É a Lua, meu amigo, minha amiga! A LUA!

Salvador Nogueira

Então, seguinte.

Superlua – Lua cheia perto do perigeu, o momento de máxima aproximação que o satélite natural faz de nosso planeta em sua órbita elíptica. Acontece várias vezes ao ano. Nada demais. Se ninguém te contar que está acontecendo, a chance é boa de você não notar diferença alguma que vá além de “nossa, a Lua está bonita hoje, né?”.

Lua azul – O ciclo da Lua dura 29,5 dias, ou seja, esse é o tempo que leva para ela ir de uma fase cheia a outra fase cheia. Dependendo do dia do mês em que cai a Lua cheia, dá tempo de, antes de acabar o mês, haver uma segunda Lua cheia. Quando isso acontece, é a tal Lua azul. Mas ela não fica azul, não se preocupe. Eu é que fico azul de ter de ficar explicando essas coisas.

Lua de sangue – É um eclipse lunar total. Ocorre quando a sombra da Terra se projeta sobre a Lua, deixando-a avermelhada (pela refração de raios de luz solar que são desviados pela atmosfera da Terra e acabam chegando à Lua, mesmo encoberta pela sombra do nosso planeta). Mas, na boa, parece mais tijolo que sangue. Acontece mais ou menos uma ou duas vezes ao ano e nem sempre é visível de onde você está.

No próximo dia 31, teremos essas três coisas ao mesmo tempo. Mas nenhuma delas significa nada, nem é particularmente especial. Você não verá a Lua azul, nem perceberá a Superlua como muito diferente de uma Lua cheia normal. Dos três, o único realmente digno de nota seria o terceiro — se fosse visível do Brasil. Não será o caso. Então, desculpem o mau humor, mas nada disso tem muita importância e só vira notícia porque temos uma população (mundial, não é só na República das Bananas, não) que é largamente analfabeta cientificamente.

Bom fim de semana.

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Comentários

  1. Take it easy, Salvador 😉 Ou será que o bode é porque o senhor nem ao menos foi indicado ao Prêmio Astronova na categoria “Divulgador Científico”? Se preocupa, não… nem o Marcelo Gleiser foi indicado…
    Forte abraço!

    1. Magina, fiquei superfeliz com a premiação. O importante é a mensagem, não os mensageiros. 😉

  2. Infelizmente, amigo Salvador, o analfabetismo científico realmente é uma desgraça, porta de entrada para muitas superstições, charlatanismo e exploração da fé alheia, possibilitando inclusive a escravidão ideológica que tantas desgraças têm causado a toda a humanidade ao longo dos milênios.

  3. Salvador, está de bom tamanho. Este espaço(Blog) é muito maior que ficar falando de Lua Azul, Cheia,…..
    Se não entendem nada, paciência! Chuta o balde, mesmo!

  4. Achei deselegante a referencia ao analfabetismo científico. Voce por acaso entende algo sobre estruturas em concreto? Ou entende como plantar e colher boas alfaces. Cada qual no seu quadrado e a sua pelo visto é nos dar notícias sobre o que vc entende, e por sinal, sempre, como muita propriedade. Acho que vc pisou na lua ou melhor na bola.

    1. Eu sei, por exemplo, que não se pode plantar alfaces em concreto. 😛
      Ninguém está exigindo especialização aqui. Só o básico que se ensina na escola, meu amigo. O que se ensina na escola todo mundo deveria saber.

    2. O cara vive num planeta onde pessoas ainda duvidam da viagem do homem a Lua e acreditam em terra plana e acha deselegante falar disso…ah, meu amigo, vá plantar bata…alfaces!!!

  5. Realmente você estava mau humorado quando escreveu, especialmente o final. Nem parece você.

    1. O problema, Isa, é o hype. Eu não escreveria nada sobre isso, porque esse papo de Superlua, Lua azul, Lua de sangue é contra-producente. Sensacionaliza algo que é banal e, no longo prazo, tende a deixar o público menos interessado em astronomia, não mais. É só a mesma Lua cheia de sempre, talvez um pouquinho maior do que a média, mas nada que se possa classificar como um grande espetáculo celeste.

      Só que aí, como parte da imprensa começa a escrever, vem um pedido para que eu escreva também. Achei melhor ser honesto e desinflar as expectativas. O final, em tom de desabafo, talvez tenha sido exagerado. Mas, por favor, entenda minha frustração.

      1. Pois eu acho que a Imprensa faz bem em destacar a Super Lua, mesmo se tratando de um fenômeno trivial. Dá um certo alívio no noticiário que, em geral, vem carregado de desgraças. Um pouco de poesia visual não faz mal para ninguém…

        1. O problema não é destacar a Superlua. O problema é destacar a Superlua como algo fora do comum. Seria melhor se todos os portais dessem, logo na capa, todos os dias, a fase da Lua, não? Isso eu não seria contra. Sou totalmente a favor de disseminar informações astronômicas. Sou contra sensacionalismo, porque o tiro sai pela culatra. Não sei como alguém ainda aguenta essa história de Superlua sem soltar um “Nhé”.

  6. Pensei que fosse uma variação do “ É a economia, estupido”, para dar um choque de compreensão aos leitores, referindo-se “ “É a lua, meu caro, mas você está olhando meu dedo!”, para chamar o leitor à realidade política!

  7. Exatamente! Para mim, são apenas dignas de “Ja viu como a lua esta bonita hoje?”. Mas a falta de qualidade de conteúdo científico na imprensa sempre contribui para manchetes sensacionalistas, como se fossem acontecimentos únicos e raros. E o Facebook então? Uma desgraça!

  8. E o meu telescópio na minha casa na praia, e o vizinho do prédio aqui da minha mãe em SP com um cassegra na sacada…..

  9. Estamos todos perdendo a paciência com a ignorância do mundo….Vejam só os políticos que ela nós dá…

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