Vem passear no asteroide Ryugu!
Os entusiastas do voo espacial andam apreensivos com a morosidade da Jaxa, a agência espacial japonesa, em divulgar mais imagens feitas pelos minirrovers Minerva II1A e B, que foram lançados pela sonda Hayabusa2 à superfície do asteroide Ryugu.
“Não vos afobeis!”, como costuma dizer a minha avó. Nesta quinta-feira (27), tiramos a barriga da miséria, conforme os japoneses divulgaram mais algumas imagens e até mesmo um pequeno vídeo feito na superfície pelo minirrover B. Confira aí.
São imagens muito interessantes, e o vídeo, feito pelo minirrover B já em seu local final de repouso, é incrível. São alguns frames, colhidos ao longo de 1h 14min, que mostram o movimento do Sol conforme o asteroide gira ao redor de seu próprio eixo. Veja.
De novo, essas são apenas algumas amostras adicionais, de várias outras imagens que os minirrovers devem ter captado. Elas decerto serão não só interessantes, como úteis, na hora de comparar o que se vê do chão com o que se vê da órbita do Ryugu, pela sonda Hayabusa2. Por falar nela, durante a descida para o lançamento dos pequenos módulos de 18 cm de diâmetro, ela também fez imagens de alta resolução da superfície, como esta.
Sobre os minirrovers Minerva II1A e B, não custa lembrar que o principal objetivo já foi atingido só de eles terem *alguma* imagem. Eles estão basicamente testando uma tecnologia nova, agora demonstrada útil na exploração da superfície de corpos com baixíssima gravidade, como é o caso dos asteroides. Seria muito complicado operar um jipe com rodas nessa superfície, mas uma sonda que vai quicando, usando cada salto como forma de locomoção, é uma ideia simples e — sabemos agora — funciona!
Isso permitirá que futuras missões tenham dispositivos mais sofisticados baseados na mesma estratégia. Duas lembranças são importantes aí:
- Quem persiste sempre alcança; a Hayabusa original também levava um Minerva, mas ele não funcionou… simplesmente “errou” a superfície ao se desprender da nave-mãe. (Mostra como não se pode contar muito com a gravidade para trazer coisas ao chão nesse tipo de corpo celeste.)
- A festa ainda não acabou, porque a Hayabusa2 ainda tem outros dois “minimódulos de pouso” para testar, o japonês Minerva II2 e o europeu Mascot. Além disso, a própria nave-mãe ainda deve fazer um pouso no asteroide Ryugu para colher amostras e trazê-las de volta à Terra.
SOBRE A MISSÃO
A Hayabusa2 é a segunda missão de retorno de amostras de asteroides do Japão. Sua predecessora, a Hayabusa, voou entre 2003 e 2010 e trouxe de volta à Terra farelinhos do asteroide Itokawa. A Hayabusa2 foi lançada em 2014, na direção do asteroide Ryugu, com 900 metros de diâmetro, o primeiro asteroide de tipo C (carbonáceo) a ser visitado por uma sonda.
Asteroides carbonáceos costumam ser mais escuros e acredita-se que sua composição seja primitiva, mais parecida com o conteúdo original da nebulosa que teria formado o Sol. Eles nos remetem à época em que os planetas estavam se formando.
Estudar o Ryugu é, portanto, um trabalho de arqueologia cósmica — a busca por vestígios do ambiente que levou ao surgimento do Sistema Solar, há 4,6 bilhões de anos.
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