Europeus lançam a Solar Orbiter, sonda destinada a estudar o Sol de perto
Partiu ao espaço nesta segunda-feira (10) mais uma sonda destinada a investigar de perto os mistérios da grande usina de energia do nosso sistema planetário: a europeia Solar Orbiter.
Não estaríamos aqui hoje não fosse o Sol (e, claro, a conveniência de a Terra estar no lugar certo para nem fritar, nem congelar), mas restam muitos mistérios não solucionados sobre nossa estrela-mãe.
A Solar Orbiter fará dobradinha com a já lançada e operacional Parker Solar Probe, americana, que vem batendo recordes sucessivos de aproximação máxima do Sol para investigar seus segredos. Até agora, em órbitas cada vez mais excêntricas (ovais), a sonda já chegou a estar a apenas 18,6 milhões de quilômetros da fotosfera (a superfície solar), em 29 de janeiro. Foi sua quarta passagem de raspão pelo Sol, literalmente mergulhando em sua coroa (a atmosfera estendida da estrela).
Em futuras órbitas, a distância mínima da Parker com o astro-rei será encurtada ainda mais, chegando a meros 6,2 milhões de quilômetros. Em contraste, a Solar Orbiter tem a promessa de vida mais fácil.
Após ser impulsionada pelo foguete americano Atlas 5, a partir de Cabo Canaveral, na Flórida, a sonda europeia será inserida numa órbita elíptica ao redor do Sol, que será ajustada por meio de passagens de raspão pela Terra e por Vênus, usando a gravidade dos planetas como estilingue. Daqui a dois anos, ela deve atingir sua órbita operacional, que chegará no mínimo a 42 milhões de km da fotosfera.
É bem mais que a Parker, mas não é exatamente uma brisa. Seu periélio (ponto de máxima aproximação do Sol) levará a espaçonave para mais perto do Sol que Mercúrio, o menor e mais interno dos planetas. Para lidar com o calor, a Airbus, empresa responsável pelo projeto e pela construção da Solar Orbiter, desenvolveu um revestimento chamado SolarBlack. Aplicado ao escudo térmico da sonda, ele protegerá os 10 instrumentos embarcados de temperaturas superiores a 500° C – suficientes para derreter chumbo.
Futuros encontros com os planetas ajudarão a colocar a sonda numa órbita cada vez mais inclinada, dando meios para observar as latitudes mais altas da estrela – algo que a Parker, com órbita cuja inclinação de 3,4° com relação ao Sol (praticamente no equador solar), não permite fazer. Em sua missão estendida, se a Solar Orbiter aguentar até lá, sua inclinação orbital poderá chegar a até 33 graus.
As duas sondas, portanto, são complementares, e não por acaso há grande participação da Nasa no projeto da ESA. Juntas, elas devem fornecer o quadro mais completo já produzido do funcionamento do maravilhoso motor nuclear do Sistema Solar.
Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.
Siga o Mensageiro Sideral no Facebook, no Twitter e no YouTube