Governo Biden propõe aumento de 6,3% à Nasa e mantém projeto de volta à Lua

A Casa Branca divulgou na última sexta-feira (9) os destaques de sua proposta orçamentária para a Nasa em 2022. E, em geral, são só boas notícias para a agência espacial americana neste primeiro ano da administração Biden.

A proposta, que ainda precisará ser discutida e moldada no Congresso, prevê um total de US$ 24,7 bilhões para a agência, um aumento de 6,3% sobre os US$ 23,3 bilhões alocados para 2021. Até aí, Trump já vinha propondo aumentos significativos para a Nasa ano após ano. A diferença maior vem no equilíbrio entre os setores da agência.

Não há evidências de uma nova tentativa de inchar o orçamento do programa Artemis, que prevê o retorno tripulado à Lua, como aconteceu no passado. Há um aumento apenas módico de 5%, alocando US$ 6,9 bilhões para exploração tripulada em 2022. Isso significa que a meta de realizar o primeiro pouso lunar com astronautas em 2024 já pode ser tratada como virtual impossibilidade.

Porém, a nova gestão segue apoiando o programa, que antes era descrito como o que colocaria “o próximo homem e a primeira mulher” na Lua e agora diz respeito à “primeira mulher e a primeira pessoa de cor”.

Se não há inchaços, também não há tentativas de cancelamentos sumários, como Trump tentou seguidas vezes (e foi impedido pelo Congresso). A nova proposta prevê um aumento de 15% para programas de ciências da Terra, que passam de 2 bilhões em 2021 para 2,3 bilhões em 2022. Os recursos, diz o sumário da Casa Branca, serão usados para “iniciar a próxima geração de satélites de observação da Terra para estudar questões urgentes de ciência climática”.

Também foram mantidos recursos para os programas educacionais da Nasa e para o próximo grande telescópio espacial depois do James Webb, o Nancy Grace Roman. Trump havia tentado cancelar as duas iniciativas em múltiplas ocasiões. Missões interplanetárias não tripuladas, como a destinada a estudar Europa (lua de Júpiter) e o programa de retorno de amostras de Marte, estão contemplados.

No geral, parece um orçamento que sofrerá bem menos alterações significativas no Congresso do que em gestões anteriores, dando duas sinalizações bastante importantes: continuidade e equilíbrio.

É a primeira vez, em seis administrações (Bush pai, Clinton, Bush filho, Obama, Trump e Biden), que um presidente parece não ter intenções reformistas no programa espacial tripulado. Ainda é cedo, o novo governo está só começando, mas é um bom sinal e aumenta as chances de que o retorno à Lua se torne mesmo realidade nos próximos anos.

Em outro sinal de que não quer chacoalhar o barco, Biden indicou Bill Nelson, ex-senador pela Flórida historicamente envolvido com o programa (ele chegou a voar num ônibus espacial em 1986), para ser o próximo administrador da Nasa. Sua confirmação pelo Senado deve acontecer no dia 28 de abril.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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