Europeus fecham acordo com Nasa para levar seus astronautas à órbita da Lua
A Nasa e a ESA, agências espaciais americana e europeia, fecharam na última terça-feira (27) um acordo de cooperação para a futura exploração tripulada da Lua. Os europeus fornecerão elementos para a estação orbital lunar Gateway, bem como mais dois módulos de serviço para cápsulas Orion. Em troca, terão três oportunidades de levar seus astronautas à órbita lunar a bordo de espaçonaves americanas.
“Este memorando de entendimento marca um ponto crítico na trajetória da Europa: confirma que estamos indo para a Lua, não só com equipamentos e tecnologia, mas também com o nosso pessoal”, disse em nota Jan Woerner, diretor-geral da ESA.
O acordo é basicamente uma extensão do que já existe entre europeus e americanos na Estação Espacial Internacional. “O Gateway vai continuar a expandir a cooperação da Nasa com parceiros internacionais como a ESA, garantindo que o programa Artemis resulte na exploração segura e sustentável da Lua após o pouso tripulado lunar inicial e além”, declarou Jim Bridenstine, administrador da Nasa.
O programa Artemis é o novo programa lunar tripulado liderado pela agência espacial americana. Curiosamente, ele se parece muito com dois programas agora, e não um.
Há a iniciativa para retornar à superfície da Lua em 2024, no que seria o terceiro voo de uma cápsula Orion, com um veículo de pouso a ser fornecido pela iniciativa privada (há três empresas na briga pelo polpudo contrato: Blue Origin, SpaceX e Dynetics).
Em paralelo, há a construção do Gateway, uma miniestação numa órbita alta ao redor da Lua que era a peça central do programa antes da decisão de acelerar um pouso lunar. De início colocado como uma peça essencial antes da descida à superfície, ele a essa altura é tratado como um elemento “fora do caminho crítico” para o primeiro pouso em 2024.
Porém, apesar de ser considerado menos prioritário, é ele quem já tem contratos de elementos na indústria. Um módulo de propulsão fará parte da contribuição americana, e agora os europeus se comprometeram a entregar um módulo de habitação e um módulo de telecomunicações e reabastecimento. Canadenses e japoneses também tendem a fazer parte do esforço, embora seus acordos de contribuição ainda não estejam fechados.
O envolvimento de parceiros internacionais, com contribuições definidas e já em fase de contratação, torna mais difícil um cancelamento posterior. Pode acontecer? Pode. Mas envolve desconfortos diplomáticos inconvenientes, como vem demonstrando a contínua prorrogação do prazo de uso da Estação Espacial Internacional, que originalmente os próprios americanos queriam abandonar em 2020 e agora buscam “privatizar”.
Enquanto isso, o pouso lunar tripulado em 2024 dependerá de apoio contínuo da próxima administração nos EUA (não sabemos ainda se Trump ou se Biden), bem como o aumento de orçamento requisitado no Congresso americano. Não se surpreenda, portanto, se o Gateway acabar saltando à frente no processo, e a descida à superfície fique para 2028, como a Nasa planejava originalmente. A conferir.
Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.
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