Astronomia: Fontes radioativas podem alimentar vida em Europa

Estudo brasileiro mostra que pode haver vida movida a energia nuclear em lua de Júpiter.

FAMÍLIA NUCLEAR
Um novo estudo feito por pesquisadores brasileiros mostra que pode haver vida em Europa, uma das luas-oceano de Júpiter, alimentada pela energia do decaimento de elementos radioativos que devem existir em seu interior rochoso, como urânio e tório. Vida movida a energia nuclear.

NA TERRA COMO NO CÉU
“Quando falamos em energia nuclear, estamos falando de organismos que vivem à base de quimiossíntese, da redução de sulfato. Esse metabolismo existe na Terra, como numa mina profunda na África do Sul, e em lugares mais mundanos, como os manguezais”, explica Douglas Galante, pesquisador do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, em Campinas (SP), e um dos autores do trabalho.

VARIEDADE
A pesquisa consistiu em avaliar a quantidade de energia que deve haver no leito rochoso de Europa proveniente de elementos radioativos, baseado nas melhores informações de que dispomos a respeito da composição da lua. O trabalho mostrou que deve existir uma grande variedade de fontes possíveis de energia em Europa que sejam biologicamente aproveitáveis.

ESQUEÇA O SOL
O Sol está distante demais de Júpiter e suas luas para ser de grande valia como fonte de energia. Mas especula-se que o oceano de Europa, escondido sob sua crosta de gelo, esteja em contato com um leito rochoso, que por sua vez deve ter fontes hidrotermais também capazes de alimentar ecossistemas limitados.

SÓ INDO ATÉ LÁ
Contudo, há uma distância enorme entre “pode haver vida” e “há vida”. Para cruzar esse abismo, a Nasa planeja para a próxima década uma nova sonda, o Europa Clipper, que vai à órbita de Júpiter para caracterizar o conteúdo do oceano de Europa. Ela também buscará o melhor local para um futuro módulo de pouso que possa fazer experimentos na superfície e investigar se há sinais químicos de vida no satélite natural.

A coluna “Astronomia” é publicada às segundas-feiras, na Folha Ilustrada.

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