Planeta gigante ‘superfofo’ intriga cientistas
Um dos exoplanetas menos densos já descobertos é na verdade ainda menos denso do que antes se estimava. É o que sugere um estudo aceito para publicação no Astronomical Journal.
O trabalho, que tem como primeira autora Caroline Piaulet, da Universidade de Montreal, no Canadá, mostrou que o planeta conhecido como WASP-107b, embora tenha um diâmetro comparável ao de Júpiter, tem menos de um décimo da massa do maior planeta do Sistema Solar.
O resultado é fruto de quatro anos de observações com o espectrógrafo HIRES, do Observatório Keck, no Havaí. Com o instrumento, os astrônomos podem medir o bamboleio gravitacional induzido pelo planeta em sua estrela, que guarda relação direta com sua massa. Já o diâmetro é extrapolado a partir dos trânsitos que o mundo faz à frente de sua estrela.
WASP-107b dá uma volta em torno de seu sol, que é um pouco menor que o nosso, a cada 5,7 dias, e sua natureza “grande e muito leve” desafia os modelos de formação planetária. Pelas estimativas, ele teria uma massa em seu núcleo de menos de 5 vezes a da Terra, o que, de acordo com os cálculos, seria insuficiente para que ele agregasse um grande invólucro de gás em torno de si. E, no entanto, lá está ele, com uma atmosfera estendida que o faz ter o tamanho de Júpiter, com estimados 85% de hidrogênio e hélio gasosos compondo sua massa. É um enigma.
Os dados do Keck também indicaram a presença de um segundo planeta, maior e numa órbita excêntrica e mais larga, com período de três anos terrestres.
O WASP-107b há tempos intriga os astrônomos e foi nele que eles detectaram pela primeira vez a presença de hélio na atmosfera de um exoplaneta, usando o Hubble, em 2018. Para o futuro, esse estranho mundo deve continuar sendo um alvo preferencial, cuja existência pode ter grande importância para a compreensão de como nascem e evoluem planetas gigantes gasosos.
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