Voos privados suborbitais e orbitais marcam o ‘agora vai’ do turismo espacial

Foram muitos anos de falsas promessas e expectativas infladas, mas 2021 promete ser o famoso “agora vai” do turismo espacial.

Lembremos: há duas modalidades em desenvolvimento, suborbital e orbital. A primeira é apenas uma escalada para fora da atmosfera terrestre, a até 80-100 km de altura, seguida por uma descida. Alguns minutos em microgravidade e uma visão da Terra do espaço. Há duas empresas na dianteira para atender a esse mercado: a Virgin Galactic, de Richard Branson, e Blue Origin, de Jeff Bezos.

No último sábado (22), a Virgin Galactic realizou mais um teste tripulado de sua nave, a VSS Unity. Com asas móveis, ela é levada a 15 km de altura por um avião, de onde dispara seu motor-foguete para ir à borda do espaço, antes de realizar um retorno e pousar como um planador. A empresa vende há muitos anos reservas de passagens (com tíquete a US$ 250 mil), mas ainda não há data para o início dos voos comerciais.

Já a Blue Origin vem desenvolvendo um modelo mais convencional, com uma cápsula chamada New Shepard, que voa no topo de um foguete. Após a separação, o foguete pousa com retropropulsão, e a cápsula desce de paraquedas. O modelo capaz de voo tripulado realizou dois testes neste ano, em 14 de janeiro e 14 de abril, e já marca para 20 de julho seu primeiro voo tripulado. A empresa ainda não comercializa passagens, mas está leiloando um assento nesse voo inaugural, e os lances já passaram de US$ 2,8 milhões. Sua cápsula vai mais alto, ultrapassando os 100 km (a chamada linha de Kármán, uma das definições arbitrárias de onde começa o espaço).

Enquanto essas duas duelam pelo mercado suborbital, na esfera orbital –para clientes mais endinheirados–, as coisas estão evoluindo ainda mais depressa. É verdade que já tivemos turistas ocasionais na Estação Espacial Internacional, a bordo de naves russas Soyuz, começando pelo magnata Dennis Tito, que pagou US$ 20 milhões pela viagem em 2001. Mas repare como as coisas mudaram agora.

Em setembro, sobe ao espaço uma cápsula Crew Dragon, da empresa SpaceX, de Elon Musk, com quatro tripulantes em uma missão inteiramente privada, a Inspiration4. Eles não irão à Estação Espacial Internacional, mas inauguram a venda de missões 100% privadas.

Em outubro, voando numa Soyuz, devem ir à Estação Espacial Internacional um diretor de cinema russo e uma atriz. E então, em dezembro, também numa Soyuz, subirão à estação o japonês Yusaku Maezawa e um produtor cinematográfico. E então, em janeiro de 2022, teremos a missão Axiom-1, outra 100% privada embarcada em uma Crew Dragon.

Para quem está achando pouco, a Boeing deve realizar um voo não tripulado de sua cápsula Starliner em julho, e então passará a transportar astronautas profissionais à estação –e óbvio que também vai disputar um lugar ao sol nesse mercado nascente do voo espacial privado. Parece que agora é para valer.

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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