Expansão do Universo não é igual em todo lugar, diz estudo
Um trio de pesquisadores acaba de demonstrar que a expansão do Universo não segue o mesmo ritmo em todas as partes do cosmos, o que pode ajudar a explicar discrepâncias entre medidas locais e globais da expansão obtidas pelos astrônomos.
Na Universidade Monash, na Austrália, Hayley Macpherson e seus colegas recriaram o cosmos num computador, partindo apenas das equações da relatividade geral e de medidas da radiação cósmica de fundo — uma espécie de eco luminoso do Big Bang, medido com precisão pelo satélite europeu Planck.
O estudo partiu dos dados reais do Planck para estimar a inomogeneidade original do Universo e dali passou a tratar a matéria como um fluido, cujo movimento era ditado pelas equações da teoria de Einstein. Os resultados foram apresentados em dois artigos, submetidos aos periódicos Physical Review X e Astrophysical Journal Letters.
Na simulação, o grupo viu um quadro bastante familiar, com a formação da chamada “teia cósmica”. São as maiores estruturas do Universo, compostas por enormes filamentos com incontáveis galáxias, em meio a grandes vazios.
Ao retratarem o Universo de maneira mais realista, os cientistas constataram que a expansão cósmica, iniciada com o Big Bang, avança significativamente mais depressa em regiões onde há menor concentração de matéria do que nas que compõem as regiões mais densas da “teia cósmica”.
E essa pode ser a chave para compreender um recente conflito entre diferentes estimativas da chamada constante de Hubble, a taxa de expansão cósmica. Enquanto medições baseadas na radiação de fundo indicam que a constante é de 67 km/s/Mpc, estimativas com base em objetos astrofísicos mais próximos apontavam uma taxa local de expansão de 73 km/s/Mpc.
Essa discrepância tem sido uma enorme dor de cabeça para os cosmólogos, mas talvez possa ao menos em parte ser explicada pela variação local da expansão. Caso isso se confirme, é sinal de que estamos numa região relativamente vazia do Universo, onde a expansão avança mais depressa do que a média global.
Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.
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