Missão indiana Chandrayaan-2 se prepara para realizar pouso na Lua
A missão Chandrayaan-2 (“nave lunar-2”, em sânscrito) entrou em sua fase mais crítica para vencer o desafio de tornar a Índia o quarto país a realizar um pouso suave na Lua, depois de Rússia, EUA e China. No domingo (1), a sonda terminou o ajuste de sua órbita ao redor da Lua, e as primeiras horas desta segunda-feira devem ver a separação do módulo de pouso Vikram (“valor”, em sânscrito).
Ao longo dos próximos dias, ele fará duas manobras de redução de sua órbita. Na primeira, sairá de uma altitude de 120 km para 110 km. Na segunda, chegará a um perilúnio (ponto de máxima aproximação da Lua) de 36 km. E então, no dia 6 de setembro, próxima sexta, a propulsão iniciará a descida propriamente dita, com alunissagem marcada para algum momento entre as 17h e 18h (de Brasília).
Lançada em 22 de julho, a Chandrayaan-2 é a segunda empreitada indiana na Lua. A jornada até a Lua foi longa, partindo inicialmente de uma órbita bastante achatada ao redor da Terra, com aumentos graduais do apogeu, até intersectar com a órbita lunar, a cerca de 384 mil km de distância.
Ao encontrar a Lua por lá, em 20 de agosto, a espaçonave usou seus motores para frear e ser capturada pela gravidade do satélite natural. Sua primeira órbita ao redor da Lua tinha perilúnio de 114 km e apolúnio de 1.807 km. Cinco manobras de circularização foram conduzidas nos dias seguintes, até estar tudo pronto para a separação do Vikram.
É quando começam realmente as novidades para a Isro, a agência espacial indiana. Até aqui, a missão Chandrayaan-1 já havia feito, operando em órbita da Lua entre 2008 e 2010, a um custo de US$ 80 milhões. O novo projeto foi mais caro, cerca de US$ 140 milhões, mas ainda assim considerado uma pechincha para missões interplanetárias nesses moldes.
Se tudo der certo, na próxima semana, o Vikram deve descer na região do polo sul lunar, de alto interesse científico e exploratório pela presença de gelo de água no interior de crateras onde a luz solar nunca atinge. Pousar na Lua nunca é fácil, como lembrou recentemente a tentativa malograda do módulo israelense Beresheet, em abril.
A bordo do Vikram viaja um pequeno jipe robótico, o Pragyan (“sabedoria”, em sânscrito). Em solo, a missão deve durar apenas 14 dias, o equivalente ao tempo em que o Sol estará brilhando na região de pouso (nenhum deles está equipado para lidar com as temperaturas de -170 °C a que seus sistemas serão submetidos durante a noite lunar).
Em órbita, contudo, o trabalho prosseguirá. A Chandrayaan-2 deve continuar operando por pelo menos um ano, possivelmente dois, realizando observações científicas da Lua.
Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.
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