Ano promete temporada marciana, missões à Lua e voo de telescópio espacial
Chegou 2021. A vacina também – ao menos nos países que se prepararam para isso. A vida não vai voltar ao normal tão já, aqui ou acolá, com ou sem vacina, mas teremos um ano entusiasmante na exploração espacial, entre novidades e velhas promessas.
A empolgação deve começar com a temporada marciana. Em fevereiro, chegam a Marte nada menos que três missões: a americana Mars 2020, com o rover Perseverance, a chinesa Tianwen-1, que terá orbitador, módulo de pouso e rover, e a Al-Amal, missão orbital dos Emirados Árabes Unidos. O jipe americano pousa assim que chegar. Já o chinês tentará descer a partir de abril. Mas, se conseguir chegar inteiro ao solo, a China se tornará apenas o segundo país a realizar um pouso bem-sucedido em Marte, atrás dos EUA. Russos e europeus bem que tentaram ao longo das décadas, mas com sucesso limitado (sondas até pousaram, mas pifaram antes de produzir qualquer dado em solo).
No voo espacial tripulado, existe a expectativa de que a Boeing se junte à SpaceX, qualificando para missões sua cápsula CST-100 Starliner. Era para ter acontecido em 2020, mas uma falha no fim de 2019 comprometeu o cronograma da gigante aeroespacial americana. A SpaceX qualificou no ano passado sua cápsula Crew Dragon e deve continuar promovendo missões regulares à Estação Espacial Internacional, além de desenvolver de forma cada vez mais agressiva seu próximo projeto: o foguete Starship, capaz de voos interplanetários tripulados. A empresa espera atingir a órbita terrestre com ele pela primeira vez até o fim de 2021, mas cronogramas de Elon Musk sempre precisam ser analisados com uma pitada de sal.
A exploração lunar também terá vez, com as primeiras missões não tripuladas comerciais, promovidas pelas empresas Astrobotic e Intuitive Machines. Os indianos tentarão mais uma vez pousar na Lua com sua missão Chandrayaan-3, e está marcado para novembro de 2021 o primeiro voo do superfoguete SLS, da Nasa, na missão Artemis-1, que levará uma cápsula Orion às imediações lunares (sem tripulação). Infelizmente tem sido difícil confiar nos prazos da Nasa para o Artemis, então não estranhe se esse voo ficar para 2022.
O que parece estar mais difícil de adiar a esta altura é o lançamento do Telescópio Espacial James Webb. Apresentado como virtual “sucessor” do Hubble, ele partirá num foguete Ariane-5, ao redor de 31 de outubro. Originalmente esperava-se que fosse ao espaço em 2018, mas atrasos no desenvolvimento e estouros no orçamento acabaram levando a sucessivos adiamentos. Em 2021, parece que vai, e os primeiros resultados são muito aguardados pela comunidade astronômica.
No nosso combalido canto do planeta, podemos esperar o lançamento do Amazônia-1, primeiro satélite de sensoriamento remoto desenvolvido pelo Inpe (não se acostume, pois não sabemos quando haverá dinheiro para outro), com um foguete indiano PSLV (quiçá em fevereiro), e a missão Sport, projeto conjunto do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) com a Nasa para desenvolver um cubesat (minissatélite), a voar, quem sabe, no terceiro trimestre.
Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.
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