Nasa contrata três carretos para a Lua

A Nasa anunciou na última sexta-feira (31) a contratação de três empresas para fazerem carretos até a Lua, entre 2020 e 2021. É a primeira vez que companhias são chamadas a fornecer um serviço de transporte de carga lunar, num prelúdio para o futuro envio de astronautas ao satélite natural da Terra.

Os contratos somam US$ 253,5 milhões e envolvem empresas que já estavam desenvolvendo módulos de pouso não tripulados para exploração da Lua. Juntas, elas devem levar até 23 cargas úteis à Lua, em três voos.

O primeiro deles deve acontecer em setembro de 2020, promovido pela OrbitBeyond. O veículo de pouso Z-01 deve pousar no Mare Imbrium, impulsionado até a Lua pelo lançador Falcon 9, da SpaceX. Pelo serviço, que envolverá até quatro experimentos, a Nasa pagará US$ 97 milhões.

Em julho de 2021, devem voar os outros dois módulos de pouso: o Peregrine, da Astrobotic, de Pittsburgh, fará uma missão para a Nasa por US$ 79,5 milhões, transportando até 14 experimentos à região de Lacus Mortis, uma grande cratera lunar; e o Nova-C, da Intuitive Machines, de Houston, que sairá do chão por US$ 77 milhões, com até 4 cargas úteis, rumo a Oceanus Procellarum ou a Mare Serenitatis.

É provável que ambos voem também num Falcon 9 da SpaceX, embora apenas a Intuitive Machines tenha confirmado isso; a Astrobotic diz que deve definir seu lançador em breve.

Oito companhias estavam disputando os primeiros contratos, mas o fato de apenas três terem sido escolhidas não deve desanimá-las. O plano da agência espacial americana é que essa seja apenas a primeira leva, mantendo um ritmo de dois carretos anuais em 2021 e 2022 e subindo para três ou quatro até 2024 — mesmo ano em que, se não chover (e a previsão de tempo é de chuva, já vou avisando), a Nasa pretende enviar os primeiros astronautas à superfície lunar.

É uma amostra boa de como as startups espaciais estão mudando o cenário de possibilidades para a exploração interplanetária. Sem elas, seria muito difícil a Nasa realizar uma missão de pouso lunar por US$ 250 milhões, que dirá três. Quer ver? A agência estava até 2018 desenvolvendo uma missão chamada Resource Prospector, que custaria sozinha esse preço e que já estava se encaminhando para um estouro orçamentário.

O cancelamento, por sinal, gerou protestos da comunidade científica. Mas o plano agora ficou melhor: os instrumentos que iam voar com a missão original poderão ser levados pelos módulos de pouso comerciais, gerando uma demanda inicial para a indústria e abrindo caminho para muitas outras missões. Não custa lembrar que os EUA não realizam um pouso suave na superfície lunar desde a Apollo 17, tripulada, em dezembro de 1972.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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