Sonda japonesa Hayabusa2 está para lançar dois minirrovers em asteroide

Entre esta quinta (20) e sexta-feira, a sonda japonesa Hayabusa2 tentará levar à superfície do asteroide Ryugu dois minirrovers exploradores.

Se tudo correr conforme o planejado, o procedimento de descida envolve a espaçonave, que chegou ao astro no fim de junho, se aproximar a até 60 metros do solo com seu motor iônico e então liberar os dois pequenos mecanismos, com 18 cm de diâmetro, chamados de Minerva II1A e B. Dali em diante, os dois descerão em queda livre (ajuda o fato de que a gravidade do asteroide é bem fraquinha, de modo que se trata de um pouso relativamente suave) e então quicarão pela superfície, tirando fotos ao longo do caminho.

O A tem quatro câmeras, e o B, três. Eles se comunicam com a sonda principal por meio de um repetidor que limita as comunicações a 32 kbps (para quem viveu a época do início da internet por conexão discada, essa era uma velocidade típica).

Os dispositivos são equipados com um sistema giratório que os ajuda a quicar pela superfície e permanecer em movimento, explorando o terreno. Cada quicada, pelos planos, levará 15 minutos e levará os Minervas a cerca de 15 metros de distância.

Além das câmeras, eles têm pequenos espinhos que medirão a temperatura na superfície do asteroide.

Ainda não será desta vez que a Hayabusa2 em si descerá até a superfície para colher amostras do astro, mas os japoneses têm trabalhado em ensaios para esse procedimento. Num desses, realizado na semana passada, a sonda foi de sua altitude típica de 20 km até 600 metros da superfície.

A Jaxa, agência espacial japonesa, não divulgou o cronograma exato, mas apontou que a descida para a liberação dos minirrovers começa no dia 20 e a separação acontece no dia 21. Tenha em mente, contudo, que eles usam o fuso horário oficial do Japão, que está 12 horas adiante. Ou seja, o dia 21 deles começa ao meio-dia de quinta-feira em Brasília.

Não há previsão de transmissão ao vivo do centro de controle durante os procedimentos, mas o Mensageiro Sideral, claro, está de olho e deve voltar com mais informações assim que elas se fizerem disponíveis.

Imagem obtida em 12 de setembro pela Hayabusa2, a 635 metros do asteroide Ryugu. Note a sombra da sonda no canto esquerdo da imagem. (Crédito: Jaxa)

ATUALIZAÇÃO, 3h11: A Hayabusa2 iniciou o procedimento de descida às 2h08 (de Brasília), partindo de uma altitude de 20 km a um ritmo de 40 cm/s.

ATUALIZAÇÃO, 10h32: Tudo segue normal no procedimento de descida. Às 9h03, a Hayabusa2 estava a 10 km da superfície. A informação chegou ao controle da missão quase 18 minutos depois, dada a distância entre a sonda e a Terra.

ATUALIZAÇÃO, 13h12: A descida continua normal. A Jaxa tem divulgado imagens feitas pela sonda com sua câmera de campo amplo em tempo real. Esta chegou às 13h05, o que quer dizer que foi obtida pela Hayabusa2 cerca de 20 minutos antes disso.

Imagem obtida às 13h05 pela Hayabusa2 durante sua descida para liberar os minirrovers Minerva II1. (Crédito: Jaxa)

ATUALIZAÇÃO, 15h27: A Hayabusa2 permanece descendo. São 3h27 no Japão. Abaixo, uma foto do Ryugu recebida pelo controle da missão às 15h00.

Imagem do Ryugu enviada pela Hayabusa2 e recebida às 15h (de Brasília), durante a descida para a liberação dos minirrovers Minerva II1. (Crédito: Jaxa)

ATUALIZAÇÃO, 16h56: Segue a descida. Confira uma imagem que chegou à Terra às 16h26 (de Brasília). O pessoal da Jaxa está devagar com a divulgação de novas informações, mas provavelmente porque (1) está tudo bem e (2) é o meio da madrugada lá.

Imagem do Ryugu feita pela Hayabusa2 que chegou às 16h26 (de Brasília) do dia 20 de setembro. (Crédito: Jaxa)

ATUALIZAÇÃO, 18h58: A Jaxa confirmou uma desaceleração, dos originais 40 cm/s, para 10 cm/s, durante a aproximação final. Às 17h20, a altitude da Hayabusa2 era de 3 km. A sonda deve continuar descendo, e a liberação dos minirrovers deve acontecer quando ela estiver a apenas 60 metros do solo.

Imagem da Hayabusa2 recebida às 18h50 (de Brasília). (Crédito: Jaxa)

ATUALIZAÇÃO, 20h28: A descida continua. Confira imagem do Ryugu recebida pelo controle da missão às 20h17.

