Nasa estica missão do helicóptero marciano Ingenuity para ‘dançar’ ao redor do rover

Após quatro voos bem-sucedidos, a Nasa decidiu expandir a missão do mini-helicóptero Ingenuity. Em princípio, serão mais 30 dias marcianos, chamados de “sóis”, mas, se tudo correr bem, existe a possibilidade de seguir operando o intrépido drone até o fim de agosto.

Projetado para ser um demonstrador tecnológico, o Ingenuity foi incluído de última hora na missão Mars 2020, cujo protagonista é o Perseverance, rover que perambula pela cratera Jezero, em Marte, com o objetivo de procurar evidências de vida passada no planeta vermelho.

O plano original previa 30 sóis e cinco voos, com o objetivo de demonstrar a viabilidade de ter um veículo aéreo capaz de voo sustentado na rarefeita atmosfera marciana. Após o sucesso do primeiro voo, em 19 de abril, MiMi Aung, engenheira-chefe da missão, chegou a cogitar levar o helicóptero a seus limites no quinto voo, voando mais longe e mais alto, presumivelmente até espatifá-lo, encerrando assim a demonstração. Foi estranho e até meio chocante quando ela sugeriu isso na coletiva.

Claro que ali as engrenagens na própria Nasa começaram a se mover. Não é do feitio da agência simplesmente descartar um equipamento de US$ 85 milhões totalmente funcional sem explorar de forma completa seu potencial. Por outro lado, o helicóptero atua como uma virtual âncora para o rover Perseverance, que precisa estar sempre por perto durante os voos. Ou seja, há um conflito entre os objetivos de um e de outro veículo (que têm, por sinal, equipes separadas, embora alguns de seus membros estejam em ambas).

O anúncio da última sexta-feira (30) sugere que esse drama foi superado. Após seu quinto voo, o Ingenuity passará a uma fase de demonstração operacional. Ou seja, em vez de se concentrar em testar se uma máquina mais pesada que o ar pode voar em Marte, ele testará a operação contínua de um helicóptero em solo marciano.

O quarto voo, já realizado, envolveu uma travessia de 266 metros, entre ida e volta, com o objetivo de encontrar um novo local de pouso adequado. No quinto, ele fará sua primeira viagem “só de ida”, descendo no local escolhido.

E, a partir daí, o Ingenuity passará a fazer voos menos frequentes, “dançando” ao redor do rover, enquanto faz mapas de elevação das regiões que sobrevoa e investiga potenciais alvos de interesse para seu companheiro robótico.

Será uma etapa mais arriscada, mas também mais útil, da vida do helicóptero. De início, mais 30 dias ou até o equipamento pifar, o que vier primeiro. E novas extensões podem vir, até o fim de agosto, momento em que o rover terá de se concentrar em finalizar suas atividades científicas até a conjunção de Marte com o Sol, em meados de outubro. É uma época em que a comunicação Terra-Marte se torna impossível, obrigando a uma interrupção das atividades. Mas, até lá, há potencialmente muitos voos pela frente.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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