AO VIVO: Lançamento da missão Crew-1 à Estação Espacial Internacional
SpaceX e Nasa lançaram neste domingo (15), às 21h27, a primeira missão regular de rotação de tripulação da Estação Espacial Internacional (ISS) a partir do solo americano desde a aposentadoria dos ônibus espaciais, em 2011.
Durante um hiato de quase dez anos, as expedições do complexo orbital foram lançadas exclusivamente por espaçonaves russas Soyuz. A retomada de voos a partir dos EUA se deu por meio de um inovador programa comercial, em que a Nasa deixou de ser a promotora dos voos para ser mera contratante.
A agência espacial americana tem acertos com SpaceX e Boeing, e cada uma das empresas desenvolveu seu próprio veículo orbital.
O CST-100 Starliner, da Boeing, desenvolvido a um custo inicial de US$ 4,2 bilhões, teve problemas em um voo de teste sem tripulação e segue atrasado. Já a SpaceX, com sua cápsula Crew Dragon, por US$ 2,8 bilhões, realizou com sucesso, em março de 2019, um voo sem tripulação (Demo-1) e outro (Demo-2), em maio de 2020, com dois astronautas a bordo, Bob Behnken e Doug Hurley, pavimentando o caminho para o início dos voos regulares de rotação de tripulação.
O lançamento estava originalmente marcado para sábado, a partir da plataforma 39A, no Centro Espacial Kennedy (Cabo Canaveral, Flórida). Mas, por restrições meteorológicas na recuperação do primeiro estágio do foguete, a ser feito no oceano, Nasa e SpaceX decidiram empurrar para domingo.
Batizada de Crew-1, a missão é mais do que a primeira após a certificação da SpaceX para voos tripulados regulares à ISS. Ela também será o primeiro voo com cápsula a levar mais de três tripulantes. A SpaceX projetou a Crew Dragon para levar até sete pessoas, mas a Nasa optou por realizar voos com apenas quatro.
Estão a bordo da Resilience (“resiliência”, nome dado à cápsula pela tripulação, seguindo a tradição astronáutica) os americanos Michael Hopkins, Victor Glover e Shannon Walker e o japonês Soichi Noguchi. Glover, por sinal, se tornará o primeiro astronauta afro-americano a residir na ISS.
A chegada à estação espacial deve acontecer na terça-feira, iniciando uma estadia de seis meses a bordo do complexo orbital.
O FUTURO
Com a certificação da SpaceX, a Nasa deve deixar de comprar assentos nas naves russas Soyuz. No entanto, astroanutas americanos continuarão a voar nos tradicionais veículos herdados da era soviética. Isso porque haverá intercâmbio de tripulantes.
Aliás, já era para ter começado com a missão Crew-1, mas os russos preferiram jogar duro e declarar o processo de aprovação da agência espacial americana ainda insuficiente, até a realização deste segundo voo. Com as próximas missões, contudo, é inevitável que cosmonautas embarquem nas espaçonaves Crew Dragon, da mesma forma que astronautas subirão a bordo das Soyuz.
A missão Crew-2 está neste momento marcada para 30 de março de 2021, mais uma vez sem russos: serão dois americanos, um japonês e um francês. E marcará o primeiro reuso de uma Crew Dragon (a Endeavour, da missão Demo-2, deve voltar ao espaço) e o primeiro reuso de um primeiro estágio do foguete Falcon 9 em um voo tripulado (deve ser o mesmo que impulsionará a missão Crew-1, se for recuperado com sucesso).
Já a Boeing, com seu Starliner, ainda tem um caminho a percorrer para inciar voos tripulados. O próximo voo de teste, sem tripulação, deve ocorrer no começo de 2021, e o primeiro voo tripulado de certificação, no segundo semestre.
Enquanto isso, a SpaceX já colhe os louros dessa nova era da exploração comercial do espaço, em que a Nasa deve ser apenas mais uma cliente de voos orbitais. A companhia Axiom Space anunciou na quarta-feira (11) ter fechado a tripulação para seu primeiro voo contratado de uma Crew Dragon, Ax-1. Serão três astronautas privados (ou, como queira, turistas espaciais) numa missão comandada pelo híspano-americano Michael López-Alegría, ex-astronauta da Nasa. Os três passageiros ainda não foram anunciados, mas estão destinados aos livros de história como os primeiros a voar em uma missão espacial orbital 100% comercial. A viagem à ISS deve acontecer até o fim de 2021.
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