Astrônomos brasileiros flagram impacto na Lua durante chuva de meteoros

Salvador Nogueira

Observar chuva de meteoros na Terra é para os fracos. Uma rede de monitoramento de meteoros brasileira decidiu procurá-los na Lua. E teve sucesso.

Durante o auge da chuva anual dos gemínideos, que aconteceu de quarta para quinta-feira (14), o grupo da Bramon (Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros, na sigla em inglês) conseguiu registrar o impacto de um bólido celeste na Lua, que foi acompanhado por um flash.

“Como o pico das geminídeas ocorreria na Lua minguante, a face escura estaria apontada para o radiante”, explica Lauriston Trindade, um dos coordenadores da rede, composta por astrônomos amadores espalhados por todo o território nacional. “Fiz uma simulação de probabilidade de impactos, usando geometria, e passamos a fazer conclames.”

Voluntários com telescópios se prepararam para colher as observações, e em dois deles foi possível captar o mesmo flash na Lua — indicando o momento exato, assim como a localização, do impacto. Marcelo Zurita, na Paraíba, e a dupla Romualdo Caldas e David Duarte, em Alagoas, fizeram o mesmo registro, o que prova conclusivamente que foi um fenômeno real, e não um artefato gerado pela câmera de um ou de outro.

A pancada deve ter acontecido próximo à cratera Da Vinci, que fica entre o Mare Crisium e o Mare Tranquilitatis. “Foi o primeiro impacto lunar comprovado e registrado a partir do Brasil”, destaca Trindade.

Indicação da região onde ocorreu o impacto registrado pelos brasileiros, em imagem preparada pelo astrônomo amador Avani Soares. (Crédito: Avani Soares)

O choque foi particularmente brilhante, de modo que muito provavelmente formou uma nova cratera de pequeno porte naquela região. Os pesquisadores brasileiros já informaram a descoberta à Nasa, que poderá usar seu orbitador lunar — o Lunar Reconnaissance Orbiter — para tirar novas fotos da área nos próximos dias e procurar o novo marco geográfico.

Os geminídeos são resultado dos detritos deixados pelo asteroide Faetonte em sua órbita ao redor do Sol. Quando a Terra os cruza, eles adentram a atmosfera e queimam, como bonitas estrelas cadentes. Nesse balé, claro, a Lua vem a tira-colo, mas, sem uma atmosfera para proteger a superfície desses pequenos bólidos celestes, o impacto inevitavelmente leva à formação de crateras. (Esse, por sinal, é um desafios de se estabelecer uma presença tripulada permanente na Lua — lá literalmente chove pedra.)

Enquanto o pessoal da Bramon estava de olho em possíveis flashes no solo lunar, o astrônomo amador Junior Martini registrou o próprio asteroide que é responsável pela chuva, o Faetonte. Ele estava a mais de 11 milhões de km da Terra, mas mesmo assim Martini pôde captá-lo bailando entre as estrelas da constelação de Perseu.

  

Este é o espetáculo do céu, que há séculos maravilha os seres humanos suficientemente ousados para perscrutar seus mistérios. Chega a ser surreal que alguém possa preferir a ignorância e o obscurantismo, diante do encantamento que a natureza nos proporciona.

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Comentários

  1. Eu sou a favor do banimento de terraplanistas, conspiracionistas que dizem que o homem não foi à Lua e nibirutas.

    Olha, nada contra se alguém, ainda que pouco informado, venha até o blog perguntar humildemente sobre estes temas. Entendo que o universo de desinformação é muito grande e que um público extremamente leigo possa chegar até aqui de um jeito o de outro contaminados por esses assuntos pseudocientíficos.

    Então, acho ótimo quando outros leitores ou o próprio Salvador esclarecem as coisas por aqui, reforçando o fato de que essas coisas simplesmente não existem.

    Todavia, há uma grande diferença entre ser alguém contaminado pela desinformação do que um PROPAGADOR da desinformação.

    Esses propagadores da desinformação geralmente são agressivos e desrespeitosos. Esses sim merecem ser bloqueados porque eles agem como extrema má-fé. Eles não vem aqui contribuir com o discurso que se estende nos comentários, eles vem aqui agredir.

