Astronomia: As maiores estrelas do Universo

Universo fabrica mais estrelas azuis, maiores que o Sol, do que se pensava, diz estudo.

PEQUENAS E GRANDES
Sem querer desmerecer o Sol, que é o responsável pela energia que alimenta nossa biosfera, mas vamos e venhamos: trata-se de uma estrelinha bem sem-vergonha. No Universo aí fora, há astros bem maiores, azuis, com dezenas ou centenas de vezes mais massa. Eles são menos comuns, mas, pelo visto, não tão incomuns quanto se pensava antes.

A GRAMA DA VIZINHA
Ao estudar com o VLT, no Chile, um berçário de estrelas numa galáxia vizinha da Via Láctea, a Grande Nuvem de Magalhães, um grupo de astrônomos descobriu que o Universo fabrica muito mais estrelas de alta massa do que antes se pensava.

BERÇÁRIO
O foco da investigação, publicada na revista “Science’, foi a Nebulosa da Tarântula (imagem acima), uma região particularmente rica em formação estelar. O estudo mostrou que o nascimento de novas estrelas começou a pipocar para valer naquela área uns 8 milhões de anos atrás e as coisas só começaram a sossegar no último milhão de anos.

CERTIDÃO DE NASCIMENTO
Para constatar isso, eles fizeram um censo de cerca de 800 estrelas, estudando tamanho, temperatura e idade. E aí perceberam que por lá havia muito mais estrelas de alta massa do que o esperado.

TERRA DE GIGANTES
E não é só que há mais estrelas maiores; o tamanho das grandes também é maior que o esperado. A recordista na amostra tem cerca de 200 vezes mais massa que o Sol. Imaginava-se que uma estrela desse porte surgisse apenas raramente, mas o fato de os cientistas já encontrarem uma numa baciada de 800 mostra que deve haver mais delas no Universo do que bebês gigantes em reportagens do G1.

RICO UNIVERSO
A descoberta tem várias implicações. Astros de alta massa costumam morrer explosivamente, como supernovas, e nisso semeiam o cosmos com elementos pesados, essenciais à vida. Após a detonação, o que resta vira uma estrela de nêutrons ou um buraco negro. Se estrelas de alta massa são mais comuns, supernovas também são, assim como estrelas de nêutrons e buracos negros. E isso sugere que o Universo evoluiu quimicamente mais rápido do que se pensava — quase como se estivesse com pressa de ficar interessante.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

Acompanhe o Mensageiro Sideral no Facebook, no Twitter e no YouTube

Comentários

  1. Olá Salva, tem ideia se esse berçário de estrelas se formou com o material virgem da origem do universo, ou já é matéria enriquecida com o que sobrou de antigas supernovas?
    Se as estrelas começaram a pipocar a uns 8 milhões de anos, isso quer dizer que essa nuvem não deve ser muito antiga e ter “só” alguns milhões de anos, é isso?

    1. Lembrando que as estrelas nascem em um lugar chamado berçário cósmico. E, o processo de enriquecimento da matéria chamada de transmutação ao longo da vida de uma estrela, permite criar uma geração de estrelas mais evoluídas.

  2. Como de fato se classificam as estrelas? Massa, volume, brilho, espectro ou outros ? Ou cada atributo tem sua classificação?

  3. Caro Salvador,gostaria de deixar , aqui, meu protesto pela forma pouco respeitosa com que vc está tratando o nosso Astro Rei. Não fosse por este rei bondoso , a vida não exestiria em nosso planeta. Peço que reconsideres…e, lembre-se tamanho, tanto em massa qto em volume, não é documento, conforme sabemos…e, para finalizar…kkkkkkkkk

  4. Salvador, dúvidas básicas sobre estrelas de alta massa que originam buracos negros:
    – a influência da gravidade sobre corpos próximos antes da supernova/buraco negro é maior/menor do que antes da explosão?
    – na teoria é possível desfazer um buraco negro, ex, adicionando massa ao sistema fazendo o jogo do contra balanço núcleo x massa circundante voltar a originar uma estrela? (tipo rebobinar a fita)

    Viajei? Muito “leigão”?

    Abs

    1. Antes é maior. Depois da explosão, boa parte da massa é ejetada para o espaço. Menos massa, menos gravidade.
      Não, uma vez buraco negro, sempre buraco negro. Não dá para entrar lá e forçar a massa a se descompactar.
      As perguntas não são “viagens”. São pertinentes. 😉
      Abraço!

      1. Moro no interior de MG, comprei às vésperas do Natal e ainda assim deu pra fingir que o Papai Noel atendeu à cartinha da minha filha, que pediu de última hora esse presente pro pai… chegou bem rápido!

        Ou seja, se vc morar em locais menos ermos, possivelmente chegará ainda mais rápido.

