta que seja “mais quente que o inferno”. É, portanto, um assunto completamente resolvido e fechado esse lance de só poder haver chance de vida nas mesmas condições observadas na Terra?

    P.S.: A pergunta é apenas fruto de uma curiosidade ignorante, já que não sou da área da ciência. Nem de longe sou um troll. É bom deixar avisado, já que sua nova tática anti-troll é jóia demais, mas pode esbarrar em alguém inocente! Rs.

    1. A ciência é agnóstica quanto a isso. Os cientistas imaginam que podem haver outras reações químicas capazes de originar sistemas replicantes auto-sustentados — ou seja, vida. Eles só não sabem quais. E é bem difícil desenvolver experimentos à procura de reações químicas específicas se você não sabe quais são.

      Tendo dito isso, há boas razões para acreditar que, ainda que não seja o único, o padrão de vida encontrado na Terra deve ser o mais comum no Universo, meramente por ser ancorado em água (uma substância extremamente comum, composta pelo primeiro e terceiro elementos mais abundantes do Universo, e que, em estado líquido, atua como um solvente universal, graças à sua forma molecular polar) e moléculas de carbono (o quarto elemento mais abundante do Universo e, disparado, o mais versátil de toda a tabela periódica para formar moléculas complexas, como as que a vida requer).

      Por essas razões — e pelo fato de o único tipo de vida comprovadamente existente ser desse tipo, baseado em água e moléculas de carbono –, os cientistas chamam de habitáveis ambientes em que água em estado líquido pode existir.

  6. Salva, se o Kepler 90i é escaldante os 90b e 90c devem ser infernais.
    O que é uma pena. Pela ilustração os 3 primeiros devem ser super-terras, os outros gasosos.

    Outro dia vi um programa onde um exobiólogo explicava que as super-terras são os candidatos mais promissores para conter vida complexa, mais que planetas com porte terrestre.
    Explicou que este tipo de planeta deve ter um campo magnético forte, que protege o planeta.
    Uma atmosfera considerável, benéfica para vida. Rico em minerais e com atividade geológica. Água em abundância. Enfim, as boas características que a Terra possui e que fez a vida florescer e prosperar por bilhões de anos, só que numa escala maior.

    É claro que que qualquer planeta pode ser totalmente inabitável devido a incontáveis fatores e outros totalmente habitáveis, mas as super-terras, quando nas condições ideais, podem ser o há de melhor para a vida como conhecemos.

    Eu achei este estudo muito interessante, pq sempre achei que os melhores planetas para a vida florescer seriam do tipo terrestre… mas o universo sempre nos surpreende.

    1. As super-terras podem possuir luas que tenham tamanhos menores mais próximos da Terra. E essas luas podem ser habitáveis.

  7. O deboche se situa no mesmo plano da barbarie. Debochar dos ignorantes nao tem nada de valor. Lamentavel, apenas …

      1. Ainda bem que você e super educado. Um verdadeiro gentleman. No seu lugar eu comprava uma cartucheira e passava fogo em todos eles.

        1. Exato! Na verdade nunca saímos da Idade Média. Toda a era moderna é uma conspiração. Saia da Matrix!

  8. O mais incrível Salvador é você ter paciência e responder para este povo que diz tanta baboseira. Parabéns.

  9. É fascinante o estudo de exoplanetas, mas também um tanto etéreo. A cada nova descoberta aumenta o numero de outros mas igual a terra exatamente ainda não apareceu. Semelhantes ainda são poucos. Mas ao invés de ficarmos procurando exoplanetas por aí que nem tontos, deveríamos investir em velocidade de locomoção, pois de nada adianta encontrar planetas aos baldes se não podemos ir lá. É uma bobeira.É como inventar um apito luminoso para cachorro surdo. Parece até que tem utilidade, mas não tem.

  10. O fato de o planeta completar uma volta em torno do sol em 14 dias interfere na expectativa de que seja habitável?

    1. Depende da estrela. Neste caso, é certamente inviável — pelo menos para vida como a conhecemos.

      1. Certo. Mas supondo que se encontre um planeta com as mesmas características da terra, com a diferença que completa sua volta em torno do sol em 14 dias. O que poderíamos esperar, um clima com uma volatilidade muito maior, ou ao contrário bastante estável?

        Ou isso ainda dependeria da excentricidade da elipse?

        1. Provavelmente bastante estável, porque estaria em trava gravitacional com a estrela — sempre com a mesma face voltada para a estrela.

