Observatório brasileiro registra Tesla de Elon Musk a caminho de Marte

Com sua costumeira agilidade para flagrar coisas incríveis no céu, o Observatório SONEAR, em Oliveira (MG), registrou a partida do Tesla Roadster de Elon Musk deixando o sistema Terra-Lua, a mais de 380 mil km de distância.

O foco de trabalho do SONEAR, capitaneado pelo astrônomo amador Cristóvão Jacques, é descobrir asteroides próximos à Terra. E ver o carro lançado pelo foguete Falcon Heavy, a essa altura, é exatamente como detectar um asteroide — só que com a vantagem de saber onde ele está.

“Foram 10 imagens de 60 segundos obtidas na madrugada de 8 de fevereiro”, explica Jacques. “Com essas imagens foi possível obter a astrometria e calcular a órbita.”

Na primeira estimativa da SpaceX, feita às pressas logo após o lançamento, foi sugerido que o carro iria ultrapassar a órbita de Marte e quase chegar à de Ceres, no cinturão de asteroides. Novos cálculos feitos por astrônomos do mundo inteiro que registraram a posição e o movimento do Starman, contudo, mostram que certo mesmo estava o plano original: o afélio — máximo afastamento do Sol — da órbita ocorre a 1,69 UA (unidade astronômica) de distância. Já Marte fica na região de 1,66 UA. Ou seja, o foguete teve exatamente o desempenho projetado.

Musk também publicou a última imagem do Starman a caminho da órbita de Marte (acima). A bateria do carro, que alimentava as câmeras e a transmissão das imagens via rádio, só durou 12 horas, de forma que não receberemos mais imagens dele. Agora ele é, quase literalmente, mais um pequeno asteroide metálico a orbitar o Sol — condição que deve preservar por milhões de anos. (As partes feitas de polímeros serão erodidas rapidamente pela radiação cósmica, mas tudo que é feito de metal no carro, e no segundo estágio a que ele está acoplado, vai resistir por muito mais tempo. Os rumores de que o Roadster estaria completamente destruído em menos de um ano que circularam pela internet foram enormemente exagerados.)

Por fim, a SpaceX já descobriu o que aconteceu para levar à falha do pouso do propulsor central do primeiro estágio. Dois dos três motores que precisavam se reacender para a descida controlada não foram ativados, porque o foguete esgotou seu suprimento dos compostos usados para a ignição. Com isso, o foguete desceu muito depressa, a 100 metros da balsa, batendo no mar a 500 km/h, causando o que Elon Musk gosta de chamar de RUD: Rapid Unscheduled Disassembly, ou Desmontagem Rápida Não Programada.

Com o problema identificado, não será complicado para a SpaceX desenvolver contra-medidas para evitar que se repita. E o prejuízo não foi grande, já que a empresa não pretendia usar esse propulsor central do Falcon Heavy em missões futuras. Foi, sim, mais uma demonstração da importância de voos-teste para aperfeiçoar o funcionamento dos foguetes.

REVIVA O LANÇAMENTO

P.S.: Os comentários do blog ainda estão bugados. Pessoal de TI está trabalhando para resolver. Lamento pelo inconveniente.

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