    Salvador, liberdade é algo que se conquista e que fazemos por merecer. Infelizmente uma pequena parte deste público não soube valorizar a liberdade que você deu a eles nos comentários, já que lançam mão de coisas absurdas, desnecessárias e ofensivas.

    Aqueles que não sabem o que é respeito, deverão sofrer uma censura. Eles pararão de vir aqui quando perceberem que os seus comentários não estão sendo mais publicados. É uma ótima forma de higienizar a página contra essas esquisitices e manter o discurso o mais saudável e interessante possível.

    Já foi a época que era engraçado trollar os trolls.

    Se você continuar a publicar os comentários destes trolls, você estará alimentando eles. Esta charge diz tudo:

    http://www.umsabadoqualquer.com/wp-content/uploads/2016/04/74.jpg

  2. Oi Salvador, boa tarde,
    concordo demais com sua última frase,
    “Chega a ser surreal que alguém possa preferir a ignorância e o obscurantismo, diante do encantamento que a natureza nos proporciona.”
    e, assim, sem pedir permissão, vou empresta-la a um viés espiritualista: o obscurantismo, talvez, esteja mais presente em quem se esforça por restringir a natureza às limitações materialistas. imagine o encantamento que será proporcionado quando descobrirmos que à natureza material podemos somar toda uma realidade espiritual, também natural.
    Bem, este é um blog de astronomia, talvez o melhor de todos. um dia, quem sabe, a astronomia se torne uma ciência melhor para falar de Deus do que a teologia.
    um grande abraço, obrigado por seu trabalho em nos informar e encantar.

  3. Pelos últimos posts do MS que li, acredito que os trolls conseguiram nos vencer. Eu mesmo caí no mesmo erro, que é responder a eles com ironias. Não resolve e enche o espaço de comentários com inutilidades, poluindo o ambiente, que deixa de ser construtivo.

    Sugiro ignorar os que forem publicados e peço ao Salvador que simplesmente não autorize a publicação, pelo menos da maioria deles.

    Nibirutas, terraplanistas, fanáticos de toda ordem, criem seus próprios blogs e divirtam-se por lá.

    1. Radoico, é, acho que você tem razão. é complicada essa questão. No YouTube tenho agido assim — banimento sumário. Aqui, eu esperava que o público fosse um pouco mais qualificado. Mas teve uma invasão bárbara recente que tumultuou o espaço. Eu confesso que estava me divertindo com respostas zoeiras, mas concordo que o espaço fica poluído. Talvez seja o caso de banir mesmo.

    2. Eu estava pensando justamente nisso… Trollamos os trolls, mas uma hora vai perder a graça. É que nem “chutar cachorro morto” (ops, preciso ser mais politicamente correto, ou senão a sociedade das almas dos cachorros penados da terra plana vai me processar).

      Voltando à realidade, acho que o Salva poderia banir (num breve futuro) comentários sem noção. Isso encorajará o alto nível no debate dos assuntos postados.

        1. Ahhhhh, tá percebendo que não dá mais né? Salvador, realmente no início era engraçado, mas agora está bem desagradável ter contato com tamanha imbecilidade. Banimento!

    3. Do it!
      Melhor coisa Salva!
      É engraçado ler os comentários trollando os trolls mas propagar qualquer coisa de terraplanistas é ruim demais. Desinformação demais!

    4. Radoico,
      Parabéns pelo comentário. Você esta completamente certo. O nosso Salva tem que colocar ordem no blog pois como foi visto, desanda muito rápido.

    5. Muito obrigado a todos que apoiaram a minha sugestão de não alimentar os trolls, respondendo tanto dentro como fora do comentário. Abraços!

  4. Olá Salvador.
    Registro maravilhoso este feito pela BRAMON em?
    Lembro da ainda evolução dos registros quando ainda eram esporádicos e não possuíam triangulação para determinar da onde vinha o meteoroide que adentrou na atmosfera.Com o tempo o grupo foi crescendo por todo brasil e recrutando não só observadores de meteoros,mas também astrofotógrafos planetários e de DSO. Que nas horas vagas se uniam ao grupo e apontavam a sensivel samsung scb 2000 para céu de cada estado do nosso país.Lembro também de uma vez que um integrante do grupo me passou uma mensagem de que este tipo registro era possível em momentos de Lua com Luz cinérea e chuva de meteoros,e toda vez que este fenômeno ocorre eu tento durante algumas horas só,pois a montagem que utiliza não tem Go to e nem acompanhamento,mas é isso eu sigo tentando 🙂 .
    Também achei surpreende a captura do Jr.Martini,um astrônomo amador obstinado que sempre nos presenteia com belos registros de cometas e asteroides que passam próximo a ao nosso planeta. Parabéns a ele pelo maravilhoso registro.
    Tenho certeza,que outros registros virão e cada vez mais os astrônomo amadores brasileiros serão reconhecidos.

