SpaceX promove nesta quarta (15) o primeiro voo orbital tripulado privado da história

Nós já vimos em julho os espalhafatosos (mas curtos) voos espaciais dos bilionários Richard Branson (Virgin Galactic) e Jeff Bezos (Blue Origin). Agora chegou a vez de vermos a versão do bilionário Elon Musk (SpaceX), bancada por outro bilionário, Jared Isaacman. E, como diria Bruno Henrique, do Flamengo, ela está em outro patamar.

Batizada de Inspiration4, a missão fará uso de uma cápsula Crew Dragon, desenvolvida originalmente para fornecer serviços de transporte de tripulação à Nasa. E a tripulação (que conta com quatro pessoas, nenhuma delas astronauta profissional) passará três dias em órbita.

É bem diferente de dar um pulinho ao espaço e retornar em seguida, como fizeram Branson e Bezos em seus voos suborbitais. Para entrar em órbita, uma cápsula precisa atingir velocidade superior aos 27 mil km/h. Já para um voo suborbital, a velocidade não costuma exceder os 4.000 km/h. Essa diferença se traduz no tamanho do foguete necessário e no incremento de complexidade (e risco) na subida e na descida, com uma reentrada potencialmente incendiária na atmosfera.

A Crew Dragon, contudo, já se mostrou à altura do desafio. Com ela, a SpaceX já conduziu três missões tripuladas à Estação Espacial Internacional para a Nasa, entre 2020 e 2021. A Inspiration4 é a quarta para a companhia, a segunda com a cápsula Resilience e a primeira com financiamento inteiramente privado. O custo não foi revelado, mas um bom palpite seria entre US$ 100 milhões e 200 milhões.

O nome Inspiration4 se justifica pela escalação da tripulação, pensada para representar qualidades específicas: liderança, esperança, generosidade e prosperidade.

Isaacman, 38, com experiência como piloto, assumiu o papel de liderança. A esperança foi representada por Hayley Arceneaux, 29, uma assistente médica do hospital infantil St. Jude, em Memphis, no Tennessee, que superou lá um câncer quando tinha dez anos. Para generosidade, a vaga ficou com Christopher Sembroski, 42, um dos doadores da campanha realizada para o mesmo hospital. E a vaga da prosperidade ficou com Sian Proctor, 51, uma geóloga e empreendedora que quase chegou a ser astronauta pela Nasa e agora realizará o sonho de ir ao espaço (tornando-se a quarta mulher negra a chegar lá).

A nave, que deve voar de Cabo Canaveral, Flórida, a partir das 21h01 (de Brasília) da próxima quarta-feira (15), com uma janela que se estende até quinta, não visitará a estação espacial, mas voará mais alto que ela, em uma órbita de 575 km de altitude. Uma cúpula instalada a bordo permitirá visões incríveis da Terra e do espaço. E a missão está sendo acompanhada praticamente de forma simultânea por uma minissérie documental na Netflix. Será o primeiro voo orbital tripulado totalmente financiado pela iniciativa privada, e seus promotores esperam que seja o marco de uma nova era para o acesso ao espaço.

Concepção artística da cúpula da cápsula Crew Dragon. (Crédito: SpaceX)

Esta coluna é publicada às segundas-feiras, na Folha Corrida.

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