Brasileiros batizam seu primeiro exoplaneta: Guarani
Tupi e Guarani. Esses são os nomes, respectivamente, de estrela e planeta do primeiro sistema planetário batizado oficialmente por brasileiros. O anúncio da IAU (União Astronômica Internacional) veio em coletiva realizada em Paris nesta terça-feira (17), com a apresentação dos resultados da campanha NameExoWorlds (NomeieExoMundos), que estimulou entusiastas de astronomia em todo o globo a ajudarem a escolher nomes oficiais para mais de 110 estrelas hospedeiras e seus exoplanetas.
Ao todo, aderiram 110 países e 780 mil pessoas. A iniciativa, que faz parte da comemoração dos 100º aniversário da IAU, tem por objetivo produzir nomes mais palatáveis e interessantes do que meramente referências de catálogo, como a maior parte das estrelas é conhecida.
Com isso, HD 23079 passou a ser conhecida agora também como Tupi. Trata-se de uma estrela de tipo F (um pouco mais quente e maior que o Sol), localizada a cerca de 110 anos-luz de distância, na constelação do Retículo, no hemisfério sul celeste.
Em 2001, medidas do bamboleio gravitacional da estrela indicaram a presença de um planeta ao redor dela, HD 23079 b. Ele agora será também oficialmente conhecido como Guarani.
O planeta tem entre 2 e 3 vezes a massa de Júpiter e completa uma volta em torno de sua estrela a cada 731 dias. Curiosamente, ele está na chamada zona habitável de sua estrela – região nem muito quente, nem muito fria, ideal para a presença de água em estado líquido, condição essencial à vida. Isso não faz muita diferença para um planeta gigante gasoso, como deve ser Guarani, mas não é impossível que existam luas ao redor dele que possam ser hospitaleiras à biologia (a exemplo da fictícia lua Pandora, do filme Avatar).
Cada país formou uma comissão para organizar a escolha, elencando diversas sugestões submetidas por entusiastas e então submetendo-as a votação popular.
Confira algumas das escolhas feitas:
– Irlanda: Nomes de cães mitológicos (Bran, Tuiren) da lenda irlandesa O Nascimento de Bran; para o exoplaneta HAT-P-36b (Bran) ao redor da estrela HAT-P-36 (Tuiren) na constelação Canes Venatici (os Cães de Caça).
– Jordânia: Nome de cidades antigas e áreas protegidas no Sul da Jordânia; para o exoplaneta WASP-80b (Wadirum) em órbita ao redor da estrela WASP-80 (Petra) na constelação Aquila (Águia).
– Malásia: Nomes de gemas na língua malaia; para o exoplaneta HD 20868 b (Baiduri) em órbita ao redor da estrela HD 20868 (Intan) na constelação Fornax (o Forno Químico).
– Burkina Faso: Os nomes para o exoplanet HD 30856 b (Nakambé) e sua estrela HD 30856 (Mouhoun) referem-se a nomes locais de rios proeminentes em Burkina Faso. Apropriadamente, o sistema jaz na constelação Eridanus (o rio Erídano).
No Brasil, o gerente da campanha foi Eduardo Monfardini Penteado. A comissão recebeu 977 sugestões de pares de nomes, das quais 14 foram levadas à votação popular. Pelo lado brasileiro, foram mais de 7.000 votos. Tupi (estrela) e Guarani (planeta) receberam 15% do total.
E o mais interessante é que o resultado estabelece critérios para futuros “batismos” naquele sistema planetário. Se novos planetas forem descobertos ao redor de HD 23079 (Tupi), eles homenagearão “nomes de tribos e etnias indígenas do Brasil”.
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