Um dos maiores — e mais recompensadores — desafios do Universo é capturar toda a sua beleza por meio de imagens. A astrofotografia é uma arte relativamente recente, em contraste com a ciência que lhe deu origem, e absolutamente fascinante. Ela traz aos nossos olhos o que a vista desarmada não pode ver, rompendo as barreiras do espaço e do tempo.

Há aquelas imagens que são colhidas por telescópios profissionais no espaço ou em solo, cujo objetivo principal é revelar os segredos ocultos dos astros. Elas normalmente são obtidas por meio de filtros que capturam apenas parte da luz de cada objeto — em geral associada a algum processo físico que se quer estudar –, gerando imagens em preto e branco que podem ser combinadas numa fotografia colorida.

Embora não sejam tão importantes para a prática astronômica, essas imagens coloridas são produzidas para praticamente todas as observações, como forma de engajar o público com as belezas do cosmos. Por vezes, se aproximam do que nossos próprios olhos veriam; em outras, representam apenas luz que nossas retinas são incapazes de detectar. Mas sempre trazem, além de informação, encantamento.

O universo da astrofotografia, contudo, não está limitado às observações profissionais. Pelo contrário, aliás. Astrônomos amadores têm se dedicado à prática de colher seus próprios retratos do Universo há décadas e, embora esse seja um fato pouco conhecido, no Brasil há grandes astrofotógrafos amadores.

A boa notícia é que eles tendem se tornar menos desconhecidos, com uma iniciativa promovida pelo CAsB, o Clube de Astronomia de Brasília. A organização amadora brasiliense acaba de publicar o primeiro volume do que promete ser uma série de livros dos Encontros Brasileiros de Astrofotografia.

A publicação em formato digital pode ser baixada gratuitamente via internet (http://www.casb.org.br/artigos-tutoriais-e-pesquisas/leitura/) e reúne, em 106 páginas, o trabalho de 25 astrofotógrafos brasileiros, de vários estados, apresentando três de suas imagens favoritas. Elas contemplam estrelas, nebulosas, galáxias, aglomerados e objetos do Sistema Solar. Desnecessário dizer que são todas de encher os olhos.

“Nesse primeiro volume o leitor encontrará informações riquíssimas de como essas fotos são produzidas. Cada fotógrafo descreve seus equipamentos, métodos fotográficos e dá dicas aos iniciantes”, descreve o site do projeto.

Nesses tempos sinistros de horizontes limítrofes, os deleites intelectuais e sensoriais da astrofotografia são alimento muito bem-vindo para a alma.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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