  5. Muito interessante! Mais estrelas de alta massa significa mais estrelas de nêutrons e buracos negros, mas, também implica em mais material para a vida espalhado pela supernova criada ao fim da vida da estrela de grande porte. Mas, a esse respeito, Salvador, por favor, esclareça-me já que sou leigo no assunto: creio que na formação de uma estrela de nêutrons (ou buraco negro), a gravidade faz com que os elétrons atinjam os prótons e gere os nêutrons (extras) por anulação de suas cargas, mas, o que acontece com a pequena massa dos elétrons? Ela encorporaria a de um dos quarks UP do próton transformando-o em um DOWN e aí partícula viraria um nêutron? Grato pela atenção.

    1. É uma boa pergunta, que não sei responder. Sei que nêutrons são mais pesados que os prótons, mas a diferença de massa não é a massa do elétron. E também não sei como funciona, em termos quânticos, a conversão de quark para tornar um próton num nêutron. Contudo, tenha em mente que partículas têm sua massa de repouso e sua massa relativística. Provavelmente é nesse balanço de energia total que se resolvem essas conversões. Matéria e energia são a mesma coisa, basicamente, então dá para converter de um em outro.

  6. Salvador,

    Tenho em minha cabeça que o universo é composto principalmente de 3 tipos de estrelas:

    – As anãs vermelhas (que seriam algo em torno de 80% do total).
    – As estrelas médias amarelas (iguais ao nosso sol).
    – As gigantes azuis.

    Isso procede ou é incorreto??

    Obrigado.

    1. Grosso modo, está correto. Tem algumas entre as amarelas e as azuis (tipos F e A) e algumas entre as amarelas e as vermelhas (K), mas dá para arredondar essas na faixa das amarelas. rs

  7. Ou seja, as condições propícias à vida estavam presentes logo cedo no Universo. E tem gente que acha que a vida na Terra é única… 😛

  8. Grande Salvador! A estrela recordista de tamanho ainda é a VY de Canis Majoris ou já foi desbancada por algo maior?

    1. Continua sendo a maior — em tamanho, não em massa. Ela está em fase gigante já, por isso é tão grande.

  9. Estrelas azuis são extremamente interessantes, pois morrem muito mais rapidamente que o nosso sol e colapsam em estrelas de nêutrons ou buracos negros, Mas como seria ver essa estrela um pouco mais de perto, como seria suas explosões, seus campos magnéticos? coo seria o seu núcleo? acho bastante interessante essas estrelas de tamanhos colossais, felizmente, o nosso sol, pelo seu tamanho, é uma estrela de longa duração que propiciou o desenvolvimento da vida, coisa que essa outra não poderia prover, pois até mesmo a sua radiação exterminaria qualquer vida, ou seria que a vida surgiria adaptada a isso? acredito que mesmo se o planeta estiver em zona habitável isso não seria possível.

    1. Sem chance de zona habitável nesses monstros devido a sua intensa atividade. É como tentar construir uma casa no topo de um vulcão ativo.

      1. Zona habitável há, mas ela é bem distante da estrela, uns poucos milhares de UA de largura distante outros poucos milhares da estrela (estimo algo entre 3 e 5 mil UA usando a lei de Stefan-Boltzmann e desconsiderando outros fatores que podem determinar as dimensões da região).

    2. Uma conta de padeiro: assumindo que a relação entre massa e luminosidade vai com o cubo da massa e que o brilho cai com o inverso do quadrado da distância, um planeta em torno de uma estrela de 200 massas solares receberia a mesma intensidade de luz que nós recebemos se estivesse 2.800 vezes mais distante que nós estamos do Sol (Plutão está somente 40 vezes). Claro que a zona habitável depende de mais do que somente brilho da estrela.

      Uma estrela de 200 massas solares passaria algo como um milhão de anos na sequência principal, logo antes de entrar na fase de gigante e supergigante vermelha. Então, a não ser que alguma civilização resolvesse dar uma passadinha breve por lá, não há uma zona habitavel por tempo suficiente para a vida evoluir.

      Espero não ter me perdido em nenhuma conta :p

    3. Plutão estaria dentro da região quente da estrela, estaria queimando tal como Mercúrio. A zona habitável de uma estrela com 200 massas solares está na casa dos milhares de UA, muito além dos 39 UA do afélio do planeta-anão.

  10. Salvador;

    Uma dúvida, por mais que a nuvem estudada possa ser enorme e com atividade intensa, se compararmos ela ao universo observável estaríamos falando de uma amostra de população muito pequena compara a população total…. ou seja, que confiabilidade se pode ter estudando uma única nuvem ou dez nuvens visto que estamos falando de uma população infinita? Não seria estatisticamente pouco confiável afirma isso em escala universal?

    Obrigado!!

    1. Ah sim, mas estamos falando de um processo universal, que é a formação de estrelas de alta massa em condições semelhantes.

Comments are closed.