China lança nesta semana missão para trazer amostras de volta da Lua
A China deve iniciar nesta semana sua mais ambiciosa missão lunar. Denominada Chang’e-5, ela envolve alunissagem e decolagem da Lua, trazendo de volta à Terra até 2 kg de amostras de rochas. Será o primeiro retorno de material lunar desde 1976.
A CNSA (agência espacial chinesa), como sempre, é discreta ao oferecer detalhes. A imprensa estatal por lá diz apenas que o lançamento ocorrerá “no fim de novembro”. Mas o foguete Longa Marcha 5 designado para a missão já foi levado à plataforma, no Centro de Lançamento Espacial de Wenchang, na ilha de Hainan, no sul da China.
De acordo com dados compartilhados entre agências espaciais, reproduzidos pela Nasa, a partida deve acontecer nesta terça-feira (24), na China. Não há a hora exata do voo, o que significa que pode ser ainda nesta segunda-feira, pelo horário de Brasília.
Os chineses vêm se preparando há tempos para esta missão. Por sinal, era para ter ocorrido em 2017, o que só não aconteceu por conta de uma falha do então novíssimo Longa Marcha 5, lançador requerido para o projeto. Agora, com uma versão 5B dele testada em maio, está tudo pronto para a missão, a ser executada com uma espaçonave parruda de 8 toneladas e quatro módulos.
Será uma aventura e tanto. O alvo é a região do monte Rümker, no Oceanus Procellarum (no mesmo “mar” onde desceu a Apollo 12, em 1969, mas bem longe do local de pouso americano). Lá, o Sol deve nascer no dia 27, sexta-feira, e a alunissagem deve acontecer logo depois. O plano é a Chang’e-5 trabalhar em solo lunar por cerca de duas semanas (enquanto houver luz solar), usando um perfurador para colher amostras a até 2 metros de profundidade no local de descida.
As amostras serão embarcadas no módulo de ascensão, instalado no topo do módulo de descida (a exemplo das missões Apollo), e então ele decolará para um encontro com o módulo orbital e a cápsula de retorno. O conjunto então deixará a órbita lunar, rumando para a Terra. A expectativa é que as amostras, embarcadas na cápsula de retorno, reentrem na atmosfera entre 16 e 17 de dezembro. A descida será com paraquedas, e o material será resgatado na Mongólia Interior.
O programa espacial chinês já fez um teste do modelo da cápsula de reentrada, com a missão Chang’e-5-T1, em 2014. Os módulos de pouso lunar também já foram bastante testados, nas missões Chang’e-3 e Chang’e-4 (esta última, em 2019, foi o primeiro pouso, de qualquer país, a ser realizado no lado afastado da Lua). A maior tensão, portanto, estará com o módulo de ascensão, que terá de levar as amostras da superfície à órbita da Lua.
E algo que tem chamado a atenção dos observadores do programa é o porte das naves. Elas são pequenas para voos tripulados, mas bem grandes para missões puramente robotizadas, o que indica que a China está usando seu programa lunar como precursor tecnológico para futuras missões com astronautas. O país não esconde sua ambição de estabelecer uma base lunar na próxima década. Tudo começa agora.
Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.
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