Imagem da Hayabusa2 recebida às 20h17 do dia 20 de setembro. (Crédito: Jaxa)

ATUALIZAÇÃO, 22h16: Às 21h30, o centro de controle recebeu a informação de que a Hayabusa chegou à distância de 1,5 km da superfície. A visão era mais ou menos esta.

Imagem recebida às 21h14 (de Brasília), a pouco mais de 1,5 km de distância do Ryugu. (Crédito: Jaxa)

ATUALIZAÇÃO, 23h16: A telemetria às 23h indicou que a espaçonave estava a apenas 900 metros da superfície. O momento de liberação dos minirrovers lentamente se aproxima.

Imagem transmitida pela Hayabusa2 às 22h30. (Crédito: Jaxa)

ATUALIZAÇÃO, 23h43: Às 23h30, a Hayabusa2 sinalizou estar a apenas 700 metros da superfície. É perto de quando um problema com o medidor de distância interrompeu a descida num ensaio semana passada. Vamos ver como vai agora. Aproximação final.

Iamgem da Hayabusa2 recebida às 23h. (Crédito: Jaxa)

ATUALIZAÇÃO, 23h55: Às 23h, chegou o sinal de que a Hayabusa2 venceu a barreira dos 600 metros, batendo seu recorde de aproximação máxima! A liberação dos minirrovers deve acontecer com mais 540 metros de descida.

Imagem da Hayabusa2 recebida às 23h39. (Crédito: Jaxa)

ATUALIZAÇÃO, 21.set, 00h31: A espaçonave sinalizou estar a menos de 500 metros à 00h05.

Imagem da Hayabusa2 recebida à 00h05 do dia 21 de setembro. (Crédito: Jaxa)

ATUALIZAÇÃO, 21.set, 1h08: A sonda atingiu meros 300 metros de altitude à 00h25 e agora viaja de forma completamente autônoma para liberar os minirrovers. Claro, se houver alguma anomalia inesperada, a inteligência artificial pode interromper a descida. À 00h58, ela já registrava altitude de 200 metros. Faltam apenas 140 metros para a liberação, e a Jaxa pede pensamento positivo para a operação!

Imagem parcial recebida à 01h09 mostra o terreno acidentado na superfície de Ryugu. Repare na sombra da Hayabusa2. (Crédito: Jaxa)

ATUALIZAÇÃO, 21.set, 1h24: À 1h17, chegou o sinal da sonda confirmando estar a 100 metros da superfície. Isso, claro, aconteceu 18 minutos antes desse horário. Ou seja, a essa altura, se tudo deu certo, os minirrovers já foram liberados.

ATUALIZAÇÃO, 21.set, 2h01: Com um simples, “lá vaaamos nóóós!”, a Jaxa anunciou no Twitter a liberação dos dois minirrovers Minerva II1. A confirmação da separação chegou ao centro de controle à 1h35. Tudo normal até aqui. Agora, os pequenos módulos estão por contra própria. A nave-mãe deve monitorá-los durante a descida, feita em queda livre nos 60 metros finais.

Imagem produzida pela Hayabusa2 prestes a liberar os minirrovers Minerva II1. (Crédito: Jaxa)

ATUALIZAÇÃO, 21.set, 2h48: A essa altura a Hayabusa2 já se afastou com segurança da superfície, abrindo lentamente distância de 2,5 km. A Jaxa ainda não apresentou novidades sobre os minirrovers.

ATUALIZAÇÃO, 21.set, 4h22: Sabemos que houve comunicação com os minirrovers pós-separação, mas nada sobre o pouso em si.

ATUALIZAÇÃO, 21.set, 7h36: Comunicação com os Minervas II1 foi interrompida subitamente, informou uma hora atrás a Jaxa, provavelmente pela rotação do Ryugu. Controle da missão checa para ver se alguma imagem foi captada e transmitida.

SOBRE A MISSÃO
A Hayabusa2 é a segunda missão de retorno de amostras de asteroides do Japão. Sua predecessora, a Hayabusa, voou entre 2003 e 2010 e trouxe de volta à Terra farelinhos do asteroide Itokawa. A Hayabusa2 foi lançada em 2014, na direção do asteroide Ryugu, com cerca de 900 metros de diâmetro, o primeiro asteroide de tipo C (carbonáceo) a ser visitado por uma sonda.

Asteroides carbonáceos costumam ser mais escuros e acredita-se que sua composição seja primitiva, mais parecida com o conteúdo original da nebulosa que teria formado o Sol. Eles nos remetem à época em que os planetas estavam se formando.

Estudar o Ryugu é, portanto, um trabalho de arqueologia cósmica — a busca por vestígios do ambiente que levou ao surgimento do Sistema Solar, há 4,6 bilhões de anos.

Além dos minirrovers Minerva II1A e B, a sonda ainda transporta o minimódulo de pouso MASCOT, desenvolvido por alemães e europeus, e o minirrover Minerva II2, japonês.

Espera-se que a primeira operação de coleta de amostras possa acontecer até o fim de outubro.

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