Nasa aposenta telescópio espacial Kepler por falta de combustível
A gente sabia que esse dia ia chegar, e chegou hoje. Nesta terça-feira (30), a Nasa anunciou que está aposentando o telescópio espacial Kepler. O motivo: acabou o combustível.
É a aposentadoria do satélite que detém o recorde de exoplanetas descobertos: são mais de 2.600 mundos, de todos os tipos possíveis, orbitando outras estrelas. Graças a seus resultados, foi possível colher uma amostra estatística razoável e verificar que entre 20% e 50% de todas as estrelas da Via Láctea têm planetas potencialmente rochosos, como a Terra, em órbitas localizadas na chamada zona habitável de seus sistemas, onde água poderia perdurar em estado líquido na superfície.
A missão original do Kepler começou em 2009 e foi até 2013, quando uma falha de seus giroscópios impediu o apontamento de alta precisão. O fim poderia ter sido ali, mas os engenheiros da Nasa descobriram um meio de prosseguir a missão, usando a pressão da radiação solar como se fosse um dos giroscópios perdidos, estabilizando o apontamento.
Nasceu a missão K2, que produziu uma série de novas descobertas, monitorando alternadamente várias regiões do céu ao longo das constelações do zodíaco. Essas operações, contudo, continuavam demandando o uso de combustível dos pequenos propulsores usados para controlar o satélite.
Nas últimas semanas, por duas vezes o Kepler entrou em “modo de segurança” por nível baixo de combustível. Com os últimos dados baixados para a Terra, a Nasa decidiu encerrar oficialmente o projeto.
“Como a primeira missão caçadora de planetas da Nasa, o Kepler superou vastamente todas as nossas expectativas e pavimentou o caminho para nossa exploração e busca por vida no Sistema Solar e além”, disse Thomas Zurbuchen, vice-administrador do diretório de ciência da agência espacial americana. “Não só ele nos mostrou que muitos planetas existem lá fora, ele disparou um novo e robusto campo de pesquisa que tomou a comunidade científica como uma tempestade. Suas descobertas jogaram nova luz sobre nosso lugar no Universo e iluminaram mistérios e possibilidades tantalizantes entre as estrelas.”
A Nasa já tem operando no espaço o sucessor do Kepler, o satélite Tess. Desenvolvido por uma equipe do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e lançado em abril deste ano, ele está à procura de planetas ao redor de estrelas vizinhas mais brilhantes, que sejam passíveis de caracterização detalhada com a próxima geração de telescópios.
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