  5. Primeiramente gostaria de parabenizar o Salvador pela excelente reportagem, trazendo para o público as importantes descobertas feitas por nós mesmos, brasileiros. Descobertas essas feitas, em muitos casos, com equipamentos particulares.
    Gostaria de parabenizar, também, o grupo Bramon, que tem feito grandes pesquisas que já renderam descobertas ratificadas pela própria União Astronômica Internacional. Continuem assim!

  6. Falando nisso: É impressão ou os pólos têm uma densidade maior de crateras comparado ao equador lunar? (Mesmo no lado oposto ao da Terra)

    1. Acho que é impressão. Os terrenos das maria são mais recentes e escuros, então têm menos crateras. Mas no lado afastado há tantas crateras no equador quanto nos polos.

      1. O movimento de translação da Lua em volta da Terra (e mesmo a translação de ambas em volta do Sol), sendo aproximadamente alinhado à linha do Equador, não faria supor que deveria haver menos crateras nos pólos?

        1. A inclinação da órbita da Lua é de 5 graus com relação à eclíptica, e a inclinação do eixo de rotação da Terra é de 23 graus. Logo, a Lua não orbita alinhada com o equador terrestre.

          1. Mas ela é praticamente aprumada com o plano da órbita da Terra ao redor do Sol… Qual a diferença de tipo e magnitude entre a radiação de origem solar e a extra-solar?

    2. Acho que são duas coisas combinadas:
      (1) estamos vendo a superfície da lua bem inclinada nas bordas em relação a nós, o que dá a impressão que as crateras são mais concentradas nestas regiões
      (2) impactos mais recentes, que formaram os enormes “mares” que vemos na parte visível da lua, apagaram as crateras que deveriam existir antes nestas regiões

  7. [COMENTÁRIO SUPRIMIDO POR SPAM; É IDÊNTICO EM CONTEÚDO A OUTRO FEIO EM POST ANTERIOR E JÁ RESPONDIDO.]

    1. Ad Nauseam.

      Falácia típica cometida por Cabeças Planas. Repetem a mesma merda à exaustão, na esperança de convencerem pelo cansaço, e não pelas evidências (inexistentes).

  8. Já tentei ver essas chuvas, por diversas vezes, perdi horas observando e nada tão interessante, fora ainda que aqui na minha cidade nunca o tempo está limpo. Toda vez que o planeta entra no rastro de um cometa fico apreensivo, porém até hoje não consegui ver nada que fosse tão interessante. Já ouvi histórias de chuva de cometas realmente interessantes e que chegavam até dar medo por conta da intensidade.

    1. Acho que você tem de modular as expectativas. Não é nada que se aproxime de um show de fogos de artifício. Mas há de se admirar que aqueles poucos risquinhos no céu que duram uma fração de segundo são um pedacinho de rocha espacial e que a humanidade conseguiu compreender de onde elas vêm e quando vão aparecer. Isso é encantador. Fora quando há meteoros realmente fortes, que são muito bonitos de se ver.

    2. Rafael, eu também adoraria ver um espetáculo desse tipo, o céu brilhando com tantos riscos.
      Mas isso é um evento raríssimo, sei dos casos de 1799, 1833 e 1966. Tem estimativas dizendo que era entre 10 mil e 30 mil e até 100 mil por hora.

      Mas hoje se eu ver meia dúzia de riscos numa noite já me considero sortudo 🙂

  9. Salvador, obrigado por mais um post escrito com o seu padrão de qualidade. Concordo com você: fechar os olhos e a mente para o que acontece em nosso céu noturno é algo que beira o surreal. Acho que foi o Carl Sagan que disse como seria monótona a vida aqui na Terra se não tivéssemos a oportunidade de enxergar, quando as nuvens deixam, o espetáculo noturno que a natureza nos proporciona.

