SpaceX conclui missão tripulada para a Nasa e abre caminho para conquista comercial do espaço
A primeira missão espacial tripulada de caráter comercial está encerrada, em grande sucesso. Após quase 64 dias no espaço, os astronautas Bob Behnken e Doug Hurley retornaram à Terra, com uma amerissagem bem-sucedida a bordo da cápsula Crew Dragon Endeavour, da SpaceX, ocorrida às 15h48 (de Brasília), no golfo do México, próximo à Flórida.
O voo conclui com sucesso o processo de certificação do sistema da empresa americana que foi contratada pela Nasa para realizar missões regulares de transporte de tripulação à Estação Espacial Internacional (ISS). A próxima acontece em setembro, com quatro astronautas: Michael Hopkins, Victor Glober e Shannon Walker, dos Estados Unidos, e Soichi Noguchi, do Japão.
Chamada de missão Crew-1 (Tripulação-1), ela usará uma cápsula nova em folha, mas a Endeavour (assim batizada por Hurley e Behnken, seguindo a velha tradição astronáutica americana) voltará a voar no ano que vem, para a missão Crew-2, que também já foi escalada: Megan McArthur e Shane Kimbrough, dos Estados Unidos, Akhihiko Hoshide, do Japão, e Thomas Pesquet, da Agência Espacial Europeia.
A capacidade de reutilização é mais um dos marcos importantes nesse voo histórico. Não só é a primeira vez que uma empresa leva e traz pessoas da órbita terrestre, construindo e operando seus próprios veículos, mas o faz com enorme dose de inovação tecnológica, que promete reduzir brutalmente o custo do acesso ao espaço nos próximos anos.
Também é um marco importante para os Estados Unidos, que não tinham meios próprios para o envio de astronautas ao espaço desde 2011, com a aposentadoria dos ônibus espaciais. E agora não precisarão mais comprar assentos nas cápsulas Soyuz russas, que estavam sendo vendidas a peso de ouro (US$ 86 milhões). Para que se tenha uma ideia, o custo estimado do voo de uma Crew Dragon inteira para a Nasa é de US$ 160 milhões. Ela pode levar até sete tripulantes, mas a agência espacial americana optou por realizar missões com apenas quatro.
Hurley e Behnken voltaram à Terra com uma preciosa carga: uma pequena bandeira dos EUA, que já havia voado com a primeira missão dos ônibus espaciais (STS-1, do Columbia, em 1981) e que havia sido deixada na ISS pela missão STS-135, a última dos ônibus espaciais, conduzida pelo Endeavour, em 2011. A ideia era que a primeira nave americana a voltar ao complexo a trouxesse de volta à Terra.
Na disputa, a Starliner, da Boeing, e a Crew Dragon, da SpaceX. A Nasa até preferia a tradicional gigante aeroespacial, mas o espírito inovador e ágil da startup de Elon Musk prevaleceu, e a SpaceX chegou primeiro.
O próximo destino da bandeira, informaram Hurley e Behnken em cerimônia de despedida da ISS, no sábado, será a Lua. E há motivos para duvidar? Nem mesmo durante a era de ouro do programa Apollo, nos anos 1960, o espaço pareceu tão próximo quanto agora. Com agências espaciais focadas e grandes inovações, a Crew Dragon promete ser apenas a primeira grande novidade na história dos voos tripulados no século 21.
Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.
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