Eclipse solar e grande conjunção de Júpiter e Saturno marcam fim de 2020

O fim do ano nos reserva dois grandes eventos celestes, a começar por esta segunda-feira (14), dia de eclipse solar visível do Brasil, e culminando no dia 21, com um encontro raro entre Júpiter e Saturno que fará com que pareçam ser praticamente um só astro – algo que não se vê no céu há uns 800 anos.

Começando pelo eclipse solar, que acontece quando a Lua desfila à frente do Sol, do ponto de vista aqui da Terra. O satélite natural encobre o disco solar totalmente apenas numa faixa estreita que cruzará Chile e Argentina. Mas, no Brasil, veremos a Lua dar uma “dentada” no Sol.

O tamanho da “mordida” depende da região em que você está. Quanto mais para baixo no mapa, melhor. Para quem está mais ao norte, a Lua nem chega a passar à frente do Sol. Na cidade de São Paulo, o evento vai das 12h45 às 15h16, com o máximo às 14h04. Nessa hora, cerca de 31% do disco solar estará encoberto pela Lua. Em Porto Alegre, o auge chega mais cedo, às 13h50, e mais da metade do Sol (54%) será encoberto.

Observar um eclipse solar exige cuidados, pois não se pode olhar diretamente para o Sol – isso pode ferir seus olhos. Um método mais simples para ver é fazer um furinho em uma cartolina ou pedaço de papelão e, com isso, projetar uma imagem do Sol em uma parede.

Alternativamente, você pode usar um vidro de soldador (Nº 14), capaz de filtrar a radiação solar nociva, para fazer a observação sem se preocupar. Não improvise com óculos escuros ou materiais que não saiba serem seguros.

Passado o eclipse, nosso olhar se volta para o céu noturno, conforme Júpiter e Saturno vão se aproximando, dia após dia, até parecerem ser praticamente um só, separados por apenas um décimo de grau, na noite do dia 21.

Conforme Terra, Júpiter e Saturno giram no carrossel do Sol, vez por outra ocorre um alinhamento que coloca os dois planetas aparentemente próximos em nosso céu. Isso acontece como reloginho a cada 19,6 anos. Mas nem todas as conjunções são tão espetaculares.

A última que teve tamanha aproximação foi em 1623, mas na ocasião o evento acabou alinhado com a própria posição do Sol, impedindo sua observação. Um encontro dessa magnitude, visível no céu noturno, ocorreu pela última vez em 1226! A próxima do mesmo naipe não vai demorar tanto assim, mas não prenda a respiração: 2080.

Com tudo isso, tem gente chamando esta grande conjunção de “estrela de natal”. Não chega a ser um absurdo, uma vez que alguns astrônomos acreditam que o mito da “estrela de Belém” pode ter sido inspirado por uma conjunção desse tipo, talvez uma entre Vênus e Júpiter (os dois planetas mais brilhantes no céu), ocorrida nos anos 3 ou 2 a.C.

Para encontrar os dois planetas, procure-os ao longo dos próximos dias na direção sudoeste, cerca de uma hora após o anoitecer, culminando com a grande conjunção do dia 21. E, seja qual for o simbolismo que você queira dar ao evento (humanos têm essa mania), será uma bela vista para encerrar este ano tão difícil, com a esperança de que coisas mais belas virão em 2021.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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