Morre Freeman Dyson, aos 96 anos
O mundo perdeu nesta sexta-feira (28) o físico e matemático Freeman Dyson, aos 96 anos. Conhecido por suas ideias arrojadas sobre o futuro da humanidade, ele foi um pesquisador vocal sobre os perigos das armas nucleares.
Nascido na Inglaterra, Dyson passou a maior parte da sua carreira e vida nos EUA, trabalhando no Instituto para Estudo Avançado, em Princeton – mesma instituição que acolheu Albert Einstein depois que ele deixou a Europa, em 1933.
Visionário, ele talvez seja mais conhecido pelo conceito da esfera de Dyson, uma hipotética construção a ser promovida por civilizações avançadas para capturar grande parte da energia de sua estrela-mãe, ao envelopá-la em um conjunto imenso de painéis solares. Dyson deu popularidade à ideia em 1960, ao sugerir uma busca por estruturas desse tipo por meio do inevitável excesso de radiação infravermelha que gerariam.
Diversas buscas foram promovidas desde então, realizadas com satélites-observatórios de infravermelho, mas até hoje nenhum objeto que pudesse ser de forma inequívoca ser interpretado como uma esfera de Dyson foi encontrado. Ao que tudo indica, o interesse na Via Láctea pela construção de esferas de Dyson é praticamente nulo – se é que há alguma civilização avançada lá fora que pudesse se interessar por elas. Aqui na Terra, ainda temos um longo caminho a percorrer no desenvolvimento da engenharia espacial até que possamos cogitar construir algo parecido.
O que mostra o poder da mente de Dyson, um visionário que projetou ideias para o futuro que, por mais enraizadas que estivessem na realidade, sempre se mantiveram dois passos mais perto da ficção científica. O físico também imaginou maneiras de espalhar a vida pelo Universo por meio da criação de seres capazes de viver em outros planetas ou mesmo cometas, através da engenharia genética.
Dyson também participou, nos anos 1950, de um projeto para transformar armas nucleares numa forma de propulsão para voos interplanetários e talvez até interestelares. Era uma tentativa de transformar as nefastas bombas atômicas em algo positivo.
De início, por sinal, Dyson não se sentiu mal com o uso de bombas atômicas no fim da Segunda Guerra Mundial. Mais tarde, junto com o resto da comunidade científica, ele percebeu o problema que essas armas representavam. Em 1967, Dyson escreveu um relatório que, apesar de objetivo e representar prós e contras, levou à decisão americana de não usar armas nucleares táticas na Guerra do Vietnã (a qual, por sinal, ele se opôs). Vocal até o fim, Dyson foi um dos 29 cientistas de renome que assinaram uma carta de apoio ao acordo do governo Obama com o Irã para conter seu programa nuclear.
Homem de grandes ideias, Dyson se manteve ativo até o fim, escrevendo livros e visitando regularmente seu escritório na Universidade de Princeton. Na última dessas passagens por lá, na quarta-feira, Dyson sofreu uma queda, segundo sua filha Mia. O impacto o levaria à morte dois dias depois.
Dyson deixa para trás sua mulher de 64 anos e seis filhos – além de sua vasta obra, digna de um dos mais fantásticos livre-pensadores do século 20.
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