Chineses e americanos fazem avanços na nova corrida para a Lua

Na última sexta-feira (8), uma nova cápsula chinesa destinada a futuras missões tripuladas à Lua fez uma reentrada bem-sucedida em alta velocidade na atmosfera terrestre, após um voo espacial de três dias. Na semana anterior, a americana Nasa anunciou a contratação de três empresas para desenvolver um módulo de pouso capaz de enviar astronautas à superfície lunar até 2024. A corrida está esquentando.

No caso da China, a pressa é menor. O programa espacial chinês ainda tem em seu planejamento, antes dos voos lunares tripulados, a construção de uma estação orbital multimodular. O voo da nova cápsula, por sinal, envolveu mais um teste do foguete Longa Marcha 5B, peça essencial para o envio dos módulos do novo complexo à órbita terrestre baixa.

É inegável, contudo, que os chineses estão de olho na Lua. Seu programa lunar não tripulado segue avançando e deve promover em breve retorno automatizado de amostras. E a nova cápsula, testada agora pela primeira vez, foi projetada para realizar voos em espaço profundo.

Como sempre, a China revela pouco. Mas a agência espacial chinesa fez questão de dizer que a reentrada aconteceu a mais de 9 km/s. Um retorno típico da baixa órbita acontece a 7,5 km/s. E uma volta da Lua é um pouco mais exigente, ocorrendo a 11 km/s.

Cápsula chinesa em solo, após pouso bem-sucedido, em 8 de maio de 2020. (Crédito: Xinhua)

O perfil da missão foi similar ao adotado em 2014 para o primeiro teste da cápsula americana Orion, que fez um voo sem tripulação até uma altitude de 5.700 km. Já o voo chinês teve um apogeu de cerca de 8.000 km. Com isso, a cápsula se tornou o veículo dedicado a transportar humanos que viajou para mais longe da Terra desde o retorno da Apollo 17, em 1972.

Espera-se para 2021 (talvez para 2022, no que seria o atraso do atraso do atraso) o próximo teste da americana Orion, desta vez indo o caminho todo até a Lua, na missão conhecida como Artemis I. A Artemis II faria a mesma coisa com astronautas, em 2023, e em 2024, se tudo (e mais um pouco) der certo, haveria o primeiro pouso tripulado na Lua no século 21.

Para tornar isso realidade, a Nasa fechou contrato com um trio de empresas, investindo de saída pouco menos de US$ 1 bilhão, para a elaboração de propostas para módulos de pouso tripulados. O projeto que mais faturou foi o da Blue Origin, de Jeff Bezos, que já vem há tempos desenvolvendo um módulo lunar em três estágios com potencial uso em voos com astronautas.

Em segundo lugar veio a Dynetics, com um módulo de estágio único, e em terceiro lugar ficou a SpaceX, com a ousada Starship, que se propõe a ser uma nave multiúso capaz de pousar em qualquer lugar do Sistema Solar. A Nasa sabe que é a mais arriscada das três apostas, mas decidiu investir na base do “vai que funciona”. É a primeira vez que o projeto de Elon Musk para a futura colonização de Marte recebe financiamento do governo americano. E a corrida continua.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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