ESA lança nesta terça (17) novo satélite focado no estudo de exoplanetas

Deve partir ao espaço, às 5h54 (de Brasília) desta terça-feira (17) o próximo satélite focado no estudo de exoplanetas da ESA, a Agência Espacial Europeia. Chamado de Cheops (acrônimo para Satélite de Caracterização de Exoplanetas), ele não terá por objetivo principal descobrir novos mundos, mas sim estudar aqueles que já são conhecidos.

Trata-se da primeira missão de classe S da agência, que envolve pequeno porte e baixo custo (50 milhões de euros), e é composta basicamente por um pequeno telescópio espacial com espelho de modestos 32 cm. Para efeito de comparação, o famoso satélite Kepler, da Nasa, tem espelho com diâmetro cinco vezes maior.

Sua operação também será diferente da do Kepler. Enquanto a missão americana ficava observando de forma ininterrupta o mesmo pedaço de céu, o Cheops seguirá o roteiro dos telescópios espaciais tradicionais, em que alvos específicos são selecionados no céu e o satélite será momentaneamente apontado para eles, a fim de colher os dados.

Contudo, em essência, ele fará a mesma coisa que o Kepler: observará pequenas reduções no brilho de uma estrela resultantes da passagem momentânea de planetas à frente delas, os chamados trânsitos.

O principal objetivo será procurar eventos como esses em sistemas exoplanetários que foram descobertos por outro método, aquele que mede o bamboleio gravitacional de uma estrela conforme ela é puxada sutilmente para lá e para cá enquanto os planetas giram ao redor dela.

E daí vem o lance de “caracterizar”. Porque essas medições do bamboleio (tecnicamente chamadas de velocidade radial) oferecem uma estimativa da massa dos planetas, uma vez que são um efeito gravitacional. Já os trânsitos indicam o diâmetro dos planetas, já que o nível de bloqueio de luz é proporcional ao tamanho deles em comparação com o da estrela.

De posse da massa e do tamanho, os cientistas podem calcular a densidade desses planetas e determinar a potencial estrutura interna aproximada deles, se são rochosos como a Terra, se são gasosos como Júpiter etc.

O satélite foi construído pela Airbus e será lançado ao espaço por um foguete Soyuz, a partir de Kourou, na Guiana Francesa. Seu destino é uma órbita terrestre baixa, a cerca de 700 km de altitude, que o manterá permanentemente exposto ao Sol, para que painéis solares possam fornecer eletricidade de forma ininterrupta.

A missão terá duração mínima de 3,5 anos e 80% do tempo de observação será gerido pela equipe científica do satélite, liderada pelo Prêmio Nobel Didier Queloz, astrônomo suíço codescobridor do primeiro exoplaneta a orbitar uma estrela similar ao Sol, em 1995. Os outros 20% serão usados por membros da comunidade científica não ligados ao projeto, que poderão obtê-lo por meio de submissão de propostas de observação, da mesma forma que acontece com os telescópios profissionais em solo e no espaço.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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