Voo suborbital da Virgin Galactic é marco do turismo espacial
O primeiro voo até a borda do espaço realizado pela VSS Unity, espaçonave da empresa Virgin Galactic, realizado na última quinta-feira (13), é um marco indiscutível na história do turismo espacial.
Ao se elevar a 82,7 km com piloto e copiloto, o veículo qualificou seus ocupantes a ganharem “asas de astronauta”, distinção concedida por agências do governo americano a quem vai a pelo menos 80 km de distância do solo, e abre caminho para a conclusão dos voos de teste e o início das operações comerciais da companhia em 2019 — uma década e um acidente fatal mais tarde do que o originalmente planejado.
Há quem vá se apegar à discussão se 80 km é suficiente para se declarar “no espaço” ou se o mais razoável é 100 km, o número internacionalmente reconhecido para tanto. Mas o exercício mais útil é investigar o potencial da nova indústria que se abre.
A Virgin Galactic passou vários anos comercializando assentos em seus voos, e já conta com cerca de 700 reservas, a um custo de US$ 200 mil a US$ 250 mil por passageiro, para uma viagem rápida até a borda do espaço, em modo suborbital. No total, temos aí pouco menos US$ 150 milhões em vendas. Nada mau. Mas é um troco, diante do custo da empreitada.
As iniciativas espaciais da Virgin, que incluem também o desenvolvimento de um foguete para lançamento de satélites de pequeno porte, custaram entre US$ 1,3 bilhão e US$ 1,5 bilhão, dos quais cerca de US$ 1 bilhão saíram da fortuna pessoal de seu proprietário, o magnata Richard Branson. Ele reiterou que pretende estar no primeiro voo comercial da empresa, no ano que vem — algo que só vai acontecer após a conclusão dos voos de teste.
A partir dali, a Virgin Galactic começará a recuperar o investimento. Mas terá concorrência. A Blue Origin, empreendimento espacial do dono da Amazon, Jeff Bezos, já demonstrou em voo — sem tripulação — um sistema de foguete e cápsula projetado para levar turistas até a borda do espaço. Diferentemente de sua concorrente, ela ainda não iniciou a venda de ingressos, mas espera fazer isso já no ano que vem.
Quem vai ganhar essa guerra comercial? Os futuros viajantes espaciais, claro, que terão poder de escolha e (ao menos) duas empresas disputando para ver quem lança mais gente à borda do espaço. Nos últimos 67 anos, entre 1961 e 2018, pouco mais de 560 pessoas no mundo todo tiveram o raro privilégio de ir ao espaço. Não será surpresa se, em apenas cinco anos, este número dobrar. Para isso, bastarão cerca dez voos anuais da Virgin Galactic e da Blue Origin a partir de 2019.
Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.
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