Buscar vida em Europa ficou mais fácil
Encontrar evidências de vida em Europa, lua de Júpiter, pode ser mais fácil do que antes se imaginava. Um novo estudo mostrou que uma quantidade razoável de moléculas biológicas poderia subsistir por 10 milhões de anos na camada superior do solo, a uma profundidade tão modesta quanto 1 cm. A constatação foi feita por pesquisadores da Nasa e publicada na Nature Astronomy.
Europa é um dos melhores lugares no Sistema Solar para a busca por vida. Lá, uma espessa crosta de gelo esconde um oceano de água salgada, mantido líquido pelo poderoso efeito de maré de Júpiter.
O oceano deve estar em contato com um leito rochoso e abrigar fontes hidrotermais. Na Terra, esses habitats são candidatos fortes a berço da origem da vida. Mas como saber se o mesmo se deu em Europa?
Uma olhada na superfície da lua revela poucas crateras, indicando que o terreno é novo. Ou seja, há troca constante entre o que há na superfície e no interior. Além disso, há evidências de plumas de água ejetadas a partir de fissuras no gelo. Ou seja, é quase certo que o conteúdo do oceano se deposite na superfície – para então ser destruído.
Europa é bombardeada por altas doses de radiação guiada pelo campo magnético de Júpiter. Isso tem o potencial para desmanchar moléculas de origem biológica. Mas só na superfície.
O estudo constatou que o nível de radiação nas regiões equatoriais destrói moléculas orgânicas nos primeiros 10 cm de solo. Nas latitudes mais altas, a uma profundidade de 1 cm já há proteção razoável.
O trabalho é o prelúdio de duas missões que a Nasa deve mandar a Europa na próxima década. O orbitador Europa Clipper fará um mapeamento da superfície da lua, a fim de escolher o melhor local para a descida de um futuro módulo de pouso. E agora sabemos que ele não precisará cavar mais que 1 cm para encontrar sinais de vida, se eles existirem.
Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha.
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