Morre Michael Collins, astronauta da Apollo 11, aos 90 anos

O mundo perdeu mais um astronauta do programa Apollo, que levou humanos à Lua entre 1968 e 1972. Desta vez foi Michael Collins, membro da tripulação que realizou a primeira alunissagem tripulada, na missão Apollo 11. Ele tinha 90 anos e morreu após uma batalha contra o câncer.

Collins teve como companheiros de viagem Neil Armstrong (1930-2012) e Buzz Aldrin (1930- ), mas, diferentemente dos colegas, ele permaneceu o tempo todo em órbita lunar, a bordo do módulo de comando Columbia, enquanto o módulo lunar Eagle descia à superfície para que Neil e Buzz pudessem caminhar pela superfície, naquele histórico 20 de julho de 1969.

Aquele já era o segundo voo espacial de Collins, que antes havia sido colega de tripulação de John Young na missão Gemini 10.

Nascido em Roma, na Itália, em 31 de outubro de 1930 (ele era filho de um oficial do Exército americano então estacionado lá), Collins também seguiu carreira militar, mas na Força Aérea dos EUA. Foi escolhido para ser astronauta na terceira turma da Nasa, em 1963, como parte da equipe que teria de voar nas missões Apollo.

Após sua visita à órbita lunar, ele foi convidado para se tornar chefe do Escritório de Relações Públicas (Bureau of Public Affairs) do Departamento de Estado dos EUA, função que exerceu por dois anos, entre 1969 e 1971. Mas não era a praia dele, e Collins pediu para ser, em vez disso, o Diretor do Museu Nacional do Ar e do Espaço, em Washington, onde ficou até 1978.

O ex-astronauta teve ainda passagens pela indústria aeroespacial e fundou, em 1985, uma empresa de consultoria. Paralelamente, sempre manteve o ativismo espacial, divulgando em livros, artigos e aparições públicas a importância da exploração do espaço.

Viúvo, ele deixou duas filhas, um filho e netos. A família deu a seguinte declaração: “Lamentamos compartilhar que nosso querido pai e avô faleceu hoje, após uma valente batalha com o câncer. Ele passou seus últimos dias em paz, com a família a seu lado. Mike sempre enfrentou os desafios da vida com graça e humildade, e encarou este, seu último desafio, da mesma maneira. Sentiremos muito a falta dele. Ainda assim, sabemos quão afortunado Mike se sentiu de ter vivido a vida que viveu. Honraremos seu desejo de que celebremos, e não lamentemos, essa vida. Por favor juntem-se a nós na lembrança acalentadora e alegre de seu humor afiado, seu silencioso senso de propósito e sua perspectiva sábia, ganha tanto de olhar para a Terra do espaço quando de contemplar as águas calmas do convés de seu barco de pesca.”

Michael Collins em 2019, falando às equipes das missões Apollo 11 e Artemis 1, no Centro Espacial Kennedy. (Crédito: Nasa)

O administrador interino da Nasa, Steve Jurczyk, também publicou uma declaração oficial em nome da agência espacial americana.

“Hoje o país perdeu um verdadeiro pioneiro e advogado vitalício da exploração no astronauta Michael Collins. Como piloto do módulo de comando da Apollo 11 – alguns o chamaram de ‘o homem mais solitário da história’ – enquanto seus colegas caminhavam na Lua pela primeira vez, ele ajudou nossa nação a atingir um marco definidor. Ele também se distinguiu no programa Gemini e como piloto da Força Aérea.

“Michael permaneceu como um promotor incansável do espaço. ‘Exploração não é uma escolha realmente, é um imperativo’, ele disse. Intensamente reflexivo sobre sua experiência em órbita, ele complementou: ‘O que valeria registrar é que tipo de civilização, nós, terráqueos, criamos e se nos aventuramos ou não em outras partes da galáxia.’

“Suas próprias realizações marcantes, seus escritos sobre suas experiências e sua lideração no Museu Nacional do Ar e do Espaço ajudaram a dar ampla exposição ao trabalho de todos os homens e emulheres que ajudaram nossa nação a se propelir à grandeza na aviação e no espaço. Não há dúvida de que ele inspirou uma nova geração de cientistas, engenheiros, pilotos de teste e astronautas.

“A Nasa lamento a perda desse astronauta e piloto realizado, um amigo de todos que buscam empurrar o envelope do potencial humano. Sendo seu trabalho nos bastidores ou à vista de todos, seu legado será sempre o de um dos líderes que deram os primeiros passos [dos Estados Unidos] da América no cosmos. E seu espírito irá conosco conforme nos aventuramos por horizontes mais distantes.”

E assim, pouco a pouco, os astronautas que construíram a saga da exploração espacial no século 20, heróis de tantos em tantos lugares do mundo, vão se despedindo de nós. Godspeed, Mike.

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