Protótipo do Starship, da SpaceX, explode no ar antes do pouso

Agora sim a imprensa pode apontar o voo-teste de um protótipo do veículo Starship, da SpaceX, como um fracasso explosivo. Após um lançamento com baixíssima visibilidade e falhas de câmeras durante todo o voo, o SN11 subiu a 10 km de altitude, virou de barriga, como planejado, descendo do céu guiado por suas superfícies aerodinâmicas, e, no reacendimento dos motores para o pouso, o veículo explodiu no ar. Tudo aconteceu em pouco mais de cinco minutos, na manhã desta terça-feira (30), em Boca Chica, no Texas.

A falha certamente trará dificuldades com a FAA (agência que regula aeronáutica e voos espaciais comerciais nos EUA), que já tem mantido um escrutínio forte sobre o programa de testes da empresa, depois que a SpaceX realizou o voo do SN8, em dezembro do ano passado, desconsiderando restrições impostas pelo órgão. Agora, a coisa deve se complicar mais e acarretar atrasos no programa de testes.

O Starship é o veículo de próxima geração com que a SpaceX espera promover missões tripuladas à Lua e, no futuro, a colonização de Marte. Os protótipos representam o que será o segundo estágio do sistema. O foguete completo terá 120 metros e será o mais poderoso já lançado, comparável ao Saturn V, que levou humanos à Lua no século passado, mas totalmente reutilizável. Para isso, ele precisa fazer algo que nenhum outro foguete fez, que é pousar suave e verticalmente os dois estágios após o voo.

Antes deste voo, houve outros três no programa de teste de protótipos, com os veículos SN8, SN9 e SN10. Os dois primeiros explodiram no pouso, feito em velocidade muito alta, e o terceiro explodiu minutos depois de uma descida bem-sucedida, mas ainda excessivamente rápida. A aposta era de que o SN11 cumpriria finalmente o ciclo completo, com um pouso seguro.

O que ocorreu foi o oposto disso. E, ao contrário de um pouso malogrado, o que seria totalmente esperado e não poderia contar como um fracasso, tivemos uma explosão no ar, revelando uma fragilidade desconhecida no design. É diferente de mudar a programação de ativação dos motores para um pouso, fazendo ajustes finos. É o caso de investigar a falha de forma detida e retornar às pranchetas, se for o caso.

Para piorar tudo, a SpaceX decidiu lançar o SN11 em meio a uma densa névoa que recobria Boca Chica logo após o amanhecer. Não houve visibilidade durante o voo para que uma falha pudesse ser mais facilmente identificada. Será preciso descobri-la pela telemetria, cortada abruptamente aos 5min46s de voo.

Elon Musk foi ao Twitter pouco após o acidente indicando que houve um problema durante a subida com o motor 2, dos 3 que equipavam o protótipo, cujo tanque não atingiu a pressão necessária para boa operação no pouso, mas que ele não era necessário, o que deixa um mistério sobre o que teria ocasionado a falha explosiva. “Algo significativo aconteceu logo depois do início da queima de pouso. Saberemos mais assim que examinarmos os pedaços, mais tarde hoje”, escreveu.

Pois é.

Se o voo do SN8 representou um passo importante na caminhada para Marte, o SN11 soou um alerta sobre excesso de confiança, algo que rotineiramente acaba se assentando sobre programas espaciais que acumulam muitos sucessos. É hora de dar um passo atrás, para dar dois à frente na próxima tentativa. Musk não espera uma longa pausa.

“O SN15 vai para a plataforma de lançamento em alguns dias”, disse, respondendo a um seguidor no Twitter. “Ele tem centenas de melhorias de design em estruturas, aviônica/software e motores. Com sorte, uma dessas melhorias cobre este problema. Se não, uma retrocorreção vai adicionar mais alguns dias.”

Precisa ver se tudo bem com a FAA. A conferir.

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