Nasa anuncia contrato com SpaceX para transporte de carga à órbita lunar
A Nasa anunciou na última sexta-feira (27) que fechou um contrato com a empresa SpaceX para transporte de cargas até o Gateway, estação orbital lunar que a agência espacial americana espera construir e operar, em parceria com outros países, em meados desta década.
A ideia é reproduzir o que já acontece na Estação Espacial Internacional, para onde a SpaceX já transporta cargas desde 2012, com sua cápsula Dragon. A diferença é que, enquanto o complexo orbital fica a 400 km de distância da Terra, o futuro Gateway estará a mais de 380 mil km, na órbita da Lua.
Para cumprir os requisitos, a SpaceX já tem praticamente tudo que precisa; basta trocar o foguete Falcon 9 pelo já testado Falcon Heavy, e adaptar a cápsula Dragon para as missões lunares. A modificação está sendo chamada de Dragon XL.
O contrato prevê pelo menos duas missões de transporte e um valor total que pode chegar a US$ 7 bilhões, caso voos adicionais sejam agregados. E a Nasa espera futuramente adicionar outra contratada, além da SpaceX, para manter redundância.
O mesmo foi feito para o transporte de carga à Estação Espacial Internacional, que conta com as fornecedoras SpaceX e Northrop Grumman, e para o iminente transporte comercial de astronautas, com SpaceX e Boeing. Projeta-se que o primeiro voo tripulado, a ser conduzido pela SpaceX, ocorra em maio deste ano, se a pandemia de coronavírus que assola o planeta permitir.
O novo contrato de transporte lunar se encaixa no âmbito do programa Artemis, que tem por objetivo colocar humanos de volta à superfície da Lua até 2024. Originalmente o Gateway estava sendo pensado como “ponto de parada”, onde os astronautas desembarcariam de sua cápsula e entrariam no módulo de pouso lunar.
Esses planos, contudo, estão sendo formulados e modificados pela Nasa, e existe uma possibilidade grande de que o Gateway seja escanteado para o primeiro pouso lunar tripulado, o que diminuiria também a pressão para que seja desenvolvido rapidamente.
Mesmo que as estrelas se alinhem e tudo dê certo, segue altamente improvável que o primeiro pouso lunar tripulado do século 21 vá acontecer em pouco menos de cinco anos. O desenvolvimento do foguete SLS e da cápsula Orion, base tecnológica para o retorno à Lua projetado pela Nasa, segue em passo de tartaruga e agora sofre mais atrasos por conta da pandemia.
Até em razão disso, parece estranho, quase alienado, ficar pensando em estação orbital lunar e humanos caminhando sobre a Lua em meados desta década, enquanto uma tragédia global bate à nossa porta. Mas é justamente em momentos como o atual, que nos deixam naturalmente míopes, com horizonte muito curto, que precisamos nos lembrar de que, sim, haverá um futuro, e ele será brilhante, a despeito das dificuldades do presente. Explorar o espaço é sonhar o futuro. E nunca isso foi tão necessário quanto agora.
Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.
Siga o Mensageiro Sideral no Facebook, no Twitter e no YouTube