Sonda Osiris-Rex tenta pousar e colher amostra de um asteroide nesta terça-feira

Voo espacial não tripulado é algo que a Nasa dominou com maestria nos últimos 60 anos. Mas um pouso é sempre um drama à parte. Prepare-se, portanto, para fortes emoções nesta terça-feira (20), quando deve acontecer a primeira tentativa americana de colher amostras da superfície de um asteroide, com a sonda Osiris-Rex.

O nome é mais um daqueles acrônimos engraçadinhos (Origins, Spectral Interpretation, Resource Indentification, Security, Regolith Explorer) que resumem bem a missão da espaçonave: investigar as origens, composição, recursos naturais, estrutura interna e superficial de um desses objetos celestes potencialmente ameaçadores à Terra.

O alvo escolhido foi o Bennu, uma pilha de rochas agregadas que nasceu praticamente com o Sistema Solar, 4,5 bilhões de anos atrás, no cinturão de asteroides entre Marte e Júpiter. Desde então, veio gradualmente “descendo a ladeira”, até se tornar um dos chamados objetos próximos à Terra. No final do século 22, entre 2175 e 2199, há uma chance em 2.700 de que colida com nosso planeta.

Risco pequeno, é verdade, mas não negligenciável, sobretudo pelo tamanho respeitável do astro: 490 metros. Daí que vem a palavra “segurança” mencionada no acrônimo da missão. Se um dia precisarmos nos preocupar para valer com esse asteroide e tentar desviá-lo (não pergunte como), será útil que já o tenhamos visitado e estudado em detalhes.

Agora, caso ele não entre em rota de colisão com a gente no século 22 (desfecho mais provável), a Nasa também não perde a viagem, tendo colhido informações e amostras sobre uma relíquia da época em que os planetas estavam se formando.

O Bennu é um asteroide do tipo C, rico em carbono, e um pacote de artigos científicos recém-publicado nas revistas Science e Science Advances, já com base nos dados da Osiris-Rex, destaca que é provável que a sonda colha amostras de compostos orgânicos expostos há pouco tempo ao ambiente espacial no local escolhido para o pouso, denominado Nightingale.

Para isso, contudo, a operação de terça, designada TAG (Touch and Go), precisa ser bem-sucedida. O procedimento envolve disparar os propulsores para sair da órbita operacional a 770 metros da superfície. São quatro horas até chegar aos 125 metros de distância, com um ajuste de velocidade e posição. Mais 11 minutos, a 54 metros de altura, e um disparo rápido reduz a velocidade de descida, com os painéis solares inclinados para cima e o braço robótico apontado para baixo.

O toque na superfície se dá por menos de 16 segundos, acompanhado pelo disparo de um jato de nitrogênio pressurizado que, à moda de Ivete Sangalo, levantará poeira, fazendo-a entrar no mecanismo de coleta. A manobra termina com a sonda fazendo uma disparada de volta à órbita, com o material recolhido. Se tudo correr bem, será a terceira espaçonave na história a colher amostras de um asteroide, depois das japonesas Hayabusa e Hayabusa2. E a meta é pegar ao menos 60 gramas – a maior amostra já trazida do espaço desde as missões lunares Apollo. O Mensageiro Sideral transmite ao vivo, entre 18h e 19h30.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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