Dono da Amazon anuncia ida ao espaço e abre corrida pelo mercado de voos suborbitais
O bilionário americano Jeff Bezos, dono da Amazon e da empresa espacial Blue Origin, anunciou que estará no primeiro voo tripulado da cápsula New Shepard, que deve decolar no Texas no dia 20 de julho, aniversário do pouso lunar da Apollo 11.
Ele e seu irmão Mark embarcarão em uma rápida jornada até a borda da atmosfera, num voo de perfil suborbital, acompanhados por dois outros passageiros, um dos quais definido por um leilão realizado no sábado (12). O ganhador ainda não foi anunciado, mas pagou US$ 28 milhões (mais 6% para o leiloeiro) pela oportunidade, vencendo mais de 6.000 participantes de 143 países. É uma fábula, que a Blue Origin vai doar para sua própria fundação, Club for the Future.
Por dinheiro semelhante, seria possível negociar um assento numa espaçonave russa Soyuz e passar alguns dias na Estação Espacial Internacional. Em vez disso, os irmãos Bezos e seus colegas de voo vão apenas escalar até uma altitude um pouco superior a 100 km, passar alguns minutos em ambiente de microgravidade e então voltar ao chão. Da decolagem ao pouso, 10 a 12 minutos. Num veículo jamais testado com pessoas antes.
Apesar desses senões, essa é provavelmente a melhor “montanha-russa para ultrarricos” que vão encontrar. Uma grande aventura, uma viagem real ao espaço e apenas dois dias de treinamento antes do voo. Bem mais simples do que passar meses na Cidade das Estrelas, nos arredores de Moscou, se familiarizando com toneladas de sistemas diferentes, de veículos projetados para profissionais, não para turistas.
Ademais, apesar de ser o primeiro voo tripulado da New Shepard, esse está longe de ser um programa do naipe “padre do balão”. O veículo foi exaustivamente testado sem tripulação e não é muito exigido (voo suborbital significa menos velocidade que uma escalada orbital, o que também implica uma reentrada mais tranquila na atmosfera). Jeff Bezos pode apostar em seu retorno seguro. Mais que isso: pode ter certeza de que vai ganhar muito dinheiro em turismo espacial com a Blue Origin.
É uma das duas corridas que ele disputa com outro magnata, o britânico Richard Branson, dono da empresa Virgin Galactic. A concorrente já fez vários voos tripulados, mas com um veículo totalmente diferente: o VSS Unity é um avião-foguete, que exige pilotagem. Branson também pretende voar nele e está tentando bater Bezos na corrida para o espaço. O último voo de teste foi em 22 de maio e há rumores de que ele possa estar a bordo no próximo, talvez em 4 de julho.
Mesmo que Branson veja a curvatura da Terra pessoalmente antes de Bezos, a Blue Origin parece ter uma dianteira importante. Com seu leilão, ela elevou consideravelmente o preço dos assentos em seus primeiros voos. Já a Virgin Galactic comercializou antecipadamente centenas de passagens (há uma fila enorme, inclusive com brasileiros, esperando para voar) a US$ 250 mil. Pelo visto, vendeu barato.
Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.
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