A corrida para Marte e o que mais vem aí em 2020 (+Top Five de 2019)

O ano de 2020 trará uma corrida para o planeta Marte como nunca antes se viu. Nada menos que quatro missões não tripuladas, de três continentes diferentes, terão por objetivo explorar o planeta vermelho.

Todos os lançamentos, se forem mantidos, acontecerão entre julho e agosto, quando se abre mais uma janela para o envio de sondas àquele mundo. (A oportunidade depende do alinhamento de Terra e Marte no Sistema Solar e acontece a cada 26 meses.)

As missões mais conhecidas e planejadas há mais tempo são a americana Mars 2020 – um jipe robótico similar ao Curiosity, que perambula pelo planeta vermelho desde 2013 – e a europeia ExoMars 2020 – que levará o jipe Rosalind Franklin à superfície marciana para retomar a busca por sinais de vida passada ou presente no planeta vermelho, algo que não é feito diretamente desde as Vikings, de 1975.

Um terceiro jipe pode ainda pintar no caminho de Marte em 2020: a China diz estar pronta para enviar o seu primeiro rover marciano, e o teste bem-sucedido de um foguete Longa Marcha-5, requerido pela missão, pode ter sido o último desafio a ser transposto para o lançamento.

Por fim, os Emirados Árabes Unidos também pretendem lançar seu primeiro orbitador marciano, o Hope.

Claro, adiamentos ainda podem ocorrer (caso em que só poderão voar em dois anos), e vai uma longa distância entre lançarem uma missão marciana e chegarem lá com sucesso, seja para orbitar ou para pousar. De todo modo, como a viagem leva entre sete e oito meses, as tentativas de pouso e inserção orbital acontecerão apenas entre fevereiro e março de 2021. Os lançamentos de 2020 serão apenas o começo da corrida.

No campo dos voos tripulados, também devemos esperar muitas novidades empolgantes para o próximo ano. A SpaceX está na bica para realizar sua primeira missão com astronautas com a cápsula Crew Dragon. A companhia deve fazer um teste final de segurança em janeiro e, tudo correndo bem, é possível que astronautas estejam voando ainda no primeiro semestre a partir do solo americano – algo que não acontece por lá desde 2011, com a aposentadoria dos ônibus espaciais.

A Boeing está um pouco mais enrolada, tendo realizado um voo de teste não tripulado apenas parcialmente bem-sucedido entre 20 e 22 de dezembro, mas não é impossível que sua cápsula Starliner também esteja operacional para missões tripuladas até o fim de 2020.

Do outro lado do mundo, a concorrência também pode vir pesada: os chineses planejam para 2020 o lançamento do primeiro módulo de sua própria estação espacial. Também está nos planos uma missão de retorno automatizado de amostras lunares, a Chang’e 5. Ela é tida como prelúdio para o futuro envio de astronautas chineses ao satélite natural.

No campo do turismo espacial, espera-se que as empresas Virgin Galactic e Blue Origin comecem seus voos comerciais no ano que vem, embora os atrasos tenham sido tão grandes que é melhor não apostar nisso. No campo das especulações, espera-se também que a SpaceX comece os voos de teste de seu superfoguete Starship. A conferir.

BÔNUS: Top Five de 2019

5- SPACEX E BOEING
Apesar de ainda não terem ainda realizado voos tripulados (algo que era para ter acontecido em 2017), as duas empresas contratadas pela Nasa para desenvolver transporte de astronautas para a Estação Espacial Internacional fizeram avanços. A SpaceX realizou uma acoplagem da sua Crew Dragon na ISS em março, e a Boeing colocou sua Starliner em órbita (mas sem conseguir ir até a estação) em dezembro.

4- NEW HORIZONS
Na virada do Ano Novo, a sonda fez o primeiro sobrevoo bem-sucedido de um objeto no cinturão de Kuiper (hoje chamado oficialmente de Arrokoth, então apelidado de Ultima Thule). Os resultados manterão os cientistas ocupados por anos e já trazem impacto importante na compreensão de como se deu a formação do Sistema Solar.

3- HAYABUSA2
A sonda japonesa teve um ano fantástico de estudos e coleta de amostras do asteroide Ryugu, antes de pegar o caminho de casa. Se tudo correr bem, a Hayabusa2 deve retornar à Terra com sua preciosa carga em dezembro de 2020.

2- YUTU-2 NO LADO AFASTADO DA LUA
A missão chinesa Chang’e 4 realizou, em janeiro, o primeiro pouso bem-sucedido no lado afastado da Lua. Por lá, perambula até hoje o jipe Yutu-2, explorando uma região jamais visitada antes, próxima ao polo sul lunar. Todo mundo está de olho nesse pedaço da Lua, onde crateras escondem gelo de água, no fundo das quais a luz solar nunca bate.

1- A IMAGEM DE UM BURACO NEGRO
Os resultados incríveis obtidos pela equipe do Event Horizon Telescope revelaram pela primeira vez, em abril, a visão do horizonte de eventos de um buraco negro. Trata-se da fronteira matemática a partir da qual nem mesmo a luz consegue escapar. O resultado confirmou mais uma vez as previsões da relatividade geral acerca desses misteriosos objetos celestes.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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