Nasa planeja missões a Vênus e a luas de Júpiter e Netuno entre 2025 e 2029
A Nasa anunciou na última quinta-feira (13) os quatro finalistas para mais uma rodada de seleção de missões da classe Discovery, a mais baratinha das categorias adotadas pela agência espacial americana para sondas interplanetárias. E desta vez acho que os entusiastas de Vênus terão mais sorte.
Dos quatro projetos, dois deles querem visitar o segundo mundo a contar do Sol, planeta que, com sua atmosfera densa e efeito estufa acachapante, é meio como o “gêmeo malvado” da Terra.
Uma delas, Davinci+ (claro que há um acrônimo aí, que nada tem a ver com o renascentista italiano), envolve um orbitador e uma sonda atmosférica, com o objetivo de estudar o ar venusiano. A outra, Veritas (outro acrônimo), é um orbitador equipado com um poderoso radar para investigar a superfície venusiana e suas estruturas geológicas.
É a segunda vez que ambas chegam à fase final do processo seletivo; na rodada passada, em 2017, as duas acabaram preteridas por missões destinadas a asteroides (Lucy e Psyche, que devem voar em 2021 e 2022). Desta vez, pelo menos uma delas deve ser escolhida. Até porque as outras duas finalistas envolvem muita ousadia e voos extremamente longos, até luas distantes do Sistema Solar exterior.
A IVO é uma missão orbital a Júpiter, com o objetivo de realizar uma série de sobrevoos de Io, a mais interna das quatro grandes luas jovianas. A ideia é monitorar a atividade vulcânica do astro (o corpo geologicamente mais ativo do Sistema Solar).
A outra missão proposta, Trident, iria ainda mais longe, a Tritão, maior lua de Netuno. Para chegar lá mais depressa, a missão realizaria um único sobrevoo, reprisando o que a New Horizons fez por Plutão, antes de se perder nos confins do espaço.
Visitar Tritão seria interessante, ainda mais para contrastar os resultados com os de Plutão, já que a lua netuniana é provavelmente um planeta anão capturado pela gravidade netuniana. Mas é uma longa viagem, para uma missão tão limitada…
Minha aposta? IVO e uma das duas venusianas. A observadora de Io fará ótimo complemento às missões já escaladas para Júpiter, Europa Clipper e Juice, focadas nas outras três grandes luas (Europa, Ganimedes e Calixto). Já o voo até Vênus prometeria novos resultados após poucos meses, na primeira missão venusiana da Nasa desde a Magellan, encerrada em 1994.
A pré-seleção vem com uma verba de US$ 3 milhões para cada projeto, e a escolha final acontece no ano que vem. As selecionadas terão de limitar seu custo a US$ 500 milhões, e as partidas devem se dar entre 2025 e 2029.
Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.
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