Dono da Amazon apresenta planos para conquista da Lua

Na última quinta-feira (9), num evento fechado em Washington, Jeff Bezos, o homem mais rico do mundo, apresentou seus grandes planos para o futuro da humanidade. E eles vão começar com um retorno à Lua — desta vez para ficar.

De concreto, o dono da Amazon e da companhia espacial Blue Origin apresentou um módulo lunar em que estão trabalhando, chamado Blue Moon. Em sua versão inicial, ele é capaz de pousar suavemente na superfície lunar até 3,6 toneladas de carga e experimentos científicos. O módulo poderá ser lançado pelo primeiro foguete de alta capacidade da Blue Origin, o New Glenn, que deve fazer seu primeiro voo em 2021.

Bezos destacou que a tecnologia do módulo poderia ser adaptada para a construção de uma versão tripulada, capaz de dar suporte aos planos recém-anunciados pela administração Trump de levar astronautas ao solo lunar em 2024.

A estratégia de Bezos para o retorno à Lua é bastante conservadora e se alinha com o que a Nasa fez nos anos 60 com o programa Apollo e quer voltar a fazer com sua cápsula Orion. Ela faz um forte contraste com outro gigante dessa nova era espacial, Elon Musk, que sugere a construção de uma espaçonave de grande porte totalmente reutilizável capaz de pouso na Lua. Aliás, “sugere” não. A SpaceX de Musk está de fato construindo um protótipo da nave, chamada Starship, neste momento no Texas.

Ambos concordam que a expansão da humanidade pelo Sistema Solar é uma necessidade. Mas há um contraste nas motivações. Enquanto Musk defende que é importante colonizar o planeta Marte e se tornar uma civilização multiplanetária para nos imunizarmos contra qualquer ameaça existencial, Bezos, por outro lado, enfatiza a necessidade de usar os recursos espaciais para manter o ritmo de crescimento da prosperidade humana e proteger a própria Terra de nossas ações deletérias à saúde do planeta.

Versão tripulada do módulo lunar Blue Moon, com um módulo de ascensão para a partida dos astronautas. (Crédito: Blue Origin)

A ideia dele é levar toda a indústria pesada para o espaço e tornar nosso mundo natal um paraíso, além de construir enormes colônias espaciais em estações gigantescas com gravidade artificial por rotação, usando os recursos praticamente ilimitados do Sistema Solar para manter a humanidade na trajetória de crescimento econômico e social que pautou os últimos séculos.

Quem tem razão? Provavelmente os dois, um olhando o copo meio vazio, o outro o copo meio cheio. O importante nisso aí é que temos uma corrida, uma disputa entre modelos, e gente com bastante dinheiro disposta a investir neles. Pode não começar a acontecer a partir de 2024, mas a questão vai deixando de ser “se” e sim “quando”.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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