Experimento brasileiro simula solo de Marte para plantios
Como seria plantar batatas em Marte? Tivemos um gostinho da ideia recentemente ao acompanhar a saga do personagem vivido por Matt Damon no filme “Perdido em Marte”, mas um grupo de pesquisadores brasileiros está levando essa ideia mais a sério. Eles estão desenvolvendo um solo análogo ao marciano para experimentos.
O projeto faz parte da estação de pesquisa Habitat Marte (www.habitatmarte.com), localizada em Caiçara do Rio do Vento (RN). Trata-se de uma pequena base que simula regularmente como seriam as estadias de missões tripuladas ao planeta vermelho. E esses testes devem ganhar mais uma camada de realidade com o solo análogo.
A pesquisa envolve pesquisadores de diferentes áreas da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte), UnB (Universidade de Brasília), Emparn (Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte), Ufersa (Universidade Federal Rural do Semi-Árido) e IFRN (Instituto Federal do Rio Grande do Norte).
“Algo que favorece o Habitat Marte quanto ao desenvolvimento de pesquisas de formulação do solo análogo ao de Marte é estar localizado no RN, área com grande variedade mineralógica”, explica Julio Rezende, pesquisador da UFRN e coordenador do trabalho.
“Para as pesquisas de simulação do solo de Marte, um dos componentes é o solo vulcânico”, prossegue. “Temos esse ingrediente em grande disponibilidade nas proximidades da estação, por sua proximidade (40 km) do vulcão extinto Pico do Cabugi.”
De acordo com os pesquisadores, o objetivo é testar a possibilidade de uma colonização sustentável do planeta vermelho, com a manutenção de plantios em ambientes controlados por lá.
Claro que uma das dificuldades para a simulação (e para um futuro plantio em Marte) é que o solo terrestre é rico em nitrogênio fixado por formas de vida. O solo marciano também tem nitrogênio, como demonstrado pelo jipe Curiosity em 2015, mas em quantidades menores.
No filme “Perdido em Marte”, o astronauta Mark Watney encontra rapidamente uma fonte de bactérias para fixar mais nitrogênio no solo marciano e torná-lo fértil (olha o cocô ajudando o meio ambiente, gente!). Na Estação Marte, o acesso a fertilizantes dispensará esse improviso.
O plano é usar o solo em plantios a serem feitos numa estufa, a BioHabitat, e usar os alimentos produzidos nas refeições das equipes que ocupam as simulações da Estação Marte. São pequenos ensaios, numa preparação para o maior desafio já enfrentado pelo intelecto humano: a tentativa de construir uma civilização multiplanetária.
Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.
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