Em rápida sucessão, naves árabe, chinesa e americana chegam a Marte

Chegou a hora da verdade para a flotilha de espaçonaves despachadas para Marte em julho do ano passado. Nesta terça-feira (9), a sonda Al-Amal (Esperança, em árabe) fará sua manobra de inserção orbital ao redor de Marte.

É a primeira missão interplanetária dos Emirados Árabes Unidos, com importante envolvimento de universidades americanas. A manobra começa às 12h14 (de Brasília) e envolve o acionamento ininterrupto dos propulsores por 27 minutos para frear a nave e permitir que ela seja capturada em órbita pela gravidade marciana.

Isso dando certo, a sonda passará a dar uma volta ao redor de Marte a cada 40 horas, oscilando a altitude entre mil e 50 mil km. Ajustes subsequentes colocarão a espaçonave em sua órbita de observação científica, menos excêntrica e mais lenta (55 horas).

Tudo precisa ser feito de forma automática, uma vez que a distância atual entre Terra e Marte (cerca de 186 milhões de km) gera um atraso de aproximadamente 10 minutos para os sinais de rádio viajarem de um planeta a outro.

O sucesso iniciará uma missão de dois anos estudando o clima marciano e fará dos EAU a quinta entidade a atingir a órbita de Marte, depois de americanos, russos (ainda na época soviética), europeus e indianos.

Num virtual empate técnico, a sexta entidade a conquistar o planeta vermelho pode vir logo em seguida. Na quarta-feira (10) é a vez da missão chinesa Tianwen-1 (algo como “perguntas celestiais”, em mandarim).

O projeto da China é mais ousado e envolve um orbitador, um módulo de pouso e um rover. Mas a manobra inicial da quarta é similar à da sonda Al-Amal, envolve apenas a freada para a inserção orbital.

Uma vez estabelecida em órbita, ela fará um mapeamento completo da superfície de Marte, em especial da região de Utopia Planitia, onde o módulo de pouso deve descer, provavelmente em maio (os chineses, como sempre, jogam duro com a divulgação de detalhes).

O sistema de descida será similar ao usado pela Nasa com os rovers Spirit e Opportunity, em 2004: entrada com paraquedas, seguida pelo inflar de airbags, que deixarão o módulo quicar pela superfície até parar. Depois eles desinflam, a estação de solo se abre e o rover desce por uma rampa – se tudo correr bem, o que não é garantido, já que é a primeira vez que os chineses fazem uma tentativa desse tipo.

As emoções do desafio a Marte terminam na quinta-feira que vem (18), com a chegada do rover americano Perseverance, acompanhado pelo mini-helicóptero Ingenuity, que nem fazem parada em órbita e vão direto, “a quente”, para uma entrada na atmosfera marciana e um pouso na cratera Jezero, para buscar sinais de vida pregressa no planeta vermelho.

Desde o início da exploração espacial, a taxa de sucesso de missões marcianas é de cerca de 50%. Contudo, ao longo do tempo, esse percentual vem se elevando de forma significativa. Mas não quer dizer que seja um desafio dominado. Veremos em mais duas semanas quantas dessas missões ainda estarão em operação até lá.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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