          1. Salvador, bom dia! Primeiramente, parabéns pelo blog. Gosto de astronomia e os seus textos deixam as coisas mais compreensíveis para um leigo como eu. “Segundamente”, parabéns pelo tratamento dado aos trolls. Na internet, sempre vale aquele “velho deitado”: não alimente os trolls! 😉
            Gostaria de fazer uma pergunta que é fora do tópico desse texto, mas que tem a ver com o seu comentário. A face que vemos da lua é sempre a mesma, correto? Ela está em trava gravitacional com a Terra, suponho eu, da mesma maneira que o exoplaneta descoberto em relação à sua estrela. Porque ocorre essa trava gravitacional? Como foi esse processo ao longo da evolução do nosso planeta e seu satélite? Tem a ver com a massa da Terra e a da lua, a atração gravitacional entre os dois corpos e os demais do nosso sistema solar ou é pura “coincidência”? O mesmo acontece com as luas dos outros planetas do nosso sistema solar? Isso é uma constante nos astros já observados?
            Grande abraço!

          2. Tem a ver com a atração gravitacional. É um processo que acontece naturalmente. E, no caso do sistema Terra-Lua, ainda não acabou. A Lua já travou, mas a Terra ainda não… a gravidade mútua está lentamente reduzindo a rotação da Terra (e por isso os anos com segundo extra) e a tendência seria a Terra um dia ter a mesma face voltada para a Lua o tempo todo. Só não vai acontecer porque não vai dar tempo; o Sol deve morrer antes. 😉

  11. Incrível.
    A última fronteira em termos de inteligência artificial será o momento em que uma máquina seja capaz de diagnosticar a necessidade de construção de outra máquina, para então dar o comando para que uma terceira a projete, para que uma quarta a fabrique e uma quinta a programe (ou “treine”).
    Em atividades como essa, e processamento de dados brutos, a inteligência artificial vai comer a inteligência humana no almoço.
    Recentemente você postou algo (quase) “semelhante” alcançado por um observatório aqui do hemisférios sul (SONEAR?), não foi? Um experto em TI entrou na jogada para viabilizar o processamento dos dados, algo assim.
    Um abraço.

    1. Foi o pessoal da Bramon, para processar dados de meteoros e detectar radiantes de novas chuvas. 😉

  12. Não acredito Salvador que você ainda não saiba. Os falsos satélites do Google são na verdade balões. KKK. Veja aqui no site do G1 da Rede Globo, um desses balões, “falsos satélites” que caiu no estado do Piauí. Esses balões do Google, são iguais aos balões que a Nasa chama de satélites. KKK
    https://www.google.com.br/amp/s/g1.globo.com/google/amp/https://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/balao-do-google-cai-no-interior-do-piaui-e-assusta-moradores-2-este-ano.ghtml#ampshare=https://g1.globo.com/pi/piaui/noticia/balao-do-google-cai-no-interior-do-piaui-e-assusta-moradores-2-este-ano.ghtml

    1. Nossa, não acredito que você AINDA ACREDITA em balões? Mesmo depois de o projeto do Google oficialmente se chamar LOON, em vez de BALOON. Você é muito ingênuo, meu caro. É claro que balões não existem. Se balões de ar quente pudessem mesmo voar, todos nós sairíamos voando pela quantidade de flatulência quentinha contida em nossos intestinos! É uma fraude, que começou com o padre Bartolomeu de Gusmão, que, por sinal, era funcionário da NASA!

      1. LOON é anagrama para NOLO, que quer dizer “A TERRA É PLANA” em Élfico! Tá vendo, abra seu óleo!

          1. Hum!.,,, esse casalzinho até parece o irmão Lua e irmã Terra. Um não vive sem o outro. Sinais dos tempos.

          2. Tá com ciúmes, é? Fica tranquilo que tem pra você também, vem cá, vem! Só adianto que sou ativo, tá?

    2. Ah sim, mais uma observação, como você pode acreditar em matérias da Rede Globo??? Se ainda fossem da Rede Plana, até vai, mas com certeza a Rede Globo mente, porque não existe! Há corda, Brazil!

      1. Só falta aparecer um canal no YouTube chamado de “Rede Plana”. Para concorrer diretamente com a Rede Globo.

      2. Você ainda acredita que o Brasil exista? É tudo uma grande farsa contada pelo Império Português!
        Acorda!

    3. Radmil , vej só. se você não criar juízo será rebaixado a Radquinhentos, Radcem, até Radzero.

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