Astrônomos confirmam existência de planeta ao redor de Proxima Centauri
Pensando em ir para outro planeta? Tente Proxima b. Um novo estudo acaba de obter confirmação independente de que este pequeno mundo em órbita da estrela mais próxima daqui (fora o Sol, claro) existe mesmo.
O planeta foi descoberto há quatro anos, com base em coleções intermináveis de observações da estrela Proxima Centauri, astro do hemisfério Sul celeste localizado a 4,2 anos-luz daqui. As medições feitas por mais de uma década com os espectrógrafos Uves e Harps tinham a capacidade de indicar, na assinatura de luz da estrela, o suave bamboleio que ela faria se houvesse planetas girando ao redor dela, puxando-a gravitacionalmente para lá e para cá.
De posse desses dados, “mastigados” por técnicas de processamento avançadas, os astrônomos liderados por Guillem Anglada-Escudé apresentaram em 2016 a descoberta do astro, sugerindo uma massa mínima 30% maior que a da Terra e um período orbital (o ano) de 11,2 dias terrestres.
Apenas esses dados já tornam o planeta atraente. Imagine um mundo em que um mandato presidencial de quatro anos começa e acaba antes do carnaval. Mas o melhor de tudo nem é isso: Proxima b, em sua órbita modesta, está a uma distância de sua estrela que o coloca na chamada zona habitável – região nem muito quente, nem muito fria do sistema, onde a presença de água líquida na superfície e, por consequência, o surgimento da vida é uma possibilidade.
O maior problema nisso tudo é que ainda faltava uma confirmação inequívoca e independente de que o sinal detectado nos dados (no limite da sensibilidade dos telescópios) era real.
Essa questão foi superada na semana que passou, quando um grupo da Universidade de Genebra publicou os resultados colhidos de Proxima Centauri com seu novo espectrógrafo, Espresso, que começou a trabalhar em 2017 e traz precisão muito superior à dos instrumentos anteriores. Para dar uma medida de sua capacidade, ele pode indicar variações de velocidade da estrela causadas por planetas ao redor da ordem de 30 cm/s – três vezes mais sensível que o Harps.
A coleta de novos dados mostrou de forma conclusiva a presença do planeta, refinando a estimativa de sua massa mínima (17% maior que a da Terra) e de sua órbita (com período ainda em 11,2 dias).
A confirmação foi publicada na Astronomy & Astrophysics e os pesquisadores ainda indicam – mas não cravam – a possível existência de um planeta ainda menor e mais interno, com menos de um terço da massa da Terra e período de apenas 5,15 dias.
Proxima Centauri é uma estrela anã vermelha, menor que o Sol, o que muitos astrônomos consideram uma má notícia: esses astros costumam ser muito ativos e turbulentos, o que tornaria a vida difícil em um planeta ao redor deles, mesmo na zona habitável. Mas só vamos saber se é esse o caso quando conseguirmos fazer observações diretas de Proxima b. Por ora, ele nos provoca com a promessa de um mundo quiçá aprazível logo ali na esquina, em meio à vastidão da Via Láctea.
Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.
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