Elon Musk e a internet que vem do céu
Imagine se, para iniciar um novo negócio de internet, você precisasse bancar o lançamento de pelo menos uns mil satélites. E, para ficar bom mesmo, o objetivo final fosse lançar uns 12 mil deles. Pois a empresa SpaceX, de Elon Musk, não só está apostando num negócio assim como lançou na última quinta-feira (23) o primeiro lote — 60 satélites.
O projeto Starlink tem por objetivo montar uma constelação de satélites em órbita baixa para fornecer conexão rápida de internet em escala global. Cada satélite tem massa de 227 quilos, um painel solar extensível e um propulsor iônico que permitirá ajustar sua órbita assim como desviar de outros satélites que possam estar em seu caminho.
Juntos, os 60 satélites foram colocados numa órbita de 440 km de altitude, como se fossem um maço de cartas sobre uma mesa. Dali, com propulsão própria, eles vão se elevar à altitude operacional de 550 km. Originalmente, o plano era enviá-los a 1.150 km, mas a SpaceX preferiu começar a constelação numa órbita mais baixa, em que qualquer satélite defeituoso reentrasse na atmosfera em cinco anos ou menos, sem exigir ação adicional.
Astrônomos amadores já produziram imagens fantásticas da filinha de satélites passeando pelo céu, e se 60 já fazem um espetáculo temos de pensar o que significaria ter pelo menos uns mil deles em órbita — que dirá 12 mil. Para efeito de comparação, lembre-se de que existem hoje em operação, ao todo, cerca de 2.000 satélites, nas mais variadas órbitas (muitas delas altas demais para que os satélites sejam visíveis a olho nu).
O investimento total do projeto é de parrudos US$ 10 bilhões. Os planos da companhia são fazer até mais cinco lançamentos do Starlink neste ano, e outros seis no ano que vem, colocando 720 satélites ao todo em operação até o fim de 2020. Segundo Musk, o sistema pode se ter “significativa capacidade operacional” com cerca de 800 satélites. Com mil, ele diz, o projeto se torna “economicamente viável”. Com 12 mil, o sistema estará otimizado para fornecer conexão rápida em qualquer lugar do mundo.
Tentativas anteriores de montar constelações de satélites para telecomunicações em baixa órbita enfrentaram desafios técnicos e financeiros. Nunca deu certo de verdade. A estratégia preferencial sempre foi a de lançar satélites à órbita geoestacionária, a 36 mil km de altitude, em que o equipamento acompanha a rotação da Terra e permanece sempre sobre o mesmo ponto.
Com a redução do custo de acesso ao espaço, contudo, aumentam as apostas em constelações de baixa órbita. Além da SpaceX, a empresa OneWeb também tem ambição similar e lançou os 6 primeiros satélites de uma frota de 650 em fevereiro. Para completar, a Amazon também anunciou planos de montar uma constelação de 3.236 satélites de baixa órbita. Se esses projetos frutificarem, o espaço ao redor da Terra nunca mais será o mesmo.
BÔNUS
O eclipse solar que primeiro corroborou a teoria da relatividade geral completa 100 anos nesta quarta-feira (29). Caso o assunto interesse, leia a reportagem do Mensageiro Sideral sobre este evento centenário, publicada na Folha, clicando aqui.
Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.
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