  10. Em meio a todas essas ‘maravilhas’ (maravilhas porque não ocorrem em nosso quintal), é sempre tempo para pensar no mistério da nossa ‘proteção’ contra tudo isso, ou na pior das hipóteses, na incrível sorte que temos de estarmos aqui há milhares de anos sem que nada sério nos aconteça (falando na humanidade como um todo) para admirar e tentar explicar tudo isso.
    Só lembrando, há asteróides de todos os tamanhos vagando por aí, explosões de raios gama, ventos solares de maior intensidade, buracos negros,, reversão dos polos magnéticos da Terra,etc. Isto sem falar nos riscos gerados pelo próprio ser humano (guerra nuclear, aquecimento global, pandemias,etc)

      1. Não entendeu o comentário ou fingiu não ter entendido, pois falei claramente na ‘humanidade como um todo’ e não casos isolados, em que nada acontece a quem não estava naquela região e naquela hora. Assim foi durante toda a história da humanidade. A segunda guerra mundial e a peste negra da Idade Média, p ex, deixaram milhões de fatalidades, mas ainda estamos aqui, especialmente eu e você

        1. Sim. Mas os dinossauros reinaram por 180 milhões de anos antes de serem extintos. Com só 200 mil anos na bagage, ainda é meio cedo para a gente comemorar qualquer vitória. Você mesmo diz que vem aí uma tragédia em 200 ou 300 anos (e ainda não revelou suas fontes “céticas”).

          1. Você esqueceu um pequeno detalhe:na época dos dinos, o planeta só seria destruído por causas naturais ( e mesmo assim, formas de vida sobreviveram ao asteróide de Chicxulub, por motivos ainda não inteiramente esclarecidos). Em nossa época além das naturais temos as causas provocadas pelo homem (estivemos à beira da destruição total na crise dos mísseis em Cuba, nos anos 60, p ex).
            A prova definitiva de existir ou não uma ‘proteção’ viria com a destruição total da espécie humana, mas nesse caso ninguém seria testemunha dessa prova. Se ocorrer uma catástrofe de grandes proporções, ainda que reste no planeta apenas um casal em condições de procriar e sobreviver, a tal ‘proteção’ estaria comprovada (aliás, do jeito que as coisas estão precisamos mesmo começar tudo do zero novamente)

          2. Estão bem esclarecidas pelo registro fóssil as causas da sobrevivência de algumas formas de vida em detrimento de outras. Basicamente sua demanda por alimento. O corte foi pelo tamanho. Os maiores, que precisavam de mais comida, morreram todos.

            Continuo esperando o cataclismo cético de daqui a 200 ou 300 anos. Você vai esclarecer ou não?

          3. Você acredita em dinossauros?

            Eu não, eles são muito mentirosos!
            (e, ainda assim, mais inteligentes e tem mais argumentos que Terraplanostras!)

  11. Então, na verdade o que eu fiquei sabendo sobre esse evento de chuvas de meteoros foi causado pelo Silvio Santos do Sbesteira. Ele Silvio, teria alugado o Balão Mágico, da turma da Simony, daí ele foi para o espaço fazer marketing de fim de ano com o Bozo e com o papai Noel, claro. O correto seria dizer que os meteoros visto pelos globalistas da bola molhada e pelos lunáticos que vivem na Lua, não são meteoros e sim aviõesinhos feitos com notas (cédulas) de 3 reais. Assistam no próximo domingo o programa do Silvio Santos que ele vai exibir tudo o que a turma do Sbesteira conseguiu gravar do espaço. Programão imperdível para o próximo domingo. Eu não perderei por nada. Na segunda feira vocês voltam aqui para comentar e fazer suas considerações.

      1. Ahhh, agora tudo faz sentido. Por isso que ele fica fazendo daquele jeito com a língua na TV… Abri meus óleos agora!

  12. Consegui ver meia dúzia de riscos no céu, antes do pescoço doer. Em Campinas SP a visão estava muito boa.

  13. Bela matéria. Ocorreu uma dúvida ao se usar marco geográfico para evento na lua. Geo é terra, certo? Haveria um marco selenográfico?

    1. Boa, vou trocar! Tudo bem usar geográfico de forma genérica, mas selenográfico é mais charmoso! 😉

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